Copy Of A Copy escrita por Willa


Capítulo 1
Água, fogo e sexo.


Notas iniciais do capítulo

Só uma coisa que estava salvo no meu note, e eu resolvi postar.
Desculpem se for muito grotesco, mas espero que gostem.
Uso do '*' para indicar passagem de tempo, tá? tá.

Última revisão: 12/06/2015



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Seguro em uma das mãos um copo de whisky, enquanto com a ponta dos dedos da outra mão fico brincando na borda do copo. O copo feito de cristal começa a emitir um som agudo e chato. Mesmo com vontade de joga-lo no chão pelo som que começou a ser produzido por mim mesmo, me contenho apenas pelo líquido ali presente.

O cheiro da bebida invade enquanto aproximo o copo de minha boca.

Esse já é o segundo copo.

Não se tem muito o que fazer por aqui a essas horas, e em pouco tempo, vejo que a garrafa anteriormente cheia já chega na metade.

Levanto-me da cadeira, o que a faz ranger, e acabo por derruba-la no chão.

O vento toca meu corpo praticamente desnudo, e cada pedacinho dele se arrepia, e por mais que tenha tido essa reação, talvez eu esteja bêbada demais pra sentir frio.

Ando do canto do enorme quarto onde fica a mesa de bebidas até o banheiro. Tiro as sandálias e sinto o chão gelado, assim como as paredes quando minha mão a toca. Acabo esbarrando e derrubando uma série de toalhas brancas de cima de uma bancada enquanto vou até a banheira e ligo a água quente e fria deixando a combinação perfeita do morno.

Enquanto tiro a calcinha rendada de cor azul, posso perceber pelo espelho os hematomas em minhas nádegas, coxas e sinto a dor dos mesmo em minhas costas. Nem me atrevo a prestar atenção ao rosto, já imaginando pelo gosto de whisky e sangue em minha boca o estado que devia estar.

Dentro da banheira, sinto várias partes do meu corpo arderem com o contato da água com sabão.

Fecho os olhos ignorando qualquer desses sentimentos de frio, ou de dor e fico imersa na água, apenas me deixando ouvir o barulho que vem da torneira ainda ligada.

Volto a superfície com aquele sentimento quando tem alguém te olhando.

Ele está parado na porta do banheiro com uma calça jeans caindo, uma regata colorida e um cigarro na boca.

Posso sentir o cheiro da fumaça de onde estou, e perceber todo o seu caminho saindo da boca dele e se dissipando no ar. Ele fala comigo algo que mal consigo entender, pois estou inerte perdida em meus pensamentos e olhando seus lábios, que pouco a pouco formam um sorriso. Perigoso e encantador.

Ele joga o cigarro na pia, tira toda a roupa e entra na banheira comigo. Ficamos apenas na troca de olhares, até que ele leve sua mão molhada até meu rosto, e passe nada delicadamente seu polegar na minha bochecha onde devia estar cortado já que o seu toque fez arder.

Se levantou nu e molhado saindo da banheira.

— Fica.— Arrisquei.

Ele pega um cigarro de sua calça e para encostado na parede me olhando.

— Porque eu deveria ficar? — diz.

— Eu não sei. Só... fica. — Continuo me imergindo levemente mais na banheira.

Ele vem até mim, indefesa, e imerge minha cabeça na água. Não me debato, não esperneio, não tento gritar. Apesar de não ser tão boa em manter a respiração em baixo d’agua, estou tranquila, e aquela não é a primeira vez que ele faz isso.

Posso até imaginar a visão de cima dessas cenas. Um cara com cabelos curtos e loiro, com uma barba por fazer, mantendo o corpo de uma pessoa imersa, com um ar despreocupado enquanto fuma seu cigarro.

Sinto sua mão afrouxar e ele me puxa pra cima. As cicatrizes em seu corpo são a primeira coisa de que vejo antes dele me por de pé e me levar até o chuveiro.

Seu corpo está encostado na parede e meu corpo sob o dele. Sinto sua ereção encostar em minha bunda e sinto vontade de que ela faça outra coisa. Mas, sei que pedir não adiantaria, a não ser que eu quisesse que ele fosse embora. Ele decidia, quando, onde e como. E pra mim estava tudo bem.

Parece que ele ouve meus pedidos em pensamento, e me poe de frente pra ele segurando uma das minha pernas e passando sob sua cintura, seu pênis me penetra com força, várias e várias vezes. Sinto seus beijos e mordidas no meu pescoço misturando com baixo gemido, e os arrepios que sua barba de causava.

Ele sai de mim e manda o olhar pra baixo. Enquanto me ajoelho a sua frente, ele pega outro cigarro.

Enquanto meus lábios estão em seu pênis, os dele estão em um cigarro.

Eu queria ser o cigarro do Tyler.

*

Estou caída no gelado chão do banheiro, enquanto observo o sangue que sai de meu braço sujando o chão se misturar com as lagrimas de meus olhos.

Eu fiz besteira novamente.

Eu o tinha aqui mais uma vez, e falei sobre a única coisa que não devia. Talvez se eu tivesse falado de politica, carros, da facilidade de achar um prostituta, de como a população mundial cresce assustadoramente, e não começado a comparar o gosto de seus lábios aos mais refinados chocolates ou qualquer outro sabor bom mentalmente, e não tivesse começado a falar sobre o que não podia, talvez ele estivesse aqui.

Mas, eu falei. Eu falei sobre amor. Sobre amar. Sobre o meu amor unilateral por ele.

E se eu não tivesse falado, talvez eu estivesse contemplando seu sorriso, seus lábios, o cigarro entre seus dedos, ao invés de uma poça de sangue com cor estranha misturada com lágrimas que saiam descontroladamente.

Não são lágrimas de dor do meu braço com os pedaços de vidros do espelho, ou da queimadura do cigarro apagado perto do meu ombro esquerdo. Não tinham nada a ver com isso.

São lágrimas de raiva.

Não dele, não do sangue, das feridas, dos hematomas, da vida, do destino, da minha família, da bebida, NÃO. Raiva de mim por ter falado idiotice.

Pra que falar de amor? Porque ele não pode simplesmente vir aqui quando quer, me foder como uma vadia, e me deixar saciada? Porque meu peito tem que querer mais? Porque eu quero mais amor? Porque quero ve-lo chegar em casa, me dar um beijo, sorrir pra mim e contar como foi o dia me chamando de amor. Ele me fode. Ele deixa minhas partes intimas felizes, e eu sei que é o máximo que vou conseguir dele. Então porque meu maldito coração quer algo a mais?

Eu queria ser o amor do Tyler.

Levanto-me do chão me sentido fraca, e novamente sem querer olho meu reflexo no espelho. Desta vez vejo meu rosto nos pedaços que sobram do espelho quebrado. Os olhos azuis com olheiras profundas num rosto magro perdidos pelos cabelos ruivos desgrenhados. Ignoro o estado horrível em que me vejo e ligo a torneira lavando o sangue de meu braço e retiro os cacos. Depois de desperdiçar um pouco da minha bebida sobre os cortes, faço o melhor curativo que posso com algumas ataduras.

*

Estou no jardim sentada em um banco de madeira que horrivelmente dá de frente ao enorme muro da propriedade coberto de vegetação que parecia gritar para que o tempo passasse e caísse para que a mansão que protegia não ficasse tão escondida.

Atrás de mim, várias janelas do topo da mansão deixavam o sol entrar e iluminar a beleza da estrutura gótica com ar imponente. Por mais que minha atenção quisesse se voltar toda em direção a janela do quarto dele, me concentro no livro em minhas mãos “O Médico e o Monstro”.

Ouço barulho de conversa vindo do quarto dele, voz feminina misturada. Corro em direção a entrada da mansão, sendo olhada vulgarmente por alguns dos empregados pelo modo que estou vestida e a aparência que imagino estar.

Parada em frente a porta dupla do quarto dele, posso escutar levemente a conversa. Suspiro aliviada, enquanto me xingo mentalmente pergunto que diabos estava fazendo ali. Não era a primeira vez que tinha outra mulher em seu quarto. Posso escutar as risadas dos dois, e a voz indo pra longe enquanto ligam o rádio. AC/DC - You Shook me All Night Long. Seria totalmente apropriado pro momento se ainda não fosse manhã.

Sorrio enquanto começo a caminhar pra longe, mas não antes de sentir como um tapa no rosto.

“Eu te amo”

Era a voz dele. Era ele. Falando de amor.

Sinto meus olhos arderem, mas não sinto nenhuma lágrima escorrer. Minha garganta está seca, e me sinto sem ar. Como num quarto fechado onde as paredes começam a encolher.

Forço o trinco da porta. Está fechada. Começo a bater freneticamente até os nós dos meus dedos doerem a ponto de sangrar.

Ele abre a porta, com o sorriso e um cigarro nos lábios. Seu sorriso se fecha ao me ver, e o cigarro se apaga no chão. Seu rosto é de total surpresa. Enquanto olho toda sua reação, também miro meu olhar a mulher nua atrás dele. Loira, com peitos enormes e corpo de modelo.

A ultima coisa que escuto é um grito feminino.

Eu sou o coração quebrado do Tyler

*

Estou sentada na beirada da cama com o olhar fixo nas palmas de minhas mãos. Já devo ter analisando tantas vezes as manchas de sangue que poderia desenha-las detalhadamente.

Sinto pena do meu vestido azul com bordados pretos manchados assim com um vermelho tão nojento. Talvez se eu lavar direitinho.... Não! Vou queima-lo junto com o resto.

Ele acorda e olha pra mim assustado. Não sei se pelo sangue pelo meu corpo ou o sangue que escorre de sua cabeça.

— O que você fez? — pergunta assim que tiro o pedaço de tecido de sua boca.

Passo a mão sobre o meu rosto, provavelmente o sujando todo. Corro até o banheiro e o lavo rapidamente.

— Porra, Louise, o que você fez? — Sua voz está mais alta e visivelmente alterada.

Junto os lábios os deixando em linha reta, e olho pra sua esquerda. Ele segue meu olhar e posso ouvir uma série de suspiros e xingamentos assim que ele vê o corpo da vadia loira todo ensanguentado.

— Porque você fez isso? —

Olho pra ele e sorrio. — Sabe, parece bem complicado, mas é bem simples. É até clichê. Sabe aquela frase que dizem quando alguém faz uma loucura por amor, tipo, "cega de amor"? Ah, claro que você sabe, e posso te dizer, que isso se aplica bem aqui. Eu fiz isso por mim, e por você. É meio egoísta admitir, mas foi mais por mim.— Reviro os olhos no meio de uma leve risada.

Ele está olhando fixamente pra mim. — Você ficou louca, Louise?— Ele tenta se livrar das amarras em seus pés e mãos. Vai ficar só na tentativa. Aprendi muito bem a manter alguém na cama contra sua vontade.

— Eu não estou louca, querido. Estou com raiva, e desta vez é de você. Há anos estou com você. Há anos você me mantém num quarto reservado da casa, vai até lá, faz sexo comigo, me bate, e faz qualquer outra coisa que você queira fazer, quando você quer. E pra mim tudo bem. Por mais que você não gostasse de falar de amor, imaginei que o que você fazia comigo era uma forma disso. Mas ai você vem, e no meio de risadas e músicas diz que ama essa outra? Eu só achei, que quem tinha que ouvir essas palavras era eu.—

Ele solta uma risada. — Me dá um cigarro? — pergunta.

Assinto com a cabeça.

Estou o ajudando com o cigarro já que suas mãos estão presas.

— Se você quer me matar agora é sua hora — ele diz — Daqui a vinte e cinco minutos um dos empregados virá aqui como todos os dias. Então acho que é tempo suficiente pra você fazer o que quer.—

Fico surpresa com a calma que ele está encarando a morte. Ele sempre foi assim, mas falar e na pratica são coisas diferentes.

— Relaxa — digo — Acho que ele não vai conseguir entrar aqui.—

Começo a dar beijos em seu corpo semi-nu.

A maldita loira oxigenada parece estar olhando para nós. Jogo um travesseiro em seu rosto.

— Oh, eu te amo — continuo.

— Eu te bateria agora se fosse possível — diz e sorri.

Em cima dele lhe dou um beijo calmo e correspondido. Mesmo naquela situação posso sentir sua ereção contra minhas partes intimas.

— Eu... — Ele começa, mas o interrompo colocando um pedaço de tecido em sua boca e sob seus olhos.

Sete minutos ainda me sobram. Todo o quarto exala o cheiro forte de álcool. Ele está tentando falar comigo, mas não consigo entender. E nem quero.

Cinco minutos.

Já estou andando pelo corredor com um sorriso fraco e sincero no rosto enquanto todos correm na direção oposta. A fumaça invade os corredores, uns gritam, choram, outros como eu, seguem em silêncio em direção a liberdade.

Tyler roubou minha vida. Queimou meu ombro com cigarro. Eu roubei a dele o queimando amarrado num quarto.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram? Bem, capítulo único, mas podem deixar reviews. Respondo tudo com muito amor e carinho...