Nem o próprio tudo, é tudo. escrita por Pintchi
Notas iniciais do capítulo
Eu simplesmente abri uma folha, e comecei a rabiscar.
Um sopro, um sussurro, um soluço.
Os braços se distanciando, os corpos se afastando, o calor virando fumaça ao redor de tudo aquilo que já me foi tudo. Óculos embaçados, olhos inchados, corpos suados e um coração pulsando arduamente. Um fechar de olhos, um piscar de cílios, uma nova batida no relógio, um futuro mesclando-se ao passado, ao presente, a aquilo que nunca existiu. Uma utopia metade verdade, metade saudade. Os sonhos interrompidos, dançando ao som do choro, do desespero, dos ventos nos cabelos.
Ouça o sopro dos ventos, querida. Eles sempre dizem aquilo que precisamos ouvir.
Um pulo, um grito, uma lembrança, uma culpa, uma lista de coisas mais, mas que não pode mais ser listada a ninguém.
Os pássaros saem em retira, em mais uma caçada, uma homenagem àquilo que deixou de existir. Deixou de existir? Não se sabe se foi bobagem, saudade, desespero sem consolo algum.
Ninguém parecia acreditar, que se um dia o sol deixasse de raiar, esse sol seria eu.
Nada nessa vida é tudo, querida. Um comprimido, uma corda, uma faca, o meu próprio ser. Nada disso é tudo, nem nunca virá a ser.
Nem o tudo é o próprio tudo, por que você o seria, então?
Me reviro, me contorço, me esforço pra levantar. O olho semiaberto, metade sonho, metade realidade.
Realidade, na verdade, é algo inventado, pra se sonhar.
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