Paranoia escrita por Yasmim Rosa


Capítulo 10
Love and Kiss


Notas iniciais do capítulo

Nos desculpe pela demora, mas vocês já sabem que o site estava em manutenção e tals, mas nem por isso deixamos de escrever, esse capitulo esta meio que... Dieletta, então pedimos que não nos matem depois disso.
Queremos agradecer a LeonettaJortini pela linda recomendação, esse capitulo vai para você.



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– O que está fazendo, Violetta? Estava tentando fugir? – Diego se aproximou mais da garota.

– Deixe-me, Diego! Não lhe quero perto! – gritou estressada. – Já disse que não quero falar com você!

– Não entendo, como foi capaz de sair do seu quarto novamente? – Ele se aproximou mais ainda, ignorando o comentário anterior da garota.

– Sai, Diego! Sai! – Ela estava completamente fora de si.

– Calma, Violetta, só quero te ajudar!

– Me ajudar? – Ela riu sarcástica. – Você só quer me ver louca, não é? Afinal, eu estou aqui por isso.

– Claro que não, você apenas precisa se tratar.

– Não importa, eu só quero sair daqui! – gritava enfurecida.

– Olha, vamos entrar. Vem, eu te levo pro quarto e conversamos. – O médico segurou seu braço.

– Me solta! Eu não quero que fique perto de mim! Saia! – Empurrou-o para longe, fazendo Diego quase cair.

– Você tem que voltar, Violetta! – Agora era ele quem estava furioso, havia perdido a paciência com a garota.

– Eu só saio daqui se o Lucas vier me buscar – disse decidida encarando o olhar ardente do Doutor.

– Ele está ocupado agora. – Bufou indignado com sua escolha, ela preferia o enfermeiro em vez do seu médico. – Venha comigo.

– Não! Já disse que só saio daqui se o Lucas vier.

– Violetta, qual é o problema, hein? Por que sempre escolhe o Lucas? Não confia em mim?

– Confio, é claro que confio – disse irônica. – Mas confio mais em Lucas.

– Pela décima vez: Lucas não pode vir, Violetta, ele está ocupado – respondeu impaciente e cansado. – Pensa que só existe você como paciente neste local? Lucas tem mais o que fazer do que ficar sempre ao seu lado.

– Pois então, tudo bem! Avise o Lucas para que, quando estiver livre, venha me buscar.

– Chega, Violetta, estou perdendo a paciência. O Lucas não vai poder...

– O que tem eu? – Lucas apareceu atrás do médico, que se assustou ao vê-lo ali.

– Lucas! – Violetta se levantou do gramado onde estava sentada e correu em sua direção.

Abraçou-o com toda a força possível, nessa hora a chuva já tinha cessado. Lucas deslizou as mãos pela sua cintura delacom carinho e lágrimas escorreram dos olhos da garota, molhando totalmente sua camisa.

– Eu? Que engraçado, Lucas. Será que não percebe que ela está fora de si? Está ficando pior do que antes, e isso é culpa sua! – gritou apontando para ele.

– Minha culpa?

– Sim, ela está assim porque você deve ter dado a dose errada dos medicamentos. Queria que ela ficasse ainda mais louca? Pois conseguiu. – Bufou e chegou mais perto. – Agora vá embora, eu cuido disso aqui a partir de agora. – Puxou Violetta pelo braço com brutalidade. – E não tente ir atrás dela.

Violetta se debateu em seus braços, mas nada adiantou. Lucas via a menina se distanciar cada vez mais, gritando e chorando, tentando se livrar de Diego, mas ela não conseguia, e ele não poderia fazer nada a não ser esperar pelo pior.

Diego empurrou Violetta para dentro do carro, logo entrou e o ligou. A garota chorava ainda mais. Fizeram o contorno e saíram do manicômio.

– Para onde está me levando, seu idiota? – gritou com raiva.

– Para longe daqui. Lucas apenas te faz mal, Violetta, e você não está aqui para se relacionar com esse enfermeiro de quinta categoria. – Bateu com força no voante.

– Quinta categoria? Quem você pensa que é? Acha que pode julgar todos? Você nem o conhece a ponto de saber da vida dele, e creio que nunca vai querer saber. Agora, me leve de volta, eu não quero ficar perto de você.

– Você não queria sair de lá? Pois é isso que estamos fazendo, desejo concedido.

Violetta bufou cansada e indignada. De braços cruzados e cara emburrada, observava pelo vidro do carro a movimentação das pessoas lá fora. O manicômio ficava um pouco afastado do centro de Buenos Aires, em meio a uma reserva florestal na cidade.

O céu ainda permanecia nublado por conta da chuva que havia caído minutos atrás com a forte ventania. Dentro do veículo, mesmo de vidros fechados, Violetta tremia de frio. Estava apenas com seu vestido de mangas curtas. Ela não tinha percebido o frio que fazia quando tomou a decisão de fugir, estava tão eufórica e desesperada para sair daquele local que nem se preocupou.

E foi só então, quando já se encontrava dentro do carro com Diego ao seu lado, que percebeu a grande besteira que fez tentando fugir do manicômio. Claro que ela nunca conseguiria sair de lá daquela maneira, pois quando identificassem a falta da sua presença, seu pai seria o primeiro a ficar sabendo. E como ela o conhecia muito bem, sabia que Germán era capaz de fazer até mesmo a Terceira Guerra Mundial acontecer só para achar sua filha e isso não seria nada bom.

Ainda se sentia mal pelo ocorrido mais cedo. Aquela “pequena” discussão entre seu médico e seu enfermeiro havia sido pior do que pensara, não gostava de saber que por sua culpa eles estavam brigando. E o pior era que Violetta ainda não entendia a rivalidade que ocorria entre eles, isso já vinha do passado e ela tinha sido apenas mais um motivo para a briga.

– Olha, Violetta, eu não quero ficar brigado com você. – Começou a falar tirando a garota dos seus devaneios. – Não quero que pense errado ao meu respeito. Você não teve culpa pelo que aconteceu.

– Eu não gostei da forma como me tratou, não sou uma “coisa” para me tratar assim. – Ela ainda estava chateada pela atitude do médico.

– Eu sei, peço desculpas por isso... – Sua voz saiu abafada, Diego debruçou-se sobre o volante. – É que... o Lucas, ele me deixa nervoso e me tira do sério, então eu acabo me descontrolando.

– O Lucas? Mas o que ele te fez? – indagou. – Eu não entendo o por quê de tanta rivalidade entre você dois.

– Violetta, o Lucas e eu não nos damos bem desde o começo, quando ele entrou. Nossas discussões são praticamente diárias, você não precisa se preocupar com isso. – Seu olhar era fixo na garota.

– Mas por quê? Qual o motivo para odiá-lo tanto? – Violetta desviou seu olhar para fora novamente, sentia-se incômoda com o Doutor a observando daquela maneira.

– Isso não vem ao caso agora! – disse voltando a atenção paraa estrada– Bom, chegamos! – Um sorriso surgiu em seu rosto.

– Onde estamos? – perguntou enquanto Diego abria a porta do passageiro para que ela pudesse sair.

– Em um parque perto do centro de Buenos Aires.

– É... lindo. – Violetta estava deslumbrada.

– Passei grande parte da minha infância aqui. – Diego também parecia estar conectado ao lugar.

Violetta, que até então caminhava ao seu lado, parou por um instante, pensando na infância de Diego. Como ele havia sido? Será que ele tinha sido uma criança feliz? Ela não conseguia imaginar seu médico quando criança.

Violetta ainda tremia por conta do frio, mas não deixou que a abalasse. O Doutor, percebendo isso, tirou o casaco e colocou-o sobre seus ombros. Ela apenas sorriu retribuindo. Sentaram-se em um banco de madeira em frente ao lago. As folhagens das árvores eram coloridas e isso contribuía com a bela paisagem; o canto dos pássaros era calmo e várias espécies de flores rodeavam o local.

– Diego, você teve uma infância feliz? – Violetta atreveu-se a perguntar, fazendo Diego a encarar.

– Pra falar a verdade... não! – disse frio. – Digamos que eu fui meio que obrigado a ser quem sou hoje.

– Como assim?

– Meu pai, Cristiano Fouver, sempre teve uma obsessão pela psiquiatria. Com 25 anos, ele se formou e, como meu avô não o apoiava nessa decisão, resolveu fundar o seu próprio manicômio. Meu pai dedicou a vida inteira àquele local e então acabou conhecendo minha mãe. – Ela percebeu que os olhos de Diego estavam marejados. – Foi quando descobriram que ela estava grávida e que, junto a isso, tinha uma doença grave.

– Diego, não precisa cont... – Ele a interrompeu.

– Durante o parto, ela sofreu uma hemorragia que veio causar o seu falecimento. – Diego fechou os olhos com força fazendo as lágrimas presas rolarem em seu rosto. – O pior é que eu nem conheci minha mãe e nem o meu pai. Ele não me quis, rejeitou-me desde o primeiro instante, pois dizia que eu era a causa da morte de sua amada. – Ele não aguentou e começou a chorar. – Meu pai morreu no mesmo ano, ele acreditava que minha mãe ainda estava viva e isso acabou deixando-o louco. Acabei sendo criado por uma tia e, com a morte do meu pai, herdei aquele lugar.

– Então, quer dizer que você é dono do manicômio?

– Sim, mas não gosto que me tratem como o dono e, sim, como mais um médico.

– Entendo. Deve ter sido muito bom trabalhar ali desde o início, não é?

– Não! Eu não trabalhei ali desde o início. – Virou-se para a garota. – Quando me formei, fui trabalhar em um manicômio judiciário. Não gostava de entrar no Shodol Fouver, mas acabei sendo demitido e obrigado a trabalhar lá.

– Ah, deve ter orgulho de saber que seu pai o fundou?

– Orgulho? – Riu sarcástico. – Eu tenho é nojo. Dou graças por nunca ter conhecido meu pai, não gostava dele. Meu dever é dirigir aquele manicômio como meu! Meu pai o condenou com a má fama e eu tenho a honra de contradizer isso.

Violetta, mesmo assustada, continuou quieta apenas esperando que ele continuasse.

– Olha, Violetta, peço desculpas. Fico aí te enchendo sobre a minha vida. Sei que é chato. – Sorriu para ela. – Mas sinto que contigo eu posso desabafar qualquer coisa, tenho uma grande confiança em você.

– Tudo bem, Diego, não está me enchendo. Gosto de ouvir as pessoas e às vezes é bom desabafar. – Sorriu em troca e o abraçou.

Então, pela primeira vez, sentiu-se segura nos braços do Doutor. Acabou percebendo que, agora, aquilo que apenas Lucas podia lhe proporcionar, Diego também podia.

Assim como todas as outras pessoas no mundo, Diego também tinha seus sentimentos, também sofria, também tinhas os seus problemas. E Violetta o havia julgado antes mesmo de conhecê-lo. Agora ela entendia por que ele era daquele jeito, arrogante e às vezes grosso. Era o seu jeito; o jeito que deixava Violetta cada vez mais intrigada e encantada.

Permaneceram em silêncio ainda abraçados, Diego parecia estar confortável ao seu lado e ela também. Por um instante, Violetta esqueceu todos os seus problemas. Esqueceu Léon, seus amigos, sua família e Lucas. Pensou que estar internada naquele manicômio não fosse uma coisa tão ruim assim, talvez fosse até bom.

– Sabe, nunca pensei que poderia ter uma relação assim com um paciente. – Diego, então, se soltou dos braços da menina e voltou a observá-la. – Você é diferente, é especial.

– Eu só não sou louca. – Riu fraco.

– Sei que não é. – Acariciou o rosto da jovem. – Não sei se é o certo, mas... tenho uma coisa muito importante para lhe dizer.

– Importante? Diga. O que é?

Diego sorriu de lado e olhou diretamente dentro dos olhos da menina. Eles brilhavam como dois diamantes negros, era encantador. Ela sorria também encantada, mas com certa desconfiança. Foi quando ele aproximou seus rostos.

– Quando te vejo, algo me diz que você é especial – disse quase roçando seus lábios ao dela.

Num impulso desconhecido, Violetta tomou atitude e o beijou. Seus lábios se moviam em uma perfeita sincronia, o beijo de Diego se igualava ao de Léon, mas foi inevitável a imagem de Léon vir à sua cabeça no mesmo instante.


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Notas finais do capítulo

Somos dignas de reviews???



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