Panem Et Circenses escrita por Cacau54, Nita Yamanaka


Capítulo 11
Capítulo 10: Finalmente a liberdade.


Notas iniciais do capítulo

Olá, alguém por aqui ainda? Eu sei, eu sei. Podem me apedrejar o quanto quiserem, eu mereço! Quem vos fala hoje sou eu, Cacau, porque preciso pedir milhões, bilhões de desculpas a todos os leitores de Panem. Nita e eu estamos com a vida bem corrida, mas a absurda demora foi culpa minha mesmo... Estava muito corrido esses últimos tempos pra mim e eu fiquei sem criatividade nenhuma para qualquer uma de minhas estórias, acabei até meio que perdendo o contato com a Nita por falta de tempo. Mas devo agradecer aos leitores que me mandaram MPs perguntando se não iriamos continuar Panem ou quando sairia o próximo capítulo. Foram vocês quem me deram um bom empurrão para voltar (mesmo que eu tenha demorado para fazê-lo). Quero deixar claro que nem Nita e muito menos eu pensamos em desistir da fanfic, ela é importante e terá seu devido fim! E um fim digno. Devemos isso aos leitores. Espero que gostem do capítulo! Boa leitura.



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Depois daquele estranho entendimento entre Uchiha Sasuke e Haruno Sakura todos ficaram quietos enquanto ambos explicavam o que haviam descoberto sobre a barreira que os prendiam naquela floresta. Yamanaka Ino era, sem dúvidas, a que mais prestava a atenção nas explicações, porém, não pôde deixar de observar a falta de expressão do Sabaku sobre as boas notícias. Ele era uma completa incógnita e ela estava mais do que interessada em desvendá-lo.

Enquanto isso, Uzumaki Naruto estava reparando na expressão pensativa da morena Hyuuga, sua cabeça estava levemente inclinada para o lado e seus olhos fixados na rosada, parecia distante, pensando em possibilidades para sair dali e, de um momento para o outro, ela franziu o cenho e entortou a boca. Sem ao menos notar, analisava as pequenas reações dela com os olhos azuis carregados de um sutil brilho. Parecia chateada e o loiro quis, mais do que nunca, saber o que havia de errado com ela.

— Então temos que fazer isso para que a barreira se quebre — a voz de Sakura ressoou pela caverna chamando a atenção do loiro para si.

— Fazer o quê? — Naruto perguntou enquanto coçava a cabeça, confuso e sem graça.

— Você não prestou atenção em nada? — o Uchiha perguntou irritado enquanto fechava sua mão boa em punho.

O Uzumaki apenas encarou o moreno de maneira debochada, apenas para vê-lo ainda mais irritado. Sabia que era uma atitude infantil, mas não aguentava quando alguém tentava parecer melhor que os outros. Ouviu um risinho mínimo e procurou a dona dele, encontrando os olhos perolados e as bochechas rosadas de Hinata.

A encantadora e acetinada face da Hyuuga aparentava estar mais alva a cada dia... A cada hora... É, talvez estivesse louco. Queria mais daquela tímida e inocente risada.

— Concentre-se Naruto! — a rosada falara logo depois de soltar um suspiro pesado — Teremos que ficar em pontos estratégicos da barreira, em alguns deles existem falhas e com uma pressão de chakra pode ser que se quebre.

— Mas precisaremos todos colocar a mesma quantidade de pressão — o Uchiha completou, surpreendendo a todos. Até mesmo a Haruno.

— E se não colocarmos a mesma quantidade de pressão? — quem fez a pergunta fora Sabaku no Gaara, que chamou a atenção de todos com sua voz rouca.

— Digamos que não vamos gostar muito do resultado do erro — Sasuke deu de ombros ao responder, demonstrando tranquilidade com a possibilidade de erro.

Um silêncio sepulcral tomou conta do ambiente. A Haruno que era a única em pé, além de Sasuke, acabou por sentar-se na entrada da caverna e encostar-se à parede. Pela primeira vez desde que se encontrava naquela floresta ela estava demonstrando cansaço e esgotamento emocional. Esfregou as mãos no rosto e suspirou. Repentinamente sentiu o esforço de tudo o que fizera a alcançar. Parecia que era a única que não havia conseguido dormir, mas sabia que não era, pois Gaara não dormia.

A Yamanaka levantou de onde estava sentada e esticou os músculos que pareciam ter atrofiado com o tempo que passara sentada na mesma posição, naquele momento começara a pensar sobre como o ruivo da areia conseguia ficar parado por tanto tempo. Perguntou-se se ele não sentia alguma parte do corpo formigando por aquilo.

— Tudo bem! — O Uzumaki falou alto de repente, chamando a atenção de todos e se levantou — Estou morrendo de fome e não consigo pensar quando estou com fome, então irei pegar alguns peixes para jantarmos e depois terminamos de discutir isso.

— Acabamos de comer... — o moreno falara de maneira arrastada, como se estivesse cansado demais para soar ao menos irritado — E precisamos ir quebrar essa barreira logo pra sairmos desse lugar e depois você come.

— Mas nem pensar! — a voz da Haruno ecoou pela caverna e soou bastante irritada, ela colocou-se em pé novamente e caminhou em direção ao Uchiha — Eu sofri pra fazer esse maldito curativo no seu braço e não vou deixar você estragá-lo! Vamos quebrar essa barreira amanhã, quando eu tiver certeza que seu braço está curado.

— E quem é você para dar ordens? — Sasuke perguntou erguendo o queixo para a rosada, deixando-a ainda mais irritada.

Ônix sobre esmeraldas... O Uchiha mantinha a intimidadora máscara de sempre, entretanto, a independência da Haruno parecia rachá-la a sua maneira.

— Sou quem desperdiçou chakra e tempo curando esse braço — ela apertou o ombro dele com um pouco mais de pressão que o normal e o viu fazendo careta enquanto se afastava do toque dela — Viu? Você nem ao menos consegue suportar uma pequena pressão. Iremos amanhã.

— Não pedi sua ajuda em momento algum — o moreno resmungou irritado, porém não insistiu mais naquele assunto, parecia transtornado o suficiente para ficar quieto.

A rosada coçou os olhos enquanto suspirava. Sentia-os querendo fechar, sabia que seu chakra estava fraco por todo o esforço que fizera e também por não ter descansado da maneira adequada. Sabia que Tsunade estaria se descabelando em Konoha atrás de si, sem poder falar com ninguém sobre ela, deveria estar desesperada.

O Sabaku começou a reparar discretamente na rosada e sua expressão, sabia que era questão de horas até que ela sucumbisse ao cansaço e estava começando a achá-la tão fraca quanto qualquer um dali. Apesar de ele não entender nenhum deles. E então sua atenção foi para a Yamanaka que parecia perdia em pensamentos enquanto esticava os braços de maneira flexível, quanto mudou os movimentos para cima da cabeça acabou por deixar sua barriga ainda mais a mostra fazendo o ruivo desviar o olhar.

— Já que iremos apenas amanhã, irei pescar — o loiro falou enquanto batia o pó de suas calças e depois disso estendeu a mão para a Hyuuga sentada, que o olhou surpresa — Vem comigo?

— Cla-claro Uzumaki-kun — a resposta demorou tanto para sair que todos pensaram que ela simplesmente ignoraria a pergunta, Hinata estava com o rosto todo vermelho e lentamente deu a mão para o loiro ajudá-la a levantar.

O sorriso que ele abriu para ela fora tão brilhante e genuíno que Hinata quase não conseguia parar de olhar, apenas desviou o olhar quando percebeu que os outros no ambiente estavam a encará-los. Haruno e Yamanaka estavam ambas, com sorrisos debochados nos rostos, pareciam se segurar para não comentar nada.

Aquilo deixara a Hyuuga ainda mais vermelha soltando bruscamente sua mão da de Naruto, fazendo-o franzir o cenho e depois entender o que estava ocorrendo. Começou a caminhar junto com ela para fora da caverna e a última coisa sobre os dois que os outros quatro conseguiram ouvir foi o Uzumaki falando “Pode me chamar de Naruto, nada desse negócio de Uzumaki-kun”.

— Esses dois ainda vão dar um belo casal — a voz da Yamanaka foi a primeira a ser ouvida, seus olhos estavam focados no ponto onde perderam os dois de vista e um sorriso tomava conta de seus lábios.

— E arrumar muitos problemas... — a Haruno falou enquanto balançava a cabeça de maneira negativa, mas seu sorriso estava enorme — Porém ficam lindos juntos.

Enquanto as duas garotas comentavam sobre um possível romance o Uchiha que já estava irritado acabou ficando pior ainda, decidiu parar de esperar por eles e ir atrás de uma saída sozinho. Sabia que seria mais difícil, porém tinha que tentar. Saiu rapidamente da caverna e sabia que ninguém tinha percebido seu sumiço, pois não sentia o chakra de ninguém atrás de si.

No entanto, Sakura percebeu o afastamento do chakra do moreno, mas decidiu que não valia a pena ir atrás. Ele já era crescido o suficiente para saber se cuidar e também precisava aprender a lição de que nem tudo aconteceria na hora que ele queria.

— Porque arrumar muitos problemas? — a Yamanaka perguntou franzindo o cenho e olhou para a rosada pela primeira vez desde a discussão.

— O Clã Hyuuga é muito rigoroso — Sakura suspirou ao responder e olhou para o horizonte novamente, para a noite escuta que era iluminada apenas pelo brilho fraco da lua — Dificilmente o pai de Hinata irá aceitar o Naruto.

As duas se encararam por um tempo, tensas por causa da discussão de mais cedo. Ambas estavam cientes do motivo de tudo aquilo e das coisas erradas que falaram, afinal estavam equivocadas e sabiam daquilo. Porém nenhuma se desculpou por palavras, apenas assentiram e parecia que o problema havia sido resolvido.

O estranho oscilar do chakra de Uchiha Sasuke deixou a rosada alerta. Sabia que ele iria acabar fazendo algo estúpido apenas para provar que não precisava de ninguém ali, porém não achava que ele realmente fosse burro para tal ato. Sem falar nada para os outros dois que se encontravam na caverna ela pôs-se a correr, apagou sua assinatura de chakra para que conseguisse surpreender o moreno e aumentou o ritmo da corrida.

Com um salto começou a subir na árvore mais próxima e continuou avançando floresta adentro seguindo o rastro dele, estava tão braba com aquela negligência que poderia soca-lo até que o mesmo precisasse de uma cirurgia, mas sabia que não faria aquilo.

Encontrou-o encostado em uma árvore com a mandíbula trincada e os olhos em fendas, parecia ainda mais irritado por não ter conseguido fazer nada e ter se machucado ainda mais. Estava ofegante e um brilho de suor marcava seu rosto. Sakura balançou a cabeça e revirou os olhos.

— Você nunca irá aprender, não é mesmo? — ela estava agachada em um galho e quando os olhos do Uchiha a encontraram ele nem ao menos pareceu estar surpreso com sua aparição.

Ao invés de respondê-la ele apenas bufou. A Haruno desceu da árvore calmamente, concentrando seu chakra nos pés para que pudesse descer andando pelo tronco da mesma. Estava cansada e seu corpo estava exigindo mais esforço do que o normal para se movimentar. Quando chegou perto do moreno percebeu que ele estava se esforçando para não segurar o braço machucado.

Ela segurou o braço e o esticou sem falar nada e percebeu o Uchiha fazendo uma breve careta para logo depois disfarçar. Sakura sorriu debochadamente, mas decidiu que era melhor não fazer nenhum comentário.

— Você é incrivelmente estúpido! — ela falou indignada.

— O que...? — a frase dele foi interrompida quando a rosada puxou o braço dele com tudo para frente, fazendo-o estralar.

A luz esverdeada logo começou a sair das mãos da Haruno enquanto ela curava o braço dele, mais uma vez, ela conseguia sentir gotas de suor surgindo em sua testa e escorrendo por sua têmpora, seus olhos começaram a perder o foco aos poucos. Respirou fundo tentando manter a consciência, mas estava encontrando dificuldades naquilo, naquele simples ato.

Quando percebeu que não aguentaria mais simplesmente cedeu ao cansaço e sentiu seu corpo deslizando para o lado lentamente, enquanto seus olhos perdiam completamente o foco e escureceram sua visão. Antes de apagar totalmente apenas sentiu duas mãos segurá-la pela cintura antes que seu corpo pudesse cair no chão.

XXX

Revirou os olhos, irritado. Estava tentando não encará-la, todavia, tornava-se uma tarefa impossível estando apenas os dois naquela caverna. Má e inoportuna situação. Não sabia o porquê, mas estar somente na presença dela o incomodava. O intrigava.

Os passos dela ficaram mais audíveis, a medida que se exercitava com mais frequência. Energia em pleno gasto... Era isso que pensava, até seus opacos olhos verdes encararem-na mais uma vez, analisando o alongamento que ela realizava, ou melhor, finalizava, pelo que acabara de notar. Suas costas retornavam a posição ereta normal, porém, de modo alinhado, ela deixava o corpo levemente curvilíneo mais sinuoso. Observava, calado, sentindo sua respiração se alterar sem motivo prévio. O que havia consigo...? Chegara a se questionar, mas o caminhar incessante dela começara novamente, deixando-o fora de seu eixo por poucos segundos, o suficiente para que emitisse um imperioso:

— Pare.

O ruivo ergueu o queixo lentamente, encarando a loira que parava seus movimentos para fazer o mesmo e, mediante ao cruzar imperativo de braços dele, deu-se por desentendida:

— O quê? — perguntou, forçando seu espirar para conter tal timbre ofegante na voz. Era extremamente divertido vê-lo com aquela expressão assassina no olhar. Todos o temiam, mas algum louco pressentimento em si dizia que ele jamais iria feri-la. Assim como também tinha a ligeira impressão de que ele não matava por plenas convicções de sua enevoada mente.

— Pare agora — afirmou com a voz grave, em cólera pelo fato dela não o obedecer.

Rindo, Ino levou uma das mãos à cintura, caminhando em passos tipicamente femininos até o Sabaku, abaixando-se em seguida para que pudesse executar o que pretendia.

— Venha — disse, tocando-o nos pulsos e puxando-os para que descruzasse os braços antes que ele pudesse detê-la — Você está sentado aí há horas, quiçá dias... — zombou, tentando erguê-lo, no entanto, acabava de notar a areia que circulava seus braços e cintura, ganhando cada vez mais força para que não se movesse.

Forçou os dedos, em vão, sentindo a areia passar por eles e impedir seu contato com a pele dele. A pele dele... Era tão alva que as olheiras abaixo de seus olhos quase o transformavam em um cadáver. Um furioso cadáver. Nunca o tinha visto perder a calmaria daquela forma.

— Não tente me tirar daqui, ou não vai gostar das consequências... Yamanaka — ameaçou, sentindo a raiva irrigar lhe os músculos como se fizesse parte de seu sangue. Um componente adormecido que, perante a má alimentação, despertava-se em indeterminadas doses.

E, como puro reflexo, não mediu a quantidade de força aplicada sobre a loira, acabando por deixar a areia autônoma alguns instantes. Isso fora o necessário para que Ino fosse arrastada alguns centímetros até si, caindo e emitindo uma surpresa exclamação. Assustou-se, mas quando tentara reparar, já era tarde demais... E suas pernas quem lhe apresentavam a resposta: ela estava em seu colo.

Jamais estivera tão próxima dele antes, e sentir sua branda respiração era algo, sem dúvidas, inesperado em sua “pesquisa” a respeito da personalidade enigmática dele. Se tivesse prestado um pouco mais de atenção, teria notado o leve ruborizar de Gaara pela proximidade nunca ocorrida com alguma garota de sua idade, mas os opacos olhos dele eram seu foco; tanto que simplesmente não notara a areia dele a soltando.

Só caíra em si quando o sorriso de escárnio nos finos lábios do Sabaku se fez surgir, junto ao chakra do Uchiha. Olhou depressa para a entrada da caverna, sentindo-se pela primeira vez envergonhada.

Sasuke os encarou por alguns segundos, ignorando-os e, com Sakura em seus braços, dirigindo-se para repousá-la em algum local mais confortável.

Ino trincou os dentes, irritada. Ruivo maldito! Havia conseguido desarmá-la! Pelo visto, sob pressão, ele tinha mais audácia e menos reclusão.

— Não vai se levantar? — perguntou Gaara, levemente jocoso, alto o suficiente para que o Uchiha ouvisse e a face dela tornasse-se mais rosada. Não compreendia bem, mas vê-la assim era como um entretenimento.

Vermelha em um misto de vergonha e raiva, a Yamanaka se levantou, caminhando até a entrada da caverna.

— Vou trazer água caso ela acorde com sede.

XXX

A Hyuuga ficara quieta o caminho todo para o rio e Naruto apenas ficara a observando pelo canto do olho, admirando o leve ruborizar das bochechas da garota, que pareciam algo fixo nela. Ele começara a perceber que era o completo oposto, ele hiperativo e extrovertido enquanto ela super calma e introvertida.

O loiro sorriu de canto ao perceber que só a vira enrubescer na presença dele e aquilo de alguma forma preencheu seu peito com uma sensação boa. Quanto mais pensava naquilo, mais vontade tinha de conhecê-la.

Por fim chegaram ao rio e ele segurou a mão dela, uma coisa inesperada para ambos, porém foi um reflexo mais rápido que ele.

— Você ia pisar em um buraco — ele dissera e com a mão livre coçou a nuca, sorrindo.

— Obrigada — Hinata não gaguejara pela primeira vez e sentiu seus olhos brilharem na presença dele. Não sabia por que, mas gostava do Uzumaki.

— Tem alguma coisa em você... — ele começara a falar e franziu o cenho curioso — Que me diz que não é totalmente feliz.

Aquilo pegara a Hyuuga desprevenida, totalmente, desprevenida. Ela abrira a boca surpresa e nenhum som saíra dela, estava prestes a negar a afirmação do loiro, porém o olhar dele, de alguma forma, preocupado em cima dela fizera com que repensasse em sua resposta. De repente sua pequena e frágil armadura ruiu e deixou transparecer todos os anos de sofrimentos reprimidos.

Ela não poderia dizer que era totalmente infeliz, existiam coisas boas em sua vida e era grata por elas. Mas não podia negar que se sentira acuada todos os anos pelo pai, reprimida por todo seu clã e passada para trás por seu próprio primo, que considerava um irmão. E de repente se viu despejando toda a sua solidão no Uzumaki, que continuava a segurar sua mão, e olhava-a de uma maneira quase contemplativa.

— E é isso — ela suspirara resignada e desviou os olhos para o céu — Não sou uma garota infeliz...

— Mas não é uma garota 100% realizada — Naruto completou por ela, surpreendendo-a, trazendo a atenção da garota novamente para si — Sei como se sente e entendo perfeitamente. Meus pais sumiram e todos pararam de procurar, até parece que desistiram dos dois. Mas eu não, eu continuo procurando... — ele se interrompeu subitamente sem conseguir encontrar uma forma de descrever o que sentia.

— Porém sente como se não conseguisse sozinho — a voz de Hinata não passara de um sussurro, mas mesmo assim o loiro ouviu e um brilho passou por seus olhos ao ter encontrado alguém que o entendia.

Ficaram se encarando por alguns minutos, sem nenhum dos dois se mexer. As mãos ainda estavam ligadas e nenhum dos dois parecia se importar com aquilo, pelo contrário, pareciam estar confortáveis demais.

— Entendemo-nos bem Hina-chan — Naruto falou alto, subitamente animado demais e ao ver os olhos da morena arregalados ele franziu o cenho — Posso chamar você assim?

— Cla-Claro Naruto-kun — a resposta fora dita tão baixa que se ele estivesse a alguns passos longe dela, não teria conseguido ouvi-la.

— Vamos — ele a puxou para perto do rio — Vamos pescar.

Hinata apenas assentiu, estava constrangida demais para falar qualquer coisa e sabia que seu rosto parecia uma cereja. Eles adentraram o rio e foram obrigados a soltarem as mãos, para a estranha infelicidade de ambos, cada um subiu em uma pedra e se agacharam, fazendo silêncio. Ou, no caso de Uzumaki Naruto, o máximo de silêncio que se era possível conseguir.

Depois de algum tempo eles já haviam conseguido pegar vários peixes, Hinata segurava alguns amarrados em uma linha de chakra enquanto observava Naruto teimando que pegaria mais um, para que comesse dois. Entretanto quando ele levantou sorrindo e exibindo o peixe que havia conseguido pegar, o animal começara a se debater assustando o loiro e fazendo-o se desequilibrar da pedra e cair na água, soltando o peixe.

A Hyuuga soltara uma gargalhada alta, como ninguém nunca tinha ouvido deixando um Uzumaki rabugento acabar ficando admirado. Do ângulo que ele estava a observá-la, segurando os peixes de uma maneira tímida, enquanto ria com os olhos fechados e a bochecha rubra, com a lua cheia atrás de si, parecia à garota mais linda do mundo.

— Sua risada é linda — ele comentou enquanto levantava — Deveria rir mais.

Ela apenas o encarou com um ar de riso, não sabia o que responder. E viu que o Uzumaki estava observando a lua, começou a fazê-lo também. Algo dizia a ambos que aquilo era o início de algo grande e bonito. Internamente começaram a querer com todas as suas forças que fosse mesmo.

XXX

O sol estava começando a se erguer no horizonte e os jovens já se encontravam em pé arrumando seus pertences e revendo o plano, no entanto apenas um deles continuava deitado e dormia tranquilamente. Uzumaki Naruto, seus braços estavam atrás de sua cabeça e seu ronco suave estava começando a irritar todos os outros.

A garota Haruno estava sentindo seu olho direito mexer inconscientemente tamanha a raiva que tentava segurar. Quando Naruto resfolegou um pouco mais alto que o normal a rosada perdeu a paciência e marchou a passos firmes até o corpo do loiro estirado no chão. A cena chamou a atenção de todos, até mesmo de Sabaku no Gaara, que mesmo observando tudo com uma expressão fria, não desviava o olhar.

— Acorda seu idiota! — a rosada falou em um tom alto e estridente, que acabou sendo ainda mais chocante para todos que observavam. E ainda o balançou de uma maneira nenhum pouco carinhosa.

— Mas o que...? — Naruto acordou aturdido e arregalou os olhos ao perceber quem estava fazendo tanto alvoroço àquelas horas da manhã.

— Levanta — foi à única palavra que ela disse ao tirar suas mãos dele e se afastar, terminando de guardar suas armas.

O Uzumaki se pôs em pé lentamente enquanto observava a rosada de uma maneira avaliativa, ela parecia inquieta demais e aquele não era o jeito dela. Internamente todos concordavam com aquilo, apesar de que ninguém a conhecesse há muito tempo, já conseguem perceber que algo havia de errado.

Todavia, todos preferiram ficar quietos.

— Muito bem — quem cortou o silêncio estranho que se formou na caverna fora Yamanaka Ino, que pigarreou e falou — Quando iremos?

— Agora — Sasuke foi quem respondeu, de maneira séria e sem olhar para ninguém, na realidade ele estava virado para a parte externa, observando a floresta.

— Espera um pouco ai — a voz estridente do jovem Uzumaki ricocheteou pela caverna e ele não conseguiu controlar o bocejo que veio logo em seguida — Não temos que repassar o plano?

Yamanaka e Haruno simplesmente ergueram os olhos para o loiro dorminhoco e balançaram as cabeças, Sabaku no Gaara fechou os olhos e um pouco de área estava se agitando ao seu redor. Uchiha Sasuke, no entanto, virou apenas sua cabeça para o interior da caverna e semicerrou os olhos para Naruto.

Hinata, porém, foi quem o respondera.

— Já repassamos o plano, Naruto-kun — a morena dissera de maneira meiga e sorriu docemente para o mesmo.

— Enquanto você dormia — Ino fizera questão de colocar isso em pauta, novamente.

Quando o Uzumaki resolveu abrir a boca para protestar diante do súbito clima tenso que acabou sendo gerado na caverna, a rosada se endireitou e olhou-o nos olhos.

— Antes que você comece a reclamar, vou resumir para você — as palavras dela voltaram a ser frias, no entanto havia certa urgência nelas que ninguém compreendia — Quatro de nós irão para os pontos cardeais e os outros dois irão para os pontos colaterais. Para que não ocorram problemas, deixaremos passar trinta minutos desde a nossa saída da caverna até o momento em que chegarmos a nossos respectivos lugares — seus olhos verdes, estavam inquietos, olhando para todos os lados, sem focar em nada — No exato momento em que deveremos aplicar nossos chakras contra a barreira será quando o Uchiha lançar um raio ao céu, usando o elemento Raiton.

— Terá um grande alcance e possibilitará que todos vejam Naruto-kun — a Hyuuga terminou a explicação da rosada e o loiro balançou a cabeça de maneira afirmativa.

Assim que todos estavam prontos e devidamente explicados sobre o plano, começaram a correr para as suas áreas designadas. Os únicos a se despedirem e desejarem boa sorte, foram Uzumaki Naruto e Hyuuga Hinata que acenaram um para o outro. Todavia, o restante deles correu sem olhar para trás.

Ino acabou ficando com o ponto Norte colocou toda sua energia naquela corrida, precisava que desse certo aquele plano de fuga, estava ansiosa para ver seu amado pai e não conseguia ficar despreocupada levando em consideração o estado grave do mesmo no hospital de Konoha. Gaara ficou com o ponto Sul, ele não era uma pessoa muito apressada, rara as ocasiões em que o viam correndo, porém aquele não era um momento para pensar em fazer pose, queria sair daquele lugar o mais rápido possível e se manter longe de todos o quanto antes.

Sakura ficou com o ponto Leste, estava resistindo ao impulso de esconder sua assinatura de chakra – o que já era um costume para a rosada todas às vezes em que se locomovia esconder a sua presença – mas sabia que não poderia naquele momento, todos precisavam sentir que estava tudo bem, caso contrário pensariam que algo aconteceu. E ela não podia se dar ao luxo de ficar mais um dia confinada naquele genjutsu, afinal na noite anterior uma dúvida cruel lhe surgiu na cabeça e ela acabou ficando desesperada. “E se descobriram sobre a Tsunade?” seu medo de que algo acontecesse a sua mentora e única amiga a dominou. O Uchiha por sua vez ficou com o ponto Oeste, estava empenhado a sair de perto de todos aqueles jovens que não lhe acrescentavam em nada e precisava organizar suas coisas para sair à procura de sua tão esperada vingança.

Uzumaki ficara encarregado do ponto Noroeste, o que foi uma péssima ideia na percepção do loiro, afinal ele acabou se perdendo por um tempinho até perceber que estava andando em círculos e conseguir se concentrar em seu senso de direção interior. Naquele momento pensou no rosto de seus pais e um calorzinho interno lhe atingiu – como sempre acontecia ao pensar nos pais – e o fez seguir em frente mais rápido. A Hyuuga fora a primeira a chegar a seu ponto de destino, Sudoeste. Estava desesperada para sair dali e reencontrar seu Clã, apesar de não demonstrar isso para os outros.

Exatamente trinta minutos depois da saída de todos da caverna Uchiha Sasuke usou um jutsu para sinalizar o momento em que todos deveriam pressionar o chakra contra a barreira.

Os seis fizeram aquilo, colocando seus maiores potenciais de chakra nos pontos imperfeitos do genjutsu, todos começaram a sentir ondulações na redoma, ela estava se desestabilizando. Ao verem o resultado imediato, colocaram ainda mais pressão na mesma e depois de dez minutos, todos suados e ofegantes, sentiram o genjutsu ser desfeito.

As garotas queriam sair correndo, atendendo aos seus impulsos para encontrar as pessoas com as quais se preocupavam. Porém seus corpos estavam esgotados, de todos eles, suas gargantas secas e a única alternativa que tinham era voltar andando, lentamente, para suas respectivas casas.

Nenhum deles tentou encontrar o outro após a quebra do genjutsu, foram todos por caminhos independentes depois daquele momento, preocupados consigo mesmos. Entretanto tinham as mesmas convicções: sabiam que se reencontrariam e também sabiam que muitas pessoas ficariam surpresas/decepcionadas com a volta repentina deles.


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Notas finais do capítulo

Meus sinceros agradecimentos a todos os leitores que deixaram reviews até o presente momento, os que acompanham a história e que não nos abandonaram nesse grande tempo de espera. Muitíssimo obrigada! Espero que tenham gostado e não percam o próximo capítulo, a fanfic dará outra guinada! Beijos e até o próximo.



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