Echo. escrita por nekokill3r


Capítulo 4
{capítulo 4.}




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Eu odeio de verdade o Naruto. E é sério; muito sério. Ontem, quando eu estava dormindo, ele ligou para a minha casa, falou com a minha mãe e o meu pai sobre a escola, e agora eu estou faltando a psicóloga pra ir saber se ainda tem vaga para uma pessoa deslocada como eu. Minha mãe –– como qualquer outra que quer ver a sua filha problemática bem –– achou a ideia fascinante, mas o meu pai disse que eu não estava preparada psicologicamente para voltar para uma escola. Concordo com ele; eu realmente não estou preparada. Mas o que eu posso fazer agora além de ir nessa escola? E também, hoje é quarta! Minha mãe me garantiu duas coisas: se tivesse vaga, eu entraria hoje, porquê sim, e a segunda: não tinha chicletes debaixo de nenhuma carteira.

Não me arrumei direitinho, pelo contrário, eu estou indo com o cabelo mega feio –– mais que o normal ––, só como vingança para a minha mãe. Ela vê como eu estou, mas não entende que não sou forte o bastante para encarar sabe-se lá quantas carinhas olhando para mim com curiosidade, e talvez, até pena.

–– Você está animada? –– minha mãe pergunta, assim que descemos do carro.

–– Não. –– respondo dando uma boa olhada por lá. Parece bastante com a clínica, ou talvez seja a minha imaginação. –– Eu tinha mesmo que vir junto?

–– Mas qual é o problema de vir junto comigo? –– ela pergunta, se colocando do meu lado. –– Quando você era bem pequena, ficava louca quando eu saía, e agora está aí, reclamando. Escute bem, Sakura... –– Olho para ela. –– Essa escola vai te fazer bem, disso eu tenho certeza... Afinal, se não fizesse, porquê o seu namorado iria ligar lá para casa e aconselhar?

Senti o rosto arder depois de ouvir isso. Como assim, “namorado”? Naruto ainda não chegou nem na classe “amigo”, imagine então essa possibilidade...

–– Mãe! –– digo, com um pouco de raiva. –– Ele não é o meu namorado, sem chance! Ele é o meu... melhor amigo.

–– E porquê você não me disse que tinha feito um melhor amigo? –– ela pergunta, esta agora com raiva em vez de mim. –– Sakura, você deveria ter me dito!

–– Eu não disse, porquê também não sabia disso... até agora. –– respondo, finalmente a puxando para dentro dessa escola. Espero que isso acabe logo.

Logo quando entrei, fui surpreendida com um abraço; já deve imaginar de quem. Naruto estava com um uniforme nada bonito –– mas, responda-me, que uniforme no mundo seria bonito? ––, e sem blusa de frio. Pude ver perfeitamente em seus braços as marcas brancas, e as cicatrizes de cortes mais profundos. E também percebi que ele tinha trocado os curativos nos pulsos. Quanto sofrimento será que ele deve ter dentro de si?

–– Eu achei que você não iria vir! –– ele diz, me largando. –– Quer ver a escola? Conheço cada lugar daqui, então vai ficar mais fácil quando você vier oficialmente para cá.

–– Porquê você fez isso? –– pergunto, o olhando fixadamente. E ele também está me olhando, com um olhar mais ou menos “mas o que eu fiz?”. Acho que é melhor eu explicar. –– Você ligou para a minha casa, disse sobre a escola para os meus pais, e agora eu vou ter que vir para essa escola por sua culpa.

–– Minha culpa? –– ele pergunta para si mesmo, embora ainda esteja me olhando. –– Me desculpe, mas eu não estou te entendendo.

–– Eu é quem não está te entendendo, Naruto. –– retruco, e percebo o quanto estou sendo idiota. –– Mas, pouco importa isso, não é? Enfim, eu quero ver a escola.

–– Só que antes me deixe te dizer algo... –– Ele aproxima bastante o rosto do meu, o que me deixou provavelmente vermelha. –– Eu estou tentando te ajudar, não piorar a sua situação. Se liguei para a sua casa e falei para os seus pais sobre a escola, é justamente para ajudar mais ainda no seu tratamento, você não pode ficar para sempre dentro de casa. E eu realmente acho que...

–– Que o quê? –– pergunto interessada na resposta.

–– Você deveria acreditar um pouco mais em si mesma. –– ele termina, e eu sinto uma vontade imensa de não ter perguntado aquilo. –– Bem, agora nós podemos ver a escola.

Eu não acredito que vou estudar em um lugar como esse. A minha mãe ainda não voltou, ou veio me procurar, mas tenho certeza de que ela vai fazer alguma coisa para que eu fique aqui. A escola é pequena, e a maioria das paredes estão sujas com alguma coisa que eu não sei o que é... Talvez eu esteja sendo idiota outra vez por julgar a escola; ainda não sei o que vou encontrar por aqui, só que sinto que isso não vai dar certo. E eu não consigo acreditar um pouco mais em mim mesma, é, tipo, impossível. Eu já tentei isso, mas a única coisa que consegui de volta, foi arrependimento.

–– Porquê você não foi para a psicóloga? –– pergunto um pouco depois de darmos uma volta inteira no local. Ah, e Naruto está segurando a minha mão, algo que eu achei que as pessoas não faziam mais...

–– Porquê eu queria te esperar aqui. –– ele responde, mas não me olha. –– Depois eu dou um jeito naquilo. Estou me cansando de ir...

–– Não foi você que disse que nunca iria faltar? –– pergunto novamente, e o incrível fato do dia, é que eu estou começando a ficar preocupada. –– Não tem se cortado, tem?!

–– Eu deveria estar te perguntando isso, mas não. –– ele responde, e fico um pouco aliviada. –– Estou me cansando porquê... Ah, eu não sei o porquê, só sei que qualquer dia desses, eu vou largar aquilo.

–– Você não pode largar. –– digo, tentando passar confiança em meras palavras. –– Não pode se quer se tornar normal de novo.

–– Gosto de quando você fica preocupada comigo. –– ele diz, e só então percebo o quanto estou apertando nossas mãos ao ponto delas quase ficarem sem cor.

–– Mas eu não estou preocupada com você! –– retruco, soltando a minha mão da dele. –– Bem, pouco importa.

Comecei a andar sem me importar com Naruto me gritando e correndo atrás de mim, até que trombei com alguém. Só pude ver papéis voando por todos os lados antes de bater o queixo no chão, e quase conseguir quebrar a minha perna. Eu estou com muita raiva agora; não da pessoa, é claro, porquê ela não tem culpa, e sim de Naruto, por dizer aquilo, e também perceber que eu estava preocupada com ele. Que saco tudo isso.

–– Ah, mil desculpas! –– diz uma voz feminina, se aproximando de mim. –– Você está bem?

Então, abri finalmente os olhos para exergar uma das garotas mais linda que eu suponho terem no mundo; sua pele muito branquinha, cabelo tão preto que chega ao ponto de azul cortado de franjinha e muito grande, olhos que eu nem sabia que poderiam existir cor assim no mundo. Se for esse “tipo” de garotas que tiver aqui, eu não vou chegar nem perto do portão, porquê eu devo parecer uma barata perto delas.

–– Estou sim. –– respondo me sentando no chão. –– Não precisa se preocupar. –– Completo com um sorriso mais falso da face da terra.

–– Você está sangrando. –– ela diz, se ajoelhando ao meu lado.

–– Ah, não é nada. –– minto, porquê o meu queixo realmente está doendo, e teve ter sangue para todos os lugares do meu corpo que ainda pode pingar. –– Sério, não precisa se preocupar.

–– Isso é sangue, não água! É claro que eu preciso me preocupar! –– Ela tira um lenço de dentro da saia, e manda que eu apoie no queixo para pelo menos parar de sangrar em mim. –– Acho que isso deve resolver por alguns minutos. Mas, então, como é o seu nome?

–– Sakura Haruno. –– respondo, parecendo uma idiota (o que já não é novidade) com aquilo pregado no rosto. –– E você?

–– Hinata Hyuuga. –– ela responde, me lançando um sorriso. –– Vai estudar aqui, Sakura?

–– Eu ainda não sei. A minha mãe veio para cá para achar uma vaga para mim, mas eu sumi, e também não sei onde ela deve estar. –– respondo sincera, porquê estou começando a ficar com medo de que a minha mãe me deixe aqui. Não, eu não duvido que ela faça isso mesmo.

Eu ia continuar a falar, até que Naruto chegou onde estávamos. Ele estava ofegante e sua testa pingava suor. Até que agora temos algo meio que em comum; meu queixo está pingando sangue, e a testa dele suor. Não é uma teoria tão boba assim.

–– Finalmente eu te achei! –– ele diz, se aproximando e se jogando no chão. Isso mesmo, vamos ficar nós três aqui no chão. –– Isso aí está doendo?

–– Não. –– respondo tentando fingir um sorriso, mas ele sabe o quanto eu sou horrível nisso. –– Hinata me ajudou.

–– Ah, obrigado, Hinata! –– ele agredece, e ela lhe lança um sorriso (este mais fraco do que me dera antes).

Ficamos calados, olhando para lugares que somente nossas mentes inventaram. Me sinto envergonhada por estar no meio dos dois, porquê tenho a impressão de que estou atrapalhando alguma coisa. Sinto isso praticamente todos os dias, é quase como uma “coisa” que nasceu comigo.

–– Você não me disse que conhecia o Naru, Sakura. –– Hinata diz, quebrando o silêncio, fazendo nós dois a olharmos e eu estou agora com uma sobrancelha em pé por causa desse apelido. –– E você também não disse que a Sakura viria para cá, Naru.

–– Bem, você conheceu ela agora, certo? –– ele responde da forma mais educada possível.

–– Quero saber o que ela é sua. –– Hinata não está olhando para mim embora eu ainda esteja a fuzilando. Espere, estamos ambas com ciúmes do Naruto?!

–– Minha melhor amiga. –– ele responde sem hesitar, e ela falta ter alguma coisa com isso. –– Eu te disse que tinha conhecido uma garota legal na psicóloga. Se fosse comigo como prometeu que faria, talvez saberia disso antes.

–– Sua “melhor amiga”? –– ela pergunta, tentando se manter calma. –– Achei que eu era a sua melhor amiga. –– E ergue uma pulseirinha; aquelas coisas ridículas que as pessoas dão umas ás outras quando acham que a amizade vai durar para sempre. Já recebi um de Ino, e já o queimei também.

–– Você é a minha segunda melhor amiga, mas eu continuo gostando de você do mesmo jeito. –– Naruto explica, e acho que logo ela vai começar a chorar se ele não saber escolher as palavras mais delicadamente. –– O sentimento que tenho por você não mudou nada, Hinata. E se mudasse, ficaria ainda maior.

–– Só me explique o porquê de ser ela, e não eu! –– ela pede, apontando bem para mim.

–– Sakura tem uma talento incrível de fazer as pessoas gostarem dela, exatamente pelo o que ela é. –– ele responde, e o olho. Isso deve ser mentira, não é possível. –– E quando eu comecei a falar com ela, eu me senti muito feliz. E sem esquecer de que ela me entende perfeitamente.

Tudo bem, eu acho que o Naruto passou de burro agora. Hinata está com vontade de chorar, mas parece não querer que nós dois a vemos nesse estado. Ela se levanta, recolhe as folhas que eu fiz ela deixar cair, tira a tal pulseirinha de amizade para sempre, e a joga em Naruto. Sei que ela não estava querendo ser mal educada, porquê jogou o mais fraco que conseguiu, e agora ela está indo embora, e eu estou com um sentimento horrível de culpa.

–– Você não deveria ter falado com ela assim! –– exclamo, tirando o lenço do queixo e vendo que o sangue estava seco.

–– Ah, me desculpe se eu gosto mais de você do que dela! –– ele retruca, jogando longe a pulseirinha.

–– Mas ela gostava de você, Naruto. –– digo, vendo que ele estava com raiva. –– E, bem, você não deveria ter falado daquele jeito, talvez se tivesse sido um pouco mais educado ou algo assim, ela não ficaria tão magoada...

–– Magoada? A Hinata?! –– Ele riu antes de me olhar de novo. –– Você não conhece ela, então acha que eu fui mal educado e tudo o mais, mas quando vier para cá você vai ver o que aquela garota tem feito com os outros.

–– E você não poderia me contar o que ela tem feito? –– pergunto deixando bem claro que estou curiosa.

–– Não. –– ele responde ainda olhando para mim. –– Quero que você mesma veja, e então vamos saber o que você acha dela depois disso. E não seja burra, vá lavar esse queixo.

Confesso que fiquei furiosa e ao mesmo tempo surpreendida por Naruto falar assim comigo... Quer dizer, ele sempre foi bastante educado e alegre, e agora, do nada, está desse jeito. Eu não gosto disso. Mas como eu nunca falo tudo o que penso, apenas me levanto e saio andando, rezando para que o banheiro fosse no caminho que estou seguindo.

–– Sakura, espera! –– ouço ele gritar. Paro, e me viro. –– Me desculpa por ter falado assim com você, tá? É que ás vezes parece que as coisas sobem á minha cabeça, e eu não agüento tanta coisa o tempo todo. Me desculpa mesmo. E vem aqui, vamos lavar esse rosto, porquê o banheiro não fica aí.

Naruto está de mão dada comigo de novo. Disso sim eu gosto. O corpo dele é bem mais quente que o meu, que sempre está frio. Uma vez a minha mãe disse que eu parecia ter corpo de um falecido, e desde aquela dia ainda me pergunto se ela já pegou em algum. Ah, só de pensar nisso me dá estômago ruim...

–– Aqui sim é o banheiro. Tem que aprender rápido, ou vai se perder no dia em que eu não vier para a escola. –– Naruto diz, apontando para um pequeno cômodo. –– Pode ir lá, que eu vou estar te esperando aqui.

–– Não precisa esperar se não quiser. –– digo, e por fazer um movimento depois de tanto tempo quieta, meu queixo começou a doer de novo.

–– Eu vou esperar, afinal, não tenho nada para fazer mesmo. –– ele diz por último, e então entro.

O banheiro –– pelo menos os das meninas –– é um horror. Tem papel jogado no chão, e água por cima; as portas estão quase todas abertas e o cheiro que vem de lá não é nada agradável; o espelho está quebrado bem no meio, o que me dá uma imagem de mim mesma estranha. Como eu não vim até aqui para ficar reparando, começo a lavar o meu queixo, e quando ergo o olhar para o espelho, Hinata está atrás de mim com os braços cruzados.

–– Espero que você fique aqui. –– ela diz, seus olhos agora parecem estarem cheios de veneno conforme anda até onde estou. –– Porquê assim eu vou poder fazer a sua vida um inferno.

–– Como assim? –– pergunto em resposta, porquê eu não estou mesmo entendendo mais nada. –– Você pareceu ser tão amigável comigo, e agora está querendo fazer a minha vida um inferno? Porquê?

–– Porquê o Naruto gosta mais de você, talvez? –– Hinata dá um daqueles sorrisos, mas este com certeza não é o mesmo de um tempo atrás. –– E olhe bem para você. –– Ela me vira nos ombros, para que eu fique bem ao seu lado. –– E agora para mim. Imagina quem ele vai escolher no final?

–– O que? –– pergunto, porquê o que ela acabou de dizer, não faz sentido. –– Eu não gosto do Naruto, para começo de conversa. Se quiser, pode ficar com ele todo para você. E tenho certeza absoluta de que é você quem ele vai escolher nesse tal “final”.

–– Ei, Sakura, está tudo bem aí dentro? –– pergunta Naruto, se encostando na porta. –– Se não estiver, pode me chamar, tá?

–– Tá. –– respondo apenas porquê Hinata está olhando de mim para a direção da voz de Naruto.

O que acontece depois parece ser algo produzido pela minha cabeça; mas não é. Hinata me empurra por entre as duas pias que tem no banheiro, depois me pega pelo cabelo, abre a torneira, e coloca meu rosto lá. Eu achei que iria morrer até ela me tirar da pia, então olhou bem para mim e com uma das mãos maiores que as minhas, me dá um tapa. E é nesse momento que eu paro totalmente de me mexer, porquê enquanto tento olhar para Hinata, minha visão fica ruim e parece ter vultos de Ino na minha frente. Sinto que logo vou começar a me desesperar, e quando isso acontece, é algo que eu quase nunca consigo parar sem que tenha remédios por perto. Em meio a isso tudo, a minha blusa de frio se ergueu, e agora ao que me parece, Hinata está olhando para os meus cortes com um sorriso no rosto.

–– Conte que eu fiz isso para alguém, e eu acabarei com você. –– ela avisa antes de me lançar outro sorriso, e assim sair do banheiro.

Estou agora abraçando os meus joelhos, e me balançando de um lado para o outro como uma criança morrendo de medo. E é assim que eu estou; morrendo de medo de Hinata, que ao mesmo tempo deve ser Ino. Não quero que ninguém entre no banheiro e me veja nessa estado, principalmente Naruto, porquê ele vai saber que foi Hinata quem fez isso comigo, e eu também não quero que ele fique preocupado comigo. Meu coração parece parar assim que a porta se abre de novo.

–– Ei, você está bem? –– pergunta a voz, mas recuso a abrir os olhos. –– Fale alguma coisa, pelo menos.

–– E-Eu estou bem. –– respondo depois de procurar a minha voz, que estava horrorosa. –– Não precisa se p-preocupar.

Quando tenho coragem de abrir os olhos de novo, encontro uma garota de cabelo cor chocolate assim como os seus olhos. Algo em seu sorriso me faz pensar de que eu não estou sozinha, mas ao mesmo tempo esse pensamento vai embora.

–– O que aconteceu com você? –– ela pergunta, não reparando em meus cortes, ou talvez fingindo não reparar. –– Porquê está tremendo e com o rosto todo molhado?

Eu iria responder que não era nada, e então Naruto entra no banheiro, e para o meu desespero, com Hinata. Ela parece estar chorando e preocupada comigo, porquê vem para o meu lado no mesmo segundo em que vê onde estou. Mas ele está mais, tanto que é capaz de passar na frente dela para em seguida me abraçar, mesmo sabendo que eu não iria retribuir.

–– O que você fez, Tenten?! –– ele pergunta para a garota que ainda está na minha frente, e ela o olha sem entender.

–– Ora, eu não fiz nada! –– ela responde o mais rápido que pode. –– Entrei aqui faz alguns minutos, e ela já estava aí no chão!

–– Isso é mentira! –– diz Hinata pela primeira vez, olhando para a tal Tenten. –– Eu vi você entrando aqui depois que eu te contei sobre a garota nova, e também ouvi você gritar com ela.

–– O que?! –– Tenten está sem entender nada, assim como eu. Ela não tinha feito nada comigo, mas eu não estou conseguindo nem respirar direito, imagine dizer que ela não tem culpa. –– Eu não fiz nada, Naruto, é sério! E outra, Hinata, você nem fala mais comigo, ou será que esqueceu do que me fez?

–– Como você consegue mentir tanto assim?! –– Hinata está puxando os cabelos em uma tentativa fingida de desespero. Ela provavelmente não sabe o que é isso. –– Eu falo com você desde a primeira vez em que te vi aqui na escola, ou será que foi você quem esqueceu disso? Agora me responda, Tenten, o que você quer ganhar fazendo isso com uma garota gentil como essa?!

–– MAS EU NÃO FIZ NADA! –– Tenten grita, o que eu já estava preparada para acontecer.

–– VOCÊ FEZ SIM! –– Hinata grita de volta. –– OLHE PARA O QUE FEZ! E DEPOIS DE TUDO QUE EU JÁ FIZ POR VOCÊ, AINDA É CAPAZ DE COLOCAR A CULPA EM MIM, QUE SEMPRE TENTOU AO MÁXIMO TE AJUDAR?!

–– VOCÊ NUNCA TENTOU ME AJUDAR, HINATA! –– Tenten grita novamente. Estou começando a ficar um pouco louca com toda essa gritaria. –– PELO CONTRÁRIO, TUDO O QUE VOCÊ FEZ, FOI ARRUINAR A MINHA VIDA!

–– EU ARRUINEI A SUA VIDA?! –– Hinata agora realmente está desesperada, porquê ter colocado a culpa em Tenten, não está dando tão certo como ela deve ter planjeado. –– QUANDO EU FIZ ISSO QUE AINDA NÃO SEI?! AH, TENTEN, EU ACHEI QUE VOCÊ ERA DIFERENTE DO RESTO DAS GAROTAS DAQUI!

E é então que eu não agüento mais ouvir as duas gritando, e coloco as mãos sobre os ouvidos, tentando ao máximo fazer com que o barulho pare. Naruto percebe isso, e tenta falar algo para mim, mas não estou escutando nada além da gritaria de Hinata e Tenten. E Naruto tenta me falar algo de novo, e de novo, e de novo, e é nesse segundo que ele explode.

–– PODEM CALAR A BOCA VOCÊS DUAS?! –– ela grita, e elas ficam surpresas por essa reação dele.

Ele sai comigo, segurando a minha mão e quase me carregando por preocupação. Nunca o vi assim antes, também. Sei que ele na maioria das vezes se preocupa mais comigo do que com ele mesmo, mas deveria ver como ele está agora, sua expressão, e tudo o mais. Depois de tomar uma certa distância do banheiro, Naruto me senta em um banco que eu nem sei onde deve ficar, mas pouco importa isso também.

–– Quem fez isso com você? –– ele pergunta. Naruto não está do meu lado, e sim ajoelhado na minha frente, no caso, ele quer que eu olhe nos olhos dele quando for responder.

E é como se a voz de Hinata estivesse de novo na minha cabeça; “Conte que eu fiz isso para alguém, e eu acabarei com você”. Eu não sei porquê estou chorando agora, porquê é raro isso acontecer. Só chorei uma vez na frente de alguém, e esse alguém foi Sasori dentro de seu caixão.

–– Não foi ninguém. –– minto, e essa deve ser a mentira mais idiota desse mundo.

–– Como não foi ninguém? –– Naruto ergue o meu queixo delicadamente para que eu continue olhando para ele. –– Se não fosse realmente ninguém, você não estaria assim. Você não vai mesmo me contar quem foi?

–– Eu só quero que você faça uma coisa... –– digo depois de alguns minutos pensando no que deveria falar. Ele balança a cabeça afirmando, dizendo silenciosamente para que eu diga o que é. –– Me abrace.

Eu nunca pediria um abraço na minha vida, mas agora estou pedindo e nem entendo como isso saiu da minha boca. Naruto me abraça ainda no chão, e esse é o abraço mais forte que ele já me deu. Em uma tentativa de ser “normal” de novo, passo um dos meus braços em seu pescoço, e conforme a minha cabeça vai dizendo que está tudo bem se eu fizer isso, estou chorando mais ainda enquanto o abraço pela primeira vez. É algo ótimo, e eu também gosto.

Ergo meu olhar, e bem lá na frente, estava Hinata, com os braços cruzados como sempre. O que mais estranhei não foi mais o seu sorriso, mas sim a blusa de frio de Naruto que estava amarrada em sua cintura. Ela passa os dedos nos dois braços, e sei do que ela está falando; dos meus cortes. Então começa a rir silenciosamente, e sai andando para um outro caminho. Me pergunto agora o que aconteceu com Tenten; se Hinata bateu nela ou fez algo assim, ou se ela saiu antes que isso acontecesse. Não a conheço e nem nada disso, mas espero que ela tenha saído antes que acontecesse algo, porquê ela não teve culpa de nada.

Depois que abracei Naruto e chorei um rio de lágrimas, nós fomos procurar a minha mãe. Ela estava muito empolgada, dava pulinhos, sorria e mal conseguia dizer alguma coisa sem que começasse a rir e não dava para entender mais nada. Sinceramente eu gosto de ver a minha mãe desse jeito, e a sorte dela estar tão alegrinha assim, é que ela não percebe que estou com os olhos mais vermelhos que alguém que fuma um baseado, e muito menos no meu queixo que a qualquer segundo ameaça recomeçar a sangrar.

–– Eu tenho uma notícia ótima para você! –– ela diz pela terceira vez, mas nada disso acontecer mesmo.

Minha mãe parece aquele tipo de mães de séries; toda alegrinha, e na maioria das vezes ela usa roupas mais do que “chiques” dentro de casa. Uma vez a perguntei pra que tudo aquilo sendo que ela ficaria em casa mesmo, e então ela me respondeu que, só porquê vamos ficar em casa, não significa que precisamos ficar sempre mal arrumados. Eu discordo totalmente disso, porquê não importa se tem visitas ou não ou algo assim, eu sempre vou estar mal arrumada, com um cabelo horrível, roupa horrível, e todo o resto horrível.

Ela se prepara de novo, e para a minha tristeza, minha mãe diz:

–– Você vai estudar aqui!


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