As Cores Do Outono escrita por SakuraHimeT


Capítulo 1
Capítulo 1 - A Despedida do Por-do-Sol


Notas iniciais do capítulo

Antes de começarem a ler, sugiro que visitem a minha página do Tumblr http://sakuratrc.tumblr.com/ afim de entrarem melhor na historia! ;) Obrigada!



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Arrumava pacientemente os meus cabelos ruivos num só coque. Olhei-me ao espelho aborrecida pela primeira vez naquela semana. A noticia que teria de passar uns meses em casa da Tia Maki não era muito agradável para mim. Ela vivia numa casa de campo, para o norte da cidade entre as montanhas e não me agradava esse tipo de ambiente.

No entanto com a insistencia do papá, terei de me mudar sozinha, já que Touya está no estrangeiro.

Fechei o zíper da minha mala. Olhei mais uma vez para o meu quarto cor de rosa e cheio de peluches ainda da minha infância. Suspirei.

Até um dia desses... Pensei.

A buzina do carro do papá chamou-me atenção. Estava na hora.Desci as escadas devagar com o peso da mala sobre mim e avistei-o logo á frente na entrada da nossa casa amarela.

–Estás pronta?

–Sim.

–Tens tudo?

–Sim, tenho.

–Ótimo.-Sorriu e ajudou-me com a mala até ao carro.

Pelo caminho, distraía-me com as imensas vias de circulação sem fim. Já estavamos muito longe da cidade, porém ainda haviam pequenas casas na berma.

–Não fiques assim. São apenas dois meses.- falou Fujitaka.

Corei, nao percebi que demonstrava aborrecimento ,enquanto olhava para as paisagens que passavam rapidamente.

–Eu sei, mas vou ter saudades da cidade...

–Aposto que não será assim tao mau.

Bufei e encolhime ainda mais no assento do carro.

–Tinhas mesmo de ir trabalhar para a América.

–Querida, são apenas dois meses, sabes como são as coisas.-desculpou-se

Revirei os olhos encostando a testa no vidro da janela.

Devia ter passado uma ou duas horas quando o meu pai acordou-me dizendo que estavamos quase a chegar.

Abri os meus olhos verdes para a janela e tudo o que era prédios e casas foi substituido por imensas florestas de árvores amarelas e acastanhadas.

Na berma da estrada passavam um pequeno grupo de Alces com algumas crias. Sorri sem perceber.

–Olha só, ainda não chegaste à casa da tia e já estás fascinada com as paisagens.- gargalhou o meu pai.

Voltei a corar e resmunguei para ele se calar. Não podia negar que eram belas.

Pela primeira vez visitava aquele lugar, era tudo novo para mim.

Avançámos mais um pouco até começar avistar casas e as suas fazendas. Umas eram feitas em madeira escura, outras também em madeira mas pintadas de cor de rosa ou amarelas como a minha.Tinham grandes chaminés e jardins cheios de flores.

Voltei a sorrir. Qual delas seria da tia?

Passámos o grupo de casas, entrando numa pequena estrada de terra. Mais à frente pude ver então mais umas casas, ligeiramente distantes umas das outras. Consegui contar, eram apenas três naquela zona. Provavelmente uma delas era da tia.

Ao lado da estrada, passava um rio que brilhava com a luz do sol. Os altos carvalhos eram refletidos nas suas águas limpidas. Tinha uma nascente ali perto.

Entramos na fazenda de uma casa branca. Possuia um alpendre de madeira também branco com detalhes vintage. Nos beirais das janelas do andar de cima, estavam vasos de tulipas cor de rosa.

Em frente á casa, havia um jardim com uma mesa de chá debaixo de uma árvore laranjada.

Fujitaka parou o carro mesmo em frente à casa. Uma mulher baixa de cabelos pretos desceu as escadinhas vindo em nossa direção com um sorriso de orelha a orelha. Embrulhava as mãos no pequeno avental na cintura. Estivera a lavar a loiça.

–Oh meus amores! Finalmente chegaram!- a mulher abriu os braços e cumprimentou o meu pai com dois beijos na face.

–Irmã, espero que esteja tudo bem contigo.- disse.

–Não podia estar mais feliz, irmão. Olha só como ela cresceu!

A tia voltou-se para mim e abraçou-me como se não houvesse amanhã.

Se soubesse que ela abraçava as pessoas daquele jeito, não devia ter trazido o meu grande casaco preto de lã e o meu cachecol. Aquilo sufocava uma pessoa.

–Tia..- sussurei . Tentei sorrir, mas saiu-me mal.

–Estás linda, Sakura! Como tens estado? Já não nos vemos ha uns anos?

–Sim.

–Entraste na faculdade?

–Estou á espera dos resultados. Saem depois do Natal.

–Espero que consigas aquilo que queres!-sorriu.- Oh porque não entram?- apontou para a sua casa.- Preparei o lanche para voces e o chá que tu gostas ,meu irmão.- Falou alegremente.

Fujitaka foi buscar as minhas malas e a tia conduzi-o até ao alpendre da casa,tagarelando quanto mais podia. Deixei-me ficar para trás.

Dei uma ronda, observando cada canto da casa e fazenda.

Uau.Aquilo era mesmo enorme.

Mais ao fundo havia um celeiro vermelho e uma pequena casa com material de agricultura.Um trator estava estacionado debaixo de uma árvore, juntamente com uma Chervolet azul cheia de caixas.

Uma vez o papá falou-me que a tia vendia muitas coisas no mercado da cidade. Perguntei-me se aquilo seria vida para mim?

Enjilhei o nariz, ignorando tais pensamentos. O meu proximo e unico objectivo era ser professora de educaçao física.

Dei mais umas voltas tentanto não me perder até que a tia chamou-me lá nos fundos da casa.

Antes de voltar, olhei para a casa que ficava ali perto. Também era grande, porém toda em madeira escura e com conduminio fechado. Pelo estilo da casa, parecia ser gente rica.

Lanchámos os três na mesinha que estava no pequeno jardim. A mulher comentava situações da sua vida e fiquei a conhecer mais um pouco da irmã do meu pai. Afinal, ela não era assim tão má como eu pensava.

Minutos depois chegou o momento das despedidas. Tentei não chorar, mas o meu pai ainda não tinha ido embora e já estava com saudades.

–Não fiques assim, vai passar rápido e num instante já estamos lá em casa de novo.- sorriu.

–Obrigada papá, faz boa viagem e bom trabalho. Quando chegares aos Estados Unidos, por favor liga-me para saber como estás.- sussurei abraçando-o.

–Claro que sim, meu amor. Promete-me que vais ficar bem e ajudar a tia no que for preciso, sim?

Sorri assentindo. Os irmãos despediram-se num abraço demorado.

–Não te preocupes, ela está bem comigo.

–Ela simplesmente não está habituada a estes ambientes , normal estar assim aborrecida.

–Eu sei, os primeiros dias vão ser dificeis, mas depois ela acostuma-se.- sussuraram um para o outro.

O papá entrou no carro.

–Bom, até breve!- e saíu da fazenda.

Fiquei a observá-lo até desaparecer de vez na estrada. Com certeza, aquilo ia ser muito dificil.

–Então... que tal conheceres o teu quarto?- perguntou a tia.

Era bonito. Decorado estilo vintage, móveis brancos e papeis de parede. Uma escrevaninha, um guarda-roupa na parede e uma cama de casal com uma colcha de flores. Os cortinados brancos e suaves caiam até ao chão. A janela dava pela cintura.

–Não é nada demais, mas espero que gostes.

Sorri para ela.

–Obrigada.É bonito.

A mulher respondeu o meu sorriso.

–Vou-te deixar á vontade, a casa de banho é aqui ao lado. Estou lá em baixo na cozinha, se precisares de alguma coisa é só chamar.- curvou-se para sair do quarto.- Ah! Já me ia esquecer, a hora do jantar é as sete. O pequeno-almoço faço-o às seis da manhã, porém deixarei o café quente dentro da cafeteira. - e saiu.

Boa. Acordar cedo é que nem pensar.

Revirei os olhos. Fui até à janela e abri-a. O vento entrou suavemente pelo quarto acariciando alguns dos meus cabelos já soltos.No beiral estávam as tulipas cor de rosa. Ao longe na direção da minha janela, estava" a casa da gente rica."

–Isto vai ser certamente aborrecido.- murmurei.

Abri a mala em cima da cama e tirei o meu pijama e os meus acessorios de higiene intima. Entrei na casa de banho. Ainda bem que a tia era solteira, estava mais avontade.Tomei um banho demorado viajando em pensamentos.

Vesti o meu pijama e deixei o cabelo secar por si. Desci as escadas e entrei na cozinha. A tia tinha feito um belo rolo de carne com batatas assadas caseiras.Estava mesmo apetitoso.

Jantámos as duas. Eu calada e corada,e ela falando como se nao tivesse fim.

Arrependi-me de não encher o papá com perguntas sobre ela. Assim, não estaria constrangida sem assunto para falar. Raramente a tia visitavá-nos na cidade. Não cresci ao lado dela, por isso era estranho agora estar alí. Afinal não estava muito avontade com ela.

Ajudei-a com a loiça e nos seguintes minutos , recolheu-se para descançar. Amanha demanhã, iria para o mercado.

O por-do-sol despediu-se de mim, ainda sorridente e desapareceu no grande lençol escuro da noite. Apenas o meu quarto dava luz para a rua e a "casa da gente rica", com as janelas acesas e o fumo a sair da chaminé.

O ar fresco cruzou o quarto fazendo-me arrepiar. O Outono era uma das minhas estações favoritas. Mas parecia que este ano, seria um Outono diferente, não passado na cidade mas no campo.

Á meia noite, fechei a janela e guardei o livro que estivera a ler. Apaguei a luz e deitei-me na cama desconfortavelmente ajeitando os travesseiros.

Meia hora depois, ainda reviráva-me nos lençois de flanela. Resmungava mentalmente tudo o que aconteceu naquela semana.

Quero ir embora...

Quero ir para casa...

Senti as lágrimas quentes nos olhos e virei-me para o lado. Chorar agora não ia-me favorecer a nada.Fechei os olhos para tentar dormir, mas foi em vão.

Fim do Capítulo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! O próximo capitulo sairá em breve! ^^ Beijinhos



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