Número 32 - Porque Nunca É Tarde Para Descobrir escrita por AmanteSolitária


Capítulo 8
Nunca.


Notas iniciais do capítulo

espero que aproveitem pessoal.
Próximo cap dia 21/12



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“Nós nos conhecemos há muito tempo, P. E eu te amo, mas tem coisas que eu não consigo suportar- como te perder.”

Assim que fechei o computador entrei aos prantos. Não comi e não saí de casa por uma semana. Sim, os sermões eram constantes, mas eu não ligava.

Chegou o momento que eu tive que continuar a minha vida, não importa o quão confuso ela possa ser.

Um dia simplesmente surgiu em minha escrivaninha um colar igual aqueles de guerra com meu nome, data de nascimento, um símbolo e o número 32 gravados e um bilhete escrito apenas “use, não tire.”

Eu era algo que eu mesma não conhecia, isso era assustador. Eu não sabia o que era capaz de fazer, mas sabia do que outros iguais a mim eram... Pelo menos os que eu conhecia.

Era estranho ter um carro preto passando na frente da minha casa pelo menos umas dez vezes por dia. Era triste ser impedida de falar com Pedro, era solitário. Era amedrontador ter alguma substancia no meu corpo que eu não sei o que é.

Comecei a me revoltar com o mundo. Não me importava com a escola, pois sabia que não me daria mal; Não conversava com a minha mãe, por medo de falar algo que não devia ou sofrer ainda mais se fizessem algo comigo; Não conversava com ninguém pensando em como driblar essa vigilância constante e falar com Pedro sobre a garota; Não entrava na internet com medo de estarem de olho em tudo que eu faço... Não fazia nada além de voltas no parque e ficar no meu quarto olhando para o teto.

Numa das tardes em que estava no parque vi um garoto um pouco distante de óculos escuros me encarando. Eu sorri de canto e ele se aproximou devagar sentando-se do meu lado. Ele olhou para o meu pescoço e sorriu:

–Desculpa ficar te olhando assim, é que você é muito linda e muito perfeita pra não ser vista.

–Eu não sou perfeita, eu não quero ser perfeita... A perfeição é um lixo.

–Procuro gente que pensa como você há muito tempo. A perfeição não existe.

–A perfeição é uma imperfeição, a maior de todas. – Disse olhando dois meninos brincando de pega.

–Concordo – Sorriu. – A perfeição não deveria existir. Bom, ela não existe – Ri pelas narinas- pelo menos não existia. Alguém maior não queria seres perfeitos. A perfeição não pode ser manipulada por humanos, é injusto. E uma perfeição corporal não garante uma perfeição moral nem emocional.

Neste momento eu parei. Ele sabia. Olhei para ele e o mesmo tirou os óculos revelando pupilas brancas e uma íris azul brilhante. Se os olhos são a janela da alma a alma dele é completamente bonita e penetrante. Sorri largamente. Finalmente alguém igual a mim que também pensava igual.

Depois de alguns poucos minutos encarando um ao outro ele decidiu falar:

–Não somos os únicos a pensar assim, sabia? Tem mais do que eles contam para nós espalhados por aí. O problema é que esses não são a favor do que eles obrigam as pessoas a fazerem e onde os prendem.

–Sou totalmente a favor de uma “revolução”. Esses caras estão acabando com a minha vida.

–Está totalmente convidada. Você é a pessoa que estávamos esperando. Eu te digo onde e quando por mensagem.

–Não vá, está cedo e você é a única pessoa com que falei há dias.

–Não posso, já estou te colocando em perigo. Se te virem comigo te prenderão imediatamente. Eu não quero isso pra você. Qualquer problema me ligue. – Entregou-me um papel com um número de telefone.

Assim que ele saiu eu disquei o número e ele atendeu:

–Eu tenho um problema.

–Sério? – consegui ouvi-lo rindo – E qual seria?

–Eu não perguntei seu nome. O meu é Mirra.

–Vítor. 26. Deixe a porta dos fundos aberta, quero conversar mais.

–Você sabe onde eu moro?

–Não, por isso eu vou te seguir com uma distância segura.

–Um estranho na minha casa? Mesmo?

–Eu não sou um estranho, acabamos de nos conhecer no parque.

–Certo.

E como se fosse tudo muito bem programado o dia de sol se tornou um aguaceiro. Andei um pouco mais rápido e quando alcancei minha casa entrei pelos fundos deixando a porta aberta propositalmente e trancando a da frente.

Subi para trocar de roupa e us dois minutos depois bateram na porta do meu quarto. Eu abri e ele entrou:

–Quer uma roupa do porão emprestada?

–Não já já essa aqui seca.

–Você vai ficar doente. – Ele riu.

–Oi? Doente?

–Desculpe, eu esqueci. É costume.

–Posso só tirar a camisa? Ela esta gelada.

–Tudo bem. –Nesse momento ele tirou a camisa exibindo os músculos e abdômen definidos. Ele parecia um Deus grego com aquele corpo. Fiquei secando-o com o olhar por alguns segundos. Ele riu.

–Pare, por favor. – Me toquei do que estava fazendo.

–Desculpe, de verdade, eu não queria...

–Eu sei... Só não me culpe se um dia eu ficar te analisando da mesma forma.

–Justo. Você se importa se eu for tomar banho antes de conversarmos? Estou com frio.

–Á vontade, a casa é sua.

Tomei um banho rápido e lavei o cabelo. Coloquei uma calça de moletom cinza e um top preto e saí do banheiro. Ele ficou me olhando, percorreu o meu corpo com o olhar.

–Te peço um favor, coloque uma camiseta. - Disse ele

–Por quê?

–Porque se daqui a pouco eu te agarrar, sou eu quem será chamado de pervertido.

–Desculpe, mas eu estou muito bem assim. Não estou com muita vontade de cumprir suas ordens. Você que se controle. – Disse brincalhona.

–Não garanto nada. – Respondeu ele me olhando.

–Certo, o que queria conversar?

–Queria te explicar tudo. Bom, temos um centro de treinamento totalmente seguro em que os novatos aprendem a lutar, logo acima temos uma sala em que as “reuniões” acontecem. Os poderosos tem medo de nós, pois sabemos de tudo e não temos medo de contar para o mundo caso aconteça algo com algum de nós. O objetivo no momento é acabar com a cede principal e exterminar o líder da operação que causa mais sofrimento a cada dia. Acabando com o líder não vai haver ninguém que tenha verba e vontade de sacrificar tantos seres humanos.

–Por quê está me contando tudo isso? – Perguntei confusa.

–Sinto que posso confiar em você. E ainda por cima você está me seduzindo. – Resolvi investir e ver no que isso daria.

–Eu? Te seduzindo? – Fui me aproximando devagar. –Acho que não. Eu estaria te seduzindo se eu... –Mordi o lóbulo da orelha dele e continuei próxima dele. –sussurrasse pertinho do seu ouvido. – Disse sussurrando.

–Para, Mirra... Você está brincando com fogo.

–Eu sempre gostei do fogo, sabia? E eu estaria te seduzindo se te mordesse. –Mordi o queixo dele. Encostei minha boca na dele. – Eu estaria te seduzindo se eu desse a entender que quero te beijar. – Ele tentou me beijar eu recuei. –Não. Eu não estou te seduzindo, lembra? Por isso você não quer me beijar.

–Ah, você atiça e depois não quer aceitar as consequências?

–Shh, mandei você questionar? –Disse olhando pra ele. – Tire o óculos. – Ele tirou e colocou no meu criado-mudo. – Fique quietinho.

–Sim, senhora. – Coloquei o indicador em seus lábios.

–Eu não sou casada. – Dei um selinho longo nele e ele tentou aprofundar o beijo. – Eu disse que podia tomar a iniciativa?

–Casa comigo, então? Está sendo tortura já. – Disse ele passando a mão nos cabelos negros.

–Um menino tão perfeito não consegue ter paciência?

–É a minha imperfeição. Quando eu quero muito alguma coisa, eu não consigo esperar.

–Quer dizer que você me quer muito? –Perguntei olhando em seus olhos.

–Depois de tudo isso, ainda mais.

–Quer dizer – selinho- que tudo isso – selinho- só te deixou –selinho – com mais vontade de me beijar? –Selinho. Ele assentiu. Sorri. – Gostei.

–Muito bom, Moreninha, mas agora quem vai estar no controle serei eu. – Antes que eu visse estava deitada na cama com ele por cima. –Sou mais rápido.

Começamos a nos beijar. Eu não o afastei porque não queria que ele se afastasse, por algum motivo eu o entendia e ele me entendia. Alguns minutos ou horas depois escutei um barulho no andar de baixo. Levantei num pulo.

–Minha mãe! Você precisa ir.

–Ah, pensei que você fosse me apresentar como seu namorado –Disse ele com um sorriso debochado.

–Realmente, muito engraçado. Agora pegue a sua camiseta e saia. – Ele pegou a camiseta e o óculos e se pendurou no parapeito.

–Amanhã eu volto. Deixe a porta dos fundos aberta. – Me roubou um selinho e soltou pousando no chão com destreza e correndo pra longe da minha visão dentro da escuridão.

Ouvi um barulho vindo da porta e minha mãe avisou que o jantar estava pronto. Desci e comi purê de batatas com bife à milanesa. Voltei para o meu quarto e fiquei pensando na tarde que tive com Vítor.

***

No dia seguinte voltei da escola e fui tomar banho. Saí do banho de toalha e levei um susto quando vi Vítor na minha cama. Ele ficou me olhando de toalha e eu fiquei constrangida. Num impulso ele levantou, me puxou pela cintura e me beijou com vontade. Quando o ar faltou começamos a conversar:

–Eu pensei em você a noite toda, Mirra.

–Eu também, mas eu preciso me vestir.

–Não, está ótima assim. - Me beijou

–É sério.

–Eu também estou falando sério.

–Deixe eu me trocar.

–Só se for na minha frente.

–Não, muito cedo.

–Ok, então vá se trocar... Estarei bem aqui esperando pra te agarrar.

–Já volto. – Peguei um short e uma camiseta no armário e fui ao banheiro para me trocar. Voltei para o quarto e deitei sobre o peito dele. – Adoro ficar assim.

–Comigo?

–Não, deitada.

–Então tudo bem, fica aí deitada que eu vou pra casa.

–Não! Você é um bom travesseiro. Fica vai.

–O que eu não faço por você? – Alguns minutos se passaram no silêncio – Mi, está acordada? – Assenti. –Precisamos decidir algumas coisas. – Apoiei meu queixo em seu peito de forma que pudesse olhar pra ele. – Precisamos começar seus treinos o quanto antes possível.

–Não faço nada da vida mesmo. Estou livre todas as tardes.

–Começamos amanhã. Outra coisa, em breve eles irão te procurar pra fazer mais alguns testes. Esses testes são dolorosos e eu não queria que tivesse que passar por isso, então todas as vezes que achar que está sendo vigiada eu quero que me ligue.

–Vou gastar bastante em telefone. Eles passam aí na frente pelo menos umas dez vezes por dia.

–Você é mais importante do que eu pensava. - Pensou por algum tempo- Neste caso não podemos demorar muito. Em poucos meses você vai ter que vir morar em um lugar mais seguro.

–Meses? Eu não vou nem ter 18.

–Com isso nós damos um jeito. Eu não vou conseguir impedir que eles te levem pra lá de novo. Mais cedo ou mais tarde isso vai acontecer e eu quero que você seja firme.

–Só me prometa que não vai embora.

–Nunca.


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Notas finais do capítulo

eai, pra quem estão torcendo: Vítor ou Pedro?
Gostaram do cap?
RECOMENDAÇÕES? favoritadas? Reviews?



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