Do You Believe In Angels ? escrita por nxzero_fador


Capítulo 4
... Is you.


Notas iniciais do capítulo

FIM DA SEGUNDA PARTE :) Sejam felizes e...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/42427/chapter/4

[Demi]

 

Começamos a andar sem rumo pelo parque, mas a minha timidez era tanta que eu não sabia o que dizer. Pensei em perguntar o porquê de ele estar olhando para os lados sem parar, parecia que ele fugia de algo... Estranho.

 

- Joe, está tudo bem?

- Por quê? Tem algo de errado comigo?

- Talvez, você parece estar procurando algo, ou melhor... Se escondendo de algo

- Ah! Ta vendo aqueles caras ali? – ele apontou para uns homens que olhavam para nós – Talvez eles saibam quem sou eu...

 

Aquilo não fazia sentido. Tentei entender, mas mesmo assim não consegui. Ele deve ter percebido a minha cara de interrogação.

 

- Ahn...?

- Demi, você sabe quem sou eu?

 

Não respondi. É claro que eu não sabia quem era ele! Só havia conversado com Joe uma vez na vida. Mas, não era esse entender ao qual ele se referia.

 

- Acho que não...

- Demi... Eu e meus dois irmãos temos uma banda. Uma banda muuuito famosa e não podemos nem sair de casa que vem um monte de paparriz encher o nosso saco... – disse, enquanto olhava com desprezo para as câmeras.

 

Aquilo fazia muito sentido. Por isso, ele estava usando moletom, boné e óculos. Agora as coisas começavam a se encaixar como um quebra cabeça.

Nada respondi. Fiquei pensando naquilo que ele falara.

 

- Entendi agora. Desculpe-me pela demora. Eu tentava entender as coisas...

- Sem problema – disse ele, mostrando um sorriso para mim – Mas eu estou impressionado que você não sabia quem eu era.

- Eu não sou muito ligada em Internet e nem em televisão, deve ser por isso que eu sabia que você tinha uma banda.

 

Ele soltou uma risada que me deixou sem graça. Foi uma risada engraçada, boa de se ouvir. Suave.

 

- Mas é tão ruim assim ser famoso?

- Não, de jeito nenhum! Mas como em todas as coisas da vida, sempre há os dois lados da moeda, entende?

- Com certeza. Mas... Qual é o lado ruim?

- Esse – disse apontando com a cabeça para as câmeras.

- Ahn... Deve ser um preço alto a se pagar. Mas tenho certeza que com o tempo você vai se acostumar com isso. Senão não teria tantos artistas assim no mundo, certo?

- Claro! É um bom ângulo de visão.

- Então... Foi por isso que você ia se jogar naquela noite?

- Erg... Foi por isso e por mais coisas também. Nesse ramo existem tantas mentiras, tantas falsidades. Eu não posso confiar em ninguém.

- Mas você tem seus irmãos...

- Sim. Mas não é a mesma coisa. Quer dizer, enquanto você for famoso e estiver no topo, todas as pessoas são suas amigas e nunca vão te abandonar, mas se você cair, todas elas vão esquecer que você existe. E tudo isso foi se acumulando até que chegou um ponto onde meu copo transbordou...

- E você pensou em se jogar, hm.

- Isso. Demi, ninguém sabe disso. Nem meus irmãos sabem, e eu não sei por que, mas confio em você. Por favor, não conta para ninguém.

- Eu não faria uma coisa dessas, Joe.

- Muito obrigado. Mesmo.

 

Continuamos a andar sem rumo, sem dizer uma palavra sequer. Fiquei vendo minhas fotos até que ele perguntou:

 

- Fotográfa?

- Aham – balancei a cabeça – Mas pode ficar tranqüilo que eu não tiro foto de famosos

- Ufa! – ele riu – Posso ver?

- Claro! – dei minha câmera a coloquei as fotos para ele ver.

- Suas fotos são diferentes...

- Eu sei. As pessoas sempre dizem isso.

- Não, não! É diferente no sentido de interessante. Diferente como elogio.

- Você é a primeira pessoa que fala isso. Sério.

- Não acredito! Elas são tão... Intensas... Mas, é hobby?

- Hobby, trabalho, forma de se expressar...

- Você também tem dificuldades para se expressar?  

- Aham – assenti – Espera. Você também tem?

- Sim. Às vezes eu me expresso na música, mas não é a mesma coisa do que desabafar com alguém.

- Eu sei como é isso. Parece que temos algo em comum.

 

Ele só esboçou um sorriso em seus lábios.

Era estranho, mas eu sentia algo emanar de seu corpo. Era uma energia que me fazia bem.

Entretanto, mesmo ele sendo famoso e conhecido por todas as pessoas do mundo – todas, exceto eu – tinha algo que nos ligava.

Por exemplo, ele não era bom para se expressar como eu. Não tinha verdadeiros amigos como eu, e principalmente, precisava de ajuda, como eu.

Porque não ajuda-lo? Talvez esse fosse meu propósito. Eu tinha que ajuda-lo e gostaria muito de fazer isso.

 

Continuamos a andar e a conversar. Ele me contou mais sobre a sua vida, seus problemas, sua fama, suas histórias e, eu só ouvia e compartilhava o que tínhamos em comum.

E assim foi até que o parque havia acabado. Nem percebi o tempo passar, como sempre. Quando me dei conta estava exausta e acabamos por sentar de baixo de uma árvore.

Não havia uma pessoa no lugar, quanto menos nas proximidades. Eu já me sentia mais a vontade com ele e isso era recíproco. Então, sentamos um do lado do outro.

 

- Eu nem percebi como estava cansada – comentei.

- Digo o mesmo. Mas também, andamos o parque todo.

 

Fato. Eu nunca tinha andado aquele parque inteiro.

 

- Pois é, agora, graças a você, senhor Joseph, eu estou com uma tremenda dor na batata da perna!

- Então a culpa é minha agora?

- Com toda e absoluta certeza, hm. – concordei e apontei o dedo para ele.

 

Ele olhou assustado, ou pelo menos tentou fazer uma expressão incrédula, mas seu esforço foi em vão, já que eu comecei a rir da sua careta.

Já dado por derrotado, ele riu junto comigo e ficamos um bom tempo assim;

 

- Calma! Dá uns cinco minutos, porque minha barriga ta doendo demais – pedi.

- Agora eu também sou culpado pela sua dor na barriga?

- Na verdade, são suas caretas, mas pensando melhor, serve você mesmo – respondi, enquanto tentava, em vão, me recompor da crise de riso.

 

Ele voltou a fazer a mesma careta de antes, só que dessa vez, ele piorou-melhorou, o que me fez rir mais ainda.

 

- Ah droga! Eu não agüento mais rir!

- Sério? É bom saber disso então...

 

Porque, diabos, eu fui falar aquilo? Ele me olhou com um sorriso malicioso no rosto e, aos poucos, vinha se aproximando de mim. Eu, por instinto, só recuava para fugir do seu plano maligno.

 

- Agora eu to com medo dessa cara, Joseph – disse, e isso fez ele soltar uma risada maligna que me deixou com mais medo.

 

Cada vez mais ele vinha se aproximando e, consequentemente, eu ia me afastando, até que levantei e ele também fez o mesmo.

Fui para trás da arvore e ele ficou na frente. Para ser sincera, eu já sabia que não tinha como fugir daquele tamanho de homem, mas não tinha outra opção a não ser correr.

E foi o que eu fiz, mas minha tentativa de escapatória foi em vão. Ele era quase o dobro de mim, seus braços me cercaram pela cintura e fui presa por eles em questão de segundos.

Era injustiça. Eu já estava cansada da caminhada, minhas batatas doíam, e aquele perfume... Por Deus, isso era golpe baixo!

 

- AHÁ! Agora sim, você vai se cansar!

- AAII! SOCORRO! ISSO É INJUSTO!

 

Mais uma tentativa frustrada. Ele ignorou minha suplica e começou a me fazer cócegas na barriga. Eu tentava rir e respirar ao mesmo tempo, mas eram tantas sensações que eu sentia simultaneamente. O calor dele, o perfume, seus braços.

Eu era tão frágil, pequena e inútil. Ele poderia fazer o que quiser comigo e pelo jeito, ele tinha conhecimento sobre isso, já que não parava de fazer cócegas.

Minhas bochechas doíam, juntamente com a minha barriga. Eu batalhava de todas as maneiras, sair de seus braços, mas minha força não era nada em comparação com a sua.

Foi então que pensei em dar o troco. Já que ele está tão próximo de mim, porque não fazer o mesmo com ele? Logo, sem nem ao menos ele esperar, eu me virei ficando de frente à ele, entretanto não consegui dar o troco.

Paramos e começamos a nos entreolhar. Em nenhum momento ele soltou minha cintura, pelo contrário, ele me puxava para mais perto dele. Automaticamente, eu levei meus braços até a sua nuca.

Um frio subia pela minha espinha. Talvez eu estivesse preparada para o que fosse acontecer, talvez não. Eu não conseguia pensar em nada, já que aqueles olhos brilhantes e hipnotizantes me prendiam junto com aqueles lábios que me chamavam.

Nossas respirações ofegantes se encontravam, mas mesmo assim ele não se mostrava cansado, uma vez que aquele sorriso era onipresente em seu rosto. Era o mesmo que eu cobiçava desde primeiro momento em que eu o conheci.

Com uma mão em minha cintura e outra em minha nuca, ele chegava perto até que eu pude sentir seus lábios roçarem nos meus. Cerrei meus olhos, mas aquele sonho que estava vivendo fora exterminado por uma voz distante que aumentava gradativamente.

 

- Aham. – Nick pigarreou, com o objetivo de chamar nossa atenção.

 

Abri os olhos e abaixei a cabeça, encontrando um golden feliz abaixo de mim. Ele e sua inseparável bolinha vermelha. Esbocei um meio sorriso para Nick e voltei a abaixar a cabeça.

 

- Droga... – ouço Joe cochichar. Ele bagunça o cabelo com um movimento na cabeça e com a ajuda da mão. Agora eu estava solta, libertada.

 

Um calor crescia por mim. Com que cara eu ia olhar para os dois? Afastei-me de Joe.

 

- Bom Joe, agora eu tenho que ir. Esta tarde já...

- Tudo bem... Mas deixa que eu te leve até a sua casa. É o mínimo que eu posso fazer, não é Nick?

- Erg... É. Mas a culpa não é minha, é do Elvis.

- Aham, sei. Então me diz, como ele me chamou?

- Ele sentiu o cheiro de vocês, talvez. Sei lá! Pergunta pra ele!

- Hum, mas fique sabendo que você ainda não está livre do castigo.

- Joe, deixa ele. Ele não tem culpa que o cachorro dele é um super-farejador – disse.

 

Rimos. Nick nos explicou, enquanto íamos até o carro, que ele pediu para o motorista vir nos pegar, pois o parque havia enchido demais.

 

- Viu só Demi, o que eu tenho que agüentar todo santo dia? – disse Nick.

 

Apenas dei um riso baixo. Minha vergonha ainda falava mais alto que eu.

 

Logo na frente havia um carro grande, preto e alto. Era quase uma van de tão grande. Joe abriu a porta e me ajudou a entrar.

 

- Não precisa ficar envergonhada... – ele sussurrou ao meu pé do ouvido, me provocando arrepios, enquanto eu me ajeitava no banco de couro macio.

- É que... Sei lá... É estranho. Desculpa...

- Tudo bem, não precisa se desculpar – ele riu baixo – Agora, diga-me: onde você mora?

 

Rapidamente, expliquei para ele onde morava. De onde nós estávamos não era tão longe do meu prédio, então ficamos jogando conversa fora até que eu não percebi passar pelo edifício onde conheci Joseph. Ele me cutucou pelo braço e apontou para o prédio. Observei-o por alguns segundos e depois olhei para Joe, que sorria de forma doce e leve. Era um sorriso infantil, como de uma criança.

Mas, na minha cabeça, não via motivos para ele sorrir. Ele não tinha boas razões e nem lembranças daquele lugar, só que mesmo assim, ele fazia questão de estampar um sorriso naquela face quase esculpida de tanta perfeição.

 

- Ta, qual é a graça? – Nick interrompeu meus pensamentos e os de Joe com tal pergunta. Ele nos olhava e procurava nosso foco.

- Nada, Nick. Não é nada. É que eu me lembrei de uma coisa, não é Demi?

- Ahn? Claro. – disse.

- Vocês dois... Eu hen, não sei porque ainda insisto em entender o que passa na cabeça de vocês dois...

 

Rimos e sem nem ao menos perceber, o carro havia parado. Meu apartamento me esperava, mas não queria ir embora. Ficava me perguntando quando eu o veria novamente, quando ouviria sua voz de novo.

 

- Até amanhã, Demi. – Nick depositou um beijo em minha bochecha. Eu precisei de alguns segundos para entender sua pergunta.

- Amanhã...  No Starbucks... – lembrou-me.

- Ah ta! Então, até amanhã.

- Até mais, Joe... – me aproximei para despedi-me dele com um beijo na bochecha.

- Tchau, Demi. – mais próximo de mim, ele sussurrou algo em meus ouvidos – Amanhã você vai ter uma surpresa – isso me causou um arrepio que correu por todo meu corpo.

 

Pelo jeito ele adorava fazer isso comigo, já era a segunda vez que ele me causava essa sensação, e como sempre minha voz fugiu da minha garganta e eu só pude balançar a cabeça positivamente.

Ele precisava saber que eu odiava surpresas, apenas pelo simples fato que a minha mente não conseguia se concentrar em outra coisa a não ser na tal surpresa.

Que ótimo, uma noite em claro... Graças ao senhor Joseph.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mandem Reviews o/