Give Me Love escrita por Broken Diamond


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá...
Acredito que nunca tive uma ideia tão concreta e que me fizesse escrever uma fanfic tão rápido, tudo aconteceu em torno de três dias... O que me inspirou foi o vídeo de Give me Love do Ed Sheeran: http://www.youtube.com/watch?v=FOjdXSrtUxA&hd=1
Confesso que escrevi meio correndo, pois tive que pausar meus estudos e também estava com medo de perder minhas ideias, então perdoem-me se há alguns erros ou se a narrativa não estiver tão boa. E a capa está péssima, mas foi o melhor que consegui.
Espero que gostem, pois eu adorei escrevê-la. Boa leitura!



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"O amor é justo..." Diz uma famosa passagem bíblica, acho que é algo assim, não tenho boa memória... nem boa fé. Bem, o amor pode ser justo, mas o resto da vida não. Ou sim, talvez tudo que aconteceu foi o mais justo. O amor é uma coisa complicada, em meio a isso decidi contar a minha história frustrada com o amor.

Bem, eu poderia contextualizar toda a história, mas não acredito que isso seja de muita relevância, o importante aqui é que eu, Cana Alberona, morri. É, isso mesmo, difícil de acreditar, né? Pois é, mas a morte é um evento inevitável na vida de qualquer um, a minha só chegou mais cedo do que eu, e qualquer um, esperava. Só pra saberem a causa, foi por um adversário que acabou me derrotando. Eu poderia até ter sobrevivido, mas preferi dar tudo de mim, por causa de uma pessoa. Sinceramente, não me arrependo, eu faria tudo de novo por ela.

O amor deixa a gente bobo. Talvez tenha sido por causa dele que eu tenha passado dessa pra melhor (ou pior), mas foi por causa dele também que tive uma segunda chance. Quando minha alma deixou meu corpo exausto, ela chegou em algum lugar que eu não sabia definir. Na verdade eu achava que estava presencialmente lá, eu não sabia que tinha morrido.

– Ah querida, eu sinto muito. – Ouvi uma conhecida voz fantasmagórica que lembrava uma garotinha.

– M-mavis? - Perguntei espantada ao ver a primeira mestra da guilda surgir ali. – Onde estou? O que faz aqui?

– Você morreu. – Respondeu ela naturalmente.

– O quê? - Perguntei incrédula.

– Morreu, fez a passagem, bateu as botas...

– Tá, tá... – Respirei fundo e percebi que ar nenhum entrava em meus pulmões, que isso não era mais necessário. – Oh droga! – Exclamei, finalmente me dando conta do que havia acontecido. E senti-me desesperada. Isso significava que eu nunca mais a veria, estaria ela a salvo?

– Acalme-se. – Respondeu ela. – Eu sei de tudo que aconteceu e estou aqui para te ajudar...

– Você é Cana Alberona? – Uma voz masculina chamou-me pelas costas.

– S-sim. – Respondi me virando.

– Bem, Mavis falou-me sobre você, e então antes do seu julgamento, iremos lhe dar uma segunda chance.

– J-julgamento? – Perguntei sem entender. Esse tipo de coisa realmente acontecia depois da morte? Mas que merda! Eu não podia simplesmente ficar em paz? A vida já não é sofrimento de mais? Mas espera, o que ele queria dizer com... – Segunda chance? O que está acontecendo?

– Você ama alguém na Terra, certo? E foi amando esse alguém, que veio parar aqui, não? Por isso iremos lhe dar uma segunda chance. E também porque Mavis me encheu o saco. – Murmurou a ultima frase. – Bom, você está acostumada com missões, certo? Então acredito que isso não será tão difícil. Você terá uma missão, se a cumprir poderá voltar a viver. Verá a pessoa que ama novamente.

Veria a pessoa que eu amo novamente? Ah, pra isso eu faria qualquer coisa! Eram tantas informações de uma só vez, mas uma ponta de felicidade surgiu-me com essa notícia.

– Qual é a missão, então? – Perguntei, talvez com mais entusiasmo do que deveria. Eu não falharia dessa vez!

– Amor é o ponto chave da questão aqui. – Respondeu ele. – Sua missão será fazer o papel de cupido.

Arregalei os olhos. Eu, cupido? Essa era boa! Quão irônico é mandar uma pessoa a qual nenhum relacionamento deu certo até hoje e que ama outra em segredo, fazer o papel de cupido? Soltei uma gargalhada. Qual é? Era muita sacanagem!

– Cana! – Mavis chamou-me atenção por rir naquela situação e tentei controlar-me.

– D-desculpe... – Respondi. – Mas você sabe...

– Eu sei tudo sobre você. – Respondeu o homem me interrompendo. – Você não é obrigada a fazer isso se não quiser, pode ir direto para o julgamento e...

– Não! Eu farei! – Exclamei, interrompendo-o.

– Certo. Você terá 24 horas para juntar três casais que teoricamente estão apaixonados, mas que por algum motivo não se deram conta disso. Porém terá apenas quatro flechas. – Um arco juntamente com quatro flechas douradas surgiu em sua mão. – Ou seja, só terá uma flecha reserva, por isso faça bom uso delas. Lembrando que a pessoa atingida pela flecha se apaixonará perdidamente e instantaneamente pela primeira pessoa que ver e assim que a pessoa ver também, se apaixonará por ela. Ninguém poderá te ver, e assim que os três casais estiverem formados você se tornará visível à pessoa que ama. Alguma dúvida?

Fiquei um tempo processando todas as informações: 24 horas, três casais, quatro flechas... ok, acho que daria conta.

– E depois que eu me tornar visível para ela, o que acontece? – Perguntei.

– Isso só saberemos na hora. – Respondeu. – Apesar dessa missão parecer fácil, ela não é. Exige estratégia, cautela, boa mira, movimentos precisos... enfim, ninguém nunca conseguiu cumpri-la. - Ah, mas que ótimo, isso incentiva muito as pessoas. – E se não conseguir cumpri-la, obviamente vai para o julgamento. – Me olhou acidamente como se aquele fosse meu único destino. – E mais uma coisa: Você não pode acertar a sim mesma com a flecha, se fizer isso morrerá de vez. – Revirei os olhos. Essa segunda chance era só pra me fazer sofrer um pouco mais? Primeiro ele me anima e depois faz isso? Não! Eu iria mostrar a ele que eu sou capaz!

– Tá, entendi. – Respondi já não aguentando mais ouvi-lo. – Quando posso ir?

– Bem, acho que já dei todas as instruções, então agora é com você. – Disse entregando-me o arco e as flechas. – Pense em algum lugar, feche os olhos e se materializará lá.

– Boa sorte, querida. Eu confio em você e sei que conseguirá. – Disse Mavis encorajando-me.

– Obrigada! – Respondi com um sorriso.

Fechei os olhos e pensei: Que lugar eu poderia juntar casais? Obviamente, Fairy Tail! Com certeza tem bastante gente lá que precisa de uma ajudinha. E ao pensar, aos poucos senti-me sendo transportada para lá, podia ouvir o barulho daquela bagunça de sempre, ah, que saudade! Abri meus olhos e eu estava lá, bem na entrada. Tudo estava como sempre fora. Já fazia quanto tempo que eu havia morrido? Esqueci-me de perguntar. Mas bem, não importava, aparentemente estavam todos bem e isso já me enchia de felicidade.

A primeira coisa que me veio a cabeça foi procurá-la. Passei os olhos pela guilda e logo a achei. Ah, como minha vontade era de ir até ela e abraçá-la, ou ao menos lhe dar um oi, mas ela não me veria, por enquanto, lembrei-me esperançosa.

Ah, que descuido o meu, eu a chamo de ela, talvez por vergonha, por medo, por tantos sentimentos que me impedem de admitir que me apaixonei por uma mulher. Mas nessa altura do campeonato, em que eu estava fazendo qualquer coisa para poder tê-la em minha vida novamente não tem porque esconder coisa alguma. Eu amava Lucy Heartfillia.

Como não amar aquela loira? Eu ainda não sei como esse tipo de sentimento surgiu em mim, mas quando me dei conta já estava perdida nele. Já estava querendo saber tudo da vida dela, já estava querendo estar com ela em todos os momentos, e quanto mais o tempo passava, mais forte aquilo ficava. Lucy me tirava do sério, aqueles olhos castanhos tão doces, aqueles cabelos loiros tão brilhantes, aquele rosto tão delicado, aquele pele tão clarinha e aquele corpo todo, minha nossa... o jeito que ela fala, anda, seu perfume... A maneira como ela me tratava, sempre tão carinhosa... Ah, que merda, Lucy, o que você fez comigo?

Eu não sabia como a conquistaria, eu nem sabia se isso era possível, mas eu estava disposta a tudo por ela. E foi aí que depois de um tempo divagando apenas observando minha loira, lembrei do porque estava ali: minha missão. Se eu quisesse ao menos que Lucy pudesse me ver de novo, eu tinha que cumpri-la.

Percorri meus olhos pelo local a procura de alguma ideia de quem eu podia juntar, até que avistei Juvia. Ah, seria perfeito se conseguisse juntar ela e Gray, ela o amava tanto, e aquele stripper maldito ou era muito lerdo, muito tímido pra chegar junto, ou muito viado. Eu espero que não seja a terceira opção, se não meus planos estariam ferrados.

O cérebro de gelo estava, pra variar, brigando com o Natsu, puta que pariu, não se cansavam daquilo, não? Aparentemente eu teria que esperar ele sair dali e ir pra perto da Juvia, pra que assim, eu o acertasse com a flecha e olhasse diretamente para ela. Eu esperei, não sei por quanto tempo, ah, se eu ainda pudesse beber enquanto isso. Então depois de muitos socos trocados, de repente alguma coisa o fez largar o Natsu e ir pra próximo da maga d’água. Eu mal acreditei, seria minha chance, então!

Mas foi então que eu vi o que havia feito ele sair de sua luta com o cabeça de chamas, só uma coisa o faria, seu quase irmão, Lyon, e ele estava bem ali. Isso significava problema, certo? Porque diabos aquele imbecil tinha que aparecer na guilda justo hoje? Aproximei-me para entender o que acontecia.

– Eu apenas vim convidar a Juvia para ir jantar comigo. – Pude ouvir o mago da Lamia Scale responder, talvez a algum arrogante “Lyon, o que faz aqui, maldito?” do Gray.

Ótimo! Revirei os olhos. Estava começando entender porque, seja lá quem fosse, aquele cara me disse que era uma missão difícil. Eu tinha que dar um jeito logo, se a Juvia realmente saísse com o Lyon estaria tudo ferrado.

– Você não vai sair com ninguém da minha guilda! – Exclamou Gray. Blá blá blá, esse papo é irritante, tudo isso pra não admitir que gosta dela? É tão orgulhoso assim?

Peguei umas das flechas e coloquei no arco.

– Não me importo com o que você fala! – Exclamou Lyon pegando na mão de Juvia e saindo andando levando-a consigo.

Não! Como assim? Não estrague minha missão, seu imbecil! Mantive a flecha no arco com ele esticado, na mínima oportunidade, mesmo que arriscada, eu a lançaria.

Gray foi em direção dos dois, eu fui atrás dele como um carrapato. Assim que o vi bem próximo da maga, lancei a flecha. Então muita coisa pareceu acontecer ao mesmo tempo. Gray puxou Juvia pela mão um pouco antes da flecha o acertar, porém Lyon se pôs entre eles no momento em que acertou. Eu pude sentir a minha espinha congelar de choque, talvez desespero. Para quem Gray havia olhado?

A minha resposta veio quando ele largou a mão de Juvia e pegou a de Lyon, o puxando para perto de si e o beijando. Na boca! Isso mesmo, o Gray beijou o Lyon na boca, no meio de todo mundo, na frente da própria Juvia, que ficou tão horrorizada que provavelmente não sabia nem que reação tinha.

– G-gray-sama! – Exclamou ela já aos prantos.

Mas. que. merda. eu. fiz! Como assim??? Não!!! Eu queria chorar se eu pudesse. Além de ferrar com a coitada a Juvia e fazer dois caras se pegarem, eu tinha acabado de destruir uma das chances que eu tinha de cumprir a minha missão! Juvia saiu correndo, provavelmente foi chorar em um canto sozinha, eu me senti profundamente mal por isso. Um tempo depois, Gray e Lyon se desgrudaram.

– Eu te amo, Lyon. Sempre amei. – Gray disse acariciando o rosto do outro.

Logo os dois saíram juntos, talvez para se pegarem em algum lugar mais privado. Todos olhavam horrorizados, inclusive eu. Que tipo de merda essas flechas faziam com as pessoas? Se bem que se minha loira pudesse me ver, eu acertaria uma flecha dessas nela sem pensar duas vezes.

Ok, Cana, ok. Você fez uma merda, e agora não pode fazer mais, se concentre! Ainda tinha uma flecha reserva, não estava tudo perdido, eu só precisava acertar todas daqui pra frente. Ah, como eu queria beber pra poder me acalmar, estar morta é um saco!

Saí então a procura de outro casal. Fui até o balcão no qual Erza estava conversando com Mirajane, porque dali eu teria uma visão mais ampla.

– Você está um tanto... diferente hoje. – Mirajane dizia a Titânia.

– E-eu não estou. – Respondeu a ruiva corando as bochechas. Erza corando as bochechas? Ali tinha coisa!

– Se eu bem te conheço você só fica assim quando se trata do...

– Shhh. – Erza interrompeu-a. – Seja quem for que ia dizer, não diga.

– Tudo bem... – Mirajane riu. – Eu já volto. – Disse ela indo para dentro da cozinha.

Erza permaneceu calada, sentada em frente ao balcão. Parecia um tanto apreensiva, mas daquela ali eu não ia conseguir descobrir alguma coisa. Segui, então, os passos de Mirajane. Eu que já havia muitas vezes entrado ali pra pegar bebidas, sabia que Mirajane tinha a mania de falar sozinha e foi bem isso que eu presenciei.

– Ah, Erza você acha que me engana, mas todas as noites em que você está assim, eu te sigo e você vai se encontrar escondida com o Jellal. Pena que vocês são tão lerdos que nem se beijam, ficam conversando sobre coisas nada a ver, eu hem! Ah, se fosse eu, eu não perderia tempo. – Suspirou.

Maravilha, Mirajane! Se quando a Erza fica apreensiva ela vai se encontrar com o Jellal, provavelmente hoje ela se encontraria com ele. Excelente! E se é escondido, estarão só os dois, não tem como haver erro, estou com um casal garantido! Só me resta agora ficar na cola da ruiva.

Saí da cozinha, porém, para meu desespero Erza tinha sumido. Mas que diabos! Saí andando pela guilda pra ver se a encontrava, mas não obtive sucesso. Pensei, então, se já teria saído para se encontrar com o Jellal. Droga! Ela poderia estar em qualquer lugar! Porém, sabendo que ficar parada não iria adiantar, saí da guilda a procura dela.

Pense Alberona, se quisesse se encontrar escondida com alguém, pra onde iria? Ok, a primeira coisa que veio a minha mente foi motel, mas como sei a Erza não é igual a mim seria um pouco difícil encontrá-la nesse lugar. Comecei então a vagar pela cidade, eu não ficaria cansada mesmo, e para minha surpresa, acabei avistando a ruiva em um barzinho. Jellal estava com ela, o rosto e cabelos encobertos, assim como Mystogan, mas não acredito que ainda havia alguém que não o reconheceria daquela forma, e mesmo sendo num canto meio escuro, a mesa em que estavam era do lado de fora. Ai, vocês não são tão bons com discrição, né? Bem, melhor pra mim!

Estava no papo, os dois ali sozinhos, impossível algo dar errado! Peguei uma flecha, coloquei no arco e me aproximei um pouco. Erza pegou seu copo no qual havia uma bebida vermelha, levou o canudinho a boca fechando os olhos, tinha que confessar que aquela ruiva era graciosa, cara, como Jellal se controlava perto dessa mulher pra não beijá-la? Estiquei, então, o arco e soltei a flecha que acertou Erza no peito, desaparecendo.

Então a ruiva abriu os olhos, porém não olhou para Jellal, seu olhar se perdeu distante, e eu mais uma vez gelei, o que teria acontecido agora? Ela colocou o copo sobre a mesa e levantou.

– E-erza, o que foi? – Jellal perguntou não entendendo.

Ela nada respondeu e começou andar, passou por mim e continuou andando, segui-a com o olhar, e então vi que havia alguém meio escondido atrás de uma árvore, e aparentava ser... Mirajane? Ah não! Mesmo sabendo que agora não haveria nada que eu pudesse fazer corri até lá.

– Então é você que está sempre me seguindo em meus encontros? – Erza perguntou puxando-a pelo braço trazendo-a mais para a luz.

– E-eu... – A albina mal conseguia falar. – Você sabia? – Ela ruborizou.

Nesse momento senti a presença de Jellal próximo também.

– Que bom que finalmente descobri que é você! – A ruiva disse puxando-a mais ainda para perto de si e roubando-lhe um beijo.

– Erza! O que deu em você? – Jellal perguntou abismado.

Eu mais uma vez quis chorar. Levei a mão aos meus cabelos puxando-os em frustração. Não! Não podia ter dado errado de novo! O que eu faria agora? Estava tudo perdido! Era como se eu tivesse levado uma alta dose de anestesia. Sentei-me na calçada de costas para elas. Ouvi Jellal dizer alguma coisa, depois Erza, depois ele de novo, e enfim, foi embora. As palavras ditas não foram compreensíveis no estado em que eu estava naquele momento.

Não soube muito bem quanto tempo continuaram ali se beijando, sussurravam coisas uma pra outra, ouvia gemidos, barulhos de beijos, mas que pregação hard era aquela? Eu não me perdoaria por ter destruído talvez pra sempre o que havia em Erza e Jellal, tudo por causa dessas flechas malditas, tudo por causa dessa missão idiota que agora não daria em nada! Eu só tinha duas flechas, eu havia errado duas vezes, eu não poderia voltar para minha Lucy!

Já estava bem tarde, e ainda restavam-me várias horas para completar as 24. Talvez eu tivesse sido muito precipitada. Eu não sabia o que faria agora, teria que tentar as outras flechas? Achei que se eu falhasse voltaria imediatamente para aquele local que me encontrei com Mavis e o tal homem, mas nada havia acontecido. É, talvez eu ainda tivesse chance de concertar meus erros, talvez negociar com ele se desse certo com as flechas que me restavam, eu não podia desistir. Eu não desisto de você nunca, loira!

A não ser por Erza e Mira que ainda estavam se pegando, não havia mais ninguém na rua e provavelmente ninguém na guilda. Levantei-me e caminhei até lá. Eu ficaria esperando ali acordada, já que não sentiria sono. E ah, como eu sentia falta de beber! Esperei por muitas horas, não poder dormir e não ter nada para fazer era horrível.

No dia seguinte a primeira a aparecer foi Mirajane, deve ter ido dormir tarde, pois parecia cansada, também, deve ter ficado até altas horas de agarração com a Titânia... Um pouco depois a guilda começou a se encher e eu não tinha ideia de quem poderia ser o próximo casal que eu tentaria juntar. Até que chegou Laxus com a Raijinshuu.

Se eu fizesse outro alguém se apaixonar pela Mirajane, anularia o efeito da Erza, certo? Talvez sim, talvez não, mas acredito que não custava tentar. Da maneira que a situação está, não acredito que dê pra piorar muito.

Eu sabia que Freed sentia alguma coisa pela albina, ele a olhava de um jeito diferente, mas o rapaz era um poço de timidez, não podia chegar perto de uma mulher que ficava vermelho. Ah, eu daria uma ajuda para o pobre coitado! Fiquei apenas observando, esperando que ele se aproximasse da albina, e assim ele foi em direção ao balcão.

Não podia desperdiçar a chance, peguei uma flecha e coloquei no arco, e quando ele chegou bem próximo, certificando-me de que ele olhava para ela, atirei.

Eu devia mesmo ser muito azarada, acho que aquele cara me mandou pra essa missão só me sacanear, só pra eu me desesperar, só pra me ver lutando por algo que não havia como vencer. Aquelas minhas flechas deviam ser propícias a fazer a pessoa desviar o olhar do alvo desejado assim eu atirasse. Pois assim que eu o fiz, pode até se deduzir o que aconteceu.

– Freed. – Laxus o chamou e ele virou o rosto na direção, ao mesmo tempo em que a flecha o atingiu.

Cadê as porcarias das minhas lágrimas nesse momento? Não conseguir chorar é mais frustrante do que chorar quando não se deve.

– O que foi? – Perguntou o mais novo indo em direção ao loiro. Laxus também diminuiu a distância entre os dois. – Eu sinto uma vontade imensa...

– De me beijar, eu sei. – Interrompeu ele.

Então Laxus não só o beijou, como envolveu Freed pela cintura e o tirou do chão.

– Quer saber, eu não tenho nada pra fazer por aqui... – Laxus disse depois de algum tempo trocando saliva com Freed. – Vem. – Deu um tapa na bunda no menor que deixou o rosto dele quase roxo de vergonha, mas que seguiu o loiro assim que deu o primeiro passo em direção à saída.

Todos olhavam ainda mais espantados do que quando Gray beijou Lyon, talvez não por Freed, mas por Laxus, principalmente os outros dois Raijinshuu’s. Eu achava que Evergreen ia até desmaiar. E enquanto isso, Mirajane sorria do balcão, como se estivesse encantada pela cena.

O que seria de mim agora? Estava tudo perdido? Bem, provavelmente. Eu só não entendia porque depois de ter falhado as três vezes eu ainda me sentia da mesma forma, eu ainda estava ali e não havia partido de vez. Eu tinha que usar a última flecha? E causar ainda mais estrago? Adiantaria de alguma coisa? Não, eu não queria causar mais nenhum problema.

Aquela última flecha em minhas mãos, senti tanta raiva que queria quebrá-la. Forcei a porção mediana contra a minha coxa, empurrando as duas extremidades, tentando quebrá-la, mas não obtive sucesso, aquela coisa não quebrava! O que eu faria? Esperaria terminar minhas 24 horas? Acho que era o melhor a se fazer, aproveitaria minhas últimas horas observando a minha loira, minha última chance de vê-la. Ah Lucy, se você pudesse me ver agora, teria eu finalmente coragem pra dizer o que sinto? Eu teria que ter!

Em meio ao que havia ocorrido entre Freed e Laxus, eu mal havia visto ela chegar. Quando percebi, ela estava sentada em uma mesa com Natsu, ah, como eu tive inveja daquele maldito que podia ficar ao lado dela o tempo todo, talvez ele até gostasse dela da maneira que eu gosto, talvez ela gostasse dele também. Só de pensar nisso me sentia mal, mas o que eu poderia fazer, ainda mais agora?

Seria muito egoísmo se mesmo eu morta não quisesse que Lucy ficasse com mais ninguém? Sim, seria. Ela merecia ser feliz, ter toda a felicidade do mundo, felicidade essa que jamais poderei dar. Será que Natsu a faria feliz? Talvez sim. Eu não podia ser egoísta nesse momento, mesmo que fosse com outra pessoa, eu só queria o melhor para minha loira.

Peguei minha última flecha, coloquei no arco, eu estava tremendo e aquilo doía, mesmo que eu não sentisse fisicamente a dor, meu peito estava apertado. Espero poder te ver algum dia novamente Lucy, daqui alguns anos, ou muitos anos, talvez eu perca a noção de tempo no lugar onde estarei...

Ah, que droga! Eu não conseguia... Não conseguia apontar aquela flecha pra ela, imaginá-la com outro alguém era terrível, e seria pior ainda se em vez de olhar para Natsu ela olhasse pra uma outra pessoa qualquer. Não, eu não podia interferir na vida dela dessa forma.

Queria acabar com o meu sofrimento, achei que ficar observando Lucy seria bom, mas não estava sendo. Então virei a flecha para mim mesma, que venha logo meu julgamento. Coloquei a ponta em meu peito e com cautela forcei contra minha pele e para minha surpresa, doeu. Ela não entraria em mim como um flecha mágica como nos outros, mas sim como uma flecha de verdade? E por que eu sentia dor com aquilo se estava morta? Forcei-a mais um pouco, fazendo adentrar minha pele. A dor era terrível e senti perder um pouco a conexão com aquele mundo, ou seja, se eu enfiasse a flecha, eu voltaria imediatamente para aquele local onde tudo começou.

Então percebi que eu não estava pronta. Eu não queria sentir aquela dor, eu não queria voltar para lá, era como morrer pela segunda vez. Mas eu havia falhado, não havia? Aquele seria o meu único destino. Eu iria de qualquer jeito, então pra que ser tão egoísta?

Num movimento rápido, arranquei aquela flecha do meu peito e coloquei-a novamente no arco, apontando-a para Lucy. Ela conversava olhando diretamente para Natsu, então, antes que mudasse de ideia novamente, arrisquei. Lancei a flecha. Ao atingi-la desapareceu magicamente como das outras vezes, mas Lucy desviou seu olhar de Natsu segundos antes, bem para a direção onde eu estava. Oh droga, Lucy, porque foi fazer isso?

Imediatamente olhei para trás desesperada, mas não havia ninguém ali, então olhei para frente novamente e a loira parecia estar olhando pra mim, ela estava espantada, mas ela não podia me ver, não é? Na verdade comecei a ficar com dúvidas quanto a isso quando ela levantou-se da mesa e começou a vir em minha direção, mas como assim?

– C-cana? É você? – Ela perguntou.

O quê? Ela estava mesmo me vendo?

– S-sim. – Respondi hesitante.

Lucy estava me vendo? Lucy estava me vendo! Nesse momento eu me senti imersa em felicidade. Eu mal podia acreditar, mesmo não conseguindo entender por que.

– M-mas c-como assim? – Ela mal conseguia falar. – Você tinha...

Então começou a chorar, talvez lembrando da minha morte, ah Lucy, assim você me desmonta.

– Eu morri Lucy, consegui voltar apenas por sua causa. – Disse.

– Como assim? – Perguntou.

– Bem, tem a ver com... – Olhei para minha mão a procura do arco, mas ele havia sumido, sem entender resolvi simplificar. – Eu tive 24 horas pra cumprir uma missão, se conseguisse, você poderia me ver, achei que tivesse falhado, mas pelo visto não. – Eu estava rindo bobamente, depois de ter perdido minhas esperanças, aquilo me acontece, ainda não conseguia acreditar.

– Eu te amo, Cana.

– Oi? – O que ela disse?

– Eu te amo! Eu sofri tanto quando você morreu... – Minha loira chorava e fiquei tão emocionada que comecei a chorar também.

Espera... Eu estava chorando? O que significava isso?

– Meu amor por você me fez voltar.

– O quê? – Ela perguntou.

– Sim Lucy, eu também te amo, e já te amava antes... em segredo. E foi por te amar que fiz de tudo pra te proteger...

Ela me abraçou subitamente, pude sentir todo seu corpo no meu, não tinha sensação melhor do que estar nos braços dela.

– Por favor, não se vá de novo!

E ao dizer isso me beijou. Senti meu corpo amolecer, aquilo era mesmo verdade? Minha Lucy estava me beijando? Eu estava tão surpresa, tão feliz, e até mesmo assustada com tudo aquilo, que mal conseguia corresponder seu beijo, demorou um pouco até eu pegar o ritmo e depois disso, eu não sei quanto tempo passou, mas não larguei aquela boca por minutos.

– Eu sabia que você ia conseguir! – Ouvi a voz de Mavis em minha mente.

– Parabéns! Você está viva novamente, aproveite. – O homem que havia me dado a missão também disse em minha mente.

Viva novamente? Eu estava viva novamente? Isso era impossível! Chorei abraçada a minha loira, de felicidade, de emoção e até de amor.

– Jamais deixarei você agora, seu amor me salvou, pequena... – Sussurrei entre as minhas lágrimas.

O amor é justo? Bem, não sei... Como tudo aquilo aconteceu comigo também não sei, não sei quem era o homem que me dera missão, não sei se minha loira realmente me amava ou havia sido efeito daquela flecha. Só sei que estava imensamente feliz.

Um tempo depois acabei descobrindo que eu tinha formado os casais certos, Erza sempre amou Mira, Freed sempre amou Laxus, e Gray sempre amou Lyon, pois é... Então, acho que não devo duvidar do amor da minha loira, talvez ela também sempre tenha me amado.


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Notas finais do capítulo

Por favor deixem sua opinião, ela é muito importante.
Espero que tenham gostado.
Beijos :*



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