Blind Alley escrita por Ling


Capítulo 1
Prológo


Notas iniciais do capítulo

Olá, sejam bem-vindos!

O capítulo não saiu como eu esperava, acho que se trabalhasse um pouco mais poderia ter me saìdo melhor... mas não tive muito tempo para escrevê-lo e apesar disso realmente estava ansiosa para postá-lo então...

Boa leitura.

Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/426223/chapter/1

Interação social deveria ser algo a ocorrer naturalmente. Afinal, o ser humano sempre foi reconhecido não apenas por ser o único dos animais capaz de raciocinar, mas também, por ser um dos mais sociáveis e tentar sempre expandir sua já interminável lista de contatos.

Bem, isso não funcionava para ela.

Na verdade, se pudesse escolher uma palavra que melhor me pudesse descrevê-la resumidamente, a primeira a vir seria exatamente o oposto de sociável.

E apesar de saber que em sala de aula, cercada de imbecis, com a professora explicando matéria no quadro, não fosse o melhor lugar para refletir tais assuntos, não era capaz de conter aquele monólogo interno— o mesmo que já se repetira incontáveis vezes em sua mente.

Ela não deveria estar ali.

Na verdade, ela não gostaria de estar naquele lugar.

E mergulhando um pouco mais em sua sinceridade... estava tudo errado.

Poderia até mesmo parecer crise de adolescência, drama jovem ou o velho clichê da mocinha sentido que está no lugar errado; mas a pior parte é que essa não era uma das histórias bonitinhas que costumava ver no cinema ou ler em livros. Essa era a realidade que permeava todas as manhãs de sua existência, de segunda à sexta.

E a melhor parte era que ao mesmo tempo em que tudo parecia absurdamente real e solitário, era quase como se não estivesse lá. Era como se toda a sua vida não passasse de uma grande ilusão, como se no meio caminho houvesse ocorrido um desvio, um erro de cálculo que resultara nisso.

Sentiu o peso dos olhares sob si, e quando ergueu a cabeça da bem-sucedida tentativa em desenhar esboços de corpo, seus olhos se encontraram com as distintas orbes da multidão.

Aparentemente algum comentário havia sido feito, alguma insinuação ou pensamente devia ter sido dito em voz alta; algo que deveria ter ouvido, mas estava ocupada demais rabiscando a folha de seu caderno.

Voltou a mira de meu olhar para o quadro negro, onde palavras, apesar de escritas em terrível caligrafia, justificavam tudo.

"Isolamento social"

E logo embaixo:

"De acordo com cientistas, a falta de interação social causa males à saúde do ser humano, como a solidão, uma das principais causadoras do alcoolismo, obesidade e sedentarismo."

Lindo.

Simplesmente perfeito.

Tinha quinze anos, e, honestamente, apesar de ser uma pessoa solitária, era uma das poucas ali que jamais pusera sequer uma gota de álcool na boca. Provavelmente, apesar dos altos níveis da tão chamada poluição mental, era uma das mais inocentes também.

Não era obesa. Muito pelo contrário, no fundamental havia sido tão magra a ponto de receber o honroso apelido "palito de dente", e apesar do claro desenvolvimento de seu corpo, ainda planejava ir à academia ao fim daquele ano.

Mas é claro que ninguém queria saber disso.

Eles estavam ali para julgar, olhar torto e rir às suas custas, mesmo que jamais tivesse dirigido uma só palavra grosseira a qualquer um deles.

Por que, as pessoas são assim.

E não queria qualquer coisa com esse tipo de gente.

Antes que seu querido professor— que não a ensinara qualquer coisa que eu já não soubesse desde o início do ano — pudesse abrir a boca e continuar a aula sobre, o sinal tocou.

O maldito sinal que anunciava obrigatório contato social durante vinte minutos de intervalo.

Um contato social que apenas teria se alguém invadisse a área reservada a banhos do banheiro feminino, onde residiam dois bancos brancos ao qual já estava acostumada a se sentar, tendo como única companhia o espaço vazio.

Mas é claro que até chegar até lá, teria de descer as escadas, ignorar o desconforto que teria ao fazê-lo— desviando das pessoas e tentando não fazer parecer que apreciava seus traseiros —e migrar nos costumeiros passos rápidos até o banheiro.

Essa era sua rotina de quase sempre.

Algumas vezes se sentava em outros lugares, e apenas quando a fome era quase incontrolável ou seu estômago roncava, reunia disposição a força de vontade para ir até a cantina — desconfortável até mesmo por andar em público, consciente do quanto parecia um protótipo de um robô ainda sem articulações.

Logo depois, subia as escadas apressadamente— e era uma dádiva quando não havia gente a sua frente, assim não teria que desviar o olhar de seus traseiros. Prestava atenção às aulas, algumas vezes fantasiando sobre personagens, criando histórias, rabiscando ou então encarando o piso lustrado. E os fazia sem qualquer expressão, tão neutra quanto uma pedra.

E naquele dia— um dos vários dos quais era obrigada a suportar— a porta se abriu, revelando um rapaz alto com madeixas castanhas e um olhar que emanava um fosco brilho caramelado.

Só foi capaz de vê-lo quando atravessou o corredor de carteiras para dizer algo ao professor. Ele foi breve, mas suas palavras pareceram tão gentis quanto o sorriso que ostentava.

Surpreendentemente ele se sentou à sua frente.

E foi ai que toda a história teve início.

Não uma história de amor incondicional, ou um conto de dramas. Nem de longe aquela seria uma simples comédia romântica ou a típica narrativa escolar.

Não.

Aquela seria... a história de sua vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Alguém aí?

Comentários são bem vindos, e incentivam também... se tiver alguma crítica, por favor sinta-se à vontade. é sempre bom saber como melhorar.

Sobre a capa... desculpem, mas não tenho um pingo de habilidade com photoshop (nunca nem tentei usá-lo, então não saiu lá grande coisa.

Bom, é isso.

Espero que tenham gostado, até o próximo capítulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Blind Alley" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.