Nossa Mentira escrita por Alice


Capítulo 1
Nossa Mentira


Notas iniciais do capítulo

Hum... Eu comecei essa One shot há uns 2 anos e enfim a concluí! Aleluia!Mas admito que mudei o rumo das coisas...De qualquer forma, boa leitura para qualquer ser que vá se aventurar a ler essa droga!



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O Sol de punha lentamente, retirando seu brilho quente majestosamente e me deixando ali, naquela pacata sala de aula, sozinha.

Já havia se passado cerca de uma hora, desde o termino das aulas, mas eu continuava ali.

Hoje por ser o primeiro dia de aula após as ferias de verão, me fez acreditar que apesar dos olhares de ódio e inveja já costumeiros, tudo iria acabar bem, sabe sem nenhuma briga ou discussão, porém como sempre, eu estava errada.

Os primeiros períodos da manhã passaram rapidamente, sem nenhum conflito, o que já era um milagre levando em conta o fato de que por dia, naquela escola, haviam no mínimo um total de duas brigas, por período; surpreendente, não? Não queira nem saber então como é no intervalo... Mas é uma totalmente perda de tempo e saliva comentar o quão violenta é a sociedade aqui.

Em meu rosto um leve formigamento, mantinham vividas as memoria e ódio dos acontecimentos que vieram a ocorrer durante o intervalo, esta manhã.

Horas antes...

O som estridente do sino ressonou por toda a construção pálida e de aparência nada convidativa, anunciando assim a hora do ‘descanso’ ou intervalo. As crianças e adolescentes que antes cochilavam agora se encontrar despertas, como animais prontos para comer. Era cômico a semelhança desses inúteis com os macaco, só faltava bater a mão no peito e ficar pulando de galho em galho, não que não houvesse alguns casos assim, mas eles eram a parte.

Após a manada sair feito louca pela porta, que não sei como ainda continuava em pé, levantei e fui preguiçosamente em direção a saída, mesmo que momentânea, do inferno. Ao chegar ao pátio principal, andei em direção a única mesa vazio do local, recebendo com um sorriso no rosto, os diversos olhares de ódio de dois terços do salão.

Eu me encontrava sem fome, por isso mesmo encostei minha cabeça naquela superfície fria e apenas fiquei a espera do toque de recolher, ansiando que tudo passasse o mais rápido possível. Eu queria que tudo acabasse logo, era meu ultimo ano naquela escola e depois dos recentes acontecimentos, minha saída daquela cidade seria mais do que bem vinda; eu já planejara tudo, iria para Inglaterra ficar por um tempo com minha querida prima e depois cursaria alguma faculdade lá mesmo, voltando para minha cidade natal apenas daqui uns dez ou quinze anos.

Ainda em meu mundinho, não percebi a estranha pertubação no refeitório, apenas me dei conta de que estava havendo uma briga quando ela chegou até mim, na forma de um tapa na cara; Sim, levei um tapa no rosto e sem ter feito nada...

Após escutar alguém gritando levantei a cabeça vendo uma confusão de alunos e então: PLAF! , uma mão veio em direção ao meu lindo rostinho, fazendo um sonoro plaf e deixando a marca de cinco dedos no lado esquerdo de minha face. No instante senti o sangue subir a cabeça, as vozes do lugar desapareceram por completo, senti meu corpo tremer levemente, passei a mão cuidadosamente onde eu havia recebido o tapa, com certeza estava vermelho, muito vermelho.

Sem pressa levantei do banco tentando respirar o mais fundo possível, olhei para frente onde uma mar de animais inuteis se postavam a olhar a cena toda, mas tudo o que vi foi ele, com seus cabelos negros desalinhados e seus vibrantes olhos azuis pendendo para o violeta, fixados em mim, suas mãos seguravam firmemente uma menina que provavelmente era sua mais recente namorada e também aquela que batera na minha pessoa.

Caminhei firmemente em direção à menina, com a expressão impassível, levantei minha mão pronta para retribuir o gesto anterior, porém não, não bati. Aproximei-me mais e apenas lhe sussurrei:

–Se você encostar suas mãos imundas em mim novamente, saiba que eu não vou hesitar em transformar sua vida em um inferno...

Logo o silencio do pátio foi quebrado com o sinal de termino do intervalo e assim me afastei, com a mão ainda coçando, em direção a sala de aula.

Tempo presente...

Levantei-me animada e pronta para sair dali. Coloquei a alça de minha bolsa nos ombros e fui em direção a porta. Entretanto antes que eu chegasse a metade do caminho, as luzes se apagaram, e me encontrei na mais profunda escuridão. Um pouco nervosa com a situação, procurei em meio aos meus pertences minha lanterna, mas como sempre acontece em situações indesejadas, ela não estava comigo e meu celular: sem bateria. O silencio e a penumbra da sala, faziam com que eu me sentisse novamente uma criancinha de três anos com medo do escuro, fazendo assim com que eu me entregasse a paranoia e ao temor.

Me encolhi em um canto da sala, a espera da volta da luz, eu não conseguia me mover, isso devido a um trauma da infância. Com a cabeça nos braço, tentai lembrar da musica que minha avó havia me ensinado, uma melodia para afastar a tristeza e o medo, seria oportuno lembra-me dela agora.

Com um clarão, um raio cruzou o céu, agora cinza, e a chuva começou a cair, de inicio calma, mas tornando-se mais violenta a cada minuto que passava.

–Agora é que eu não saio daqui mesmo – Sussurrei para mim mesma, enquanto xingava o céu e o mundo.

Levantei para fechar uma janela que se encontrava aberta, andando cuidadosamente por entre as carteiras. Até que em momentos como esse sentia-se falta da farra do Zoológico, com seus ‘exóticos’ animais de tudo quanto é fim de mundo; balancei a cabeça desolada, nunca acreditei que chegaria a esse ponto, é uma decadência e tanta sentir falta de meus colegas de classe.

Antes que pudesse voltar para meu cantinho, ouvi o som de passos no corredor. Mas quem estaria na escola a esse horário? Olhe quem esta questionando, a garota que esta na escola. Ridículo! Estou ficando mais incoerênte a cada segundo que passo nesse inferno. Mas voltando ao foco, tem alguém na escola, e pelo som esta vindo na direção desta sala, a única no final do corredor.

Minhas esperanças de que fosse o zelador, logo foram dizimadas; lembrei-me que o mesmo e sua mulher haviam saído faz pouco tempo (vi pela janela). Então, sem pensar muito deitei no piso frio e provavelmente sujo, olhando sem piscar para os contornos da porta. A escuridão estava cada vez mais profunda e a pouca luz que antes iluminava o lugar, agora já se fora por completo.

Passos... por que eles continuam se aproximando?...

...

A porta se abriu lentamente e um vulto esgueirou-se para dentro. Prendi a respiração. O medo fez minha pulsação aumentar inesperadamente, obrigando-me a acalmar e parar de arfar. Recuperando parte do controle arrastei-me até a parte traseira da mesa da professora, sempre olhando para os pares de sapatos parados na porta.

Distrai-me por um mísero segundo, ao bater minha cabeça na mesa, e ao voltar o olhar para onde o ser estava não vi nada. Droga!

Logo, senti algo puxar ambos os meus braços para trás, xinguei alto com aquele gesto repentino de lá deus sabe onde.

–Me solta, desgraçado! – Me contorci e chutei qualquer coisa por perto, como sempre não chutei infeliz nenhum, mas sim a droga da mesa da professora( Aquela mesa não gostava e mim, só podia!)- Ai!Ai!Ai!Droga! Vou te espancar infeliz e depois acabo com essa mesa!

Como eu disse a um tempo atrás minha mente estava seriamente comprometida, a ponto de eu ameaçar uma mesa, ô de cadência. Mas deixando o fato da minha mente estar pifando ou estragando, tanto faz, eu tinha alguém para bater, ou tentar pelo menos...

O ser riu com minha ultima frase, afrouxando a mão em meus braços, mas ainda impossibilitando-me de soltar.

–Vai rir da vovozinha, imbecil!

–Calminha, Amu-chan! Eu não quero te machucar – Não foi necessário pensar duas vez para reconhecer aquela voz, Ikuto, o idiota namorado na vaca, que me bateu. Parei de me mexer.

–Ah! É apenas você ... – Acredito que essas não tenham sido boas escolhas de palavras.

–Apenas eu? Tem certeza que quer pensar assim? – Sua voz estava fria, ele certamente não gostou do que falei – Lembre-se, eu disse que não quero te machucar, mas isso não quer dizes, que eu não vá.

–Machucar mais do que você já me machucou é impossível! – Declarei em voz alta.

Agora iria começar o drama...

–Eu sei que não tem desculpa para o que eu fiz, e não tentarei pedir que me aceite de volta ou algo do gênero, mas queria me despedir... – Ele sussurrou.

–Se despeça de mim a 5 metros de distância! E me larga logo, porcaria! – Gritei com ódio.

–A cinco metros eu não consigo me despedir da maneira que pretendia... – Ele soltou meus braços para então me prender em um abraço (Bela diferença!) e como fazia antigamente, trilhou uma linha de beijos em meu pescoço – Você ainda lembra?

–...Lembro – Falei num fio de voz, sentindo meu corpo amolecer e meu extinto de segurança baixar a guarda – E pretendo esquecer a primeira oportunidade...

–Não. Não. Não.

Segurei um gemido quando ele mordeu minha orelha. Ele conhecia meus pontos fracos... Os conhecia bem até de mais...

–A minha Amu-koi nunca diria isso. Minha namorada tinha uma memória maravilhosa e para ela todo instante era precioso – Ele falou me largando quando percebeu que eu não cederia – Ela me conhecia como ninguém, ela sempre estava ao meu lado... Ela tinha um sorriso que fazia qualquer um ficar estupefato, e que tinha um poder inimaginável sobre mim.

Ignorei as indiretas.

–Sério?! Sério que aquela vaca ambulante é assim? Pensei que ela só fosse de dar mesmo... Para conseguir conquistar um cara como você, só assim... – Falei friamente enquanto alisava minha blusa e saia que ficaram todas sujas e amassadas nesse encontro inconveniente.

Encarei-o sustentando seu olhar intenso.

–Você sabe muito bem sobre quem estou falando – Sua voz agora estava séria, não mais brincalhona ou com aquele toque sarcástico – A única para quem perdi foi você.

–Perdeu?! – Ri alto com o som de tal palavra – Então, agora você admite que estava apenas brincando comigo? Demoro mais finalmente saiu! Então, vai revelar mais o que?

Ele permaneceu calado.

–Que tudo que você disse foi mentira? Não! Não é necessário, até uma anta pode ver que era – Comecei a caminhar pela sala – Será que você se esqueceu de me contar que eu não era sua única namorada? Ah não, também não é necessário, suas amiguinhas me fizeram o favor de contar. Ou sobre aquele jogo?

Fiz cara de culpada, agindo mais como uma louca do que como uma pessoa madura resolvendo um problema... Mas fazer o que, o amor deixa a gente louco!

–Desculpa, mas terei que estragar sua diversão! Pois eu já sei de TUDO isso!!! Suas palavras já não significam mais nada para mim – Ri maldosamente, tentando demonstrar meu desprezo – Por isso mesmo, não há necessidade de você vir se desculpar. Muito menos, se despedir.

Encarei-o, esperando por alguma reação de sua parte. Mas a única coisa que ele fazia era me olhar. Com tristeza... ou talvez, pena?

–Basta! Eu estou indo! Preciso chegar em casa cedo!

Peguei tudo que me pertencia e já na porta lembrei-me de algo.

–Por que... Você está se despedindo? – Arqueei a sobrancelhas, com a curiosidade a mil.

Ele riu em resposta, e lentamente se aproximou da lousa. Balançando algo em sua mão. Uma folha?

– “Bem... Eu gosto de você! Não espero resposta ou qualquer coisa do tipo. Apenas queria lhe dizer o que sinto e...

–EI! – Gritei correndo em sua direção com o rosto vermelho – Onde você achou essa droga?! DEVOLVA!

Eu tentava em vão pegar a folha, que eu agora eu via era meio rosada e com pequenas flores na borda. Uma das folhas do meu diário.

–Mas ela foi escrita para mim. Por que eu devolveria? Alguém, certa vez, me disse que é feio não receber os sentimentos dos outros, principalmente de meninas.

Bufei ao ouvi-lo. Era golpe baixo usar minhas próprias palavras contra mim!

–Como se o que eu te disse tivesse alguma importância para você! – Falei, com a respiração ofegante e o rosto corado. Apenas vê-lo já deixava minha mente confusa, falar com ele só piorava tudo... – Agora, devolva isso! Não permitirei que você zombe ainda mais do meu sentimento.

Ele continua brincando com a folha em suas mãos, porém a expressão em seu rosto era séria e aquilo me assustava.

Segundos em um silêncio profundo se arrastaram pela sala e a falta de luz em conjunto com a luminosidade do luar criou um ambiente sombrio, porém romântico.

–Amanhã eu estarei indo embora... – Ele sussurrou e com curtos passos se aproximou mais de mim – E quero ter algo para lembrar... - Com cuidado ele voltou a guardar a folha, aquela que eu lhe dera há dois anos quando finalmente criará coragem para me declarar – Quero poder ir e não lamentar... Quero conseguir lembrar... Lembrar de nós...

Sem perceber, minha respiração saia mais lenta e meus olhos permaneciam fixos em seu rosto, como que se a espera de um movimento... Ou de palavras...

Eu queria... Eu ansiava por escutar aqueles meras palavras... Somente com poucas letras eu voltaria correndo para seus braços... Sem pestanejar, meses de sofrimentos seriam esquecidos... O ódio seria substituído momentaneamente pelo amor... Voltaríamos a viver em nossa mentira... Nossa... Apenas Nossa...

Eu queria ceder... Como queria... Queria sentir novamente aquele calor... Aquela felicidade... Aquele sentimento de estar completa...

–Por favor, Amu – Ele murmurou ao unir nossos corpos, numa espécie de abraço – Por favor, me dê algo para lembrar... Nem que seja falso...

Sem responder, levantei meu rosto, fixando o olhar naquele ser. E sem pensar muito, beijei-o. Essa era minha única resposta. A única resposta que eu era capaz de dar...

Nossos lábios...

Nossos corpos juntos...

Nossos sentimentos...

...

No dia seguinte ele foi embora.

Lembro que naquela noite, eu deixei a futilidade imperar, apesar de saber que aquilo nunca acabaria com um final feliz. Deixei meu corpo falar por mim; a atração que existia entre nós nunca esteve tão aparente, e essa será a lembrança que levarei comigo...

Aquela foi a noite em que amei uma mentira.

E por consequência, foi a noite em que amei você...


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Notas finais do capítulo

Logo logo eu atualizo a Juntos Pela Eternidade, só estou tentando superar a preguiça enorme que se abateu sobre mim esses dias (ou desde que eu nasci...).Mata ne!



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