Cigarette Smoke escrita por Mary


Capítulo 4
Ninfa Sexy


Notas iniciais do capítulo

Fantasminhas apareçam! Por favorzinho?



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Sábado. Eu amo sábados. Transaria com o cara que inventou os sábados... Apague essa última parte, soou um tanto ousada demais.

Agatha me deu o dia de folga. Mas não vou fazer compras e muito menos vagabundear na cidade. Ao contrário disso: resolvi dar um jeito nesse mausoléu.

Meu despertador me acordou tocando Gorilla, do Bruno Mars, e não pude pensar em mais nada a não ser em quanto tirar o pó é sexy.

Coloco qualquer roupa confortável, pouco ligando se alguém vai me ver ou não. Escovo os dentes, prendo meu cabelo loiro-esquilo e desço pulando a escadaria rumo à lavanderia.

Pego um balde tomando o cuidado de escolher o da minha cor favorita: azul. Pego algumas garrafas com líquidos coloridos e com cheiros fortes. Começo pela sala. Esfrego limpo, seco, espano e encero. Vou para a cozinha duas horas depois e me deparo com uma cena assustadora: está tudo limpo, sem gordura, sem louça na pia e com uma camada de dez centímetros de poeira.

Limpo a cozinha e o resto da casa antes das três da tarde.

Resolvo começar a limpar o quintal.

Encontro o cortador de grama na garagem e levo vinte minutos até descobrir como funciona. O cortador me arrasta mais do que eu o comando e o resultado fica uma verdadeira merda, todo falhado.

Decido que da próxima vez ligo para um jardineiro. Uso o ancinho e rastelo toda a grama e as folhas secas em um grande monte.

Estou tão cansada e encalorada. Minhas pernas estão moles e meus braços pesados, meus lábios começam a ficar dormentes e saco que minha pressão está baixa. Lembro de algo sobre colocar sal debaixo da língua, mas a cozinha está tão longe... É melhor me deitar aqui mesmo, em cima das folhas. Deixo que o tempo me cure...

Franzo a testa com a terrível sensação de estar sendo observada. Abro um olho e vejo um passarinho dourado pousado na cerca, mas ele me parece inofensivo demais. Abro o outro olho e vejo um garoto. Este não parece nada inofensivo.

– Mamãe me disse muitas coisas, menos que aqui havia duendes.

– Quem você está chamando de duende?

– Certo, certo. Tem razão. Você está mais para uma ninfa.

Fecho os olhos novamente e apenas espero ele sair dali. Mas não escuto nada e quando espio entre meus cílios – que estão cinza por causa da luz – ele ainda está ali, me observando.

– Não me sinto bem sendo encarada.

– Não estou encarando você. Estou encarando essa lesma no seu cabelo.

Lesma? Molenga, gosmenta e rastejante? Levanto num pulo e solto o cabelo em meio a um frenesi de tapas e sacudidas. Paro ao me dar conta de que primeiro: aquele bichinho é mais limpo do que eu; e segundo: o garoto estava rindo de mim.

– O que você quer aqui?

– Eu?

– Não, a lesma invisível que estava no meu cabelo.

– Uau, uma ninfa irritadinha. Sexy.

Eu conheço esse garoto de algum lugar... Me lembra alguém . O cabelo castanho claro comprido e cheio de cachos caindo nos olhos, a postura inquisitiva, forte e alto. Os olhos claros... Ele é uma mistura perfeita de... Agatha e Christian.

– Jeremy.

– Eu estava imaginando quanto tempo demoraria até você me reconhecer.

A brincadeira do sério instala-se entre nós. Enquanto eu o encaro fico pensando que seu cabelo à lá Moose ( do filme Street Dance2) não combina com seu corpo que parece ser musculoso por baixo da roupa. Ele é quase uma cópia do Dylan O’brien de cabelos cacheados e olhos claros... Quase tão lindo quanto. Lembrei do acordo que fiz com os pais dele. Sorri o meu melhor sorriso. E pro meu total espanto, ele corou. Fingi que nem percebi.

– Então, você não deveria chegar apenas semana que vem?

– Tive alguns problemas, Ninfa.

– Certo, vou fingir que não ligo para esse apelido.

– É um bom apelido, ainda mais porque você parece com uma ninfa da floresta: loira, pálida e cheia de folhas. Como eu já disse: sexy.

– Pervertido.

Ele sorriu. E foi a minha vez de corar, mas ao contrario de mim, ele se aproveitou disso.

– Ah, droga. Era pra você ficar verde e não rosa! Que tipo de ninfa é você?

Fiz uma careta e mostrei a língua. Vou à garagem a procura de sacos de lixo para juntar as folhas. Não encontrei nenhum.

– O que você está procurando... Que carro é esse?

Eu estava enfiada até a cintura dentro de um armário, e me assustei com a troca repentina de assunto. Bati a cabeça na prateleira de cima. Me viro para ele enquanto esfrego freneticamente minha cabeça pra passar a queimação.

– O que tem?

– Porque você tem esse carro na sua garagem?

– É meu carro oras! Você queria que eu guardasse aonde? No armário?

Apontei o móvel atrás de mim, mas Jeremy apenas me olhou de boca aberta, como que perguntando: “Aonde essa garota arranjou um Opala 68 azul claro?”. Seus olhos brilhavam.

– Posso dirigir?

– Claro... Que não! Fique longe do Mark.

– Mas Sarah! Por favor? Só uma voltinha...

– Não Jeremy!

– Por quê?

– Apenas fique longe do Mark.

Ele me olhou de um jeito engraçado que fez meu coro cabeludo formigar. Uma sensação de dor emocional subiu pela minha coluna e se instalou na minha garganta.

– Quem te deu esse carro Sarah?

– Minha mãe.

Jeremy pareceu entender.

– Tudo bem então. Não vou mais pedir, mas se você mudar de ideia um dia... Quem sabe, não é?

Ele me deu uma olhada cheia de esperança. Fico com pena de dizer que isso nunca vai acontecer, então apenas concordo.

– Um dia, quem sabe.

– Sarah?

– Hum?

– Desculpa.

Assenti e abaixei a cabeça, vi algo preto debaixo do carro e agachei para puxar. Revelou-se, então, uma embalagem fechada de sacos de lixo. Pergunto-me o que isso faz aqui em baixo.

Volto para o quintal com Jeremy me seguindo. Se for ficar atrás de mim, então vai trabalhar. Ia entregar o saco de lixo para ele segurar enquanto o enchia, mas Jeremy já estava com o ancinho em mãos, preparado para juntar as folhas.

– Não quer segurar?

– Não, você já trabalhou muito.

– Tem certeza? Eu ainda posso fazer isso, sabe, não vou morrer.

– Engraçado, porque quando cheguei aqui, você estava morrendo.

Fiquei observando-o trabalhar. Jeremy tirou a jaqueta de time de futebol vermelha e branca, ficando apenas com uma camiseta cinza, os braços fortes se remexendo nas mangas.

Ele coloca mais folhas em mim do que dentro do saco, distraído fazendo piadas sobre ninfas. Começo a ficar preocupada com a minha promessa... Talvez eu não consiga cumpri-la.

– Jeremy.

Atrapalhei sua piada e ele me olhou confuso, os olhinhos claros concentrados em mim.

– O que?

– Porque você voltou?

Ele se endireitou apoiado no ancinho. Não me pareceu mais a vontade como há alguns segundos atrás antes de eu abrir minha boca grande.

– Meu pais não disseram?

– Não... Você não precisa dizer se não quiser.

– Talvez eu diga no mesmo dia que você me deixar dirigir o seu carro.

Esperto. Me pegou na minha própria armadilha.


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