Dance With Me escrita por misao_duo


Capítulo 1
Dance With me


Notas iniciais do capítulo

Title: Dance with me
Universo: RPF - Jrock
Personagens: The GazettE
Wordcount: 4.440 words
Avisos:- Fic de banda, POV em 3ª pessoa, tentativa de humor e tentativa de fluffy
Casais:- Aoi/Uruha , Reita/Ruki
Disclaimer:- Se eu fosse dona do GazettE colocaria eles pelados na capa dos dvds e discos ao invés de por mulheres randômicas. Além disso, dificilmente estaria escrevendo fics por diversão. Eu certamente teria coisas melhores pra ver/fazer XD. Isso aqui é um trabalho de ficção sem fins lucrativos (infelizmente T_T)



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‘Quem foi o completo idiota que teve essa idéia em primeiro lugar?’, disse uma voz grave em um tom que sugeria mais do que leve irritação. Ruki cruzou os braços na frente do peito e deu as costas para o espelho que cobria toda a extensão de uma das paredes da sala na qual se encontrava, olhando para seus companheiros de banda em busca de um culpado.

‘Se me lembro bem’ – respondeu um deles, enquanto sentava calmamente sobre o único armário da sala – ‘e eu sou provavelmente o único que realmente lembra, já que era o único sóbrio entre nós cinco’ – a afirmação foi recebida com risos por parte de um dos outros homens presentes no recinto, e isso fez Kai sorrir – ‘ foi você mesmo o, repetindo suas próprias palavras, idiota que teve essa idéia’.

Mais risadas seguiram tal afirmação.

‘O quê? Impossível!’, Ruki respondeu indignado, ‘eu não faria uma sugestão desse tipo, nem mesmo bêbado.’

‘Ah é mesmo?’, interrompeu Uruha, ‘por que consigo me lembrar de ao menos outras três ocasiões nas quais você fez sugestões bastante idiotas, e você nem estava tão bêbado assim’ o guitarrista terminou com um sorriso malicioso.

‘Cite uma’, desafiou Ruki.

‘Vamos gravar um PV na praia!’, falou Aoi, em uma voz fina e caricata que em nada lembrava a do vocalista.

‘Nós concordamos em fazer isso todos juntos’, acrescentou uma voz em um dos cantos da sala, onde o baixista da banda calmamente afinava seu instrumento sem ter participado da discussão até então. Kai concordou com a cabeça.

‘...nunca passei tanto frio na minha vida e a maresia arruinou meu cabelo...’, Uruha resmungou para ninguém em particular.


‘Vamos todos fazer dreads no cabelo!’, o guitarrista moreno interrompeu novamente, antes que Ruki pudesse sequer pensar em se defender.

‘Isso ele acabou fazendo sozinho’, apontou Reita.

‘Nós rimos bastante’, acrescentou Kai com um sorriso, no que os outros concordaram com a cabeça.

‘Vamos todos...’ Aoi continuou, apenas para ser finalmente interrompido.

‘Ok, ok, eu admito’, falou Ruki em um tom mais calmo do que o que vinha utilizando até então, ‘nem todas as idéias que tive enquanto bêbado foram brilhantes, mas por que diabos justamente essa tem de ser colocada em prática?’

‘Por que o nosso empresário achou que fosse uma idéia criativa, e postou uma votação no blog do staff’, respondeu Kai com um suspiro.

‘E como exatamente essa ‘idéia criativa’ chegou aos ouvidos do nosso empresário?’, perguntou o vocalista, pressionando a parte de cima dos olhos em movimentos circulares com os dedos , como se quisesse amenizar uma dor de cabeça insistente.

‘Você ligou para ele’, responderam os demais ao mesmo tempo, como se essa fosse a resposta mais simples e óbvia de todos os tempos.

Ruki rosnou alto e abaixou-se no chão em seguida, olhando pra baixo e segurando a cabeça entre suas duas mãos. ‘Eu preciso parar de usar o celular quando estou bêbado. ’

‘Certo, certo. De toda forma, que tipo de pesquisa exatamente foi postada no blog e quais foram os resultados?’, perguntou Aoi.

‘ Bem,’ , o baterista respondeu, levantando-se levemente de seu lugar apenas para tirar uma folha de papel dobrada do bolso de trás de sua calça, ‘com base na idéia de Ruki-san, foi perguntado no blog: “Qual música as fãs gostariam de ver todo o grupo dançando durante um show?” e...’

Quatro grunhidos distintos foram ouvidos pela sala.

‘...e a música vencedora foi...’ , Kai continuou, rindo levemente diante da reação de seus companheiros de banda , ‘ “Silly God Disco”’., ele exclamou, jogando as duas mãos para cima.

Três pares de olhos voltaram-se imediatamente para a figura mais baixa da sala.

‘Ruki, onde está seu celular?’, perguntou o guitarrista moreno, num tom de voz baixo e ameaçador.

‘Está no meu bolso. Por quê?’, o outro respondeu, disfarçadamente dando um passo pra trás.

‘Por que você vai engoli-lo, é claro’, Aoi continuou, estralando os dedos de forma sinistra.

‘Calma rapazes, calma. Não vai ser tão ruim assim’, Kai interrompeu, levantando-se de seu posto e caminhando até o canto da sala onde os demais membros da banda estavam. ‘É uma música curta. Além disso, vocês ainda vão ter seus instrumentos pra trocar então não é como se tivessem que dançar muito.’

‘Você parece calmo demais com relação a tudo isso’, observou Reita, limpando poeiras invisíveis do braço de seu baixo com uma das mãos.

‘Eu toco bateria’, ele respondeu rindo.

‘Certo, obrigado por lembrar. Isso significa que você está aqui só pra assistir enquanto o resto de nós tem que dançar?’, indagou o baixista, num tom de voz que indicava que ele não estava achando a situação toda tão engraçada quanto seu companheiro.

‘Exato’, Kai respondeu rindo, o que lhe fez ganhar um soco no ombro. ‘Isso doeu.’

‘Calma todo mundo. Eu tenho uma idéia.’ , interrompeu Ruki.

‘Ahhhh não senhor’, falou Uruha. ‘O fato de estarmos aqui agora ao invés de estarmos em outro lugar qualquer fazendo....fazendo...’

‘Dormindo’, completou Aoi.

‘Jogando videogames’, opinou Kai.

‘Bebendo’, acrescentou Reita.

‘...fazendo qualquer outra coisa’, continuou o guitarrista, olhando de forma irritada para seus companheiros, ‘é culpa da sua idéia estúpida. Então não venha com outras idéias.’

‘Essa idéia é boa, eu garanto’, respondeu o vocalista. ‘Estejam aqui amanhã às duas da tarde, com seus instrumentos e nós vamos resolver isso tudo mais facilmente do que vocês imaginam. ’

‘Ruki... corrija-me se eu estiver errado, mas agora são três da tarde e estamos todos aqui com nossos instrumentos. O que nos impede de começar...seja lá o que formos começar, ainda hoje?’, indagou Aoi.

‘Falta uma coisa muito importante’, ele respondeu em tom sério, ‘Confiem em mim e estejam aqui amanhã no horário combinado. ’

Os outros apenas suspiraram e concordaram com a cabeça.

‘Ótimo. Agora, se me dão licença, tenho um assunto para resolver’, e com isso, Ruki deixou a sala a passos rápidos.

‘Ele vai beber de novo não vai?’, perguntou Uruha em um tom derrotado.

‘...e mesmo assim, todos nós concordamos com o que ele acabou de sugerir.Te faz pensar em quem realmente é idiota por aqui, não? ’, respondeu Reita saindo da sala atrás de Kai, que ria.

***

Uruha ajeitou a alça de sua guitarra sobre o ombro e olhou para seu relógio de pulso, notando que ainda tinha cerca de quinze minutos para desperdiçar antes da hora marcada com seus companheiros. Virando para adentrar o corredor onde encontrava-se a sala em questão, foi com alguma surpresa que ele notou que Aoi também já se encontrava ali.

O guitarrista estava batendo na parte de trás de um maço de cigarros e olhou em sua direção, sorrindo levemente em seguida. ‘Hey’.

‘Hey’, Uruha respondeu, colocando a caixa com sua guitarra no chão e sentando-se a seu lado.

‘Tome’, Aoi falou, jogando um cigarro em sua direção. ‘Me acompanha?’

‘Claro’, respondeu o outro. O moreno tirou um isqueiro de seu bolso e estendeu a chama para seu companheiro, acendendo seu próprio cigarro em seguida.

‘Você acha que vamos nos dar bem nessa coisa de dança?’, perguntou Uruha, observando a nuvem de fumaça que dançava lentamente a sua frente.

‘Eu acho que sim’, respondeu o outro com sinceridade. ‘Acredito que teríamos alguma dificuldade caso já não tivéssemos certa noção de como se mover, mas...eu não acho que seja o caso. Tenho certeza que não é o seu caso’, ele terminou com um pequeno sorriso, seus olhos fixos na porta a sua frente.

‘Noção de como se mover? O que você quer dizer com isso?’, Uruha indagou com um sorriso. Estaria Aoi insinuando que...

‘Você sabe que quando estamos no palco é como se nós interpretássemos um papel’, o guitarrista interrompeu seus pensamentos. ‘E parte importante desse papel é entreter, mas não só isso. Nós precisamos encantar o público, fazer com que seus olhos fixem-se em nós apenas, seduzi-los. ’ ele fez uma pausa, soprando uma nova nuvem de fumaça para o alto.

‘Dançar não é muito diferente. Se você já possui em si mesmo o dom pra arte da sedução, dançar é meramente... seduzir ao som de um certo ritmo.’

‘Mas o princípio de seduzir alguém não é o de levar a pessoa seduzida em questão pra cama?’, Uruha perguntou, ajeitando-se no banco e aproximando-se um pouco de Aoi no processo.

‘Não necessariamente. ’, respondeu o outro. ‘Seduzir e conquistar são duas coisas que andam juntas. Você quer conquistar seu público e seduzi-lo é parte do processo. Não significa que você queira dormir com todas as suas fãs.’

‘Também não significa que elas serão as únicas afetadas pelo que você faz em palco’, Aoi cochichou em seu ouvido, próximo o suficiente para que ele pudesse sentir os lábios do guitarrista formando um pequeno sorriso.

Uruha virou a cabeça bruscamente na direção das palavras apenas em tempo de ver seu companheiro erguer sua mão, acenando calmamente para o final do corredor. ‘Hey Reita.’

‘Hey’, o baixista respondeu devolvendo o aceno e aproximando-se. ‘Estamos adiantados?’

‘Por cinco minutos’

‘Ótimo. Tem cigarro?’

‘Sabe, tem uma placa de “não fume”, pendurada logo ali.’, falou Kai, recém chegado e caminhando na direção da sala de dança , observando enquanto Aoi estendia o maço de cigarros na direção de Reita.


O baixista olhou para a placa em questão por alguns segundos, e então de volta para o baterista. ‘E?’

Kai suspirou. ‘Nada. Vocês não tem jeito mesmo.’

‘Você não precisava estar aqui em primeiro lugar’, o loiro respondeu, colocando um cigarro na boca. ‘Você é o baterista, lembra? E bateristas não precisam dançar’


‘Eu sei disso’, Kai respondeu com um sorriso, ‘mas ontem eu fui até a casa de Ruki com ele e...’

‘TODOS PRA DENTRO!’, falou uma voz no fim do corredor, e a força com a qual o som se propagou por todo o lugar fez com que todos olhassem naquela direção imediatamente.

Ruki marchou para dentro da sala em passos decididos, megafone em mãos. ‘VAMOS!’

Aoi, Uruha e Reita olharam de volta para o sorridente baterista.

‘Não foi minha idéia.’, ele afirmou entre risos. ‘Ei, isso doeu’.

Uruha apagou seu cigarro no canto de uma lata de lixo próxima e acompanhou com os olhos enquanto Aoi levantou-se e dirigiu-se à entrada da sala seguido por seus outros dois companheiros de banda. O guitarrista olhou em sua direção fazendo um gesto com a cabeça para que ele acompanhasse também.

Ele repassou a conversa que haviam acabado de ter em sua mente, sorrindo levemente ao lembrar das palavras sussurradas em seu ouvido.

O que Aoi queria dizer com aquilo tudo sobre sedução e conquista e quem era afetado por tudo isso? Uruha ainda não tinha certeza, mas pretendia descobrir em breve. Se as aulas de dança obrigatórias ajudam-se, então melhor ainda.

‘TENHO BOAS NOTÍCIAS’, disse Ruki, sua voz ecoando de dentro da sala para o corredor, e Kai levantou-se, concluindo que era prudente fechar a porta.

‘Eu também tenho uma’ interrompeu Aoi levantando um dedo, ‘nós não estamos surdos’.

‘...pelo menos não ainda’, completou o baixista, tirando seu baixo de sua caixa.

‘Ontem falei com nosso empresário, e ele disse que não vamos precisar fazer nada muito complicado’, o vocalista continuou, ignorando as interrupções, todavia, sem fazer uso do megafone. ‘Basicamente, só temos que fazer alguns passos sincronizados simples nas primeiras e últimas estrofes da música, e algo um pouco mais elaborado durante os solos. Temos um prazo de quatro dias para incorporar esses novos passos e depois vamos incluir a rotina inteira nos nossos ensaios normais.’

‘Parece fácil’, exclamou o baterista, sentado em seu já habitual lugar sobre o armário da sala, balançando seus pés.

‘Quer vir tentar?’, perguntou Reita, ao que Kai respondeu fazendo uma imitação silenciosa de uma pessoa tocando bateria. Reita co-argumentou fazendo um gesto mundial de compreensão e amizade com o dedo do meio.

‘ATENÇÃO!’. A voz novamente ecoou por toda a sala fazendo com que todos olhassem imediatamente na direção de Ruki. ‘Como eu dizia, vamos nos separar em duplas. Eu e Reita vamos ficar do lado direito do palco enquanto Aoi e Uruha ficarão do lado esquerdo. Os passos para as estrofes são os mesmos para todos. O que será feito durante os solos...fica por sua conta.’, ele concluiu, olhando na direção dos dois guitarristas.

‘Espere ai um minutinho. Como assim por nossa conta?’, indagou Aoi, aproximando-se do vocalista ao mesmo tempo em que mantinha uma distância segura do megafone. ‘Caso você não tenha reparado, nós não somos dançarinas.’

‘...podia ter me enganado’ Reita cochichou para si mesmo, o que lhe rendeu dois pares de olhares bastante irritados.

‘Isso só quer dizer que vocês vão ter mais liberdade durante os solos’, explicou Ruki, calmamente limpando o megafone com a manga de sua blusa. ‘Criem algo juntos. Uma mistura do que você geralmente faz durante os solos com o que ele faz. Use aquela coisa de jogar as costas para trás, as garotas amam aquilo.’, o vocalista concluiu, rolando os olhos nas órbitas.

Aoi apenas suspirou de forma derrotada. ‘Ok, ok. Tudo bem pra você?’, a questão foi lançada para Uruha, que deu de ombros como se a situação inteira a essa altura fosse completamente inevitável. ‘Tudo bem’.

‘Vamos começar então. MEXAM-SE’

‘Hey Reita’, disse Uruha, chamando a atenção de seu amigo.

‘Sim?’

‘Você por acaso se lembra de quando ainda estávamos no colégio e eu te disse: Por que não formamos uma banda?’

‘Lembro’, respondeu o baixista, seu sorriso parcialmente coberto pela faixa em seu rosto.

‘Aquilo foi uma péssima idéia.’


***

Três dias de ensaio provaram que a nova rotina realmente não era muito complicada. Ao fim do terceiro dia todos os membros já sabiam suas posições e exatamente como se mover a cada momento da música e mesmo Kai havia admitido mais de uma vez que o efeito final era dos melhores.

‘PARADOS! MUITO BEM!’, a voz de Ruki ecoou pela sala.

‘Por que diabos ele fica tão mandão com um megafone na mão?’, perguntou Uruha, colocando um dedo dentro de sua orelha direita numa tentativa de aliviar o zumbido que escutava no momento.

‘Eu não faço idéia’, respondeu Reita. ‘Mas deve ser algo divertido de se ver na cama’

‘Cara, você falou isso em voz alta’, resmungou o guitarrista.

‘Mesmo? Me desculpe’, disse o baixista com um sorriso e em um tom de voz que sugeria que ele não estava nem um pouco arrependido pelo comentário. Ambos riram.

‘URUHA. AOI. É A VEZ DE VOCÊS!’

‘Pode deixar que eu e ele podemos assumir por nós mesmos daqui em diante’, interrompeu Aoi, aceitando uma garrafa de água oferecida por Kai e abrindo a tampa. ‘O solo é a única parte que falta ser coreografada e você mesmo disse que temos liberdade para fazer o que quisermos durante ela, então podem ir.’

‘Certo. Nós vamos indo então’, respondeu o vocalista, pegando uma garrafa para si mesmo e jogando uma segunda na direção de Reita.

Uruha colocou sua guitarra sobre o armário agora desocupado e sentou-se no chão. Ele não passava tempo sozinho na companhia de Aoi desde o dia em que haviam conversado anteriormente e ele tinha que admitir para si mesmo que agora, por alguma razão, a idéia de ficar a sós com o outro guitarrista lhe deixava um pouco...nervoso.

‘Não faça nada que eu não faria’ cochichou uma voz em seu ouvido, fazendo com que ele virasse bruscamente.

‘O quê?’, ele perguntou confuso olhando para o rosto de Reita. Este, olhava em sua direção com uma expressão divertida.

‘Você sabe exatamente o quê. Vocês já estão nessa dancinha envolta um do outro faz algum tempo’ , respondeu o baixista, lançando um olhar significativo para o outro lado da sala, onde Aoi encontrava-se.

‘De onde você tirou a idéia que...’, o guitarrista tentou se defender, apenas para ser interrompido antes mesmo de começar propriamente.

‘Eu uso uma faixa no nariz, não nos olhos’, respondeu seu companheiro. ‘Além do mais, se vocês dois tem que dançar de qualquer jeito, pelo menos tente se divertir durante o processo.’

Com essas palavras e um leve tapa nas costas, Reita dirigiu-se para a porta, pegando Kai pelo colarinho de sua blusa no caminho e arrastando-o consigo em direção à saída.

‘O que vamos jantar?’, perguntou o baterista, andando de costas e acenando em despedida para os dois membros restantes da sala.

‘PIZZA’, foi a última coisa que ambos escutaram, a voz de Ruki amplificada pelo megafone passando sem dificuldades mesmo pela porta agora fechada.

Sem a presença dos outros a sala parecia maior, pensou Uruha, as palavras preenchendo o silêncio em sua mente, mas não o silencio do lugar.

‘Vamos’, falou Aoi estendendo-lhe a mão para que levantasse do chão, sua voz e gestos cortando seus pensamentos. ‘Qual é a sua idéia para o solo?’

‘Bom’, o outro respondeu aceitando a mão oferecida e colocando-se de pé, ‘nenhuma na verdade’, concluiu com um sorriso sem graça. ‘Por que não avaliamos o que você faz e o que eu faço antes de decidirmos?’

‘Certo, sem problemas. Quer que eu comece?’, perguntou o moreno, ao que Uruha apenas acenou com a cabeça.

‘Geralmente’, Aoi explicou, movendo-se para o meio da sala e ajeitando a posição na qual segurava a guitarra, ‘eu faço isso’.

E sem qualquer outro aviso jogou seu corpo completamente para trás em um único movimento, fluído e perfeito, pescoço dobrado e olhos fechados, mãos sobre a guitarra movimentando-se sem perder o controle. Ele retornou para a posição inicial apenas meros segundos depois, abrindo suas pálpebras e olhando diretamente para Uruha.

‘O que você acha?’, o guitarrista perguntou com um sorriso.

‘Acho que deveria ter prestado mais atenção nisso antes durante os concertos’, pensou Uruha, ‘ou talvez não’, concluiu, sentindo um leve calor subir até seu rosto.

‘Eu acho...fantástico’, respondeu com sinceridade, ‘você faz isso quantas vezes?’

‘Duas, três no máximo. Fica dolorido depois disso e os solos dificilmente são tão longos’, Aoi admitiu com um pequeno sorriso, ‘Vamos ver o que você faz agora’,

Uruha respirou fundo lentamente e aproximou-se. ‘Na maior parte das vezes, eu faço isso’.

O loiro dobrou os joelhos e em um movimento que começou nos ombros, passando pela cintura e coxas, lentamente abaixou-se até o chão, voltando em seguida e deixando sua cabeça cair para trás de forma sexy. Voltando a posição inicial, continuou a mover-se jogando a cabeça de um lado para o outro e então passou a língua por seus lábios.

Aoi engoliu a seco e piscou algumas vezes.

‘O que você acha?’, perguntou o outro.

‘Eu não acredito que você queira realmente saber o que eu acho’, respondeu o moreno em uma voz baixa e levemente rouca. ‘Acho que, podemos misturar as duas coisas.’ continuou, tossindo algumas vezes, ‘podemos começar com a jogada para trás e então eu fico de joelhos e você faz a sua parte.’

‘Há há, muito esperto. Você só quer facilitar sua vida’

‘Não é verdade’, Aoi defendeu-se, ‘Eu só acho que não serei capaz de fazer a sua parte tão bem quanto você, e sendo assim, a melhor decisão é de que façamos a parte sincronizada no início no solo, e durante o seu momento...eu te deixo brilhar sozinho’, o guitarrista concluiu com uma piscada.

Uruha novamente sentiu o calor subir a seu rosto e lutou contra o impulso de socar o ombro de Aoi, uma vez que a ação os traria em contato e essa não era exatamente a melhor das idéias no momento.

‘Eu tenho uma idéia melhor’, disse recompondo-se rapidamente. ‘Nada garante que eu consiga fazer o seu movimento com perfeição, então proponho uma troca. Você me ensina sua parte, e eu te ensino a minha. Se amanhã ambos tiverem aprendido, podemos montar uma seqüência onde fazemos os dois movimentos. Do contrário, cada uma faz a sua própria parte e mandamos Ruki pro inferno. O que você acha?’


Aoi riu diante da sugestão. ‘Acho justo. Vamos fazer do seu jeito.’

Aproximando-se do outro guitarrista, ele continuou. ‘Vamos começar pelo meu movimento, já que admiti primeiro que não serei capaz de fazer o seu’ e ambos riram da afirmação.

‘Veja, é bastante simples na verdade. Se você segurar a sua guitarra nesse ângulo’, Aoi falou demonstrando, ‘ela vai servir como um tipo de apoio para que você se jogue para trás com certa liberdade de movimentos e sem perder o equilíbrio. Tente uma vez.’

Uruha imitou a posição mostrada e tentou dobrar-se para trás. De fato, a guitarra auxiliava no equilíbrio do corpo e o guitarrista sorriu ao perceber que o movimento era mais simples do que ele havia antecipado.

‘Viu? Você consegue!’, exclamou Aoi sorrindo.

‘Sim,’ respondeu o outro entre risos, ‘é mais fácil do que eu imaginava. Mas não consigo dobrar tanto quanto você.’

‘Mas essa foi apenas sua primeira tentativa. Tente de novo.’

‘Okay. ’

Meia hora de tentativas depois, Uruha estava prestes a alcançar o exato ângulo do corpo e Aoi estava prestes a converter-se a seja lá qual fosse o deus responsável por transformar todos os seus sonhos em realidade. Os últimos trinta minutos de sua vida só haviam lhe provado algo que ele já sabia: Uruha era perfeito. Seus movimentos, sua expressão, tudo em seu corpo vibrava com uma energia sexy como se ele não fosse capaz de detê-la em si mesmo.

‘Okay, essa vai ser minha última tentativa antes de irmos embora’, avisou o deus loiro, sem ter conhecimento dos pensamentos que passavam pela mente de seu companheiro de dança.

Uruha jogou-se para trás então, notando no segundo seguinte que havia usado força demais no impulso. Aoi adiantou-se a sua queda, suas mãos imediatamente dirigindo-se as costas e cintura do guitarrista, segurando-o antes que seu corpo e cabeça atingissem o chão.

Momentaneamente confuso por não ter caído, o loiro olhou para cima e enxergou o rosto de Aoi pairando sobre o seu, os cabelos negros caindo em longas mexas sobre os olhos que demonstravam certa preocupação. Sem pensar no que estava fazendo, Uruha ergueu uma das mãos colocando algumas mexas de cabelo de seu salvador para trás da orelha.

Demorou apenas alguns milisegundos para que ele percebesse exatamente o que tinha feito. Todavia, o choque diante de suas ações não foi nada comparado ao choque que teve diante da reação de Aoi.

Ele...começou a rir. Seu riso fez seu corpo inteiro tremer e Uruha pode sentir através da proximidade que eles dividiam. Sem dizer uma palavra a respeito do ocorrido, Aoi ajudou-o a levantar-se e colocando mais algumas mexas de seu próprio cabelo atrás da orelha, comentou em um tom de voz neutro, ‘Realmente acho que é hora de irmos embora. ’

Sem mais palavras, ambos colocaram suas guitarras em suas caixas, e silenciosamente deixaram a sala.

Na porta do prédio antes de dirigirem-se para lados opostos, Uruha sentiu que devia algum tipo de explicação e respirou fundo o ar frio da noite, pronto para sofrer a vergonha de sua vida. Olhou para o lado apenas a tempo de receber um inesperado beijo no rosto.

‘Até amanhã’, disse Aoi. Ergueu uma das mãos em despedida e começou a caminhar calmamente na direção geral de seu apartamento, deixando um espantado e sorridente guitarrista para trás.

No dia seguinte, chegando novamente adiantado, Uruha pode ver Aoi sentado no banco em frente à sala de dança, fumando.

‘Não faça nada que eu não faria’, pensou, e com isso em mente, aproximou-se de seu companheiro de banda. ‘Hey’

‘Hey’, o outro respondeu, soprando fumaça de cigarro no ar. ‘Me acompanha?’

‘Claro’, e um movimento rápido e delicado, Uruha tirou o cigarro da boca de Aoi colocando-o em seguida na sua, dando uma longa tragada.

‘Hoje é minha vez de te ensinar’, disse com um sorriso, observando a expressão igualmente sorridente de seu companheiro diante de seu gesto. ‘Vem comigo’.

Uma vez dentro da sala, dirigiu-se ao centro desta e seus olhos encontraram os de Aoi pelo espelho. ‘Vou te ensinar como fazer o meu movimento. Venha até aqui e fique logo atrás de mim’.

O guitarrista moreno fez o que lhe foi solicitado, ficando exatamente atrás de Uruha e observando enquanto este começava a mexer seus quadris lentamente.

Fascinado pela cena que se desenrolava foi com uma pequena quantidade de surpresa que ele sentiu mãos juntando-se as suas, levando-as a cintura da figura a sua frente.

‘Sinta isso’, falou o loiro em um sussurro, cobrindo as mãos sobre sua cintura, sem nunca cessar o movimento de seu corpo. ‘Sinta o movimento’.

Instintivamente, Aoi aproximou-se ainda mais, fazendo com que seus braços formassem um circulo envolta do outro homem. Com um leve sussurro de afirmação, Uruha jogou sua cabeça para trás, apoiando-a sobre o ombro do outro guitarrista e Aoi, sem conseguir ou sequer tentar resistir, beijou suavemente a longa expansão de pescoço oferecida.

Uruha respirou fundo e lentamente, afastando sua cabeça para dar mais espaço aos lábios em sua pele e envolvendo o pescoço do guitarrista em um de seus braços. ‘Aoi?’

‘Hmmm?’, respondeu o outro sem dar qualquer sinal que indicasse que ele estava prestes a afastar-se ou mesmo mover-se de sua posição atual.

‘O que você acha de pararmos de dançar envolta...disso’, perguntou enquanto entrelaçava os dedos de sua mão livre com os dedos de uma das mãos sobre sua cintura. ‘E começarmos realmente a dançar...um com o outro?’

A pressão em sua cintura diminui imediatamente e Uruha sentiu seu corpo sendo virado. A última coisa que viu antes de seus olhos fecharem-se foi o rosto de Aoi, sorrindo suavemente em sua direção e aproximando-se lentamente. A sensação de lábios contra os seus fez com que suas mãos subissem imediatamente ao rosto a sua frente, acariciando-o.

Segundos depois, ambos afastaram-se e observaram-se. Aoi sorriu e beijou um dos dedos próximos a sua boca.

‘Isso é resposta suficiente à sua pergunta?’, indagou em um sussurro.

Uruha lambeu os lábios lentamente. ‘Eu preciso dar uma última verificada’ e com essa afirmação, aproximou-se novamente de Aoi, beijando-se com fervor renovado.

Muitos minutos depois, separando-se por alguns momentos, o guitarrista loiro olhou para seu companheiro com carinho, juntando suas testas suavemente.

‘O que você acha de irmos até minha casa e eu te mostrar se realmente aprendi como arquear meu corpo pra trás?’

‘Mas aqui tem espelhos’, respondeu Aoi, mexendo suas sobrancelhas de modo sugestivo.

Uruha não pode evitar rir da afirmação. ‘Aoi, você é um pervertido.’

‘Você começou’, respondeu o moreno dando-lhe um beijo no canto da boca. ‘Você me seduziu primeiro’

‘Ah, é mesmo?’, respondeu o outro de forma divertida. ‘Uma pena eu ter feito isso sem perceber. Do contrário, teríamos dançado ao som da mesma música juntos muito antes.’

E com esse pensamento em mente, Uruha beijou-o novamente, esperando que Aoi soubesse que de agora em diante todas as danças seriam apenas dos dois.


***

OMAKE (por que eu nao consigo resistir a tosquice da minha própria ideia)

Uruha respirou fundo e lentamente, afastando sua cabeça para dar mais espaço aos lábios em sua pele e envolvendo o pescoço do guitarrista em um de seus braços. ‘Aoi?’

‘Hmmm?’, respondeu o outro sem dar qualquer sinal que indicasse que ele estava prestes a afastar-se ou mesmo mover-se de sua posição atual.


\'Aquele na porta é o Ruki?\'

\'YEAH BABY!!! É ISSO AI!\'

***

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