The Last Secret Wish escrita por Seiren Ayaname


Capítulo 1
I Want The One I Can't Have


Notas iniciais do capítulo

Os títulos para capítulos e afins sempre irão se referir à músicas do "The Smiths", pois tenho preguiça (lê-se falta de inspiração) para pensar em nomes (o que milagrosamente ocorreu com o título). É uma ótima banda, para quem quiser escutar, recomendo.



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The last secret wish

Uma silhueta misteriosa aproximava-se. Acabara de adentrar o bar por uma daquelas portas suspensas, típicas de bares na região e caminhava tranquilamente à bancada. Eram inconfundíveis aqueles olhos, brancos como a lua cheia, sua pálpebra esquerda precipitava uma cicatriz que era interrompida por um lenço -estilo bandana- vermelho, cobrindo metade de sua face. Os cabelos medianos do moreno estavam ligeiramente bagunçados e seu chapéu compunha uma aparência ainda mais sombria.
Todos sabiam quem ele era. Mas... por que logo ali?
Sua fama de exímio ladrão do velho-oeste ainda era recente e se comportava como um civil comum.
Sentava-se. Frio, ignorava os olhares espantados de pessoas que o rodeavam - homens que como ele, estavam ali para beber-. Logo inclinava o tronco para a mesa, descansando os braços na mesma.
–Um drink, por gentileza.
Era servido com desconfiança, por uma mão brevemente trêmula. Os comentários sobre a repentina aparição do moreno tomavam todo o bar, no qual o mesmo escutava com indiferença, ora bebericando seu whisky, ora balançando o seu copo observando o movimento dos cubos de gelo. Acabou por não beber tudo. Todos os olhares estavam voltados para ele, como se fosse um decote. Por baixo da bandana surgia um breve riso irônico.
Um grupo de três homens o cercava. Podia sentir o toque do cano frio de um revólver lhe tocar a nuca, ainda sim, sem sentir-se intimidado.
-É muito descuido para uma cabeça que vale tanto - disse o homem que lhe apontava a arma, gargalhando em seguida-.
-Hm...-murmurava o moreno-.
–Céus... Será que um ex-procurado não pode beber em paz? - disse em tom de ironia-.
-Tsc... Está tranquilo demais para alguém que está prestes a morrer -falava o homem do revólver, já muito alterado-.
Deveras irritado, estava a um segundo de disparar, afinal, acabara de ser zombado por alguém que tinha uma arma apontada para si. No instante em que iria puxar o gatilho, fora interrompido. Estava estático, por mais que tentasse não conseguia mover um dedo sequer, e quem dera ao pobre homem, ser o tiro fatal o qual planejava.
Os olhos cãs de Twisted Fate brilhavam, como o luar. Seu corpo longilíneo mostrava-se em pé em um ato de destreza jamais testemunhada. Um misto de fascínio, medo e excitação tomava o local. Uns presenciavam os acontecimentos como se faz a um espetáculo, outros pareciam querer fugir.
Perplexos com tamanha agilidade, e principalmente pelo fato de verem o homem que acompanhavam paralisado, ambos estavam boquiabertos.
Porém, em um ato quase irracional, um dos homens tenta golpear o semblante do moreno. Instintivamente ele desvia, logo segurando-o pelo braço e golpeando-lhe o estômago, forte o suficiente para o mesmo cair ao chão com dor. Enfim sobrara o último homem, com insanidade o suficiente para apontar sua arma ao ser que sem dificuldades livrou-se de seus outros dois parceiros.
Rapidamente Twisted Fate inclinava-se para trás, girando sobre seu corpo, pousando os pés na bancada que a pouco bebia. Seu mortal fora fascinante, deixando muitos curiosos que observavam maravilhados. Já sem direção e um pouco atordoado pela manobra do moreno, disparava sem direção. Balas perdidas iam em sucessão procurando um alvo que desviava de cada uma delas. Já sem balas, lançara um último olhar espantado antes de ser arremessado a uma das mesas do bar -que já estava lotado-, o moreno movia se em uma rapidez descomunal, onde após o término das balas, descera do balcão chutando o peito do último capanga com força.
Bancada cheia de balas perdidas, mesa destruída, três caras surrados...
-Não se mova -dizia fortemente uma voz feminina, um tanto autoritária-.
Era uma bela mulher, com a pele levemente bronzeada -provenientes do sol e a poeira do velho-oeste-, cabelos castanhos até a cintura, corpo sinuoso. Vestia botas de cano longo -de um couro lustrado-, luvas de um mesmo belo couro que estendiam-se até o começo de seu antebraço e uma cartola.
Agora ele via-se surpreendido, observando a figura feminina que recém o abordara. De fato nunca viu uma mulher em tal posto, e tão pouco vira uma que sem maiores explicações, lhe atraía o olhar como um ímã.
-Aproxime-se com as mãos à cabeça -dizia sempre com o mesmo tom firme, percebendo quase secretamente, o magnetismo que exercia sobre o outro-.
- Eu não serei gentil como o seu amigo. Minhas balas nunca erram seu destino -falou após fazer uma rápida avaliação do local, salientando especialmente, é claro, sua familiaridade com o gatilho-.
O moreno sustentava o mesmo riso irônico, afinal, era algo que somente ele saberia. Seu semblante era desconhecido, jamais viram além de seus olhos. Em meio ao cenário de seu show, já sem seu clima de tensão, erguia um dos braços levando a mão à cabeça, como ordenado. Com movimentos delicados -para não receber uma resposta indesejada-, levava a outra ao seu bolso. Todos observavam minuciosamente cada respiração e cada expiração de Twisted Fate, estranhado aquele movimento, inclusive -e principalmente- quem ele menos gostaria.
Uma bala dirigia-se ao moreno. Por um instante chegou a se sentir inseguro, mas a intenção da mesma ainda não era tirar sua vida. Passara na aba do seu chapéu, inclinando-o.
-Sem truques -dizia a Xerife, já um pouco impaciente-.
Era como se cada gesto dela o fizesse se interessar mais. Poucas vezes se deparou com uma personalidade tão marcante -até um pouco rude-. Antes que a mesma pudesse se exaltar mais, jogava uns trocados no balcão, logo levando a outra mão à cabeça, ajeitando seu chapéu.
-Ah Cowgirl, se eu não pagasse a este pobre homem seria roubo, não?



Era conduzido para uma cela, com as mão comprometidas. Há muito não ia para uma.
Valia tanto e era tão conhecido, por sempre misteriosamente conseguir escapar, ou simplesmente não ser pego. Antes de adentrar o local que seria designado a sua estadia, era solto pelas mãos delicadas da Xerife. Dirigia-se a um banco suspenso, acomodando-se, cabisbaixo. Apenas ouvia o som da grade sendo selada, quando era surpreendido.
–O que veio procurar aqui? -questionava a mais baixa, com um certo tom de indignação-.
–Um criminoso arrependido vai lhe soar clichê? -falava ironizando, nada do que falasse iria ser levado à sério-.
Como quem se prepara para uma longa conversa, a morena deixava escapar um breve suspiro. Chegava a questionar-se do porquê estar conversando, mas acabara por ignorar, logo apoiando-se na grade com as mãos, deixando o corpo tombar levemente sobre ela.
–Vamos fazer assim: você fala e eu finjo acreditar. Está bem?
–Mesmo que você não acredite, Xerife, eu também tenho um passado.
–Hm... Espero que suas reais intenções sejam reveladas quando eu voltar daquela mesa após pegar meu coldre. Estou um pouco impaciente para boas intenções hoje -dizia já sem esperanças de que aquela conversa poderia chegar a algum lugar (que a interessasse)-.
Twisted Fate observava por um último instante a morena dirigir-se a sua mesa. Não lhe passava nada em mente a essa hora, mas sentia que possuía um desejo agora. De alguma maneira, não queria que aquela fosse a última vez que a veria, e de certa forma isso o contrariava. Já estava acostumado à solidão.
–Recordou-se de al...
Era surpreendida por estar só. Seu prisioneiro sumiu sem deixar rastros.



–Mamãe... Mamãe!!! Por quê eles estão fazendo isso?!? Deixem-na em paz!!!!!
Uma grande quantidade de sangue respingava no rosto infanto do moreno. Não conseguia ter uma expressão definida, pois não entendia... -"Por quê fazem isso?" ... Apenas tentando não sucumbir totalmente ao pranto e ao desespero.
Suava frio, despertando repentinamente do sono que já não era tranquilo. Ainda existiam memórias remanescentes. Talvez o fato de voltar ao lugar onde tudo ocorreu perturbava-o interiormente. Estava sem camisa, sentado na cama de hotel onde se instalara, seu peito ardia, fazendo-o ofegante, onde ainda permaneceria por alguns minutos fitando perdidamente algum local do quarto. Quando criança vivenciou o que o fez mudar para sempre e agora voltava a sua cidade natal, sem saber exatamente a razão.
Recompondo-se, já viam-se sinais da aurora, levantava, indo até o espelho do banheiro. Sua barba tinha passado do comprimento desejado, logo sendo aparada. Precisaria parecer um nobre, transmitir boa aparência. Então arrumava-se, penteando os cabelos deixando-os semi-presos, colocando seu terno cinza e seus sapatos finos de couro negro, e finalizando, o detalhe mais importante: ocultar sua cicatriz.



–PAAAREE!!!!!!! -exclamava Caitlyn em sua perseguição sob o Sol escaldante, sempre acompanhada de sua arma, sempre pronta para mostrar suas habilidades com a mira-.
Corria rapidamente em busca de um fora-da-lei, desviando de comerciantes, mulheres, crianças, e tudo que pudesse cruzar seu objetivo. O alvo era rápido, mas sua determinação não a deixaria falhar, correndo tão rapidamente quanto seu fugitivo. Então as ruas de terra batida da cidade -que era uma das maiores da região- eram estranhamente preenchidas pela expectativa desta fuga. A Xerife era resistente.
–Você ainda tem a chance de se render!!! -ainda tentando um acordo verbal, ignorando o seus pensamentos (que falavam:-"Seu grande filho da mãe, quando eu colocar as mãos em você...")-.
O perseguido corria agora em direção a alguns cavalos que repousavam presos, alimentando-se despretensiosamente do feno que tinham. O fugitivo em movimentos perspicazes, deixava para trás carruagens e carros em movimento que lhe bloqueavam o caminho, ganhando uma ligeira vantagem sobre a morena. Aproveitou-se desta vantagem então, para montar em um dos cavalos que não eram seus. Deixada ligeiramente para trás, no momento em que seu alvo conseguiu ultrapassar móveis que não lhe foram possíveis, apenas o vira já a partir, montado em seu cavalo furtado. Não pensara duas vezes. Agachou-se, procurando o tiro de precisão que lhe concederia mais uma bem sucedida captura.
–"Três... Dois... U...?!?" -contava mentalmente até ser surpreendida-.
Podia avistar em sua lente seu cálculo ser interrompido. De súbito um cavaleiro se colocava entre Caitlyn e seu alvo. Era airoso, tinha boa postura na montaria e corria rapidamente atrás de seu prêmio. A morena apenas observou passivamente seu trabalho ser executado por um homem que desconhecia, jamais o avistara pela cidade. Ainda em sua lente, vira o rapaz misterioso capturar o larápio que perseguia, e o mesmo cavalgar em sua direção.
–Aqui está Xerife. -dizia o cavaleiro, em tom afável, logo jogando o capturado ao chão-.
Ainda mostrava-se meio incrédula pelo ocorrido, com uma certa desconfiança. Porém um pouco inebriada pela figura que apresentava-se diante dela. Um homem com extrema elegância, vestindo terno e sapatos finos, cabelos semi-presos e um tapa-olho, no lado esquerdo do semblante. Um verdadeiro cavalheiro.
–Perdão senhorita, por intrometer-me em assuntos profissionais, mas não vi mal em lhe ajudar. -dizia, logo sorrindo-.
Algo na morena queria ser descortês, dizer que as ações do mesmo foram desnecessárias, mas apenas o fitava, quando percebeu que devia-lhe uma resposta.
–Ah... Não se preocupe, foi um belo show inaugural, cara-nova-na-cidade -respondia ao sorriso do moreno, mas com um pouco de ironia-.
–A propósito, senhorita Xerife, não gostaria de me apresentar sua cidade? -retrucava ao sorriso-.
–Se você estiver roubando, ou praticando qualquer outra ação que infrinja a lei, talvez eu tenha tempo para me dedicar a você -falava, com ar de provocação-.
–Pois então senhorita, estarei cometendo um delito gravíssimo no grande hotel, no centro da cidade...


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Notas finais do capítulo

Continua...



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