Um convidado nada agradável e coincidências... Cof cof...

Acordei sentindo muita dor de cabeça. Talvez seja por causa do ponchá. Fiz minha higiene e desci para comer algo, porém tropecei no penúltimo degrau da escola e cai de cara no chão. Ok, já estou acostumada... Só que cair assim todos os dias não é uma coisa divertida!

– Você está bem? Tem que parar de ser tão desastrada.

Essa voz masculina não é do meu chichi. Ahá Hihi, trazendo homens para casa né?!

Fui tirada de minhas suposições quando a mão forte do cara me tirou do chão e me colocou em pé. Me assustei quando vi aquela imagem nada agradável...

– Redbull-san! Porque está aqui?

Retiro o que eu disse sobre homens aqui em casa. Redbull-san não passa de um garoto. Hunf...

– Eu o convidei a ficar aqui em casa. Ele estava cansado e com fome, então achei que seria confortável para ele passar a noite aqui.

Hihi disse aquilo tão naturalmente que eu acho que foi ela quem tomou ponchá...

Algum tempo depois...

– Sempre quis ter um gato, mas acho que eles não gostam de mim

– Mas porque, Gajeel-kun? Você é tão agradável!

Não é não!

– Eu não sei, mas não são só gatos, pessoas também.

Own! O antissocial tá deprimido... Muahahahaha... cof cof...

– Não diga isso! Tenho certeza que Levy gosta muito de você.

Cof cof... Mas o que?

E continuou...

– Acho até que vocês têm uma conexão. Vocês sempre se encontram nos momentos mais improváveis, certo?

– Talvez.

Talvez? Talvez nada, não temos nenhuma conexão!

– A Levy tem muitos amigos, mas você é o único que veio aqui em casa. Ela deve ter muita consideração por você.

– Muitos amigos?

– Claro! Você não os conhece?

Por favor, Hihi, pare de me humilhar na frente dessa babaca!

– Conheço, conheço sim. A senhora tem razão, a Levy tem muitos amigos, não dá nem para contar nos dedos...

Dava para notar sua expressão. Estava pingando sarcasmo. Baka. Aguarde minha vingança!

Aliás, você deve estar se perguntando por que minha mãe está conversando com o Redbull-babaca-kun como se eu não estivesse lá. Na verdade eu não estou lá, estou na sala comendo paçoca, os dois estão na cozinha.

–Hey Redbull-san, não está na hora de ir embora? Hihi me liberou do castigo, quero jogar!

Decidi interferir na conversa nada interessante dos dois. Já estava cansada deles e não quero Redbull-san e sua Aura Terrivelmente Negra na minha casa limpa.

– Interessante, posso jogar com você?

– Claro que não!

– Ótimo! Vamos?

– Você por acaso é surdo? Eu disse: “claro que não”.

– Eu não me importo com o que você diz ou deixa de dizer. Onde é seu quarto?

– Seu cachorro pervertido! Isso é pergunta que se faça?!

– Gomen, não sabia que você jogava em outro lugar. E onde é, no banheiro?

– Arg... se nós jogarmos uma partida, promete que vai embora em seguida?

– Claro!

– Ok. Me acompanhe.

Subi as escadas com cuidado. Não queria cair de novo, não na frente desse chato. Paramos em frente à porta e eu ordenei:

– Tire os sapatos.

– Por quê?

– Tenho preguiça de limpar o quarto, por isso, se puder colaborar, tire os sapatos.

– Você é mesmo muito fresca. Não faz nada em casa e ainda tem preguiça de limpar o próprio quarto.

– Cale a boca.

Entramos em meu quarto e tratei de deixar a porta aberta, afinal, todo cuidado é pouco.

– Então esse é seu ninho, Bluey?

Ladrão de expressões...

– Hai.

Escolhi o jogo mais chato que tinha. Não queria me divertir com o Redbull-san, queria que ele fosse embora logo.

– Gostei desse jogo! Vamos jogar de novo!!

O que?

– Não. Você prometeu que iria jogar apenas uma vez e em seguida iria embora.

– Eu não prometi, eu disse “claro”, é diferente de prometer.

Não me faça querer de bater...

– Me deixe escolher um jogo.

Ele escolheu King of Fighters, um jogo que meu chichi me deu. Era um saco, principalmente porque eu perdi.

– Quero revanche!

– Haha, vai ter.

Após cinco partidas consegui vencer, e confesso, até que não era tão ruim assim.

– Crianças, trouxe um lanche para vocês.

Redbull-san ficou todo feliz. Um garoto desse tamanho ser chamado de criança é algo que não se vê todo dia.

– Sabe pirralha, sua Hihi até que é legal.

– Aham... – Hihi sempre me ensinou a não falar de boca cheia.

– A minha morreu faz tempo, logo depois que meu pai foi embora. Fiquei morando na casa do meu ojiisan até os 12 anos, depois disso sai de lá e arranjei um trabalhinho para fazer. A verdade é que não tenho muito a dizer sobre minha família, por que nunca tive. Então me considero um cara solitário eu busca de árvores com sombra e refrigerantes de laranja.

– Você também curte refrigerantes de laranja?

– Mas é claro! É o meu preferido.

– O meu também!

Redbull-san deu um sorriso. Não era um sorriso torto nem um sorriso sarcástico, era apenas... um sorriso.

– O que mais temos em comum?- Ele perguntou.

– Ah não sei. Qual sua matéria preferida?

– Matemática, ou Química.

– Química.

– Qual seu bicho de estimação preferido?

– Não tenho bichos de estimação.

– Eu também não.

– Gosta de paçoca?

– Claro! E você?

– Desde sempre.

Ficamos um bom tempo comentando coisas que tínhamos em comum até ele ter que ir embora. Apenas duas coisas não coincidiam: gênero de filmes e estilo musical. Ele curte terror e rock. Eu curto aventuras, filmes medievais e j-pop.

Será que tudo isso é um bom sinal?