Epílogo

Quando eu era pequena, meu pai construiu um banheiro que tinha a melhor vista da Lovely Beach. Katniss e eu sempre arranjávamos uma desculpazinha para ficarmos na banheira, observando as ondas quebrarem enquanto aos poucos o sol dizia adeus.

Nós brigávamos para ver quem fazia o maior castelo de areia de toda Califórnia. Corríamos para um lado e para o outro. Fomos estupidamente felizes. Continuamos sendo.

Eu cresci. Não tanto em minha estatura, mas em outro quesito. Minha mente se tornou adulta em alguns anos; Talvez pela ausência do meu pai e as raras vezes que minha mãe estava em casa. E durante todos esses anos – mesmo que poucos – eu juro: nunca pensei que teria a capacidade de amar alguém.

Não só aquele gostar ou uma comum paixão, mas amar. Amar tanto que dói. Deixar de admitir que não aprendi nada com isso seria falso. Além do mais, a vida é uma jornada de aprendizados.

Tudo que eu posso dizer a vocês é que a vida da voltas. Na real, a vida é um complexo paradigma. Você simplesmente não consegue entender porque diabos está aqui. Você sabe apenas que há uma razão. A algo para ser feito. Mas eu estou viva, não é? Esse já é um grande presente; uma grande vitoria.

A vida para mim, Clove Evans, é feita de escolhas. Que, em sua boa parte, viram resultados. Isso só cabe a você.

Eu estive entre a vida e a morte. Na beira do meu fim drástico. Eu por um dia fui como uma bomba relógio e quando explodi, atingi todos que me amavam. Foram dolorosas às vezes em que eu abria meus olhos e não fazia à mínima ideia de quem Cato era. Era doloroso ver o sofrimento estampando em seu rosto e eu não saber o que fazer. Mas eu superei. Eu consegui dar a famosa volta por cima dos obstáculos. Eu reaprendi a ler e escrever, andar, amar.Agora repare na minha frase. São tudo verbos, certo?

A vida é um verbo, assim como o amor é.

Ah o amor, eu aprendi algo que levarei para toda minha vida e quem sabe, até compartilharei com meus filhos (se é que eu e Cato vamos ter).

O amor te faz sofrer, perder a cabeça. E eu peço a vocês: não acreditem em quem diz o contrário. O amor faz sim sofrer. Porém, ao mesmo tempo em que te derruba te levanta. Foi o que Cato disse pra mim, em uma tarde. O amor é sempre nossa ruína, mas sempre nossa salvação. Ele funciona como uma balança, ora está pra cima, ora pra baixo, ora equilibrado. O amor é estranho, não posso negar. Amor fraternal é simples de entender, agora amor carnal, físico e toda aquela doideira não.

Foi assim com Cato. Ele me mostrou que mesmo sem capacidades de minha parte, ele não desistiu de mim. Ele me ensinou o lado bom da vida, o lado em que eu podia acreditar em mim mesma e em meus pensamentos.

E é isso que penso. Quero dizer, sei que vocês raramente terão a mesma sorte que eu. Talvez tenham, porém as possibilidades são poucas. Mas se por acaso vocês tiverem a mesma chance que eu tive a agarrem e não a deixe escapar. A agarre com as mãos, braços, pernas, corpo e alma. Usem-a como seu escape e de a grande volta por cima.

Minha vida foi uma ordinária história, caros amigos. E por falta de melhores palavras, eu literalmente me fodi. Mas cá estou eu agora, de mãos dadas com uma pessoa que posso chamar de o amor da minha vida. Continuo não acreditando em finais felizes, eles só existem em livros.

Mas é isso e sempre será. Eu, Cato, você. Nós todos. Somos apenas histórias.

Com amor,

Clove Evans.