Assim que cheguei ao colégio, senti um pressentimento ruim . Ignorei e entrei ajeitando a mochila nas costas, fui em direção a sala , a primeira aula era sobre Mitologia Grega.

O professor já estava dando aula, mas minha cabeça doía, as palavras giravam.

– Srta. Ashley, gostaria de responder essa pergunta?. – O professor perguntou, tirando-me dos meus pensamentos.

– Hum? Perdoei-me professor, eu não sei qual a pergunta. – Falei fazendo todos da sala rir e alguns zombar me.

– Bem... Você poderia responder-me qual o nome dos 3 grandes Deuses mitológicos e quais propriedades são donos? – Ele perguntou arqueando a sombrancelha.

– Sim. Bem, Zeus tem domínio sobre o céu , Poseidon sobre o mar e oceanos, e Hades sobre o submundo. – Respondi calmamente, apesar de eu gostar desse assunto, esse ano as palavras começaram a subir dos livros, me deixando maluca.

– Correto. – Ele respondeu e escreveu algo na agenda de alunos.

E então o sinal bateu, avisando que era hora do intervalo. Levantei –me sem a mínima vontade de ser zombada novamente e presa em um armário, como todos os dias...

Fui para a parte da piscina e fique com os meus pés ali, sentindo a pressão da água . Eu adoro tudo que esteja relacionado a água, me acalma, me faz pensar direito, desde pequena  assustava minha mãe por ficar muito tempo em baixo d’água.

Automaticamente toquei o meu colar que havia ganhado assim que nasci , e nunca mais tirei , nem mesmo quando minha mãe morreu.

E por mais que eu queira , eu não consigo , é como se fosse algo ‘mágico’ .

Levantei a manga de meu casaco e toquei na água sentindo ela passar pelo meus dedos. Tirei meus dedos da água e tentei fazer algo que não fazia a muito tempo. Relaxar. Então eu mergulhei e comecei a pensar sobre como está minha vida. Basicamente eu tive que me mudar para a casa de meu tio que não gosta de mim por causa que minha mãe morreu. Não tenho amigos aqui , a única pessoa com qual converso , é o professor de Mitologia Grega.

Assim que emergi , o professor me olhava.

– É hora de ir , Ashley. – Ele falou com um olhar preocupado.

– Ir? Ir para aonde? – Perguntei confusa , saindo da piscina.

– Um lugar seguro para você. – Ele falou e saiu em direção a porta dos fundos. – Siga-me

Ele foi até o telefone que tem nos fundos e ligou para , possivelmente meu tio , avisando que eu iria para um acampamento estudar mais.

– Professor , eu não estou entendendo. – Falei confusa porém sincera.

– É normal , criança. Você acreditava em tudo sobre Mitologia Grega? – Ele perguntou virando o rosto para me olhar.

– Sim ,claro mas o que isso tem haver ? – Perguntei novamente , minha cabeça estava esquentando mais ainda.

– Você faz muitas perguntas. – Ele falou balançando a cabeça. – Você é um meio sangue , criança. E os monstros já estão farejando o seu cheiro.

– Cheiro? Que cheiro? - Perguntei mais confusa ainda. Meio-sangue. Cheiro. Monstros. Mitologia Grega.

– Seu cheiro de semideus , criança. Você é filha de um Deus muito poderoso , monstros farejam você mais rápido. – Ele tentou explicar , mas espera , Deus? Que deus?.

– Professor , eu não estou entendendo nada. Eu não tenho pai , minha mãe está morta , eu só tenho meu tio. – Falei exasperada.

– Sua mãe morreu para te proteger ,criança. Mas isso não vem ao caso , você tem que ir agora , se quer se salvar. – Ele falou já andando um pouco mais rápido em direção à um táxi que estava ali.

Assim que entrei o carro acelerou, olhei para atrás e vi uma Quimera. Sim, igual as da Mitologia Grega. Arregalei os olhos surpresa , e ofegante.

Toquei meu pescoço e senti meu colocar , aliviada.

Assim que paramos, olhei ao redor e percebi que estávamos a baixo de uma colina na qual tinha um Pinheiro em seu pico.

– Onde estamos? – Perguntei assustada.

– Em um lugar seguro, se quiser se salvar corra até depois do pinheiro e procure por um senhor chamado Quíron – Ele falou olhando para os lados, a Quimera se aproximava.

Saí correndo do carro , mas assim que olhei para trás , percebi que ele estava esmagado.

‘ Ele não morreu , ele conseguiu fugir’ – Pensei

Mas esse pensamento não me assustava , o que me assustava era a gigante Quimera que estava em meu calcanhar.

Já estava na metade da colina , quando senti um vapor quente em meu pescoço e minha blusa chamuscar , corri ainda mais rápido , já faltando menos de 30 metros para que eu pudesse passar pelo pinheiro.

Senti uma lâmina afiada fazer um profundo corte em meu braço , pulei para o lado urrando de dor , meu braço sangrava muito e eu já estava sem forças. Mas consegui chegar ao pinheiro e passei por ele , rezando para que o bicho não conseguisse passar.

Eu já estava suando frio e com medo de algo estar atrás de mim. Tinha um grupo de adolescentes reunidos alguns metros a minha frente , eles estavam conversando , mas pararam assim que ouviram um grande rugido vindo de fora.

Olhei para atrás e percebi que não havia nenhuma Quimera atrás de mim. Minhas pernas fraquejaram e eu caí de joelho no chão com as mãos no meu braço que sangrava.

– Você está bem? – Perguntou um garoto de cabelos pretos e olhos azuis esverdeados da cor do mar. Porém não tive oportunidade de responder porque minha tudo ficou preto.