If only I was sure

That my head on the door

Was a dream, dream, dream

— Close To Me, Of Monsters And Men

Eu não estava esperando chegar em casa e encontrar Angie Brooks jogada no sofá, mas aconteceu. Seus cabelos louros caíam um pouco no rosto, e ela estava descalça.

Ah, e estava usando um moletom. O meu moletom.

Angie tinha esse poder incrível de se sentir em casa em qualquer lugar.

— Como chegou aqui?

— Ela veio comigo — Cassie apareceu, sorrindo. — Cadê a Tori?

— Aqui! — minha irmã abriu a porta. Suas botas faziam um barulho característico conforme ela caminhava.

— Tchau, Jem — Angie acenou.

— Está me expulsando da minha própria casa? — ergui uma sobrancelha.

— Sua... casa? — ela arregalou os olhos e ficou alternando o olhar entre eu e Tori. Depois fitou o moletom. — Então esse moletom é...

— Meu — confirmei. — Mas pode ficar. Fica melhor em você, de qualquer jeito.

— Hã... Tori?

— Trabalho — ela assentiu e arrastou Angie até o próprio quarto.

— Você não me disse que Jem era seu irmão?! — ouvi Angie reclamar.

— Eu nem sabia que você o conhecia!

Soltei um riso, não conseguindo evitar.

Depois de um tempo, fez-se silêncio e presumi que elas tinham começado o trabalho. Mas, depois de meia hora, tive certeza de que alguma coisa estava errada.

Então bati na porta. Angie a atendeu, os olhos azul-escuros focados em mim por um instante.

— Sim?

— Já se passaram trinta minutos e Tori não veio implorar para eu ajudá-la com o trabalho. Aí tem coisa.

Angie sorriu. E que sorriso.

— Ela não precisa de você. Tem a mim agora, James.

— Ah, então é assim? — fingi estar magoado. — Você chega aqui, rouba meu moletom, rouba minha irmã... Qual o próximo passo?

— Vou roubar seu coração — disse ela, e riu com a expressão boba em meu rosto. — Estou brincando, idiota.

— Eu... sei.

— Bem, se já fez a visita, adeus Jem — Cassie gritou lá do fundo do quarto, acenando.

Pisquei para ela, que desviou o olhar. Tori me encarou com uma expressão de Não jogue o seu charme na minha melhor amiga.

— Tchauzinho — falei, e Angie bateu a porta na minha cara.

Sempre educada.

Deitei-me no sofá e fiquei assistindo uma reprise de The X Factor. Aquela japonesa estridente tinha que sair.

Meu telefone tocou.

— E aí? — atendi.

— Tem lugar para hoje à noite, está precisando de grana? — Marcus, o dono de um bar legal no centro da cidade falou.

— Nem faz ideia, eu e o povo da escola estamos tentando arrecadar dinheiro para a viagem de formatura.

— Bem, vai ter uma plateia legal, se você quiser vir.

— Pode deixar, vou estar aí às oito — e desliguei.

— Combinando o turno de stripper? — provocou Angie, passando por mim.

— Isso mesmo. Deve ter lugar para você também, se quiser — provoquei de volta. — Se bem que eu acho que você não vai poder usar esse moletom aí.

Ela revirou os olhos, mas pareceu levemente satisfeita com a minha reação.

—... Você pode encontrar algumas roupas adequadas no armário de minha irmã! — berrei para que Tori escutasse.

— Repita isso e vou trancar você lá dentro! — Tori berrou de volta.

Minha irmã sabia que eu estava brincando. Ela era uma típica princesa da Disney, não tinha uma roupa sequer que pudesse ser considerada inadequada. Parecia uma Teen Vogue ambulante, mas nunca usava shorts muito curtos ou coisa assim.

Angie riu e foi buscar Coca-Cola na cozinha. Depois voltou para o quarto e não a vi até que fosse a hora de ir embora.