Os passos pela terra e pelo cascalho faziam um barulho confortante. Seria bom, se não estivesse indo lá para despedir-se dele - coisa que não conseguira fazer na hora do funeral.

As lágrimas já haviam se acumulado nos olhos da policial, sabendo que nunca mais conseguiria fitá-lo. Ela fungou, expulsando as lágrimas dali, não faria sentido chorar sem, ao menos, falar com ele - mesmo que fosse com uma lápide.

O ramalhete de flores cor-de-rosa pendia de suas mãos, e ela tinha certeza que algumas haviam caído pelo caminho. Suspirou, sentindo o coração ser esmigalhado e o estômago embrulhar.

A lápide estava lá. Uma foto dele como marinheiro estava lá. As lágrimas voltaram a incomodá-la, sendo, algumas teimosas, caindo-lhe pelo rosto. Ela tentou expulsá-las, mas, desta vez, não conseguiu.

Aproximou-se do pedaço de pedra, lendo as palavras ali escritas pelos amigos e parentes:

                            "Elliot Stabler - 1966 - 2013

                     Pai, filho e marido amado; renomado policial e detetive."

As lágrimas caíram-lhe ao rosto enquanto depositava o ramalhete na pedra.

- Hey, El... Sorry for not being here before - ela sorriu, em meio às lágrimas -, I wasn't fine...

A foto dele na lápide a fitava, quase como sorrindo para ela. Olivia podia sentir que ele a observava, e, por um momento, sentiu-se louca. Mas de alguma forma ela sabia que ele sempre estaria ali. Agora, mais do que nunca.

- El, eu sinto tanto sua falta. Desde do dia em que você foi embora, tanta coisa mudou, sabe? - mais uma lágrima escorre por sua bochecha. Ela respira fundo e continua. - E agora, John está para se aposentar e talvez Fin também. O que vou fazer sem os meus três homens preferidos?

Olivia se ajoelhou em frente a lápide e soluçou, sentindo seu coração ser quebrado em mil pedaços.

Ela se sente pequena; inútil.

- Não é como se meu parceiro novo fosse ruim.... Ele só... Ele não é você. Ninguém pode tomar seu lugar. Ninguém conseguiria ser tão maravilhoso. E sabe? Foi nisso em que pensei quando estava nas mãos daquele monstro. Eu pensei na gente. Pensei no seu sorriso. Droga, El! Por que você foi morrer assim? Tão de repente. As coisas nunca foram fáceis para mim, você mais do que ninguém sabe disso. Mas agora estão piores. Desde que foi embora, eu comecei a andar pelas ruas do seu bairro procurando esbarrar em você por acaso, e então, eu poderia te dizer o que tenho guardado pra mim mesma há quinze anos. E o pior é que agora não posso mais esbarrar com você por aí. Porque... Você não está mais por aí.

Olivia toca a foto dele, como se pudesse senti-lo por perto.

Bem ali.

E chora.

Ela sabe que precisa admitir. Admitir que ele se foi. Mas é tão difícil quando se passa tanto tempo escondendo de todos, até dela mesma. É difícil dizer em voz alta algo tão forte assim.

- Eu só precisava dizer que por mais que nunca tenhamos passado de um abraço, eu te amo... Você foi, e sempre será o homem da minha vida. Eu nunca vou me esquecer. Ok? Eu nunca vou me esquecer das nossas conversas, nem daquele seu jeitinho de me consolar em silêncio. Eu nunca me esquecerei de você. Nada no mundo nunca me fez tão bem quanto ter você em minha vida durante esses doze anos. E eu prometo nunca deixar sua memória morrer. Eu prometo que vou te amar todos anos daqui até a eternidade. Eu prometo.

Ela nunca se sentiu tão mal. Era como se algo tivesse acabado antes de começar. Algo que nunca mais poderia ser resolvido. Porque ela nunca saberá se ele já amou-a como ela o amou.

E isso, sempre será insuportável demais.

Pondo-se de pé, ela secou as lágrimas que haviam formado uma trilha por seu rosto, agora, já não tão machucado. Ela bateu as mãos no joelho, retirando a terra da calça. Fitando a foto mais uma vez, ela sorriu tristemente.

Sabia que nunca mais o veria. Nunca mais sentiria seu cheiro. Nunca mais o teria por perto. E, mais importante, nunca o teria para si como ela tanto desejou.

Nunca mais teriam aquela conexão, nunca mais.