– Casar? Juliett, estamos no meio da Segunda Guerra Mundial, talvez nós nem acordemos vivas amanhã e você está triste por não casar? Por Deus criança, se vivermos para ver o fim desse horror você pode casar até com os seus livros

– Não seria uma má ideia - disse Juliett, rabugenta

. -Vá cuidar de seus irmãos e me traga o rádio, não quero que vocês sejam bombardeados.E ai de você se eu te pegar lendo na varanda de novo, quero você aqui dentro, me ajudando e fazendo algo que preste e não lendo esses livros inúteis.

– Eles não são inúteis mãe.

– Me diga isso quando eles acabarem com a guerra.Agora ande, ande, saia da minha frente porque hoje eu não estou com cabeça para discutir com você, os Johnsons ouviram rumores sobre um ataque no fim da semana.

– Mãe, os Johnsons sempre ouvem rumores sobre ataques.

– ANDE LOGO JULIETT

Juliett saiu prontamente pois seu irmão menor começara a chorar, as coisas começaram a ficar mais difíceis desde que a babá de Luke foi levada para os campos de concentração, agora ela cuidava de tudo sozinha.

Juliett não tinha absolutamente nada a ver com sua família, era morena, olhos escuros e cabelo ralo.Sua pela era escura e ela era muito alta, e com frequência ela era ridicularizada pelos vizinhos, principalmente pelos Johnsons, que tinham um filho extraordinariamente irritante.

O pai de Juliett era judeu e sumiu um mês depois que ela nasceu, além de ser judeu ele também era comunista, uma coisa que sua mãe nunca explicara direito.

Já o resto de sua família era completamente ''normal'', seu padrasto fazia parte do partido nazista.Sua mãe e seu irmão eram ''um padrão alemão'' olhos claros, cabelos loiros, pele clara.

Mesmo perdida em seus pensamentos ela foi até o quarto do irmão e o ninou até que ele caísse no sono e aproveitou o intervalo de tempo em que sua mãe ainda estava muito focada no rádio para ir ler no telhado.Os livros eram tudo que ela tinha, depois que a guerra começou sua mãe havia sumido com todos os seus livros e apenas dois conseguiram ser escondidos por Juliett : Romeu e Julieta e O Morro dos Ventos Uivantes.

Ela subiu por um pequeno buraco no forro e se ajeitou entre algumas telhas,pegou o livro e começou a ler, depois de alguns momentos ela estava tão animada que começou a ler em voz alta:

–Aqui, fixar quero meu eterno repouso,
e desta carne lassa do mundo sacudir o jugo das estrelas funestas.
Olhos, vê-de mais uma vez.

–Braços, permiti-vos o último abraço.
E lábios,vós que sois a porta do hálito com um beijo legítimo selai este contrato com a morte exorbitante.- Completou uma voz irritantante e conhecida.