A Bailarina Branca escrita por Gabii


Capítulo 5
Capítulo IV - Faça sozinha


Notas iniciais do capítulo

~~> Está aí, tem mais uma parte deste três capítulos. Esperem que gostem meninas lindas!! :33



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"Chris - Sei o que estou fazendo.
Vovó - Não em minha opinião." Charmed.

Eu tinha coisas estranhas em meu armário mas jamais guardaria um baú. Mas aquele baú me parecia familiar, a mesma textura escura e lisa. O cheiro de lustra móveis de pinho a repentina lembrança de irritação e de alívio de estar guardando aquilo.
Peguei a cadeira que ficava na frente de minha espelheira no final do closet e a arrastei até perto do baú, subi nela, sentindo - a balançar ameaçadoramente.
Eu encostei no baú, ainda sem me firmar e o ele deslizou rapidamente em direção a minha cabeça. Eu alevantei meus braços no momento exato do impacto, o baú me jogou para trás, me deixando escorada sem poder me segurar em nada.
Eu estava presa entre uma das prateleiras e o baú pesado, eu estava sem ação. Meu braços pendiam no ar e meus ombros estavam sendo apertados pelo baú, aquilo deixaria marca e todas as minhas roupas das apresentações de Ballet mostravam meus ombros.
Mas a única opção era me mexer e observar enquanto o baú caia em cima dos meus pés, que de uma forma bem irônica eram as únicas coisas que eu precisava usar para o meu trabalho.
Mas vendo que eu não tinha escolha e sentindo uma conexão estranha e uma lembrança difusa daquele baú, eu balancei meus ombros, sentindo cada vez que ele me arranhava e vendo o baú deslizar cada vez mais para o lado, na direção de meus pés descalços.
Então ele caiu, o ar parou e tudo pareceu olhar para o que estava acontecendo. O baú girou apenas uma vez, antes de cair graciosamente do lado de meus pés, apenas raspando uma de suas beiradas e fazendo sangue jorrar do pequeno corte.
Desci da cadeira, e arrastei o baú comigo até a sala.
Era estranho estar sentada ali, olhando para algo tão irreconhecível e familiar ao mesmo tempo, eu sentia que de alguma forma abrir aquele baú me libertaria, mas deixá-lo fechado poderia ser o jeito certo de polpar a mim mesma de coisa que eu não precisava.
Abri o baú lentamente, a tampa estava empoeirada e presa com força e eu quase desisti quando percebi que havia um cadeado de latão enferrujado trancando cuidadosamente o meu acesso ao seu interior.
Senti -me uma estúpida o que na verdade eu era e pensei se tinha alguém capaz o suficiente para um dia conseguir me superar.
Eu não sabia o que fazer para destrancar o baú. Chamar um chaveiro? Talvez. Abrir com um grampo? Não daria certo. Arrombar o cadeado? Provavelmente não, mas eu teria que tentar alguma coisa e se não me sobrasse alternativas eu faria o que tinha que fazer.
Liguei para o sindico do prédio e perguntei se ele tinha algum chaveiro de plantão para me indicar e ele então me deu o nome de um tal de Franchesco, a qual ele mesmo o chamou para o meu apartamento.
Franchesco chegou meia hora depois de ser contatado, era um homenzarrão com pouco cabelo e grandes bochechas vermelhas de tanto beber, seu macacão azul estava imundo e exalava um cheiro horrível de cigarros e óleo de carro.
Ele se apresentou educadamente e entrou em meu apartamento parecendo surpreso ao ver que o problema não era com a fechadura da porta.
– Desculpa lhe chamar aqui, Sr. Franchesco, mas a um pequeno problema com uma fechadura que está sem a chave, faz muito tempo que eu abri este baú e não lembro onde coloquei a chave e estou precisando muito do conteúdo que está em seu interior. - eu falei calmamente, tremendo um pouco ao perceber a falsidade e a mentira na minha voz.
Eu não lembrava direito se o baú pertencia ou não a mim, poderia muito bem ser do outro morador que estava ali antes de mim.
Mas eu teria visto um baú lá, quando estivesse colocando as minha roupas, seria impossível não notá-lo, ele era grande e velho e tinha um cheiro meio apodrecido, como eu não teria visto ele?
Só se alguém tivesse o colocado lá de ontem para hoje e a única pessoa que tinha acesso ao meu quarto era Lenna, mas de onde ela tinha retirado ele? Nosso apartamento era pequeno, os únicos esconderijos nós três conhecíamos ele não poderia ter saído do nada.
E além de que Lenna não poderia ter deixado Genn sozinha enquanto eu estivesse fora, porque Lenna gosta de janelas abertas e Genn tem um fraco por janelas abertas.
Ela costuma se aproximar, os olhos verdes brilhando como se tivesse acabado de saber que o natal seria mais cedo, e subir em algo que pudesse lhe dar uma visão melhor da janela e se aproximar do parapeito e meio que inclinar sua cabeça, seus cabelos caem flutuando ao redor de seu rostinho impressionado pela altura...e é bem fácil de adivinhar o que pode acontecer.
– Não tem problema. - ele disse, sentando - se na frente do baú e pegando o cadeado. -É bem antigo e parece que foi exposto a água salgada, mas a madeira não parece gasta ou que em algum dia tenha sido seca e tenha ficado com a pequena marca esbranquiçada que é deixada quando a maresia seca.
– Mas é possível abri -lo? - eu perguntei de novo, ele não estava me dando muita esperança.
– Olha senhorita, eu vou tentar. - ele respondeu, suas bochechas ficando mais vermelhas.
Ele então pegou a pequena maleta e retirou alguma ferramentas pequenas e bem polidas, que eu não sabia descrever, ele limpou o cadeado cuidadosamente com um pequeno e delicado pano branco e um pouco de um líquido esverdeado, o pano foi ficando avermelhado e com algumas sujeiras pretas.
Ele então parou e me olhou ali, me balançando aflita.
– Por favor, senhorita...vá fazer outra coisa. - suas bochechas ficando mais vermelhas.
Era meio que um insulto ser expulsa da minha própria casa por um homem que eu sequer conhecia, mas mesmo assim eu sai de lá. Sabia perfeitamente como era irritante ser incomodado por alguém em seu trabalho.
A cozinha estava bagunçada, havia pratos largados em cima da mesa, sujeira em cima da fogão e comida espalhada em cima da pia e o meu tato foi chamado para a conversa.
Eu limpei tudo três vezes seguidas, mesmo sabendo que todas ás vezes tudo estava bem limpo e organizado, não era o suficiente...nunca era o suficiente.
– Senhorita! - ouvi ele chamar-me, quando estava passando um pouco de maionese nas cadeiras de couro, para deixá-lo brilhando.
– Sim?! - eu perguntei,entrando na sala rapidamente.
– Olha, o único jeito mesmo era cortar e então eu cortei. - ele disse, limpando a testa brilhante de suor e entregando -me o cadeado cerrado.
Eu olhei para o cadeado e olhei para o homem que já se alevantava, o levei até a porta, passando pela cozinha e lhe dando um copo descartável de limonada e um sanduíche. Chegamos a porta eu eu retirei minha carteira e lhe entreguei o dinheiro do dia de trabalho.
– Senhorita, aqui tem quatro vezes a mais do que eu peço. - ele disse surpreso, olhando para as notas de papel, que todas as pessoas davam tanto valor.
– Eu sei. - respondi, batendo a porta na sua cara, como uma pequena vingança pela expulsão.
Posso dizer que as pessoas não acreditariam muito que eu fiz aquilo, mas eu comecei a pular como uma adolescente depois de ser convidada para um encontro por o garoto que ela gosta. Meus braços se agitavam no ar e meus pés batiam em meu bumbum com força e eu estava feliz.
Abracei o cadeado e subi na mesa sapateando, ás vezes parecia que alguém realmente gostava de mim e que estava tentando compensar o que já me acontecera.
Eu entrei na sala ainda dançando, olhando para o baú fechado, que agora parecia tão inofensivo, sem o cadeado.
Eu me sentei na frente do baú, meus joelhos tocando o tapete indiano, minha mãos apertando minhas coxas. O baú me encarando desdenhosamente, como se ele não acreditasse que eu faria aquilo sozinha.
E como ele, eu também não acreditava.


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Notas finais do capítulo

~~> Alguém desconfia do que ela vai fazer?? Eu estou louca para postar a parte 3