POV Michael

Estava escuro.

Não podia me mexer.

Vozes sussurravam atrás de mim.

Era um sonho normal.

Bem, normal não, comum descreve melhor. Tá, era um sonho comum. Comecei a sentir as pernas e, como sempre, fui em frente, me afastando das vozes. E, como sempre, elas me seguiam. Eu sabia que era um sonho, mas isso não mudava o fato de que eu me assustava sempre que o tinha. Aqueles murmúrios não eram muito legais, sabe? Não importava aonde eu fosse, nem se eu corresse, eles estavam sempre atrás de mim. Só que daquela vez estava diferente.

Os murmúrios estavam mais próximos, e se aproximavam cada vez mais. Tentei manter a calma, continuei a andar, eles se aproximaram mais, o bastante para eu perceber que não eram murmúrios, ou vozes. Pareciam com grunidos, como os de uma fera raivosa e faminta prestes a pular em cima de sua presa. E eram vários grunidos, feras demais para uma única presa. Apertei o passo, aquele sonho nunca chegou à aquele nível, ele nunca mudara.

Os grunidos estavam se aproximando rápido demais, corri para eles não me alcançarem, mas não pareceu fazer grande diferença. Outros barulhos se misturaram aos grunidos, mas não prestei atenção, estava ocupado, correndo cego para me salvar. Eu não conseguia mudar de direção, só podia ir em frente, com a esperança de não tropeçar. Esse sonho nunca aconteceu dessa forma, e eu não estava a fim de descobrir o que acontecia se aquelas coisas me alcançassem.

Meu desejo de não tropeçar foi atendido, mas isso não é sua única preocupação se está cego. Depois de alguns segundos de correria desenfreada, de repente dei de cara em algum tipo de parede. A pancada fora tão forte que meu corpo foi para trás e eu caí deslizando, por algo que calculei como 1 metro, no chão. Apesar da dor e confusão em minha cabeça, tentei me levantar, mas uma camada fina do que parecia ser areia cobriu meus membros me prendendo ao chão. Uma voz sussurrou.

"Ainda não acabou, jovem semideus. Muito ainda está pela frente. E não há nada que garantirá sua vitória desta vez. Você irá morrer."

A voz deu uma risada muito estranha, era tão parecida com uma risada maligna de filme infantil, que comecei a pensar que estava sonhando com a madrasta da Branca de Neve ou algo do tipo. Achei mais estranho ainda o fato de ela parecer vir do chão. Ela parou de rir, o que eu gostei, e meus olhos se abriram no sonho pela primeira vez. Só consegui ver um céu vermelho antes de um cão infernal pular sobre minha cabeça.

Vi a morte a minha frente, gritei de terror. Depois de bastante tempo vi que estava sentado, e não estava no estranho local de céu vermelho. Era minha cama, estava suado, com o coração a mil. Me acalmei o bastante para perceber que meus gritos acordaram Percy e Tese, eles também pareciam assustados. Bem, eles acordaram pelos gritos de um maluco, quem não se assustaria?

–O que aconteceu?- Perguntou Tese.

–Nada.- Respondi controlando a respiração. -Só... só um sonho ruim.

–Um sonho ruim?- Perguntou Percy.

–Olha, não é como os de vocês, sabem disso. Um sonho ruim pra mim é só um sonho ruim.- Disse tentando os acalmar, mas eu não acreditava tanto nisso, foi assustador.

–Então... você está bem? - Perguntou Percy.

–Claro que estou. - Respondi como se não estivesse apavorado. -Não é um pesadelozinho que vai me derrubar.

–Ótimo. - Falou Tese se deitando.

Os dois voltaram logo a dormir. Mas eu não consegui mais relaxar. Fiquei ali, observando o teto do chalé 3 do Acampamento por um bom tempo. Não consegui parar de pensar no cão infernal, no céu vermelho, nem nas palavras que aquela voz disse.

–Acho que vamos ter problemas com a madrasta da branca de neve...

*Leiam as notas finais...por favor ! É nosso ultimo pedido