Um Sábado qualquer.

Sábado era definitivamente um dia maçante para Itachi.

Os treinos pareciam não suprir suas necessidades, nas quais nem ao menos sabia o que era. Necessitava de algo. Ou de alguém.

Mas o que seria? E quem seria?

Talvez fosse esse dia maçante que lhe confundia. Não poderia passar o dia com seu irmão mais novo, já que Sasuke nos dias de sábado precisava estudar a teoria sobre técnicas ninjas e afins. E em momentos como esse, agradecia mentalmente por não ser mais uma criança, ou então estaria na mesma situação que ele, a mando de seu pai.

Também não havia missões ou afazeres importantes. Havia apenas tédio. Apenas...

Sentou-se a beira de um pequeno lago, decidindo apenas refletir um pouco. Talvez aquelas águas cristalinas tão profundas do lago transmitisse algo além de seu reflexo externo, mas a sua calmaria.

E por que não dizer tristeza?

Mas por que estaria triste? Por quê?

Os pensamentos reflexivos foram dissipados por um instante ao notar uma presença. Sorriu para si mesmo, apenas um leve riso de canto, algo raro de acontecer quando estava longe de seu irmão mais novo.

Algo que apenas aquele outro Uchiha era capaz de provocar.

Uma alegria, uma chama que ascendia e iluminava-o quando mais precisava.

A presença do primo se fez no local, e Itachi permaneceu sentado à beira do lago, mirando a paisagem.

– Estava te procurando. – A voz rouca de Shusui pôde ser ouvida bem próxima de si. O outrem havia sentado ao seu lado. Ele sempre estava ao seu lado...

Os olhos ônix, tão semelhante aos dele, finalmente o observou. Encararam-se por um instante, mas Itachi resolveu quebrar os longos segundos de silêncio.

– O que foi? – Sua voz baixa, de um timbre naturalmente plácido demonstrou sua falta de ânimo. Algo que não passou despercebido por Shisui.

Shisui simplesmente aproximou-se mais, tocando os lábios de Itachi com os seus. Um roçar de lábios simples, mas cheio de sentimentos contidos...

Notou que o outrem não resistiu e aprofundou mais aquele beijo.

Paixão intensa. Era isso que aquele beijo demonstrava.

Uma grande e avassaladora paixão intensa.

Itachi deixou-se levar pelo leve ósculo, fechando os olhos. Voltou a fita-lo apenas quando o beijo se dissipou.

– Eu te amo. – As palavras não eram mais necessárias depois daquele ato, mas Shisui precisava falar. Havia finalmente tomado coragem de revelar seu amor ao primo, e seu coração encheu-se de emoção e felicidade quando um sorriso feliz se fez no rosto tácito de Itachi.

Ele nunca sorria.

Mas agora ele sorriu. Para si. Aquilo seria um “Eu também”?

Jamais saberia. Mas acreditaria veemente que sim.

E na mente de Itachi apenas um pensamento se fazia: O sábado não era mais um dia qualquer.

Era o dia em que descobriu a reciprocidade de seus sentimentos.

Fim.