Isto não é mais um romance água-com-açúcar escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 54
Papais precisam ver seus filhos nascerem




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Gintoki se levantou ainda esfregando a testa e tentando garantir que não ficaria com um galo após a trombada que dera em outra pessoa. E a outra pessoa em questão também fazia o mesmo gesto enquanto o encarava dando a entender que queria alguma satisfação. Como se não bastasse o Yorozuya dar de cara com um suposto cadáver, tinha que trombar com a pessoa com quem ele menos queria cruzar seu caminho?

― Afinal de contas, o que você tá fazendo no escritório do velho?! – era Hijikata quem questionava.

― Tô trabalhando aqui! – Gintoki retrucou. – Algum problema com isso?

― O velho devia estar realmente desesperado pra procurar alguém pra limpar o escritório dele. Só alguém desesperado pra contratar gente como você.

― Qual o problema, hein? Sou apenas um trabalhador que quer garantir o enxoval do filho prestes a nascer!

O Vice-Comandante do Shinsengumi calmamente acendeu um cigarro e suspirou num misto de ironia e piedade:

― Que criança mais azarada... Ter um destrambelhado feito você como pai...!

Gintoki, obviamente, se sentiu mais do que ofendido e agarrou seu eterno rival pelo casaco, quase colocando seu nariz contra o dele:

― PELO MENOS EU TENHO UMA COMPANHEIRA E UM FILHO! E VOCÊ? QUEM VAI QUERER NAMORAR E TRANSAR COM UM CARA QUE COME COMIDA DE CACHORRO, ABERRAÇÃO DA MAIONESE?

Enquanto os dois marmanjos continuavam com a treta de sempre, Shinpachi e Kagura apenas assistiam à briga sem fazer qualquer reação... Pelo menos, até o momento em que a Yato perdeu a paciência, entrou no meio e chutou os dois para dentro do escritório.

Quem realmente gritou para eles foi Shinpachi:

― DÁ PRA PARAREM DE BRIGAR? TEMOS UM PROBLEMA MAIS GRAVE AQUI!

Os dois homens paralisaram o que estavam fazendo e um permaneceu agarrando a gola do outro. Só então o Vice-Comandante do Shinsengumi percebeu o motivo de todo aquele alarde e largou o rival.

― Tanto drama por conta de uma tinta derramada... – disse após fazer um muxoxo. – Isso deve ser tinta vermelha, não? E o velho deve ter isolado pra ninguém sujar o resto do escritório, não?

Os olhos do Trio Yorozuya encaravam Hijikata com ceticismo. Incomodado com aqueles olhares, observou mais detidamente o cenário e seguiu as manchas vermelhas até atrás da cadeira. E lá estava um corpo estendido no chão. Bufou aborrecido ao se lembrar da razão pela qual havia ido até o escritório de Matsudaira.

O velho lhe enchera o saco para poder ir avisar aos faxineiros o que havia ocorrido para não haver histeria como fora com a faxineira do prédio.

― Vim aqui porque estava em ronda com o Yamazaki por perto. O velho me pediu para avisar que havia um manequim que poderia cair no chão por conta do vento que entra pela janela. Agora vou embora e vocês seguem com a faxina.

Shinpachi se aproximou e confirmou que o corpo no chão não passava de um manequim todo desconjuntado. Quando Toushirou ia fazer menção de dar as costas e ir embora, seu telefone celular tocou o tema da Tomoe 5000. Tinha que se lembrar de trocar o toque ou deixá-lo só no modo vibratório, pensou.

― Alô? – ele atendeu. – É o Hijikata. Hã? Coincidência ou não, estou perto dele.

Ao terminar a frase, dirigiu o olhar a Gintoki, para depois passar-lhe o telefone.

― Ela disse que é a sua senhoria.

― Que é, velha? – o albino pegou o telefone e foi direto ao ponto, mesmo sem entender nada. – Quê? Hinowa disse que Tsukuyo o quê?

Ele ficou catatônico enquanto segurava o telefone do Vice-Comandante. Tudo bem que esperava que estivesse ocorrendo o que ele acabara de saber que estava ocorrendo, mas já?! Piscou os olhos uma, duas, três vezes, até ouvir Kagura perguntar:

― Gin-chan? O que aconteceu com a Tsukky?

― E-ela... Ela entrou em trabalho de parto... E estão levando pra maternidade e... HIJIKATA-KUN, PRECISO IR ATÉ A MATERNIDADE!

― E daí?

― Preciso de carona! Você tá de viatura, não tá? Quebra esse galho pra mim!

― Uma viatura não é pra transporte particular, e teria que fazer mais do que isso pra me pedir um favor!

Hijikata enxergava nisso uma boa chance de se vingar de Gintoki por aquele dia em que Sougo os algemara juntos. Iria fazer com ele o que ele lhe fizera. Mas o Yorozuya não era bobo e desconfiava das intenções do moreno.

― É o melhor pedido de favor que posso fazer. – disse. – Se pensa que vou me ajoelhar à moda japonesa pra te pedir, você tá –

Shinpachi e Kagura desferiram uma voadora no chefe, que caiu de cara no chão.

Hijikata suspirou:

― Preciso pedir autorização ao velho. Kondo-san tá de folga hoje, então eu que devo fazer isso.

Buscou nos contatos do seu telefone o número do celular de Matsudaira, que não demorou a atender.

― Pronto.— era a voz do Superintendente da força policial que era audível a todos pelo viva-voz. – Qual o problema, Vice-Comandante? Estou meio ocupado tentando me livrar do novo pretendente da minha filha.

Toushirou pigarreou meio constrangido e respondeu:

― Preciso de autorização para usar a viatura do Shinsengumi para poder levar o Yorozuya à maternidade para ver o pirralho dele nascer.

― ESTÁ BRINCANDO? O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO QUE AINDA NÃO O LEVOU? O RAPAZ VAI SER PAI, NÃO PODE PERDER ESSE MOMENTO! A LIMPEZA DO ESCRITÓRIO FICA PRA DEPOIS!

O contato foi encerrado e o moreno bufou contrariado. Não tinha escolha não ser levar aquele destrambelhado aonde ele queria. Ele e o Trio Yorozuya saíram do escritório e deixaram as chaves na portaria. Ao ver mais passageiros entrando na viatura, Yamazaki, que estava ao volante, não entendeu nada.

― Eh... Pra onde vamos, Vice-Comandante...?

― Pra maternidade. – Hijikata respondeu.

― Pra maternidade? Não diga que...

― Anda, acelera! Quero me livrar deles logo!

Gintoki já estava impaciente com aquela conversa e atalhou:

― DEIXA DE FAZER PERGUNTAS E TOCA PRA MATERNIDADE LOGO, SHINPACHI SEM ÓCULOS!

Sagaru tomou um susto com o grito do albino:

― Sim, Chefe Yorozuya! Apertem os cintos e se segurem!

Foi o bastante para que o espião do Shinsengumi desse a ignição no carro e o acelerasse como se não houvesse amanhã. Ligou a sirene e o giroflex da viatura para poder passar pelas vias sem qualquer impedimento rumo à maternidade.

Sabia que seu superior queria se livrar de Gintoki. E Gintoki queria chegar logo à maternidade para ver seu filho ou filha nascer.


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