Vingue-se Ou Morra. escrita por Holden


Capítulo 2
Maldito Singleton.


Notas iniciais do capítulo

Estou postando mais rápido por conta dos reviews *UU*Espero que gostem, e tenham uma boa leitura ♥Deixem reviews!



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– Por favor, Nick!- implorei ajoelhada pela milésima vez em frente ao baixinho de enormes olhos castanhos e nariz arrebitado.- Por favor! Por favor! Por favor!- murmurei rapidamente enquanto tropeçava nas palavras.

É, minha situação estava deplorável.

Ajoelhada na frente do meu irmão, eu pedia de todas as formas possíveis para o mesmo me ajudar na tarefa de matemática do filha de uma pu...lícia do Carter!

O garoto tem dez anos, mas acredite, ele é um puta quase-prodígio.

Mas enfim, a mamãe aqui estava sendo chantageada.

*

Hoje, 02h30min da tarde.

O maldito havia me levado para uma lanchonete próxima do colégio. Era pequena, velha, ninguém jovem a frequentava e, aonde você olhava, velhinhos jogando xadrez e se esqueciam dos próprios nomes. Fiquei com medo de pedir batata frita e receber uma porção de minhocas por engano.

Por que crueldade é meu sobrenome.

– É o seguinte.- o gorila sem coração começou apontando para uma cadeira vazia. Obviamente para que eu me sentasse.

E eu o obedeci.

Deus, por que eu nasci assim?

– Não me pergunte como eu descobri seu hã... “segredo”. Será inútil.- e sorriu com o canto dos lábios formando aquelas lindas covinhas demoníacas.- Vamos direto ao assunto.

Assim que terminou aquelas típicas frases de vilões de filmes de Hollywood (já repararam que os vilões sempre conversam eternamente com os mocinhos e acabam se dando mal pela demora?), jogou um envelope branco em cima da mesa. Seu jeito debochado estava me irritando, principalmente como ele se sentia a vontade diante da minha desgraça.

E eu repito de novo, não sou emo e nem corto os pulsos.

Entretanto, minha vida é uma droga.

Peguei aquilo relutante e o abri lentamente. Meus olhos se arregalaram, e a água que eu tomava (peraí, de onde surgiu aquela água?) quase escorreu do meu nariz deformado.

Questões matemáticas trigonométricas dignas de faculdade (só um detalhe, ele era do terceiro ano) estavam ali na minha frente. Eu nem sabia que a matemática poderia chegar a esse ponto, e só agora decreto meu diploma de Lesada+ do ano.

– QUE PORRA É ESSA?- gritei me levantando e segurando aqueles papéis diante de meus olhos no momento seguinte, só para ter certeza de que aquilo era mesmo real.

O loiro revirou os olhos, enquanto se espreguiçava na cadeira. Seus fios desalinhados cobriram por um momento os olhos gélidos e azuis profundos quando ele esticou os braços um pouco musculosos para o alto.

– Não é óbvio?- respondeu com a voz lenta e entediada voltando a sua posição normal.- Quero que resolva tudo isso pra mim.

Haha, que bom, por um momento eu achei que ele havia...

Espera aí!

RESOLVER TUDO AQUILO PRA ELE?

– Você enlouqueceu?- murmurei como se lidasse com algum debilóide.

– Ah Elisa, doce Elisa... Da próxima vez, pense duas vezes quando for querer dar uma de “Heroína” na frente da escola toda.- rebateu calmamente, mas não deixando a ironia de lado.- Pode me devolver se quiser, entretanto, vai ter que lidar com todos aqueles que você arruinou a vida.

A imagem de todas as tortadas, balões de xixis, sardinhas, guerras de tintas, pó de mico colocado disfarçadamente nas roupas, infestação de vespas e grilos, chiclete em cabelos e vídeos nem um pouco queima-filmes exibidos publicamente vieram a minha cabeça no momento seguinte.

E a causadora de tudo isso que se esconde por trás de um blog é: Euzinha purpurinada.

Claro que se todos descobrissem isso certamente não me convidariam para tomar um chá.

Convidariam-me para levar um cacete.

E Carter ainda estava lá, bebericando alguma coisa azul, enquanto esperava pacientemente minha resposta.

Como tudo pode parecer tão normal pra ele?

“Ah claro, me de essas questões babas que eu posso resolver no melhor dos meus humores e ainda ter tempo para as minhas próprias tarefas. Aliás, seu sorriso é lindo e você é um puta de um gostoso.”

Até que isso me passou pela cabeça, mas francamente, já tinha agido demais como uma mera perdedora por hoje.

O que sem sombras de dúvidas eu era.

E então, meu fiapo de razão soou mais alto.

– Qual o seu problema?- perguntei de forma estressada enquanto me levantava como um furacão, colocando a mochila em minhas costas, pronta para sair daquele lugar infestado de velhos.

Estava pronta para dar o fora dali com a última gota da minha dignidade em mente, quando o monstrengo de olhos azuis segurou meu pulso tão rapidamente, que foi quase impossível de se perceber.

– Você não quer virar as costas para mim... Não é mesmo?- perguntou com sua voz rouca e segura, fazendo-me até me encolher um pouco.

Não se intimide Elisa! Não se intimide!

– Escuta cara, você está me amolando. E tipo, muito, eu só quero ir pra merda da minha casa e dormir até as seis, então se você me soltasse eu ficaria muito grata.

Mais um ponto para mim.

E foi então que ele me fuzilou com seu olhar. Seu maxilar se firmou, fazendo seus lábios rosados se contraírem rapidamente em uma linha tênue perfeita. Sua mão quente apertou mais ainda meu pulso fino, que, por um momento achei que o mesmo tinha a intenção de quebrá-lo, sentindo cada pedacinho de sua raiva.

– Hã... Hum... E é claro que será um prazer resolver essas meras continhas de terceiro ano pra você.- sorri de forma tímida enquanto ele finalmente, me soltava. Sua expressão voltou ao normal e eu suspirei aliviada.

Menos um ponto para mim.

E sim, eu sou fraca e tudo mais.

Peguei o envelope e o enfiei dentro da bolsa com a certeza de tê-lo amassado, enquanto Carter sorria de forma vencedora, se levantando também.

– Por favor, me garanta pelo menos um B+.- finalizou e saiu dali com toda sua tranquilidade rotineira.

Deixando uma Elisa devoradora de crânios a solta.

*

– Vamos lá seu lindo, eu sei que você consegue.- sim, eu ainda continuava implorando uma salvação ao meu irmão.

Que no momento não parecia muito interessado.

Pra falar a verdade, nem um transplante de genitálias ao vivo parecia prender sua atenção.

– Elisa, eu já te ajudei com o blog, com as vinganças, com sua amiga naquela madrugada de domingo, com suas provas de biologia e com aquela redação sobre Rockfeller.- murmurou entediado enquanto digitava algo em seu computador.- E olha que eu nem cobrei.

Nick não era o típico irmão meigo que sempre está disposto a proteger a irmã mais velha do mundo.

Pra falar a verdade, ele estava pouco se cagando pra mim. Mesmo eu tendo contado as chantagens daquele besouro humano de hoje mais cedo e exigido que uma bomba nuclear explodisse na casa dele.

Porque meu irmão é um poço de bondade.

Que linda minha ironia.

– Escuta seu lindo, você sabe que eu te amo né?- indaguei fazendo beicinho.- São só continhas simples de matemática... Você resolve tudo em cinco segundos. Vamos lá! Eu confio em você!

O moreno bufou enquanto virava com sua cadeira giratória em minha direção.

– Me deixe ver essas merdas.

Apertei suas bochechas gordas com força e depositei um beijo estralado ali. Corri até minha mochila e agarrei aquelas páginas demoníacas recheadas de contas do capeta e o entreguei.

Quem chegaria ao ponto de vender a própria alma para resolver aquilo?

Com exceção do gênio do meu irmão cof cof.

– Agora saia do meu quarto.- ordenou enquanto olhava para os milhares de números e letras dali.

Fiz um sim com a cabeça com um sorriso largo estampado de orelha a orelha em meu rosto, e saí saltitante dali.

Não deu nem tempo para começar a fazer meu tão esperado brigadeiro de panela, e o pequeno nerd surgiu caminhando até a cozinha com sua expressão rotineira. Ergueu as folhas até mim, e foi quando percebi tudo devidamente resolvido.

– Vo-Você já acabou?

– São questões de lógicas sua tapada. Entretanto, estão em um nível mediano, e seria quase impossível explicar para um leigo.

Tenho a leve impressão de que ele se referia a minha cara de orangotango deformada.

– Não me perturbe mais.- completou enquanto se distanciava.

– Te amo!- gritei antes do mesmo bater a porta.

Haha quem é a vencedora agora? Eu sou a vencedora.

Preparei meu brigadeiro de panela feliz da vida, e dormi, até as minhas esperadas e merecidas seis da tarde.

Porque eu não sabia o que o dia seguinte me preparava.


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