61ª Edição: Herança Familiar, ou Não? escrita por AlexandreTHG


Capítulo 6
Capítulo 6 - Conhecendo.


Notas iniciais do capítulo

Cap. menor em relação á história, mas espero que gostem !



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O que senti era ódio da garota. Ela vivera a vida toda no luxo da Capital, assim como o irmão Glebaurio havia ganhado o emprego de estilista apenas por “diversão”, que quantas outras coisas essa menina também não havia ganho? O fato de o pai dela ser o Idealizador-Chefe dos Jogos Vorazes, a pessoa que vai tratar de fazer divertidas as mortes dos tributos, inclusive a minha. O fato de ela não precisar sofrer ou trabalhar para ter o que comer todos os dias, ganhar tudo do bom e do melhor de “mão beijada”. O fato de ela não precisar participar da colheita, não poder ser sorteada para os Jogos, apenas se divertir à custa de nós, os jovens dos distritos que iremos perder a vida. E ainda mais, me lembrei do que Glebaurio havia contado no jantar, o fato de ela odiar a água.

Mas devo admitir. Ela era muito bonita, o laranja combinava totalmente com seu corpo e seu rosto, além da leve maquiagem que usava no rosto, não usava batom. Nada de extravagante e ridículo como as outras pessoas da Capital. Mas a beleza não vai mudar a pessoa que ela é.

– Sim, sou eu. – digo – E você deve ser Nanda. O que faz aqui no prédio do Centro de Treinamento? – perguntei, fuzilando-a com um olhar de desprezo.

– Bom, eu estava indo visitar minha amiga. Nataly, a tributo feminina do distrito 12. – Amiga? Como assim amiga de um tributo? Ela não entende que essa garota pode morrer na arena por causa do pai dela?

– Você, residente da Capital, ficou amiga de um tributo? Por quê? Como? – Ela perdeu o aspecto de alegria, abaixou a cabeça e disse:

– Eu sei, eu não devia. Mas eu odeio a Capital. – diz ela, fiquei abismado ao ouvir isso. – Eu não tenho nada para fazer o dia todo, não tenho amigos. Todos os jovens daqui não fúteis e egoístas, os únicos diferentes são os tributos que vem para cá todo ano. Sei que o futuro deles, ou melhor, vocês. Não é bom, morrer na arena enquanto todos aqui ficam apostando e se divertindo. Raramente eu consigo a amizade de algum tributo, e depois que consigo, bem, eu fico feliz, mas por pouco tempo. Não paro de chorar por dias depois que ele ou ela morrem. Odeio essa vida na Capital. – diz ela a ponto de derramar lágrimas.

– Se você vivesse em outro lugar, teria que trabalhar todos os dias para poder se alimentar e ainda teria de obedecer a todas as regras dos distritos. – digo, friamente.

– Eu sei disso, mas eu garanto que seria mais feliz que viver aqui. Uma vez visitei os distritos 1, 4 e 9. Vi o sofrimento de algumas pessoas, mas também vi as crianças brincando juntas, no próprio trabalho elas se divertiam com os pais ou com as outras crianças. – É verdade. Minha vida no distrito 4 não era tão ruim. Eu podia admirar a natureza, as águas, brincar com as outras crianças. Imagino como deve ser viver ao redor de prédios e prédios, sem ninguém para conversar ou brincar.

– Você já visitou o distrito 4? – digo.

– Sim, em uma pequena viagem, apenas para conhecer o mar. Foi um dos dias mais felizes da minha vida. Era o lugar mais lindo que já havia visto.

– Glebaurio comentou no jantar que você não gosta de água. – falei um pouco retulante.

– Bom, não é que não gosto. Eu tenho medo. Após um afogamento que eu sofri cinco anos atrás. – diz ela, mexendo nos olhos, para evitar as lágrimas provavelmente. Peguei nas mãos dela e disse calmamente.

– Você não precisa, a água é maravilhosa. Ela te faz sentir leve, feliz. Tem o poder de te acalmar e refrescar. Ela não te fará mal se você não provocá-la. Por exemplo: indo até o fundo ou poluindo. Tenho certeza que naquela ocasião você ainda não á conhecia, então você se contorcia não é?

– Sim. – diz ela, se lembrando.

– Se você tivesse ficado calma e nadado para cima, com certeza teria boiado e nada teria acontecido. – digo, dando um pequeno sorriso.

– Bem, talvez. – Ela então apertou minha mão e olhou bem nos meus olhos.

– Seus olhos azuis me lembram a água pura e cristalina perto da minha casa. – digo. Ela sorriu.

– Nossa, que legal. Gostaria de conhecer esse lugar. – diz ela – Adorei te conhecer. Bem, estamos aqui parados no elevador há muito tempo. Quer ir comigo até o último andar? – Nós dois rimos.

– Você também não é como eu imaginava. – digo, sorrindo. – Mas, acho que não estou com a roupa apropriada. – Ela me olhou até os pés, eu ainda estava com a camisa do conjunto de dormir, a bermuda jeans e descalço. Então ela riu e disse apenas:

– Isso não importa. Vamos lá. – Concordei fazendo positivamente com a cabeça e pulei para dentro do elevador. Ela apertou o botão de número 12 e fomos subindo.

– Como você a conheceu? – Pergunto.

– Eu estava com Glebaurio no Centro de Preparação, antes do desfile. – diz ela – Quando ela estava indo para o seu compartimento nós nos cruzamos e começamos a conversar.

– Pena que ela, assim como eu, iremos para uma arena nos matar. – Soou horrível, me arrependi de dizer aquilo. Ela ficou chocada e começou a chorar.

– Eu sei. – diz ela, soluçando – Eu odeio os Jogos Vorazes por isso, e por ironia, meu pai se tornou esse ano o Idealizador-Chefe daquela competição repugnante.

– Desculpa por te fazer ficar assim. – digo – A culpa não é sua.

– Ele conseguiu esse cargo apenas por ser o único na reunião quando o chefe antigo desistiu. – diz ela, como se estivesse com raiva disso. – Vou fazê-lo prometer ajudar vocês na arena, não se preocupa. – Fiquei com um sentimento de injustiça perante os outros tributos.

– Isso vai dar uma vantagem injusta á mim. Seu pai poderia ser castigado se desse preferência a tais tributos, e ainda, acabamos de nos conhecer.

– Não importa, já que meu pai é o Idealizador-Chefe, vou aproveitar para ajudá-los, esse vai ser meu agradecimento por vocês dois serem meus amigos. – Agradecimento? Como aquela menina já me considerava um amigo assim, acabamos de nos conhecer.

As portas do elevador então se abriram e a garota já estava à espera de Nanda. Ela era um pouquinho menor que eu, tinha cabelos longos e castanhos, olhos da mesma cor e era meio gordinha, mas bonita.

– Oi Nataly! Tudo bem? – diz Nanda – Este aqui é o Alexander, do distrito 4. – A menina me avaliou, estranhou de inicio. Mas depois de ver o meu traje nem um pouco social, disse:

– Oi Nanda! Estou bem, mesmo sabendo que em breve vou ser jogada naquela arena. – diz ela, então ela olhou para mim e começou a rir. – Muito prazer Alexander. Adorei seu traje. – As duas riram.

– Podem me chamar de Alex, por favor. – digo – Nanda, você já disse para ela o que disse pra mim?

– Não. Bom, Nataly, farei meu pai ajudar vocês naquela arena, vamos aproveitar o cargo dele. – Responde ela.

– Sério? Isso não é injusto com os outros tributos? – Questiona Nataly.

– Não, vocês são meus amigos. Quero que vocês vençam. Podem me prometer uma coisa?

– O que? – Nataly e eu falamos ao mesmo tempo.

– Por favor, se aliem. Ajudem um ao outro. Eu sei que só um de vocês pode sair vitorioso, mas dois tem mais chances que um. – Nataly e eu nos entreolhamos, olho no olho, senti confiança nela e disse:

– Por mim, tudo bem. – digo.

– Bom, eu sei que não vou vencer mesmo. O garoto do meu distrito é um lunático, ficarei feliz em alguém pra confiar lá. Gostei de você Alex. – Nós dois sorrimos e Nanda pula de alegria e nos abraça.

– Muito obrigado, sei que um de vocês vai vencer. – diz ela, sorrindo. – Agora vamos para o terraço?

– Era para lá que eu estava indo quando cruzei com você. – digo.

– Que bom, assim nós nos conhecemos. – diz ela, fazendo um sorriso de constrangimento. Nós três fomos para a escada ao lado do elevador e subimos até o terraço do prédio. Passeamos pelo pequeno jardim que havia lá em cima, sentindo uma doce brisa gelada passando em nosso rosto. Então, deitamos sobre uma suave cama de grama perto de uma árvore, e observamos o céu estrelado.


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Notas finais do capítulo

Este capítulo foi mais "leve" que os outros... espero que tenham gostado :)