A Carta E O Soldado escrita por Aniaht


Capítulo 2
Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora e ainda teve essa migração do Nyah, mas finalmente terminei e consegui postar ^^

(--------) => Mudança de ponto de vista
(***) => Mudança de tempo.
Boa leitura



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Já fazem quase dois meses sem notícia alguma dos soldados, os jornais só falam a situação superficial da guerra e então pararam de anunciar os nomes dos mortos e desaparecidos, só não sei definir se isso foi bom, por que agora temos que ir até os hospitais para identificar os inúmeros corpos que são levados para lá. Eu já não sei mais o que dizer para Tenten ou para mim mesma.

Há duas semanas estamos indo nos hospitais para analisar os corpos e até agora nada, graças a Deus, hoje será a terceira visita. Geralmente vamos sozinhas, mas agregamos mais uma nessa terrível busca, Temari perguntou se poderia ir conosco, então agora somos três.

–- Obrigada, por me deixarem vir com vocês. – disse Temari ao meu lado.

–- De nada, sabe, é como dizem melhor serem três do que duas. – disse Tenten querendo nos animar – E é sempre bom ter mais uma mão pra segurar.

–- Com certeza. – disse abraçando Temari.

Os hospitais eram praticamente iguais, sempre cheios de pessoas, poucos médicos e muita tristeza, nos conduziram para a ala em que os corpos eram colocados. O cheiro era insuportável só entrei devido a insistência da Tenten, por que o lugar era horrível tinha corpos para todos lados cada um pior que o outro.

–- Relaxa, isso vai rápido não é? Eles não estão aqui. – disse Tenten descrente.

Começamos pela esquerda e a cada corpo que analisamos era um suspiro aliviado por saber que eles não eram eles. Temari seguiu pela direita e pelas expressões dela nada também. Continuei andando evitando olhar para os corpos desnecessários quando topei com Tenten, ela estava completamente paralisada.

–- Anda Tenten, ainda tem muito corpo pra gente olhar. – tentei empurra-la, mas ela agarrou minha mão foi então que eu percebi ela estava tremendo e entre os soluços eu escutava lamentações.

Segurei Tenten para que ela não caísse foi então que eu vi o corpo, quase irreconhecível a não ser pela tatuagem na testa. Minha boca ficou seca, aquele era o meu primo. Neji estava morto e de repente estava as duas no chão chorando. Eu podia ouvir os gritos da Temari vindos do outro lado da sala.

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Minha mente ainda não conseguiu entender o que aconteceu. Estávamos todos dentro do forte, o ataque estava indo bem, porém no curto período em que eu entrei na torre de vigilância e voltei, meus companheiros haviam sido mortos por uma pessoa que eu sempre estimei, mas que não hesitou em atirar em mim.

Eu vi meu melhor amigo, Sasuke, matar nossos colegas de infância e por pouco não me matar. Graças a Shikamaru ainda estou vivo, em uma situação precária, mas vivo, quando ele soube da verdade ficou indignado e tivemos que abandonar nosso posto por precaução e desde então estamos vivendo em situações extremas, sem comida, pouca água, muito feridos, porém a raiva da traição nos motivava a continuar, mesmo sem saber para onde ir.

Todavia conseguimos achar um lugar com boas condições para nos alojar e finalmente tivemos tempo para cuidar de nossos ferimentos.

–- Ei, como você esta? – disse Shikamaru se aproximando.

–- Bem. – respondi com dificuldade, ele analisou meu ferimento.

–- A gente tem que fechar isso. – disse preocupado, apalpando seu colete em busca de algo – Merda! A linha ficou no acampamento, vamos ter que fechar de outra maneira. Vai doer, mas você vai ter que aguentar. – ele colocou a adaga no fogo – Preparado?

Antes que eu pudesse responder, ele pressionou a lâmina quente contra o corte. Que dor desgraçada, mas o filho da mãe conseguiu cicatrizar o ferimento.

–- Que puta dor. – arfei e ele riu.

–- Pelo menos você esta vivo. – deu tapa no meu ombro – Agora eu preciso ver como os outros estão. – Shikamaru se levantou e foi embora.

Com dificuldade coloquei a mão sobre o bolso que guardava a carta. As vezes precisava fazer isso para lembrar que havia outra realidade, um lugar para voltar supondo que eu consiga voltar.

Ao cair da noite interceptamos uma caminhonete inimiga e assim conseguimos mantimentos, com o passar do tempo descobrimos que estávamos no meio da rota de abastecimento deles, eis a nossa oportunidade e pelo olhar do nosso capitão com toda certeza ele já tinha um plano em mente.

–- Homens, se preparem por que a gente vai acabar com esses desgraçados. – disse triunfante.

Nas semanas que se seguiram nos focamos no plano, este não era tão complicado, mas de certa forma trabalhoso e totalmente de pendente dos detalhes. Iríamos nos separar em dois grupos, um que iria invadir o QG deles e o outro que iria informar o nosso quartel sobre nossa localização e o nosso plano. Já era de se esperar que eu fosse com o grupo da invasão, queria respostas e Sasuke as daria querendo ou não.

Nós deixamos nossos inimigos por vários dias sem mantimento e como suposto eles estavam fracos o que os deixou em total desvantagem mesmo que ainda possuíssem maior número de soldados. A estrutura do QG deles era semelhante ao do forte que havíamos tomado anteriormente, mais uma vantagem, não posso dizer ao certo quantos homens matei, porém desses não tive remorso de apertar o gatilho.

Atingiram-me na perna dificultando minha busca, Sasuke que não estava em nenhum canto, eles tinham pedido reforços que em pouco tempo chegaria e esse ataque seria apenas mais uma tentativa falha, porém pelo menos agora sabíamos suas fraquezas e com certeza o rumo da guerra mudaria.Já não me importo em morrer, só quero minhas respostas e as achei sendo espancada pelo meu capitão.

–- Para Shikamaru! – gritei.

–- Não, esse miserável vai morrer. – continuou socando Sasuke.

–- Ele deve ser levado para o quartel e ser julgado. – fui me aproximando – Lá ele pagará pelo o que fez.

–- Ele vai pagar pelo que fez, mas aqui. – Shikamaru não parou, então apontei-lhe a arma e então ele paralisou.

–- Esse não é você Shikamaru, você sabe o que é certo a se fazer e ele pode nos dar informações. – Sasuke começou a rir.

–- Um tolo ensinando o sábio. – disse Sasuke com dificuldade, cuspindo sangue – Essa é nova, mas era melhor você ter me matado, por que agora todos vamos morrer. – ele retirou o pino da granada e o mundo ficou pesado demais.

Sonhei com coisas estranhas, na verdade com pessoas estranhas. Dizem que sou vida passa diante de seus olhos se isso fosse verdade, essa é uma parte da minha vida que eu não me lembro, era um casal e pareciam felizes, eu acho que eles sorriam pra mim como se estivessem me esperando e eu fui, mas algo não deixou com que me aproximasse.

–- Ainda não é a hora querido. – disse a mulher e então eu abri os olhos.

Respirei fundo, é bom não sentir um peso esmagador em cima de você entretanto a dor ao ter se mover é excrucidante.

–- Se eu fosse você ficava quieto. – disse Shikamaru na cama ao meu lado.

–- Eu não posso, sou imperativo. – sorrimos – Onde estamos?

–- A um passo para voltar pra casa, a gente conseguiu. O segundo grupo conseguiu chegar a tempo no quartel e por algum milagre fomos resgatados. – disse Shikamaru feliz.

–- E o resto da tropa? – tentei sentar, mas a dor não permitiu.

–- Os ferimentos deles não foram tão graves, de vez enquando alguns vêm aqui e se você não ficar quieto não vai melhorar tão cedo.

–- E o Sasuke? – ele fez uma cara de nojo quando disse isso.

–- Espero que tenha morrido soterrado. – não consegui desfaçar meu descontentamento – Esquece esse traidor, pense em melhorar, melhor ainda pense em casa.

Casa... Esse era um ótimo pensamento e automaticamente coloquei a mão sobre onde deveria estar o bolso com a carta, porém ela não estava lá, me desesperei.

–- Relaxa, eles guardaram os objetos pessoais, queriam jogar sua carta fora, mas eu não deixei. – disse Shikamaru.

–- Obrigada.

–- De nada. Me desculpe, mas a muito tempo eu não desfruto do luxo de dormir. – ele suspirou – Ter isso de volta é ótimo. – bocejou, pouco tempo depois ele adormeceu, esse sim era Shikamaru.

Era ótimo voltar a me sentir em segurança, poder dormir sem me preocupar com o próximo tiroteio e é claro me dar o luxo de pensar em casa, pensar em Hinata. Cada momento de sossego só ela me vem a mente e agora com o iminente reencontro não sei o que fazer, sinto uma insegurança terrível por pensar nisso, depois de tanta asneira que contei a ela, eu não ficaria surpreso se ela não falasse comigo, mas não quero que o faço.

No período em que fiquei de recuperação, muitos de meus companheiros de guerra vieram me visitar, foi ótimo revê-los e também foi ótimo conseguir me sentar sem sentir tanta dor entretanto a melhor coisa que aconteceu foi a correspondência ser reativada ou então eles só entregaram as que não haviam sido entregadas, eu só sei que foi maravilhoso rever a letra dela.

Shikamaru também não escondia a felicidade de ter cartas.

–- Ai meu Deus. – disse ele tapando a boca surpreso e começou a rir – Eu não acredito. – continuou rindo – Eu amo essa mulher.

–- O que aconteceu capitão? – perguntou um dos homens.

–- Senhores, eu vou ser pai. –demorou um tempo até nós conseguíssemos digerir a novidade e então começou o alvoroço, nunca vi Shikamaru sorrir tanto – Ou talvez já sou pai, não sei quando ela enviou essa carta.

Todos saudavam o mais novo pai do batalhão três, porém eu não puder resistir a ler as minhas. Algumas estavam bem amassas outras manchadas, eu não sabia qual abrir primeiro, a muito tempo não me sentia tão feliz assim, então eu abrir a primeira, havia um texto curto apenas:

“ Por favor, me diz que você está aí. Por favor me diga, me responda.Eu preciso saber”

Muitas cartas tinham o mesmo texto, até chegar a última.

“Por favor! Por favor, me diz que você está vivo, eu preciso saber.Por favor arranje um meio de me mostrar que você está bem, depois da morte de Neji eu não suportaria te perder. Estou tentando de todas as formas acreditar que você está bem e que apenas não pode me responder agora, mas não é o que as circunstâncias dizem.Eu só preciso de um sinal, eu não quero perder outro homem que eu amo.”

Essa carta me acertou em cheio, ela me ama, me ama e acha que eu estou morto. Ela... Hinata me ama, Hinata Hyuuga me ama... me ama e... mas acha que estou morto.

–- Ela me ama. – sussurei, então observei a algazarra do quarto – Elas pensam que estamos mortos. – eles não deram atenção, então gritei – ELAS PESSAM QUE ESTAMOS MORTOS! – eles pararam.

–- Como assim? – perguntou Shikamaru, eu estendi a carta, ele leu rápido – Porcaria. – disse com raiva, apertou um botão freneticamente – Cada essa enfermeira? – continuou apertando o botão impaciente – Esquece. – quebrou o botão e foi em direção a saída, mas o impediram de sair.

–- Relaxa capitão, com certeza eles devem ter anunciado que estamos vivos e o senhor não está em condições de sair. – falou alguém.

–- Vocês não entendem, ela precisa de mim. Gaara está morto, não faço a mínima ideia de onde o Kankuro está e eu estou supostamente morto. Saiam da minha frente. – disse relutante – SAIAM!

Ignorei as minhas dores, queria anunciar que estava vivo tanto quanto Shikamaru, ninguém ia impedir isso. Pulei da minha cama e afastei os meninos que nos impediam, corremos até encontrar um oficial, pedimos informação e que avisassem que estávamos vivos aos nossos familiares, ele apenas respondeu:

–- Eu não tenho autoridade para isso, só o marechal pode permitir tais ações.

–- Onde ele está major? – perguntou Shikamaru.

–- Conversando com um companheiro de vocês. – respondeu o major.

–- Desculpe, mas que companheiro senhor? – perguntei.

–- Uchiha... Uchiha Sasuke. – Shikamaru e eu nos entreolhamos.

–- Senhor, Sasuke foi o motivo de nossas derrotas, ele é um traidor e o marechal corre perigo. Onde ele está? – perguntou Shikamaru.

–- Sigam-me. – e o major nos guiou.

Chegamos a tempo de ver o marechal vivo, Sasuke apontava uma arma para o oficial, até parecia desapontado em nos ver.

–- Vocês nunca morrem, não é? – perguntou – Mas como sempre, vocês chegaram tarde. O marechal vai morrer.

–- Garoto, a guerra está prestes a acabar e a morte do marechal não vai mudar isso. – disse o major.

–- Guerra? – zombou – Não dou a mínima para essa estúpida guerra, tudo que eu queria está aqui, não é irmãozinho. – colocou o revolver na testa do marechal e apertou o gatilho, o major avançou até ele, mas teve o mesmo destino que o marechal – Finalmente vingança e agora vocês. – apontou a arma para nós.

–- Por que Sasuke? – perguntei.

–- Naruto, você é sempre tão ingênuo que me dá raiva, mas primeiro eu vou matar esse infeliz. – apontou para Shikamaru – Minhas costelas ainda doem, seu filha da mãe.

–- Vai pro inferno Sasuke. – retrucou Shikamaru.

Eu não podia deixar Sasuke matar mais um, principalmente Shikamaru que agora era pai. Fui para frente da mira da arma, pode sentir a bala me perfurar, mas peguei a arma dele.

–- Chega Sasuke.

–- Ou você vai me matar, Naruto? Será que vai conseguir conviver com isso pra sempre?

A arma estava mais pesada que o normal e eu mal conseguia ficar de pé ou escutar o que ele falava, mas a verdade era não iria conseguir conviver com esse peso, minhas pernas cambalearam e eu fiquei de joelhos, tudo ficou zonzo.

–- Ele não, mas eu com certeza vou ficar muito feliz em fazer isso. – Shikamaru pegou a arma, o corpo de Sasuke caiu em minha frente, não consegui mais me manter erguido – Seu idiota. – ele começou a analisar meu ferimento, não consegui ver direito sua expressão.

–- Você pode... fazer um favor ... pra mim?

–- Cala a boca, não está tão ruim assim. – Shikamaru tentou me confortar, mas eu podia ver a incerteza em seus olhos – Você não vai morrer.

–- Por favor... você pode... para Hinata... eu...

Tudo ficou escuro.

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Eu não sei mais o que fazer, ninguém tem informações sobre os desaparecido na guerra ou qualquer coisa sobre a guerra, depois do funeral de Neji tudo mudou, falhei com meu primo não consigo cuidar de Tenten, eu mal estou conseguindo cuidar de mim. Não consigo parar de pensar em onde Naruto pode estar, se ele continua perdido nas próprias ideias sombrias, se ele esta morto ou ferido e sozinho. Perdi as contas de quantas cartas escrevi e nada.

Eu vi o que a morte do homem que você ama pode fazer com uma mulher, Tenten ficou muito abalada, eu não quero passar por isso, mas não há nada que eu possa fazer a não ser chorar e isso é tão frustante.

Toc toc.

–- Hanabi vai embora. – mas mesmo assim ela entrou.

–- Como eu não sou a Hanabi, eu estou entrando. – disse Tenten.

–- Tenten. – meus olhos se encheram de água – Me desculpa, eu... eu... – ela me abraçou.

–- Eu sei e sinceramente eu agradeço o tempo que você me deu, odeio aquele monte de pessoas ao me redor dizendo que sentem muito, que ele morreu com honra e até que o estado vai auxiliar a família. Eu não quero honras, auxílio ou pedido de desculpas, eu quero ele aqui e isso ninguém pode fazer.

–- Se eu pudesse, faria.

–- Eu sei. – Tenten sorriu – Você é uma das únicas que me entendem e por isso você tem que sair desse quarto.

–- Você tem saido muito? – perguntei ironica.

–- Depende de como você define “sair”. – sorrimos – Tenho passado um tempo com a Temari e ela me disse que você não estava saindo do quarto.

–- Você tem passado um tempo com a Temari? – perguntei com ciúmes.

–- Para. É que vir até aqui... é mais difícil que ficar em casa. – Tenten confessou – E eu não sei se você sabe, mas ela está grávida, foi bom ocupar a mente com outras coisas.

–- Entendo.

–- E foi devido a ela que eu tenho novidades. – ela pegou minhas mãos – Os soldados estam voltando para casa.

–- Naruto? – perguntei esperançosa.

–- Ela não sabe quem está voltando, porém eles estam voltando. – ela arqueou a sobrancelha – Vai tomar um banho que você tá fedendo.

–- Idiota. – retruquei, mas o fiz.

***

Sinceramente eu não devia ter escutado Tenten e se ele não estivesse lá, não quero que as pessoas me olhem com pena, já basta ser a prima do soldado morto, não quero ser a pobre garotinha apaixonada pelo garoto que nunca a reparou até a morte dele., céus, isso não.

–- Eu não vou mais Tenten.

–- Até parece, você vai sim. – retrucou Tenten – As pessoas já começaram a ir, é melhor você deixar de drama.

–- Eu que estou com drama? – ironizei – Você também não vai.

–- Eu tenho motivos mais sérios, odeio todos me prestando respeito, honras.- Tenten começou a ficar com raiva - Não quero honras, ou que me digam que ele morreu para o bem do país. Que o se exploda o país, eu não quero honras ou tratamento especial, eu quero ele bem aqui comigo e nada que eles falarem vai trazê-lo de volta. – ela suspirou – Me desculpa, não deveria descontar em você.

–- Está tudo bem.- a abracei – Eu entendo ou vou fazer o melhor pra entender.

–- Então, sem dramas. Sai logo daqui. – Tenten me empurrou pra fora – Boa sorte.

Fui convencida a sair por uma viúva que passa o dia inteiro em casa, mas de qualquer forma eu precisava descobrir se ele ainda está vivo e parar com essa tortura.

O centro estava cheio, a esperança e alegria estava estampada nos rostos de cada pessoa ali presente, mesmo que muitos não voltassem esse era o fim da guerra. Sem mais bombardeios, sem mais preocupações, agora só aquela boa e antiga paz e tranquilidade que Konoha estava acostumada.

A corneta soou.

Meus batimentos se misturaram com o barulho das marchas, eu já não sei qual está mais alto, a multidão enlouqueceu e a algazarra começou. A medida que os soldados eram reconhecidos seus amigos e familiares iam ao seu encontro dificultando a visão das outras pessoas, não os culpo por querer saciar a saudade, eu faria a mesma coisa se tivesse a oportunidade.

O tempo foi passando e nenhum sinal dele, todos os soldados já haviam chegado, mas eu ainda olhava para o portão esperando que um loiro passasse por lá. Podia sentir as lágrimas se formarem e uma terrível dor em meu peito, minhas pernas não ajudavam em nada mal consegui chegar em um banco, o máximo que consegui foi me encostar em uma pilastra.

As lágrimas finalmente saíram, foi como voltar aquele saguão em que vi meu primo morto, não havia volta e todos aqueles arrependimentos de tantas oportunidades perdidas me atormentavam, eu mal conseguia respirar. Ele se foi, mais um. Então alguém me chamou, já não bastava os arrependimentos agora a voz dele também me atormentaria.

–- HINATA! – continuou, tapei os ouvidos com as mãos, mas a voz era insistente.

–- É só uma ilusão, um truque da sua mente. – disse a mim mesma, porém quando abrir os olhos entre a multidão eu podia ver uma cabeleira loira.

Confesso que não fui muito educada com as pessoas que estava na minha frente, porém que se dane, essa é a minha vez de sair correndo atras do meu soldado. Ai meu Deus, eu quase cai ao vê-lo a poucos metros de distância e quando ele me olhou mais nada era importante, dane-se as pessoas, dane-se o medo, dane-se pudor e dane-se a timidez. Fui o mais rápido que pude ao seu encontro e dei-lhe o beijo que sempre sonhei dar-lhe.

–- Me desculpa, eu não consegui responder suas cartas. – disse ele limpando meu rosto das lágrimas.

–- N-não tem p-problema. – maldita gagueira,respirei fundo – Você está aqui agora

–- Mas eu queria responder. – ele pegou a medalha em seu peito – Para poder dizer que eu não estaria aqui se não fosse você, você me salvou e assim eu pude salvar outros e ganhar essa medalha, mas ela não me pertence. – ele colocou a medalha no meu vestido – Obrigada.

–- Eu só fiz o que qualquer um teria feito.

–- Não mesmo. – ele sorriu, céus! Como era lindo ver aquele sorriso de novo – Você não é qualquer um, você é a garota que eu amo. – ele me beijou, o segundo melhor beijo da minha vida, eu não podia acreditar, Naruto me amava, ele deve ter me achado uma boba, mas eu não podia parar de rir.

A vida é uma jornada imprevisível com apenas o destino certo e o que nós fazemos até chegarmos lá é o que a faz valer a pena. Porém o mais intrigante é a forma que as coisas se alinham, como uma carta que salvou a vida um soldado o qual teve sua influência para o fim da guerra, mas agora olhando para o homem que amo agradeço por essa coincidência.

A carta e o Soldado


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem ^^
Espero que tenham gostado.



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