O que aconteceu naquela noite e nos outros dois dias que se seguiram foi: Nicole chegando bêbada em casa, Jonas com ela sempre mais sóbrio, ela saindo do trabalho e só voltando para casa de madrugada, indiretas, indiretas, mais indiretas e algumas diretas. Eu estava me sentindo mal com tudo isso. Era domingo, ela passou a manhã toda fora, dormiu pela tarde e à noite foi se arrumar para sair. Ela estava em seu quarto, resolvi confrontá-la.

Eu: Aonde vai?

Nicole: Sair, algum problema?

Eu: Estou preocupada com você. Se comporta como uma adolescente mimada, sai, chega bêbada, fala besteira...

Nicole: Cuida da sua vida, garotinha! Quando você tiver capacidade de decidir o que quer da vida nos conversamos.

Eu: Sei muito bem o que quero, ao contrário de você que bebe pra esquecer seus problemas, ao invés de tentar resolvê-los. Você é muito imatura, Nicole.

Nicole: Cala sua boca! Você não sabe o que quer, em um momento faz uma coisa e em outro foge com medo!

Eu: Pensei que tivesse esquecido isso!

Nicole: Pois é, não esqueci!

Saiu do quarto e correu para o banheiro, e eu fui atrás.

Eu: Entenda, eu não sou... Você sabe!

Nicole: Não é?

Eu: Não!

Me prensou na parede e aproximou seu corpo do meu.

Nicole: Me diz agora que não me quer então.

Disse, e em seguida levou seu rosto ao meu pescoço.

Nicole: Vamos lá, me afasta de você.

Eu não conseguia. Meu coração estava a mil por hora, minha pele arrepiada e as pernas bambas. Aproximou sua boca da minha e sussurrou:

Nicole: Você não tem coragem, é fraca e indecisa. Me quer, mas não assume...

Eu fechei os olhos, queria lutar contra meus desejos, mas a razão naquele momento estava em xeque. Tentei beijá-la, mas ela se afastou e sorriu debochada. Saiu do banheiro e me deixou sozinha. Ouvi quando fechou a porta e saiu do ap. Ela tinha razão, eu era fraca e indecisa, senti que devia mudar isso. Quando ela voltou estava com ele, para variar embriagada. Na manhã seguinte não houve diálogo entre nos duas, ela estava com ressaca e eu estressada demais. Comi o que preparei e ela o que preparou, era como se uma fosse invisível para a outra. Fui para a faculdade e me distraí com meus colegas, passei à tarde com algumas colegas e à noite cheguei em casa, no mesmo horário que ela chegou.

Nicole: Eu vou...

Eu: Eu sei, vai sair.

Nicole: Isso. E...

Eu: Jonas vai dormir aqui.

Nicole: Ah... Isso mesmo.

Foi para o quarto, depois para o banheiro, tomou banho e voltou para o quarto. Eu entrei no banheiro e tomei um banho rápido. Fui para o quarto e vesti algo confortável, depois fui para a sala. Logo ela passou por lá. Estava muito, mas muito linda mesmo. Linda demais para se acabar assim, saindo, bebendo como se não houvesse amanhã, levando broncas e correndo risco de perder o emprego...

Nicole: Já vou.

Me levantei do sofá.

Eu: Não, você não vai sair daqui.

Nicole: E quem vai me impedir?

Eu não respondi, fui até ela e a beijei. Dessa vez sim, eu sabia o que queria. Ela me beijou de volta, com muito desejo. Era impressionante o poder que ela tinha sobre mim, era como se eu estivesse enfeitiçada por aquela mulher, era uma loucura. Sem parar o beijo, entramos em seu quarto depois de nos bater em moveis e paredes.