O meu desespero fez Regina dirigir rápido e logo chegamos ao hospital. Antes de sairmos do carro ela colocou a mão na minha coxa e apertou de uma maneira como se estivesse mostrando que ela estaria do meu lado, as palavras que saíram da boca de Regina foram: “Vai ficar tudo bem”. O seu olhar sincero e confiante fez meus olhos marejarem, eu estava realmente com medo do que poderia ter acontecido com August. Eu tinha passado o caminho todo tentando ligar para o celular dele e para minha aflição aumentar mesmo ia direto para caixa postal. Descemos do carro, entramos no hospital e fomos direto falar com o médico que estava de plantão na emergência.

— Drº Preciso de informações sobre August, August Siller. – Falei apressada. O médico olhou uns papeis que estava na mão.

—Qual o seu nome? O que você é dele?

— Emma Swan. Amiga. Sou a única pessoa que ele tem aqui. – Quando falei isso lembrei-me o quanto August era sozinho, como eu, e o quanto nós sempre fomos a companhia um do outro.

— Ele acabou de sair de uma bateria de exames, acabou de deixá-lo na sala em observação. Mas pelo que verifiquei ele está bem, só tem pequenas escoriações e um corte no supercílio que já foi tratado. Deixei-o medicado já que estava se queixando de dores no pescoço. Mas não houve nenhuma lesão grave. – Ele falou ainda lendo os papeis que segurava. – Seu amigo é muito divertido, Srtª Swan.

— Isso me deixa aliviada. – Suspirei – Saber que ele está bem. – Olhei para Regina que também estava prestando atenção nas palavras do médico.

— Quando poderemos vê-lo? – Regina perguntou se direcionando ao médico de um jeito cuidadoso, ela parecia estar preocupada com o que havia acontecido.

— Bem Prefeita, ele está em repouso agora e provavelmente passará a noite aqui em observação. O quarto que ele está permite uma visita rápida, até porque não vejo contraindicações quanto a isso.

—Ele passará a noite sozinho? – Regina perguntou já insinuando que isso não iria acontecer.

— Acredito que não seria necessária a presença de um acompanhante, mas se achar devido eu posso permitir que uma pessoa fique com ele. – Era engraçada a submissão que as pessoas daquela cidade tinham por Regina. Não sei definir se o sentimento que eles tinham por ela era de respeito ou temor.

— Ótimo. – Ela falou sorrindo simpaticamente para ele e depois virando-se para mim perguntou: – Você quer ficar com ele?

— Claro que sim. – Notei que o médico nos olhou diferente de quando chegamos, mas estava ansiosa em ver August e o ignorei.

— Drº você poderia nos levar até o local que ele está? – Ela se direcionou a ele.

— Claro que sim. Venham comigo.

Passamos por um longo corredor e aproveitei para perguntar ao médico como eles conseguiram meu contato. É claro que não me surpreendeu quando ele falou que toda a cidade já sabia do rapaz que havia chegado à cidade com o som do carro nas alturas e que ele tinha passado à tarde comigo. Cochichei para Regina qual tinha sido a música que ele chegou cantando ela não prendeu o riso quando falei. Chegando ao quarto onde ele estava uma surpresa fez com que Regina bufasse.

— O que você faz aqui? – Ela perguntou exigente para Mr. Gold que estava de costas para nós e olhava August dormir. Antes que ele pudesse responder o médico falou.

— Mr. Gold achou August na estrada, ele estava inconsciente e não tinha como sair do carro, pois o lado que foi acometido pelo acidente foi o lado que August estava. –Ele falou tentando amenizar a raiva aparente de Regina.

— Ok Gold, obrigada. Você já pode ir. – Regina falou novamente ríspida. E eu toquei em seu ombro para que ela ficasse mais calma.

— Miss Swan, bom revê-la novamente. Pena que não foi numa circunstância muito agradável. – Ele falou ignorando Regina.

— Obrigada por ajudá-lo, Mr. Gold. Realmente lhe agradeço muito. – Falei tentando ser simpática, Regina apenas analisava.

— Não precisa me agradecer, foi apenas um gesto de humanidade. – Ele falou de direcionando para perto de nós.

— Humanidade... Barff... – Regina resmungou baixinho, mas mesmo assim entendi.

— Vejo que vocês duas tem se dado muito bem, apesar da disputa com relação a o garoto. Espero que continuem assim. – Ele falou irônico. – Tenham uma ótima noite.

— Boa noite. Mais uma vez obrigada. – Falei sem olhar para ele e já me direcionando para perto de August que parecia estar num sono tranquilo.

— Ah! Miss Swan, por favor, avise ao seu amigo que passe na minha loja quando puder. – Olhei para ele e apenas assenti com a cabeça, mesmo sem entender o motivo. Depois disso ele deixou o quarto e o médico se fora junto com ele deixando apenas a observação de que nós não deveríamos demorar muito. E para que ficasse apenas uma pessoa com August.

— Você viu o que o Gold falou? In-su-por-tá-vel! – Ela falou soletrando enquanto encostava a porta.

— Ignore-o, você se importa demais com as palavras dele e quanto mais nos importamos mais valor elas têm. – Assim que terminei a frase August se mexeu resmungando algo.

— Essa mulher não me deixa dormir, nem eu estando doente, acamado, acidentado, destruído. – Ele falou se mexendo na cama ainda de olhos fechados. Regina e eu rimos com o jeito que ele falou, era bom ver que ele estava relativamente bem e que continuava com seus dramas mexicanos. - I'm going out tonight, I'm feelin' alright, gonna let it all hang out... – August começou a se remexer na cama cantando um trecho de “Man! I feel like a woman” uma música da Shania Twain que ele ama. De repente ele abre os olhos e dá um gritinho. – Olá queridas!! – Eu e Regina novamente não contemos a risada.

— Você ainda me mata do coração, seu idiota! – falei tentando o abraçar já que ele estava deitado na cama.

— Eii, não me aperte muito! E é assim que você me trata na frente dazamiga? – Ele falou apontando para Regina que apenas ria.

— August, você deveria se comportar. Está na frente da maior autoridade da cidade. – Falei tentando ser seria.

— Olá queridinha. – Ele falou esticando e mostrando o dorso da mão para que Regina beijasse. Ela apenas segurou a mão dele e cumprimentou. – É você a dita cuja que fez a minha amiga querer ficar nesse lugar sem vida?

— É, acho que sim. – Regina falou um pouco constrangida. Afinal, quem não ficaria constrangida com os surtos do August.

—Hummmm. - August deu uma risada alta e depois falou com uma voz mais grossa e normal, a voz que ele usava quando estava no escritório trabalhando. – Irei me comportar até você se acostumar.

— Acho bom. – O repreendi um pouco sem moral, pois estava rindo. – Me conte como tudo aconteceu? Como foi isso? E o seu carro?

— Foi tudo culpa da infeliz da Shania Twain! – Ele falou um pouco revoltado e Regina tentava se conter para não dar mais uma risada. – Eu estava escutando ‘Man! I feel like a woman’ e cantando, tirei os olhos da pista um segundo para repetir a música que estava quase acabando, quando olhei de volta um vulto, sombra, não sei exatamente o que era, estava parado na frente do carro. Acabei desviando e perdi o controle. – Ele falava olhando para o lado como se estivesse tentando lembrar o que viu. Lembrei do vulto que vi passar para a biblioteca.

— Que esquisito. Mas ainda bem que você está bem. – Falei passando a mão no rosto dele.

— Onde está aquele senhor que me encontrou. Ele falou que queria conversar comigo quando eu melhorasse. Ele é gay? Achei que estava me olhando de um jeito estranho. – August fez essa pergunta e eu logo olhei para Regina para que ela respondesse.

— Não. Tenho certeza que o Gold não é gay. Todos sabem que ele tem um caso com a garota que cuida da biblioteca. – Regina falou cruzando os braços.

— Mas foi muito estranho o jeito que ele me olhava. Olhem... – Ele mostrou o braço. – Até me arrepiei de nojo. – Eu e Regina novamente rimos. Está perto de August era sempre sinônimo de está alegre. – E vocês? Me contem!! Eu quero saber tudo!! – Ele falou batendo as palmas da mão duas vezes uma na outra. – Emma lhe deu meu recado?

— Deu sim. – Regina riu envergonhada, acho que ela se lembrou do surto de ciúmes sem motivo que tinha dado. – Obrigada por desejar o melhor para nós.

— Desejarei sempre! Emma é uma espécie de Irmão que eu não tive. – Rimos os três. Antes que August fizesse outra piada o meu celular tocou e era a Mary Margaret novamente, me afastei para falar com ela. Ela perguntou se August estava bem e eu expliquei que sim e também falei que ela não precisaria me esperar, pois, eu ficaria no hospital com ele. Enquanto eu estava falando com Mary percebi o quanto Regina e August se deram bem e eu estava muito feliz por isso. Logo desliguei o celular e voltei para perto deles e August já tinha passado toda a minha ficha para Regina, quem estava constrangida dessa vez era eu. Para nossa infelicidade o médico abriu a porta do quarto avisando que já tínhamos extrapolado o horário de visita que ele tinha permitido e isso significava que Regina iria voltar para casa. Era sempre um pesar me despedir dela, entre as nossas conversas August tinha comentado o quanto nós formávamos um casal bonito e que não pareci que só havia dias que nós tínhamos nos conhecido. Realmente ele estava certo, minha ligação com Regina com certeza não era só de dias e como eu já pensei outras vezes, acho que passei a minha vida toda procurando por ela. Nós nos despedimos, August como sempre brincando e falando que tinha um banheiro no quarto e que precisássemos nos despedir mais a vontade nós poderíamos ir para lá, isso arrancava nossas risadas. Como dizem, o tempo que uma pessoa demora para se despedir é equivalente ao tempo que ela quer ficar, eu e Regina ficamos um bom tempo fazendo pequenos gestos de carinho, ela apertava minha mão entre as suas e dizia que já estava indo, aquilo deixava claro que ela não queria ir embora e nem eu queria que ela fosse. Ela me deu um beijo na testa, falou que ligasse assim que ele recebesse alta para que ela viesse nos buscar já que eu estava sem carro ali e foi embora. Eu e August ficamos conversando, ele fez todos os comentários possíveis sobre ela e o mais importante é que nenhum comentário foi negativo, apenas o fato dela achar que ela e misteriosa demais e que eu deveria tentar saber mais sobre sua vida.

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Sai do hospital querendo ficar, deixar Emma era uma das piores sensações que eu já havia sentido e depois de hoje quando eu pensei que iria perdê-la, quando pensei que ela estava mentindo para mim, eu não quero sentir isso nunca mais. Fui dirigindo para casa e pensando, ultimamente era o que eu mais fazia, pensava. Eu estava pensando especialmente no meu futuro com Emma e Henry, e imaginar isso me fazia lembrar de um passado meu que ela ainda não conhecia e que eu estava com muito medo que ela descobrisse. Eu não queria estragar tudo que nós estávamos vivendo, também não queria mentir, mas eu não estava mentindo eu apenas não tinha contado nada sobre mim para Emma e ela também ainda não tinha perguntado. Eu sabia que chegaria o dia que ela iria querer saber mais sobre mim e eu não sei como eu iria reagir a isso, eu não queria mais o Daniel, eu tinha certeza que a maldição era forte o suficiente para que nós pudéssemos viver tranquilamente sem que meu passado afetasse as nossas vidas. Finalmente eu estava sendo feliz e eu queria ter um final feliz.

Cheguei em casa e verifiquei se Henry estava dormindo, sim ele estava dormindo tranquilamente. Henry com certeza era o maior presente que Emma teria me dado, mesmo sem saber, eu amo demais esse garoto. Fechei a porta do quarto dele e me dirigi até o meu. Eu precisava de um banho e da minha cama. Então foi isso que fiz, tomei um banho e fui para cama, não sabia exatamente a hora que Emma ligaria, mas coloquei o despertador bem cedo para que eu não me atrasasse. Fique pensando no que o Gold quer falar com August e qual seria o assunto dessa tal conversa, até que por fim, sem nem perceber adormeci.