O Universo De Sophie escrita por Filha de Hades


Capítulo 10
Capitulo X


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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“Eu sinto o maior medo e a maior tristeza que eu já senti em toda a minha vida. Mas agora eu vou lá, mostrar que eu sou super engraçada.”

— Tati Bernardi

.

Como posso dizer?! Os textos da Tati Bernardi sempre me dominaram desde que li aquele primeiro texto que falava sobre o homem mais bonito do mundo, me lembro como se fosse ontem a sensação de ler aquele texto pela primeira vez, foi um misto de muitas coisas que já senti na vida. Eu me encontro nos textos dela como naquele em que ela se descreve como uma pessoa horrível e no fim diz que o mais impressionante é ver que ainda tem gente que gosta. Mas essa frase especifica tem rolado pela minha mente a dias.

Há dias eu sinto um nó na garganta difícil de controlar.

Há dias eu sinto meu coração assolado apertar.

Há dias eu sinto um aperto que não sei de onde vem.

Há dias eu sinto que há algo errado em mim e no mundo também.

Será que mais pessoas no mundo se sentem assim? Quero dizer, eu sei que sim, mas o que eu me pergunto as vezes é se em algum lugar do mundo tem alguém fazendo exatamente a mesma coisa que eu estou fazendo agora. Sentindo a mesma coisa que eu estou sentindo agora. Sei que não sou a primeira a pensar nisso, mas é um pensamento muito interessante não se pode negar. Existe uma frase da minha musica preferida do Teatro mágico que diz assim “Sei que a incerteza trás inspiração.” E é verdade, eu gosto de escrever, mas não sou nenhum gênio da escrita, mas quando estou triste, escrevo coisas que eu leio depois com olhos assustados que perguntam se fui eu mesma que escrevi aquilo.

Existem frases interessantes por toda a parte, é só saber procurar bem. Ou as vezes nem se preciso procurar, eu costumo dizer que as frases é que te encontram. Já reparou em algum momento, quando você está triste e vai ler todos os textos que você encontra te parecem tristes ou meramente motivantes? Diferente dos dias em que você está feliz ou apaixonado, neste caso todos os textos parecem engraçados ou feitos para alegrar seu coração. Pode ser o destino encaixando-se em sua vida e em sua mente ou um claro caso de semântica, “os olhos vêem aquilo que querem ver”. Esse segundo caso na verdade sempre me chamou mais a atenção. Tudo é relativo no fim das contas.

E eu estou aqui enrolando porque não sei explicar o que eu estou sentindo e nem porque eu estou sentindo. Droga, eu me sinto tão incapaz quando isso acontece! E isso vem acontecendo frequentemente.

Ontem eu estava sentada no canto de um ponto de ônibus atrás da igreja depois de ir ao mercado comprar pão, esperando sozinha pra ir para casa. Era fim de tarde, agora sem horário de verão o que me é uma benção, o sol estava se pondo, não se tem uma boa vista disso dali, mas era bonito ver ele se escondendo atrás da caixa d’água central. Ao ficar ali sozinha foi me batendo uma tristeza tão profunda que eu nem senti conforme ela foi crescendo. Quando dei por mim já estava com os olhos marejados e eu sou o tipo de pessoa que pode nem ter chorado, mas se ameaçou já fica com os olhos vermelhos e cara de choro, isso é horrível. Estava ouvindo alguma musica no fone, não muito alta, isso não era de costume, e eu nem me lembro qual era a musica. Estava com o pensamento longe e o olhar também. Foi quando “ele” chegou, parou o carro do meu lado e me chamou, eu não ouvi mas ele não desistiu. E quando eu finalmente olhei tive aquele surto que as pessoas normalmente tem quando são pegas chorando.

— Sophie?! Está tudo bem?

— E-está! – Foi tudo o que eu consegui dizer.

— Não está não! Entra aqui agora.

— Mas... Meu ônibus...

— Você sabe que eu te deixo em casa. Tsc’

.

É eu realmente sabia que ele me deixava em casa, sem nunca eu pedir, ele sempre, sempre foi um doce comigo. Então eu entrei no carro, ele tentou me fazer dizer o que havia de errado, mas como eu poderia dizer o que havia de errado se nem eu mesma sabia?! Eu estava me fazendo essa pergunta quando ele chegou. Mas não podia dizer isso a ele, que tipo de pessoa depressiva ele acharia que eu era? Eu acharia se estivesse no lugar dele.

— Tah bom, se não há nada errado liga pra sua mãe e fala que você vai chegar tarde em casa.

— Como assim?

— Ou melhor, liga pra sua mãe e deixa eu falar com ela.

.

Ele não me disse porque nem o que diria a ela, mas depois de muito relutar eu liguei.

— Alô?! Sou eu, estou ligando só pra avisar que eu vou raptar a sua filha. Haha ela vai chegar tarde em casa. Porque ela vai resolver umas coisas comigo na cidade vizinha. Hurum, mas garanto que ela vai voltar inteirinha... Sob minha responsabilidade!

.

Eu me peguei sorrindo boba pronta pra perguntar o que estava havendo ali quando ele desligou o telefone. Eu estava momentaneamente feliz. Pelo que ele fez por mim, por apenas estar ao lado dele. Sei lá.

Foi mesmo uma pena naquele momento ver meu ônibus se aproximando e destruindo o devaneio mais lindo que eu já tive nos últimos tempos.

Acho que isso agravou o meu estado de tristeza. Eu poderia ter chorado ali, naquele momento, talvez isso aliviasse um pouco o aperto, mas eu sou meio masoquista sabe, gosto de sofrer sozinha e não gosto que ninguém me veja chorando.

Agora eu acabei de voltar com aquele mesmo pensamento. Será que alguém, em algum lugar do planeta, está neste minuto, fazendo a mesma coisa que eu agora? Sentindo a mesma coisa que eu estou sentindo agora?

Será que essa pessoa está escondendo a mesma coisa que eu estou escondendo agora?

Será?


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Notas finais do capítulo

Continua...



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