O Mistério Do Circo escrita por Robert Hunter


Capítulo 3
Parte III – O espelho dos pesadelos




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O susto deixou Rob paralisado por alguns segundos, mas foi despertado quando viu que seu professor ainda continuava batendo do outro lado do espelho. O garoto encostou sua cabeça na superfície plana e gelada na tentativa de ouvi-lo.

O som que saia de dentro do espelho era abafado, mas dava para ele perceber que o seu professor tentava se comunicar com ele.

Tentou quebrar o vidro, mas seus chutes pareciam não ser forte o suficiente. O espelho era revolto de uma camada protetora. Como ele o libertaria?

Rob escutou alguns passos vindos de longe e se escondeu entre os espelhos. Era o mágico da apresentação, que o garoto não conseguia lembrar o nome.

O mágico caminhou até o centro da sala de espelhos e tirou sua cartola negra e em seguida a pôs no chão. O mais sobrenatural aconteceu. Uma espécie de luz brilhante saiu de cada espelho entrando direto no chapéu. Alguns instantes depois, o mágico sacudiu a sua cartola e uma porção de luzes radiantes surgiu e se espalhou por toda a sala. Uma onda de energia tomou o lugar.

Assim que o mágico foi embora Rob correu até o espelho onde seu professor estava, mas o vulto negro agora estava acumulado num canto do chão ao lado por trás do espelho. Então percebeu que o homem estava caído.

Com os punhos fechados tentou bater no vidro para que ele se levantasse, mas isso não aconteceu. A única coisa que ouviu foi a palavra fogo, que seu professor conseguiu pronunciar alto.

A primeira ideia que veio até o menino era que a única coisa que poderia quebrar o espelho era o fogo.

- Já entendi o que você disse! – Falou o garoto junto ao espelho – Vou conseguir tirar você daí.

Rob saiu em disparada procurando uma saída.

Enfim encontrou um pedaço de lona do circo e com as suas chaves fez com que ela se abrisse assim como na cama elástica. A fenda improvisada dava com a feira do circo, onde barraquinhas vendiam desde brinquedos à maçãs encarameladas.

Onde Edgar andava tranquilamente com outra garota como se nada tivesse acontecendo. A raiva tomou conta de Rob que foi até um dos pontos de venda e comprou uma espécie de chá melado e esperou que ele passasse por baixo de uma das escadarias do circo. Quando o casal passou o garoto despejou todo o conteúdo da caneca, que estava pelando de tão quente. Capaz que de agora em diante Edgar não poderia contar tanto com sua beleza – pensou o menino.

Rob correu na expectativa de encontrar fogo, até que viu uma tenda de achados e perdidos e pensou que talvez alguém tivesse perdido um isqueiro.

Realmente as pessoas perdem de tudo e um isqueiro também estaria nesta lista. Rob disse que o objeto era seu e voltou para a sala de espelhos.

Foi difícil localizar o espelho do seu professor no meio de tantos, mas logo conseguiu. O menino posicionou o isqueiro no vidro e uma cratera a se abriu na superfície conforme ele passava a chama. Em instantes uma passagem se abriu e o homem pode sair do espelho.

- O que é esse lugar? – Perguntou Rob.

- É onde o circo se alimenta. – Disse o professor com falta de ar.

- Não consigo entender!

O homem pegou Rob pelou ombros e olhou em seus olhos e proferiu a seguinte frase:

- O circo tem vida!

Não era possível aquilo, ou pensando bem era. O garoto já não tinha pensado nisso antes?

- O que o mágico fez com a cartola? – Perguntou o menino.

- Ele vive dos seus sonhos! – Essa foi a resposta dada e em seguida o professor se sentou no chão.

Mesmo assustado com todo o sobrenatural que estava acontecendo em sua volta, o garoto lembrou-se de Luna e que tinha que salva-la.

- Temos que achar a Luna, ela também foi pega! – Exclamou para o professor.

- Se ela foi capturada pelo circo deve estar em um desses espelhos.

Rob olhou em sua volta e ficou espantado com a quantidade de espelhos. Seria impossível achar a garota, mas ele não se prendeu a ideia e foi junto com o professor em busca da menina.

Os dois foram batendo nos espelhos e liberando os prisioneiros com a chama do isqueiro, até que depois de uns vinte minutos acharam Luna caída no chão por trás do espelho.

- Como vim para aqui? – Perguntou confusa.

- Não se preocupe tudo vai ficar bem – Disse o garoto tentando passar algum tipo de segurança para ela.

Enquanto soltava os prisioneiros o mágico apareceu com sua cartola e sua varinha, ele estava vermelho de raiva.

- O que está acontecendo aqui? – Gritou e sua voz escoou por toda a sala.

Muitos dos que estavam presos partiram para cima de Mandraque, mas o chão começou a engoli-los. O ar começou a ficar pesado como em dias que você tem dificuldade em respirar e muitos caíram no chão inspirando e expirando com esforço.

Rob sentiu todas as mudanças que estavam acontecendo com o circo. O mágico veio até ele e bateu com a cartola no em seu rosto.

- Como ousa fazer essa bagunça no meu circo? – Reprimiu o mágico.

- Como ousa roubar os sonhos das pessoas? – Retrucou o garoto com gozação.

Mandraque ficou mais vermelho ainda e derrubou o garoto no chão e em seguida lhe deu um chute bem no estômago tão forte que fez com que ele tossisse e gotas de sangue espirrassem no chão.

O mágico sentiu um soco na sua orelha direita que o derrubou. Assim que se levantou viu que era o professor que tinha lhe agredido e então enfiou sua varinha no abdômen do homem que não teve tempo de se defender. O objeto pontiagudo perfurou o troco dele e em seguida ele estava morto no chão.

Enquanto isso Rob e Luna correram na tentativa de escapar, mas a garota estava muito fraca e não conseguia correr muito rápido. O mágico saiu em disparada para alcançá-los e os espelhos começaram a se partir fazendo os cacos voarem na direção dos garotos, que muitas vezes não conseguiam desviar.

Rob chegou até uma parte do forro da tenda e teve a súbita ideia de usar a chama do isqueiro para colocar fogo. A camada de pano era tão fina que não demorou muito para o fogo se alastrar e quando pararam de correr os dois já estavam longe do circo em chamas.

Muitos que estavam presos sobreviveram ao incêndio, somente os que tinham sido engolidos pelo chão que não conseguiram escapar.

Luna fitou os olhos de Rob e agradeceu por ele a ter salvado.

- Não... Foi nada... Não – Foi o que o garoto mal conseguiu proferir devido ao excesso de adrenalina em seu corpo e o nervosismo de ver aquela garota o encarando.

Os lábios dos dois se encontraram e ficaram juntos por longos segundos.

FIM

“O circo vive devido a capacidade de muitos em sonhar com uma nova atmosfera de fantasia presente em nossos sonhos.” (Robert Hunter).


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