Hiatus - Soma escrita por Amanda Barros


Capítulo 3
Segundo Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Por favor, leiam!
Primeiro de tudo, deixem-me agradecer pelos 4 maravilhosos comentários. Amei todos. Segundo, desculpa pela demora, mas eu não tenho dia para postar então faço equaçãozinha chamadas comentários²+tempo= um capítulo e é isso que temos aqui.

Fiquei na dúvida se colocava aqui ou no final, mas estou ansiosa e não quero correr o risco de vocês não lerem. Então, por favor, leiam. Quero opiniões.
Eu tenho feito uma extensa pesquisa para escrever esses capítulos que se passam na Índia, mas nem tudo que eu pesquiso consigo encaixar aqui, então, pensei em montar um grupo para compartilhar e debater costumes. Vocês gostariam? Mandem a resposta nos comentários.
Boa leitura!



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A casa dos Uddhar esteve movimentada para os preparativos da viagem. Era um dos assuntos mais comentados enquanto estavam juntos, mas muitos sabiam que a visita do sacerdote aquela tarde seria muito importante.

Lakshmi dançava na sala com sua amiga Anusha, que também os visitava, enquanto seu dada* as admirava e exaltava a beleza das jovens. Elas eram graciosas e executavam passos sofisticados entre risos e cumplicidade. Logo toda a família estava reunida e rindo. Anusha lançava olhares para Lagan, mas este estava perdido em pensamentos e não a notou. Quando a musica terminou palmas foram ouvidas da porta da frente e todos viraram para ver do que se tratava.

* avô

– É muito auspicioso chegar numa casa onde há musica e risos – murmurou o homem da porta – Me desculpem, mas ouvi a musica e decidi não interrompê–los

– Fez bem Komal. Veja como a nossa Lakshmi dança e Anusha também é muito graciosa.

Tik Tik*. Gajhab**. Não será difícil arrumar marido para essas jovens Anik e o de Anusha já está a ponto de ser encontrado – Lakshmi olhou para a amiga e sorriu. Acariciou a bochecha da outra que enrubescia. – Dancem mais meninas!

* Sim sim

** Fantástico

Shanti apertou o play e logo todas as mulheres dançavam pela sala.

http://www.youtube.com/watch?v=V_I2RWl3NZg

Lakshmi puxou o irmão que estava pensativo e o fez dançar entre ela e a amiga. Ele se distraiu rindo com elas. Alheios a conversa que o sacerdote tinha com o pai deles, até mesmo Rajan, se divertia vendo a esposa dançando.

– Eu vim falar–lhe sobre uma moça de muito boa família.

Atchá*. Um bom dote?

* expressão de contentamento

–Muitíssimo bom. Muitíssimo bom.

– Ela é bonita? – Anik perguntou ainda mais entusiasmado

– Veja com seus próprios olhos, meu amigo – O sacerdote apontou para Lagan e as meninas dançando

– Anusha? Are rama* por que não disse logo? Ela é de boa família e melhor amiga de minha filha. Uma ótima escolha para Lagan e ele não poderá recusá–la sem magoar a irmã. Uma ótima escolha Komal. Ótima escolha.

* não brinca

–O que é uma ótima escolha, marido? – A esposa chegou para servir chai* a eles e questionou

* é um chá com especiarias como cravo e canela que depois é misturado ao leite. N/A: eu não gosto, mas se alguém quiser a receita...

– Komal trouxe a noticia de uma boa esposa para nosso filho

Atchatchatcha* – todos na sala pararam para ver por que Harathi comemorava

* Uma expressão de muiiiiito contentamento

– O que aconteceu Mamadi*? – perguntou Lagan

* Mãe

– Nada. Não aconteceu nada. Komal que estava nos contando o quanto será auspicioso um casamento que se realizará daqui a alguns dias. Are baba* por que não canta Lakshmi?

* Tem o mesmo significado que Are rama. Pode ser traduzido como ‘ô Deus’, ‘Poxa!’ e etc.

Tik rê* mamadi– todos se sentaram e deram atenção para o que a menina cantava. Os dois homens deram por encerrado o assunto do casamento. Entretanto, Anik não pode evitar analisar a amiga da filha melhor.

* tudo bem

Compará–la com Lakshmi, que tinha a pele morena clara e os olhos azuis acinzentados emoldurados por longos cabelos castanhos, seria um erro. Anusha tinha uma beleza mais comum na Índia. Sua pele marrom, os olhos escuros e os cabelos negros. A menina sempre estava ali na sua casa. Talvez fosse auspicioso unir a família Uddhar com os Mangala. Já que o sobrenome deles significasse justamente isso. Auspiciosos.

– Komal, vamos tratar sobre casamento após a volta dos meus filhos

– Mas por quê? A menina é de boa família e eu tenho outras interessadas

– Quero que meu filho pense bem antes de tomar uma decisão. Ela é praticamente de casa. A tenho como filha.

Atchá, um bom motivo para apressarmos as coisas. Talvez possamos resolver tudo agora e realizar o casamento assim que voltarem.

Nahin*. Falarei com ele e exporei a noticia, mas ele só dará a resposta quando voltar

* Não

Arebaguandi* Anik. Até lá ela pode já ter se casado com outro

* Significa ‘Por Deus’, mas esse ‘di’ no final demonstra respeito de um para o outro

– Se assim acontecer é por que o destino assim quis

Are

Naquela noite após o sacerdote sair acompanhando Anusha, pai e filho se reuniram para conversar. O baldi* expôs seus pontos e as oportunidades. Esta não era a primeira moça que seria lhe seria mostrada. Desde o casamento de seu irmão que moças eram apresentadas e a todas Lagan recusava por um ou outro problema que só ele identificava.

* pai

Sua irmã ficava furiosa a cada moça rejeitada, pois o pai não abria mão da tradição de casar os filhos de acordo com a ordem de nascimento. Ninguém entendia por que ele as recusava, mas ele sabia. Nenhuma delas era Shanti.

Ele não podia tê–la e não queria qualquer outra. Não faz parte da tradição hindu casamentos por amor. Em geral, os pais escolhem os pretendentes de acordo com a educação. Algumas famílias ainda acreditavam numa divisão por casta e não permitia a mistura entre elas. Os Uddhar não seguiam esses velhos hábitos, mas eram rigorosos em pretendentes de mesma situação financeira e religiosa.

– Anusha é bonita, mas...

– Chega dos seus ‘mas’ Lagan. É sua ultima chance. Ou você casa ou você estará condenando sua irmã a jamais se casar e ter um status na sociedade.

– Por que o senhor não pode simplesmente casar Lakshmi e me deixar em paz? – o retrucou

– por quê? E a minha paz? A paz da sua mamadi? Nossa paz não lhe comove? Lorde Ganesha*! Lakshmi não casa antes de você! Você não será a minha vergonha.

* Ganesha é o deus mais cultuado na índia

– Vergonha? Não é vergonha alguma não ter encontrado a pessoa certa.

– Pessoa certa? Seu irmão tem razão. Você fala como um firanghi e agora pensa como um. Você e sua irmã irão para os Estados Unidos, mas na volta você casa com Anusha ou qualquer outra que eu escolher.

– Tik rê* – murmurou antes de sair do aposento

* tudo bem

– Lagan! – seu pai gritou aparecendo na porta. Ele estava prestes a virar no corredor, mas parou para ouvir – Zele pela sua irmã na terra dos firanghi. Se ela voltar como eles... – Antes que o pai terminasse, ele continuou andando.

Lagan não estranhou entrar em seu quarto e encontrar a irmã lendo em sua cama. Ele se jogou ao lado dela e esperou ela abaixar o livro, mas pareceu uma eternidade até que ela virou a página. Ele bufou e puxou o livro para baixo.

– Por que baldi estava gritando com você? – ela enfim perguntou

– O de sempre – ele respondeu puxando o livro e lendo o titulo. Uma passagem para a índia*.

* http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/passagem–india–643808.shtml

Ela rolou os olhos e puxou o livro de volta. Ambos a muito tinham cansado de discutir sobre casamento. Ela ansiosa e ele apreensivo. O homem pegou seu notebook e verificou seu e–mail. Logo estava trabalhando com os códigos que amava e nem se lembrava mais do que o tinha chateado.

Logicamente, o silencio de sua didi o deixava nervoso. Ela nunca era de se calar com ele. Com os outros membros da família ela pouco falava, mas com ele ela podia ser a criaturinha falante que era.

– Este não é seu normal – pontuou sem tirar os olhos da tela

– O normal de uma mulher é cuidando de seu marido e filhos. Entretanto, não serei normal tão cedo dependendo de você – a careta foi impossível. Aquela era a sua irmã caçula sendo ela mesma. Azeda quando preciso e doce quando necessário

– Não por muito mais tempo. Fui intimado. – acrescentou desgostoso. Pensar na amiga da sua irmã como esposa não era um conforto.

Vijaya Lakshmi ouviu as minhas preces – Ele olhou chocado para ela e não agüentou não cair na risada. Quando se orava para Vijaya Lakshmi, que era uma das reencarnações da deusa, era para pedir ajuda na vitória sobre obstáculos. Logo, ambos riam esparramados na cama. – Vou sentir falta de me refugiar aqui quando estivermos casados.

– Você será sempre bem vinda na minha cama, Iadala* e, se baldi cumprir sua promessa, minha esposa não se importará muito

* Querida

– Quem será sua esposa? – ela estava totalmente desperta da crise de riso e curiosa. Era essa a característica nela que ele mais admirava. Sua curiosidade escorria pelos olhos azuis.

Baldi quer me casar com Anusha Mangala – ele não teve coragem de encará–la. Às vezes, parecia que ela era oito anos mais velha e não ele. O silencio prosseguiu por mais tempo do que ele podia suportar. Ele levantou os olhos para o rosto dela e se surpreendeu. Ela tinha os grandes olhos expressivos marejados. – Achei que você fosse ficar feliz

– Eu não sei. É estranho. Só estranho.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam a minha resposta.

Sobre a minha sobre chai. Eu adoro chá, mas leite não é meu favorito. Na verdade, só com Toddy.

Alguém a receita do verdadeiro chai indiano?
kkkkkk Comente por favor.