Hiatus - Soma escrita por Amanda Barros


Capítulo 5
Quarto capítulo


Notas iniciais do capítulo

Namastê meninas,

estou postando adiantada e espero muitos comentários.
Leiam no final.
Boa leitura!



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– Sua benção mami* – tocou os pés da mãe e esta colocou a mão sobre a sua cabeça proferindo uma reza. O mesmo foi realizado por seu pai e seu avô. Após o ritual realizado nos portões de casa entrou no tuk tuk** e se acomodou ao lado do irmão. As malas seguiam em outro veiculo logo atrás.

*= mãe

**= é uma moto com uma armação que permite carregar mais duas pessoas confortavelmente. É um dos veículos mais populares na Índia. Olhem no grupo de Facebook para mais detalhes.

Chalô*– o irmão ordenou ao motorista. A menina acenava com lagrimas nos olhos para a família e a melhor amiga que ficavam para trás. – Um dia você os deixará definitivamente. Acostume–se.

*= vamos

Ela rolou os olhos para o irmão e este apenas riu. Ambos fixaram sua vista no caótico transito de Jaipur. O pequeno automóvel diversas vezes cruzou com elefantes, milhares de tuk tuk e motos e desviou de algumas vacas deitadas no meio da rua, mas ninguém se importava, gritava ou sequer buzinava. Toda a cidade tinha um toque rosado na fachada.

Quando chegaram ao aeroporto as mãos de Lakshmi soavam frias. Enquanto o irmão colocava as malas no carrinho, ela tentou secá–las na ponta do sári, mas acabou arranhando–as no bordado do tecido.

– Vai acabar se machucando se ficar esfregando as mãos com tanta força – O irmão e ela viraram–se juntos para saber de quem era a voz grossa e fria. Deparou–se com um homem alto, pele marrom escura e uma vasta barba negra. Os cabelos caiam lisos até o ombro e usava um turbante vermelho. Seus olhos eram escuros e tão frios quanto à voz. Ele devia ter por volta dos 40 anos. – Permita–me – tomou a mão de Lakshmi nas suas e beijou–a sem desviar os olhos de seu rosto – Indra Aashil.

– Eu sou Lagan Uddhar e está é minha irmã Lakshmi

– Eu sei. Chalô?– um dos criados dele tomou o carrinho com malas da mão de Lagan então este ofereceu o braço para a irmã. Indra andava com os passos firmes e puxou conversa com o rapaz sobre negócios e investimentos.

Logo o avião decolava com os irmãos sentados frente a frente com aquele homem e sendo servidos por alguns criados.

– Então, meu pai disse que você é acionista da refinaria de Jamnagar. O preço do barril subiu bastante no ultimo semestre, não?

– Sim, mas acredito que a Srta Uddhar logo ficará entediada se entrarmos nesse caminho – ele lhe serviu o chai que o criado trouxe – Diga–me um assunto que lhe agrada e ficarei feliz e discorrer sobre ele

Lakshmi permitiu fechar os olhos por dois segundos e respirar fundo. Discorrer parecia uma palavra tão enfadonha. Ela percebeu que teria ficado feliz de falar sobre o mercado de petróleo e logo engoliu a revolta que armava em seu peito. Como ele ousa julgá–la sem nem conhecê–la?

– Li no The Índia Express que em fevereiro sobre a aparição de um óvni sobre a refinaria. Muitos acreditam que seja reconhecimento de área para um ataque, mas já passou tanto tempo e nada ainda.

Bebericou de seu chai e lançou um olhar ao irmão que tinha um sorriso de canto nos lábios. Olhou para o homem a sua frente e sorriu docemente. Não gostou dos olhos dele sobre si.

– Há aqueles que acreditam que sejam aliens. O que a Srta acha? – seu olhar era aguçado e ela reconheceu o interesse em seus olhos. Ia responder que não acreditava naquilo, mas decidiu fazer o papel de tola.

– Oh, o Senhor Acha que eles existem mesmo?– Odiava fazer aquela voz aguda. Soando como uma firanghi oferecida.

– Isso é tolice. Não concorda Sr. Uddhar?

– Mas é claro. O Senhor Sabe como são essas meninas de hoje em dia, não? Sempre fantasiando. Talvez você devesse dormir Rajkumari*. É um longo vôo. Posso pedir ao seu criado por mais um chai**?

*= princesa

**= chá de especiarias com leite

Lakshmi desceu o banco até ficar na posição horizontal. Sentia aqueles olhos ainda queimando–a, mas ficou quieta esperando que o sono viesse logo. Lá fora não se podia ver muito devido ao breu.

Logo o criado trouxe o chai do irmão, mas por um descuido derrubou o liquido quente sobre ele. Lagan soltou um grito abafado e ela logo se levantou tentando ajudá–lo. No entanto, ambos esqueceram a perna dele queimando quando uma praga foi ouvida e o som surdo de uma bofetada também foi.

Olharam jogados do homem em pé e desceram até o criado caído ao chão com os olhos parecendo dois pires de tanto medo.

– Sr. Aashil, não é para tanto – Lagan murmurou tentando ajudar o criado a levantar;

– Sr. Uddhar, vá até o banheiro trocar–se se for preciso e deixe que daqui eu cuido – o irmão tentou argumentar, mas foi interrompido por seu caronista sorridente – Não se preocupe por que do que é meu, eu cuido e da maneira como bem entender.

Um arrepio subiu pela coluna de Lakshmi diante daquela ameaça velada. Ela seria sua esposa. Olhou para o irmão e este coçou a orelha. Esse era sinal só deles de que tudo ficaria bem. Logo em seguida, ele pegou a mala de mão no bagageiro e foi até o banheiro. Indra sentou–se a frente dela novamente e bebericou de seu chai*

– Algum problema querida? – suas palavras eram doces, mas frio como gelo.

Nahin, apenas preocupada se meu irmão se machucou

*= não

– Isso não acontecerá de novo – ele lhe garantiu. Lakshmi voltou sua poltrona a horizontal e esperou o irmão retornar. Só então recostou a cabeça no ombro dele e dormiu.

Às 20 horas de vôo pareciam se arrastar e respirou aliviada quando um dos criados veio pedir–lhes para afivelarem os cintos, pois chegaram. Aquelas foram as piores e mais longas horas de sua vida. Dormiu apenas 6 horas e as outras 14 foram gastas sendo agüentando a bajulação daquele homem que envolvia estalactites em mel e desferia contra ela.

Já não agüentava mais sorrir discretamente a cada elogio e a sempre abaixar os olhos quando ele lhe falava o que era a todo o momento. Em determinado momento acreditou que ele não via ou ignorava totalmente Lagan ao seu lado e só via ela.

Era um tal de Nunca vi olhos tão lindos quanto o seus e blá blá blá que Lakshmi desligou e começou a pensar no quanto sua vida seria chata e enfadonha se casasse com ele. Não podia deixar isso acontecer. Queria falar sobre negócios, bolsas de valores e intercambio monetário e tudo o que ele falava é sobre como ela era bonita e logo ficou claro que a achava burra também.

– Onde o Senhor Ficará hospedado?

– Tenho um apartamento aqui e vocês?

– Ficaremos na casa de amigos meus em Long Island

– Uma boa região. Espero que tenha boas férias Srta.

– Shukryia* – despediram no saguão e um dos criados acompanhou–os até a área dos taxis. Ela permitiu–se relaxar contra o assento do carro e quando o irmão sentou ao seu lado exclamou – Não gostei dele

*= obrigada

– Nem me diga, ele é estranho, mas vamos mudar de assunto, pois estamos em Nova Iorque Iadala*! – ele gritou e arrancou risos frouxos da irmã e do taxista que a todo o momento olhava pelo retrovisor para a menina vestida de forma tão diferente.- Ajuste seu relógio para as 7h da manhã. Hoje é 7 de setembro.

*= querida

Ela ajustou seu celular. E depois se ocupou em deslumbrar-se com a cidade. Sabia que a irmã gostaria. A Lagan parecia que nada lhe fugia e ela parecia até indecisa para que lado olharia. Ele sorria só de imaginar a reação dela na Times Square.

– É ainda mais lindo do que pela internet Lagan. É fantástico! – O irmão sorriu

– Você ainda não viu nada Iadala. - o resto do percurso de 15 min. até Nassau County passou silenciosa com ela se dividindo entre olhar a paisagem de ambos os lados encantada e ele trocando mensagens com Edward para contar-lhe que havia chego já.

Ótimo Indiana Jones. Quero a sua bunda aqui à tarde.

Logo em seguida recebeu outra mensagem de seu amigo

Esqueça. Almoço em casa e caço sua bunda eu mesmo.

– Chegamos ao endereço senhor – Anunciou o taxista adentrando os portões da mansão Cullen e ele parou em frente à porta da frente. Esta logo foi aberta e um pequeno furacão saiu para agarrá-lo.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH até que enfim você chegou! – Lakshmi ficou curiosa ao ver uma menina possivelmente mais nova e mais baixa pular sobre o irmão com vigor suficiente para quase derrubá-lo. Questionou silenciosamente se aquela seria o motivo de todas as recusas.

– Wow, wow, wow anã. Vamos com calma? – nesse momento a porta abriu novamente e três figuras deslizaram por ela. Havia dois homens loiros, altos parados a porta com sorrisos discretos no rosto. Um deles tinha o cabelo em cachos caindo sobre o rosto e o outro estava com seu cabelo levemente cumprido, mas penteado para trás. Ao lado deles estava uma mulher que sorria abertamente para a algazarra da menina com Lagan. Ela parecia bondosa com o rosto em formato de coração emoldurado pelos cabelos arruivados.

– Deixa o Lagan liberar o taxista antes de sufocá-lo, Alice – ralhou a mulher ruiva. A menina soltou e se virou para Lakshmi com os olhos brilhantes de curiosidades e os cabelos curtos apontando para todos os lados.

– Ela é a Lakshmi? – a menina, vulgo Alice, perguntou a Lagan que apenas assentiu virando-se para ajudar o taxista a tirar as malas do bagageiro. – Ai eu estou tão feliz em conhecê-la – e Alice a abraçou também tão apertado e desesperado quanto minutos atrás dispendia para o rapaz. – Eu sou Alice e ouvi falar muito sobre você. Ah me deixa te apresentar à minha família. – e a guiou para mais perto dos três adultos – Essa é a minha mãe Esme e o meu pai Carlisle Cullen – Lakshmi tocou o pé de ambos no seu cumprimento usual para com os mais velhos. Os dois pareceram desconfortáveis, mas Alice ao seu lado sorriu e continuou – E este belo rapaz com cabelos démodé é o meu noivo muito amado – presenteou-o com um selinho antes de emaranhar seus braços ao dele e concluir – Jasper Whitlock

– é um prazer enfim conhecê-la – murmurou o rapaz estendendo a mão, mas a hindu recusou-a fazendo seu próprio cumprimento ao levar a mão direita em concha a tocar a testa. Ela não saberia dizer o quanto parecia aliviada por aquela firanghi não ser a que esperava encontrar.

– Vamos entrar que vocês devem estar cansados da viagem – ordenou Esme abrindo as portas da casa enquanto o taxista se distanciava – Carl e Jasper, ajudem Lagan com as malas. Alice traga Lakshmi para dentro

– Adorei a sua roupa. Tenho um sári também, mas nenhum é tão bonito quanto o seu e eu amei as jóias também. – ela sorriu complacente

– Tenho muitos sáris, se quiser, pode escolher um depois. Ficarei feliz em dá-lo a você.

– Tenho certeza que seremos grandes amigas. – anuiu entusiasmada

– Alice! – repreendeu a sua mãe – parece uma interesseira desse jeito

– Deixa tia Esme. Alice é apenas Alice e a minha irmã logo vai ver. – Lagan disse sentando-se entre ambas e abraçando-as. Lakshmi não agüentou e bocejou – Acho que você está cansada. Posso levá-la para o quarto, tia?

– Você não deseja comer querida? – Quando Laks negou ela completou – então a leve Lagan, mas a espero para o almoço

Eles levantaram-se e ele guiou-a escada acima, mas estancou no meio e relatou aos outros - Ah! Edward virá almoçar conosco – voltou-se e continuou a subir. Lagan a fez subir a grande escadaria até o 1º andar e depois uma pequena escada no fim do corredor – Iadala, você ficará nesse quarto por que Jasper ocupa o outro quarto de hospedes. Você me encontrara no andar abaixo. É a terceira porta a direita. – ele abriu a porta revelando um quarto grande em tons pastel. Suas malas estavam postas ao lado de uma porta aberta onde seria o closet e havia outra porta, fechada, no quarto e ela acreditou que seria o banheiro.

– Não se preocupe Priyatama*. Ficarei bem, mas preciso dormir – ele aquiesceu e beijou-lhe a fronte.

*= querido

– Tenha um bom descanso

Lakshmi jogou-se na cama e logo dormiu esquecendo de Indra Aashil e qualquer problema que tivesse. Sentia-se excitada por estar realizando um sonho, mas agora ali, vendo Lagan tão a vontade sentiu medo. E se ele recusasse Anusha também. E se ela descobrisse uma firanghi a quem ele amava.

Seus sonhos foram agitados e pouco a ajudaram a descansar. Acordou sobressaltada com batidas na porta. Era Alice lhe chamando para almoçar. Como ela garantiu que teria uma boa meia hora até ficar pronto e ela só queria saber se ela não queria descer para conversar. Lakshmi garantiu que iria em breve, pois queria trocar de roupa.

Ela tomou banho, sem molhar os cabelos e assim não desfez a grossa trança. Escolheu uma lehenga* simples verde escuro com bordados prata e sapatilha prata. A duppata** era vermelha.

*= olhem no grupo do facebook

**= idem

Rumou para o quarto e abriu a sua mala tirando a caixa de jóias. Afixou o bindi de esmeralda entre as sobrancelhas. Colocou algumas de suas pulseiras de marfim e ouro nos braços e a ultima era interligada ao anel em seu dedo médio de cada mão. Escolheu um conjunto de colar, brincos e mangalatika* de ouro. Deixou o piercing de ponto de luz mesmo.

*= é aquela jóia que as indianas usam na testa

Decorou os olhos com Kajal* apenas e passou batom rosado nos lábios. Saiu do quarto e encontrou o irmão no corredor. Ele sorriu e estendeu o braço que ela prontamente enlaçou ao seu.

*= equipara-se ao nosso lápis de olho

Desciam a escada quando alguém exclamou:

– Se não é meu Indiana Jones – Lagan gargalhou e apressou a descida para abraçar o outro homem.

– Meu ruivo favorito – ouviu o irmão dizer. Ela olhou para os demais na sala e todos sorriam para a cena a frente deles. – Acho que você será o ultimo a ser apresentado. Essa é a minha irmã Lakshmi, luz de meus olhos. – ele tomou a mão da irmã entre as suas e beijou carinhosamente – Didi, este é, o não tão famoso, Edward Cullen.

*= irmã

Lakshmi ouviu a tudo com os olhos baixos e os ergueu para fazer a saudação, levando a mão em concha em frente ao rosto. O movimento ficou parado no meio do caminho por que seus olhos cinza foram fisgados pelos olhos azuis piscina calorosos e curiosos sobre ela. Lagan continuou falando, mas ela não conseguia prestar atenção.

Uma vontade maior do que ela a fazia querer voltar seus olhos para o dele. Controlou–se e se atentou para o que os outros diziam. Alice dominava a conversa falando várias coisas ao mesmo tempo e sem se cansar. Enquanto ignorava os olhos que lhe queimavam a alma, percebeu que, com certeza, as duas seriam grandes amigas, pois já gostava dela.

Quando se acomodava ao lado do irmão na sala de almoço sentiu uma força atraindo-a e olhou na direção do Edward. Imediatamente se viu presa naquele potente olhar. Eles ficaram perdidos um no outro até que uma criada perguntou sobre o que ela queria comer.

– Então Lakshmi, já sabe o que quer conhecer aqui? – questionou Esme

– Ah, eu fiz uma lista dos lugares que quero conhecer e vou me dividir entre visitá-los e fazer compras.

– Ai de compras eu entendo. Eu posso ir com você – Alice ofereceu

– Para de ser oferecida Alice Cullen! – ralhou Edward e ela mostrou a língua para ele

– Eu vou adorar ter a sua ajuda. São tantos presentes que preciso comprar.

– Eu fico mais sossegado tendo a Lakshmi acompanhada aqui

– Viu Edward?- perguntou ao irmão que sorvia alguma bebida mal tocando o prato - Eu vou amar fazer compras com você! Posso até visitar os lugares que você quiser conhecer. Ah vai ser demais!

– Alice, menos! Ela vai voltar correndo pra Índia com medo de você – Carlisle brincou e o pequeno furacão cruzou os braços emburrada.

Jasper enfim pronunciou-se elogiando as pulseiras que cobriam seus antebraços. Lakshmi agradeceu, mas gaguejou notando mais uma vez o olhar cerúleo sobre si.

– Do que são feitas?

– Essas são de marfim, mas tenho muitas de ouro e prata.

– Ela trouxe quase todo o cofre na mala – brincou Lagan e Edward soltou um riso engasgado bebericando uma segunda dose de uísque. – Por que você esta bebendo Edward?

– O dia foi uma merda. Ainda bem que você chegou Indiana

– Não me coloque nisso – ralhou o amigo parecendo saber o suplicio do outro e isso atiçou a curiosidade de Lakshmi.


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Notas finais do capítulo

Então,

criei o grupo no Facebook e espero que vocês entrem. Também quero meus comentários como presente de aniversário atrasado. Não sejam más!
Namastê!



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