Freddy e todo o quartel já se encontrava na sala de Armando, todos curiosos para saber o que o doutor desejava deles.

– Bem devem estar se perguntando porque eu convoquei vocês aqui? Armando encarava a todos como se esperasse uma resposta.

– Se perguntando não doutor, pra falar a verdade, temos quase certeza. Respondeu Sofia.

– Sim, meu doutor saiba que conta com o nosso apoio incondicional. Falou Freddy.

– Imagino então que já sabem que aquele morcego do Daniel Valencia está, está, está... Armando se alterou.

– Calma excelentíssimo doutor vice-presidente desta companhia que não deixaremos o doutor Valencia lhe roubar a nossa presidente! Declarou Freddy tentando acalmar Armando.

– Doutor o senhor quer que espionemos a Betty? Perguntou Sandra confusa.

– Não, é claro que não. Eu confio a minha vida a Betty. Declarou Armando tentando manter o controle.

– E então doutor? Perguntou Inesita.

– Lhes peço que não deixem por muito tempo a sós a minha Betty com ele, com Daniel. E que me informem sobre tudo o que acontecer na presidencia. Pediu Armando.

– Doutor por Deus o senhor está até parecendo a dona Marcela! Declarou Inesita penalizada.

– É verdade doutor a dona Marcela era quem agia assim? Falou Mariana. Não conto as vezes que ela e a oxigenada ficavam farejando aonde o senhor estava, com quem estava e o que estava fazendo!

– Eu sei. Armando falou tristemente, reconhecendo que o ciúme dele era quase idêntico ao de Marcela.

– Doutor Armando confie no amor que Betty sente pelo senhor. Ponderou Inesita. Se ela não o amasse teria ido para Cartagena trabalhar com o francês, que além do mais desejava algo com ela.

Todos concordaram com Inesita.

– É verdade, mas de qualquer forma acho que deveriamos ficar de olho, se não em Betty pelo menos no doutor Valencia. Que nós sabemos muito bem o quão perigoso ele é! Declarou Aura Maria.

Quando todos sairam, Inesita voltou para conversar a sós com o doutor Armando, e identificar qual a raíz de tamanho ciúme.

– Doutor Armando peço que confie em mim, pois sempre demonstrei que estou do seu lado. Ela sentou-se na frente dele. Quando as meninas quizeram encobrir do senhor o paradeiro da Betty quando ela saiu com o francês, fui eu quem veio lhe contar onde encontrá-la, lembra-se?

– Sim Inesita. Se não fosse por você talvez eu tivesse perdido a Betty para aquele francês. Obrigada mais uma vez! Agradeceu Armando mais tranquilo.

– Então doutor para quê tanto medo e tanto ciúme. Entendia a dona Marcela porque creio que ela de fato sempre soube que o senhor não a amava de verdade e por isso tentava a qualquer custo impedir que o senhor encontrasse alguém que pudesse preencher o seu coração.

– Sim, é verdade Inesita! Afirmou Armando.

– E do que adiantou tanto zelo da parte dela? A mulher da sua vida chegou mesmo com tantos obstáculos pelo caminho, não foi?

Armando assentiu com a cabeça.

– Primeiro ela não lhe veio da maneira como o senhor desejava, uma mulher muito bela e elegante ao contrário era feia, bem feia e simples mas com uma inteligencia que despertou a sua atenção. Depois Betty tornou-se sua cúmplice e mesmo conhecendo todas aquelas mulheres com quem o senhor traia a dona Marcela o amor que ela sentia pelo senhor não mudou e nem diminuiu. Por fim depois de toda aquela tragédia que fizeram com ela usando-a para não perder a empresa, que ela descobriu da pior forma possível através daquela carta tão sinistra e mesmo tendo a oportunidade de mudar de vida indo trabalhar em Cartagena, ainda assim ela seguiu amando o senhor.

– Eu sei Inesita, eu sei de tudo isso. E é por saber que eu não a mereço, que ela é um anjo que foi enganada por mim que tenho tanto medo de que alguém me tire ela, entende? Armando desabafou.

– Doutor ela já o perdoou. Perdoou porque ela o ama, o ama como jamais amou alguém e como jamais vai amar outra pessoa. Inesita falava olhando bem dentro dos olhos de Armando.

Armando afirmou com um gesto de cabeça que compreendia o quão profundo era o sentimento de Betty por ele, e afirmava porque o amor que ele sentia por ela também era profundo.

– Obrigada Inesita! Você trouxe claridade para afastar meus maus pensamentos. Muito obrigada mesmo. Armando mais tranquilo agradeceu sorrindo.

Quando as meninas do quartel já estavam em seus respectivos postos de trabalho, Betty chama Mariana em sua sala.

– Olá Betty! Que deseja amiga? Perguntou Mariana sentando-se na frente de Betty.

– Bem Mariana, o que preciso é de uma secretária para o doutor Valencia. Sei que ele não é a melhor pessoa do mundo, além de ser muito exigente. Mas gostaria de saber se você não deseja ser secretária dele? Posso estar te pedindo muito, mas como ele precisa de uma secretária e você tem muita competência, bom achei que gostaria de deixar a recepção e voltar para um posto mais elevado.

Mariana fez uma cara de quem não gostou muito da idéia.

– Claro que se estou lhe pedindo muito, peço para o Gutierrez arrumar uma nova secretária. De modo algum quero obrigá-la amiga a fazer o que não queira. Continuou Betty penalizada.

– Não Betty, eu posso sim ser a secretária do doutor Valencia. Aguentei o histerismo da dona Marcela, acho que posso aguentar um outro Valencia. Refletiu Mariana.

– Grata amiga. Então você fale com Gutierrez e reafirme um novo contrato, traga também suas coisas para a mesa que era da oxigenada, digo da Patricia. Betty riu.

– Por falar em oxigenada Betty, como estão as coisas com ela instalada lá na sua casa? Perguntou Mariana muito curiosa.

– Por incrivel que pareça eu e a oxigenada temos nos dado bem. Eu mal a vejo pois ela está sempre na casa da mamãe do Nicolas. Betty respondeu.

– Como assim ela está morando lá?

– Na verdade não. É que a mamãe do Nicolas a está ensinado a cozinhar, a cuidar de uma casa para que ela seja uma boa esposa para o Nicolas!

– Eu não posso crer na oxigenada cozinhando para o Nicolas. Que fofoca grande amiga, o quartel precisa saber. Mariana riu.

– Sim Mariana e parece que a Dona Eugênia não dá folga para Patricia pois quando eu chego em casa, ela já está dormindo de tão exausta! Betty riu.

Mariana assim que saiu da presidência correu para se reunir com o quartel e contar sobre o estado de Patricia.

– Meninas o que vocês acham de nós fazermos uma visita a oxigenada no fim de semana? Mariana perguntou.

– Ai mais eu adoraria ver a oxigenada cozinhando! Declarou Bertha.

– Meninas mas como vamos fazer para visitar a oxigenada, nem somos amigas dela? Perguntou Aura Maria.

Todas se puseram a pensar e Sandra por fim achou uma solução.

– Mas somos amigas da Betty. Dizemos que vinhemos visitar a Betty e depois vamos a casa da mamãe do Nicolas com alguma desculpa qualquer. Riu Sandra. Eu preciso ver de qualquer maneira a oxigenada no fogão.

Todas riram e concordaram.

– Meninas e o que vocês acham do pedido do Seu Armando? Perguntou Mariana.

– Ciúmes, minha filha. Puro ciúmes! Declarou Aura Maria.

– Vocês acham que devíamos contar pra Betty? Perguntou Bertha.

– Não meninas, por Deus! Creio que o Seu Armando está muito mais tranquilo agora. Declarou Inesita. Não vamos aborrecer a Betty, que tem tanto trabalho, com essas coisas!

– Ai Inesita mas por que você está dizendo que agora o Seu Armando está mais tranquilo? O homem parecia um leão que está prestes a perder a presa agora a pouco. Perguntou Sandra.

– Não se preocupe com ele. Apenas façam o que eu digo e deixem a Betty tranquila! Falou Inesita.

Todas assentiram com a cabeça apesar de concordarem em não contar a Betty sobre o pedido do doutor Armando, certamente vigiar o doutor Daniel era um trabalho muito saboroso para o quartel e por isso gratuitamente iriam seguir todos os rastros do Valencia.

– Mariana e o que mais a Betty queria com você? Perguntou curiosa a Bertha.

– Meninas adivinhem só, ela me pediu pra ser secretária do doutor Valencia! Mariana declarou.

– Não acredito! Falou Sandra chocada.

– E você aceitou? Perguntou Sofia assustada.

– Ai meninas, confesso que eu não quis aceitar no começo mas só em sair da recepção... Falou um pouco triste Mariana.

Todas concordaram que trabalhar com o doutor Valencia não ia ser nada agradável, mas pelo menos Mariana sairia da recepção o que já era muita coisa.

– E quando você começa a trabalhar com ele? Perguntou Aura Maria.

– Hoje assim que ele chegar do almoço. Agora vou meninas porque ainda preciso falar com o doutor Gutierrez. Nos vemos na hora do almoço. Declarou Mariana e todas voltaram aos seus afazeres.

Daniel serviu-se de um copo de whisky e também ofereceu um copo a Mario, sentou-se no sofá como se estivesse exausto e fadigado.

– Então como foi o seu primeiro dia com a nova presidente? Perguntou Mario sorrindo.

– Como imaginávamos, Armando com muitos ciúmes! Daniel declarou bebendo um pouco de Whisky.

– Se manteve cortês com ela? Perguntou Mario muito interessado.

– Mas é claro que sim. Respondeu friamente Daniel.

– É de suma importância Daniel que perca esse seu jeito arrogante. Betty detesta isso em você. Comentou Calderón.

– Eu sei! Daniel respondeu por entre os dentes.

– Outra coisa, para que o plano tenha êxito você deve conquistar o quartel das feias! Declarou Mario bebendo um gole de whisky.

– Já não me basta ser educado com a Beatriz agora tenho que ser amigo das feias? Mario por favor! Daniel se irritou.

– Sim, Daniel! Se o quartel estiver do seu lado convencido que você é uma boa pessoa ou que a “paixão” que sente por Betty conseguiu transformá-lo em alguém melhor, você terá as melhores aliadas ao seu lado. E deixará Armando só!

– Não gosto nada disso Calderón! Declarou Daniel.

– Esse é o único jeito de Beatriz estar à seu favor e contra Armando. Concluiu Mario Calderón.