Encontros no mínimo desagradáveis.

O despertador do meu celular começa a tocar e a música toma conta de toda minha casa. Consigo ouvir minha mãe gritar algumas coisas bem sujas para minha pessoa. Enquanto a ignoro, faço questão de tacar meu celular contra a parede o fazendo assim parar de tocar.

Ah, quem sou eu? Clove Evans tenho dezessete anos, moro na Califórnia e minha vida é uma merda. Por acaso a algo bom em acordar todos os dias e ir cedo para aquele colégio de merda? Não. Eu adoraria explodir aquele lugar e matar cada pessoa que visse a minha frente, mas para meu azar, minha mãe é delegada aqui, ou seja, ela me deixaria apodrecer na cadeia.

Já são seis da manha e o sol brilha muito lá fora, aliás, o sol brilha aqui toda hora. Desço pulando as escadas, pegando qualquer coisa que vejo para comer em minha frente e volto para meu quarto.

– Clove! – minha mãe berra – Dá pra fazer menos barulho?

– Dá sim. Claro que dá. – digo batendo a porta.

Caminho em direção ao ponto de ônibus, que é próximo a minha casa. Espero durante alguns minutos até que finalmente chega e adentro nele.

Em plena segunda o mesmo estava vazio. Eu era a única aqui dentro. Pego meu livro “A Redoma de Vidro”, coloco meus fones e começo a ler.

– Posso sentar aqui? – ouço uma voz rouca me perguntar, mas ignoro. – Acho que isso foi um não. Mas quer saber de uma coisa? Eu vou me sentar do mesmo jeito.

Tiro os fones preparada para xingar, quando ergo meus olhos o que vejo é um belo homem em minha frente. Olhos azuis, cabelos loiros e uma pele bronzeada, mas nada disso faz minha raiva por ele sumir. – Você tem vários lugares para escolher. – digo, o encarando.

– Eu sei garotinha – ele se senta a minha frente. – Só que eu também gosto desse lugar. Aliás, é sempre bom ter uma companhia, não acha?

– Que seja. – digo, voltando a atenção para minha leitura.

Não estou olhando para ele, mas sinto seus olhos em mim. O cara continua a me secar, até que tem a ideia brilhante de quebrar o “silêncio”, me perguntando:

– Redoma de Vidro? Li quatro vezes, na verdade fui obrigado

– Que bom – digo ainda lendo. – O que acontece no final?

– Você terá que ler para saber. – comenta rindo

– Ah é? Meu ponto é o próximo.

– O meu também – enquanto me alevanto, ele se aproxima um pouco mais de mim e descemos juntos.

– Tchau... – diz o cara. Entendo muito bem o que ele quer dizer com isso.

– Clove. Clove Evans – me viro para ele. – Tchau?

– Cato Waters. Mas pode me chamar só de Cato – Cato sorri torto. – Vejo você depois?

– Quem sabe. – digo me virando e consigo o ouvir sussurrar “tomara”.

[...]

– Beleza Clove, você tem problemas mentais, ou o que? – Katniss quase gritava comigo.

– Não – sussurro. – Só disse meu nome para ele.

Katniss é minha única amiga aqui, ou seja, ficamos grudadas o tempo todo.

Ela ficou uma ferra quanto contei sobre Cato. Ela me disse que ele poderia ser um ninfomaníaco, seqüestrador e que iria me seduzir e depois me esfaquear em pedacinhos e jogar no mar. Mas eu só havia falado meu nome para ele, qual é o problema? Ele também não conseguiria fazer isso, aliás, não me seduz nem um pouco.

Agora a aula era de química e o tempo insistia em não passar.

Odeio química desde sempre. Não entendo o motivo de criarem essa matéria, na real não entendo o motivo de criar essa merda toda. E eu aqui, só querendo ir pra casa e dormir. Isso era pedir muito?

– Clovs – Katniss me cutuca. – Olha ali.

Olho para frente e vejo um aviso dizendo em que torno de uma semana teríamos aulas de reforço com um professor novo.

Professor Novo?

Espero que seja literalmente novo, pois eu já não aguento essa velha que mais parece uma barata morta de saia.

– Que merda – me viro para ela. – Vou precisar fazer.

– É verdade... Mas tomara que o professor novo seja um gatinho.

– Ou gata, não é? – arqueio uma sobrancelha.

Passaram-se duas horas e finalmente o sinal tocou. Hoje sairíamos mais cedo porque teria uma reunião com os professores.

Me despeso de Katniss e rumo direto para o ponto. Como sempre espero o ônibus, e quando chega pego meu livro e começo a ler.

Diferente da manha agora o ônibus está um pouco mais cheio, mas eu não moro aonde a maioria, na verdade sou a única estudante que pega esse ônibus.

– Clove Evans. – alguém fala meu nome e senta ao meu lado.

– Cato Waters! Que surpresa.

– Você estuda na LA High School? – pergunta ele.

– Sim, e você?

– Na faculdade ao lado – Cato joga o casaco que usava para eu ver o que ele cursa. – Eu já terminei... Semana que vem começo a dar aulas.

– Serio? – sorrio. – Professor de química, então? – ele assenti com a cabeça. – Me desculpe, mas odeio química.

– Nossa, obrigada – devolvo o seu casaco. – Você está ouvindo o que? – ele puxa meu fone e começa a ouvir a musica junto comigo.

Encosto-me na janela deixando o sol bater na minha cara e caio no sono.