Jenny estava voltando da escola, não estava apressada, pelo contrário, se sentia mais calma do que o normal. Ela recebeu uma ligação. O número era desconhecido, ela atendeu, e nenhuma voz foi reconhecida, ela apenas escutou os zumbidos que os telefones fazem quando ninguém está do outro lado da linha.

Ela não se importou muito com essa coincidência, achou irrelevante o fato dessa ligação incomum. Ela foi para casa de ônibus como se nada tivesse acontecido.

No caminho Jenny se deixou levar pela sua imaginação, começou a imaginar como seria o mundo se ela tivesse como controlar seus sentimentos, ou melhor, se eles não a controlasse.

Começou a imaginar uma terra, um mundo distante do qual ela conhecia. Algo que talvez chegasse mais perto daquilo que sua mente imaginasse. Ela não gostava muito do que era, assim como qualquer adolescente de 15 anos, ela tinha suas crises emocionais, então passou a se imaginar como outra pessoa, em um outro lugar, talvez até mesmo em um mundo paralelo.

Todas as histórias que Jenny imaginava estavam anotadas em seu pequeno diário de capa azul marinho, aquele que ela escondia entre os colchões. Geralmente Jenny narrava histórias confusas e as vezes sem pé nem cabeça, porém uma minoria delas poderiam se tornar ótimos livros. Mas era tudo escondido, ela não queria que os outros soubessem disso, ela achava que era fraca por escrever seus sentimentos, e não queria que os outros utilizassem suas fraquezas contra ela.

Jenny chegou em sua casa em um piscar de olhos, parecia que o tempo tinha passado bem mais rápido do que o normal. Assim que abriu a porta foi de encontro a cozinha a procura de algo para comer, pois estava morta de fome. Assim que entrou na cozinha, viu sua mãe com um olhar morto, parecia um fantasma, sua preocupação estava estampada em seu rosto.

–Jenny?

–Mãe? O que aconteceu?

–Nada querida, vá para seu quarto, eu estava conversando com sua mãe, e ela não está se sentindo muito bem, mais tarde conversamos.- disse Roberto.

Jenny tinha certeza que algo estava muito errado, mas não pensou muito nisso tinha muitas histórias em sua cabeça e logo foi escrever. Escreveu grande parte da noite pois estava sem sono graças aos remédios que ela tomava. Mas após algum tempo caiu no sono, com o lápis e seu diário ainda em mãos.

No dia seguinte ela teria um longo dia na escola, ou melhor, outro longo dia na escola. Mas dessa vez ela não foi "sozinha" levou seu diário junto, para escrever quando não estava fazendo nada, ou quando a aula estivesse muito entediante.

Um fato curioso de Jenny é que ela nunca relê suas histórias, ela acha que elas perderiam a magia da primeira vez. Mas ela adora fazer suas histórias, uma diferente da outra, e cada qual contada de uma nova forma, para ela era fascinante o fato de ser uma escritora, mas ela não queria que os outros soubessem disso, ela não podia deixar que descobrissem seus segredos.

Dessa vez Jenny estava escrevendo sobre uma terra distante da que conhecemos, em sua imaginação essa terra se chamava Lonya.