Os dias estavam cada vez mais sombrios para Dean; seu irmão, a única família que lhe restava estava longe, aos cuidados de um anjo que eles mal haviam conhecido; tudo por causa das tarefas necessárias ao encantamento que selaria para sempre as portas do inferno.

O quarto do motel onde estava não era muito diferente dos tantos outros que já havia dormido; dessa vez não conseguia pregar o olho, agora com todos os anjos tentando revidar sua raiva em Castiel, que os expulsara do paraíso, mesmo sem saber o que estava fazendo.

O Winchester mais velho se preocupava demais com o anjo; recebera uma ligação sua a três dias, ele havia perdido sua graça no ato final de Metraton ao fechar as portas do céu. Agora vagava sabe lá Deus onde, sem poderes, indefeso aos ataques de qualquer anjo ou demônio em seu encalce.

Desde de que Castiel havia voltado do purgatório, Dean percebeu que se preocupava cada vez mais com o amigo; sim, havia ficado chateado com o moreno pelo fato do celestial não ter confiado nele a respeito da tábua dos anjos; porém, só ao ver todo o esforço que o anjo fizera para recuperar sua confiança, o sentimento negativo já havia se transformado em um bem querer ainda maior.

Uma avalanche de emoções estavam invadindo a cabeça do caçador; a bem da verdade só tivera atração por mulheres, e belas mulheres, diga-se de passagem; todavia o que estava sentindo por seu amigo agora se assemelhava muito com o sentimento que outrora nutria por Lisa, a única mulher a quem havia amado de verdade.

Um medo crescente surgiu dentro do loiro, não sabia se Castiel sentia o mesmo; provavelmente não, já que era tão inocente; mas não seria o amor, um sentimento puro afinal?

Seus devaneios foram interrompidos com o som de um carro estacionando muito próximo a seu quarto; imediatamente, Dean se preparou, pegou sua arma e se colocou em posição estratégica, agachado próximo à cama.

Escutou batidas na porta; Sam não poderia ser; havia se despedido do irmão a pouco tempo e o processo de cura seria um pouco demorado. Alguém tentando machucá-lo também não fazia sentido, já que a maioria dos que estavam em seu encalce não costumava usar portas.

Lentamente se levantou e foi à porta, olhar pelo olho mágico. O que viu foi capaz de tirar seu fôlego. Ao abrir a porta, pôde ver com toda a nitidez os orbes do azul celeste mais lindos do universo.

- Dean!

- Cass! – Dean não pôde conter-se, abraçando forte o amigo

- Ai, Dean, espera um pouco!

Ao ouvir isso, Dean percebeu que o anjo estava bastante machucado; sua têmpora sangrava e ao que parecia, seu braço esquerdo estava quebrado.

- Cass. O que aconteceu? Entra, não é bom ficarmos dando sopa aqui fora!

- Fui atacado por um anjo furioso, no caminho. Consegui pegar sua adaga celestial e matá-lo, mas, sem minha graça meu corpo não resiste a um simples empurrão de um anjo. – disse Castiel entrando no quarto junto a Dean.

- Entendo...

- Dean, me perdoe, eu não fazia ideia de que isso era um feitiço!

- Eu sei Cass, está tudo bem; deixa eu ver esses ferimentos.

Dean, dando por falta do sobretudo e da gravata, começou a tirar a camisa que o anjo estava usando com cuidado para não machucá-lo ainda mais, no entanto, quando chegou a hora de retirar o braço quebrado, Castiel gritou de dor:

- Desculpa Cass! Não teve como não te machucar!

- Tudo bem...

Dean observou que o ferimento mais grave era mesmo o braço e resolveu começar por ele. Já estava um pouco inchado, mas não se tratava de um caso complicado de se resolver; o caçador limpou-lhe o braço com algodão e uma solução antisséptica e colocou-lhe uma tala improvisada feita com faixas.

O resto dos ferimentos também foram limpos e tratados; por fim, o caçador sugeriu ao anjo que tomasse um banho e fosse descansar.

Demorou algum tempo para Castiel sair do banheiro; definitivamente tomar banho com um braço enfaixado não era uma boa experiência. Como suas roupas estavam em frangalhos, Castiel saiu só de toalha do banheiro, o que provocou um incêndio interno no caçador ao ver o corpo bastante trabalhado, embora machucado do moreno.

Só havia uma cama de solteiro no quarto e Dean, percebendo o semblante pesado do seu amigo, logo a ofereceu a ele:

- Cass, vem dormir, você parece cansado demais.

- Dean, essa cama é sua, não pretendo tirá-la de você, vou me ajeitar no chão mesmo.

- Nem pensar, você pode nunca ter passado por isso, mas eu sei como é estar machucado assim, você precisa do mínimo de conforto; vem!

O anjo se deitou e Dean o cobriu, sentou-se a seu lado, e, bagunçando seus cabelos levemente com as mãos, falou:

- Pronto, agora pode dormir; vou estar por aqui se precisar.

- A propósito, onde está Sam?

- É uma longa história... Dorme, depois te conto.

Castiel concordou e fechou os olhos, dormindo logo em seguida.

...

Já se havia passado algumas horas desde que Castiel dormira e Dean estava distraído vendo algo na televisão quando ouviu gritos chamando pelo seu nome. Virou-se instantaneamente para a cama e viu o anjo revirando-se na cama, suado, ainda gritando seu nome.

Imediatamente foi ao seu encontro e acordou o moreno o mais suavemente que pôde.

- Ei cass... Cass! Acorda!

- Dean?! Que bom... Eu te vi sendo morto por um dos meus irmãos! Foi horrível – disse Castiel, tentando conter as lágrimas que saiam profusamente dos seus olhos azuis.

- Está tudo bem, foi só um pesadelo, às vezes eles parecem bem reais mesmo... – disse Dean, abraçando o anjo a fim de acalmá-lo.

O que começou com a intenção de acalmar os ânimos de Castiel teve efeito contrário no caçador, que não resistiu à proximidade e beijou os lábios do anjo.

O moreno não ofereceu nenhuma resistência e se deixou invadir pelo Winchester mais velho. Os lábios enfim se separaram e Dean lançou um olhar surpreso para o anjo, que retribuiu com uma expressão tranquilizante:

- Está tudo bem, Dean... Eu também sinto o mesmo!

Dean parecia estar em meio a um sonho, claro que ainda estava confuso sobre se sentir atraído por homens, mas resolveu deixar seus desejos tomarem as rédeas da situação.

Voltou a beijar o anjo, dessa vez deitando na cama junto a ele, tomando cuidado para não machuca-lo; só então percebeu que Castiel estava seminu, usando apenas uma boxer emprestada do próprio caçador.

Isso deixou Dean ainda mais excitado, logo, ele também estava totalmente despido.

O loiro passava pelo corpo do anjo com uma espécie de ternura ávida, tomando para si o controle daquele momento. As posições se inverteram e Castiel foi levado até o membro do caçador, que implorava por atenção.

Dean gemia baixo enquanto o moreno alternava beijos, chupões e carinhos em sua região mais sensível. O ápice estava próximo, mas o Winchester mais velho não queria que acabasse assim; virou o anjo, ficando novamente por cima penetrando-o logo em seguida.

Fazia movimentos bastante lentos, preocupado com o moreno; sabia que era a sua primeira vez e que já estava machucado, não queria provocar-lhe mais dor, embora soubesse que naquela situação aquilo era impossível.

Castiel estava nas alturas; Dean o atingia bastante profundamente causando-lhe uma mistura de dor e prazer inenarráveis.

Os movimentos começaram a aumentar de velocidade quando Dean percebeu que o moreno podia suportar porque já havia se acostumado. As estocadas eram precisas e faziam ambos se perderem em meio ao prazer; prazer que atingiu seu limite quando o loiro se desfez no interior do anjo.

Arfando e consideravelmente cansado, Dean deitou-se ao lado de Castiel, que suava enquanto fitava seu corpo com aqueles olhos hipnotizantes.

- Está tudo bem Cass? Foi bom pra você?

- Foi a melhor sensação que eu já experimentei Dean!

- Que bom... Estava com medo de ter te machucado... Fui com muita sede ao pote – disse o caçador, abrindo um largo sorriso enquanto afagava as mechas escuras do anjo.

- Não se preocupe...Mas Dean... E agora?

- Agora?

- Estamos juntos?

- Se você aceitar namorar o humano mais problemático do mundo?!

- Claro que sim... Esperava por isso há um bom tempo!

- E o idiota aqui nem notou né?!

- Enquanto ao Sam?

- Ele será a última pessoa a causar problemas; claro que ele vai estranhar... mas vamos fazê-lo se acostumar, você vai ver... Pensando bem, até eu preciso me acostumar com isso!

Ambos riram muito com o último comentário do caçador; depois pediram alguma coisa para comer, tomaram uma ducha rápida e voltaram para a cama.

A noite estava fria, ajudando ainda mais no clima entre os dois, que dormiram juntos, Castiel descansando seu queixo no ombro do loiro, corpos nus no mais perfeito contato, cobertos por um edredom que desenhava grosseiramente as formas ali contidas e mais nada.