Born to Die escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 8
De volta a Columbus


Notas iniciais do capítulo

A manutenção no site nos ajudou, mesmo que atrasou as coisas. Já temos 2 capítulos prontos e muitas ideias. Além disso, não nos atrasaremos de novo graças ao programador de postagem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/423724/chapter/8

*Narrado por Avery Dickens

Eu estava sentada na janela da guarita olhando para o nada, bem distraída, mas eu deveria estar vigiando. De repente, comecei a ouvir uma conversa.

– Como assim folhas? – Gabriela perguntou pegando um monte de folhas nas mãos e as soltando no ar.

– Claro! Estamos no outono! – Charles respondeu.

– Não, estamos no verão – ela retrucou.

– Quando isso começou era meio de outubro, portanto, estamos no outono – ele falou calmamente.

– Não foi no final de outubro? – Josh perguntou entrando na conversa.

– É o que todos pensam. No meio de outubro essas coisas começaram aparecer em pequeno número. Quando uma pessoa via um deles, o Governo chegava rapidamente, convencia essa pessoa de que era um rápido transtorno que seria resolvido em poucas horas e ameaçava ela para não contar nada. Eu fui uma dessas pessoas. Eles me disseram para evitar sair de casa e só tomar água filtrada. Umas besteiras para nos convencer de que era algum surto rápido. Só no fim de outubro que a coisa saiu do controle. Eu nunca pensei que pudesse chegar e esse ponto.

– Outono? – Gabriela parecia incrédula.

– É.

– Eu me afastei do trabalho no verão, devo ter me esquecido que o relógio só parou para mim – ela raciocinou. – Então faltava pouco tempo para voltar... – ela ficou um tempo pensando e voltou a falar. – Onde estão os psicólogos quando se precisa deles?

– Sabe, eu tenho queda por mulheres loucas – Josh brincou.

– Seu besta! – Gabriela exclamou dando um tapinha em seu ombro.

Ele aproveitou o “golpe” que Gabriela deu para puxá-la pela mão. Eles se aproximaram e se beijaram. Sorri e suspirei, era tão fofo vê-los juntos. A essa altura, todos sabiam do namoro deles.

– Hey, mais trabalho e menos pegação! – falei depois que eles terminaram.

– O que a mocinha pensa que está fazendo aí? – Josh perguntou.

– Vigiando o lado norte do parque! O que mais se faz em uma guarita?

– Quem te deixou vigiar? – Gabriela perguntou cruzando os braços.

– O Jack! – adoro ferrar as pessoas.

– Aquele moleque... Onde ele foi? – Josh perguntou irritado.

– Pra floresta.

– Fazer o quê? – ele começou a se preocupar.

– Acho que ele foi caminhar pelo rio...

– Com quem?

– E você acha que ele me contaria?

– Pessoal, me desculpem interromper, mas tenho que avisar uma coisa importante pra vocês – Emily falou enquanto se aproximava.

– O que foi? – Charles perguntou.

– Os remédios, eles estão acabando. Só temos um frasco com menos da metade. E Ashley está muito pior que antes. Ela está desmaiando o tempo todo.

– Temos que trazer mais remédio – Charles disse.

– Da cidade? – perguntei.

– É. Alguém precisa procurar alguma farmácia por perto. Talvez eu possa voltar para Columbus, passar na minha casa, buscar o meu carro... – Gabriela falou.

– Sozinha? – Josh falou.

– Não sei. Não podem ir muitas pessoas. Quantos carros têm aqui?

– O meu, o da Ashley, o do Jacob e o do Jack e as bicicletas que a Emily e o Elias usavam para ir do trabalho para casa. Podemos ir no meu e na volta trazemos o seu – Josh concluiu.

– Então vamos. O tanque está cheio? – Gabriela perguntou.

– Tem o suficiente. Precisamos de uma lista com os remédios – Charles e Emily saíram.

Depois de arrumar tudo para a pequena viagem eles foram se despedir.

– Traz um pouco de pilha pra mim? Não que estejam acabando, mas pode ser a última chance de achar pilhas – falei.

– Qual é o número? – Gabriela perguntou e eu mostrei uma pilha que estava no meu bolso.

– Toma cuidado! – falei abraçando ela.

– Você também. Nada de andar sozinha pela floresta. Kate, fica de olho nela – ela falou a última frase se dirigindo para ela.

– É melhor eu ficar sozinha do que com essa inútil – brinquei e Kate revirou os olhos.

Eles saíram e eu fiquei olhando o carro sumir na estrada. Era uma viagem curta, eles deveriam voltar no dia seguinte, mas não deixava de ser arriscada, o que me deixava preocupada.

– Vamos – Kate falou me empurrando.

– Só porque ela pediu pra você me vigiar não significa que tem que ficar grudada em mim.

– Você não quer ver a cascata? Eu combinei de ir lá com o Jacob. Enquanto isso você pode ficar... Jogando pedras na água.

– Claro, isso é divertidíssimo! Desde quando você ficou responsável?

– Não fiquei, mas se acontecer alguma coisa com você o Josh me mata. E, se eu tomar conta de você, ele vai pensar que sou responsável.

*Narrado por Gabriela Hopper

Passamos pelo mesmo caminho que eu e Avery percorremos a pé. Pude ver o meu carro (que continuava intacto). Depois de uns cinquenta minutos chegamos à cidade.

Ela estava abandonada, não havia movimento algum, fora pelos poucos walkers que começaram a nos seguir.

– Sabe onde fica a farmácia? – ele perguntou.

– Fica na segunda rua à direita.

Chegamos lá, ele parou o carro e nós descemos. A porta de vidro da farmácia estava trancada, mas Josh a chutou, fazendo um enorme barulho enquanto os estilhaços de vidro se espalhavam pelo chão.

– Você pode ir procurando os remédios enquanto eu vigio a porta – Josh sugeriu e eu entrei no estabelecimento.

Havia muitas prateleiras e eu demorei um pouco para achar tudo que precisávamos e aproveitei para pegar outras coisas que pudessem ser úteis, além das pilhas da Avery. Enquanto eu pegava tudo, podia ouvir o som de crânios sendo quebrados e de corpos pesados caindo no chão.

Na volta estávamos passando pela minha rua quando ouvimos gritos.

– Parece que vem de lá – falei apontando para a casa que ficava em frente à minha.

– Deve ter alguém lá dentro. Vamos olhar – ele parou o carro e descemos.

Olhei pela janela e não vi nada, mas os gritos persistiam. Bati na janela com força e não obtive resposta.

– Vamos do outro lado – falei dando a volta na casa.

Chegando lá, pude ver um garotinho que estava no chão, gritando desesperadamente, enquanto um mordedor se aproximava dele. Cheguei por trás e o acertei.

– Obrigado! – falou ele tentando recuperar o fôlego e começando a rezar silenciosamente.

– Quem é esse ruivinho? – Josh perguntou.

– Não sei, ele estava sendo atacado.

– Meu nome é Scott Hill. E você deve ser a filha da Bárbara, ela falava muito bem de você.

– Como você sabe isso? – perguntei enquanto ajudava Scott a se levantar.

– Você tem um sorriso muito parecido com o da sua mãe. Eu sou filho do William, moramos aqui. Ele saiu há mais de uma semana para buscar ajuda e ainda não voltou.

– William? – esse era o vizinho com quem minha mãe queria que eu saísse. – Você conheceu a minha mãe?

– Sim, ela me deu um casaco de Natal. Às vezes meu pai me deixava na casa dela quando não tinha ninguém pra ficar comigo... – como eu nunca soube disso?

– Claro... Vamos sair daqui. Os gritos devem ter atraído os errantes.

Andamos até a minha casa. Eu havia deixado a porta destrancada, mas ela parecia do mesmo jeito que estava quando eu saí. Comecei a mostrar os cômodos do primeiro andar. Quando chegamos na cozinha, me lembrei que o corpo da minha mãe estava lá.

– Não tem nada aqui! É só a cozinha! – falei entrando e batendo a porta.

Era difícil de olhar, não dava para acreditar que, um dia, aquele corpo estirado no chão da cozinha havia sido a minha mãe. Com dificuldade, o arrastei para fora, passando pela porta dos fundos. Eu não sabia o que fazer, então o deixei lá.

Voltei para a cozinha e limpei o chão, que estava cheio de sangue. Depois disso, voltei para a sala, onde Josh e Scott conversavam.

– Desculpem a demora, estava procurando alguma coisa para comer – menti.

– Se incomoda se dormirmos aqui hoje? – Josh perguntou.

– Claro que não. Vou terminar de mostrar para vocês.

Fomos até o segundo andar onde ficou decidido que Scott dormiria no quarto de visitas, que nunca foi usado. Agora restava saber onde Josh dormiria.

– Pode ficar com o meu quarto. Vou ficar no da minha mãe.

– Tudo bem...

Tentei preparar algo comestível para jantarmos. Depois disso fomos dormir. Fiquei olhando para as fotos que estavam no quarto. Alguém bateu na porta.

– Pode entrar.

– Algum problema? – Josh perguntou quando viu que eu olhava um álbum. As fotos me lembravam de muitas coisas.

– Você acha que está tudo bem com a Avery?

– Deve estar, ela sabe se virar sozinha, e a Kate está vigiando ela. Sei que não é grande coisa, mas tenho certeza que ela está segura. Durma bem – ele falou e depois saiu.

No dia seguinte, estávamos preparando as coisas para sair. Josh sugeriu que olhássemos a garagem, talvez tivesse algo lá.

Quando chegamos lá, nos deparamos com os restos mortais do walker que matou a minha mãe. O que eu não esperava era a reação de Scott: ele se jogou de joelhos no chão e começou a chorar.

– O que foi? – perguntei colocando a mão em seu ombro.

– Esse... É o meu pai! Ele estava usando essa roupa!– ele falou tentando conter o choro. Como isso era possível?

– Você tem certeza? – perguntei e ele balançou a cabeça positivamente.

– Não estou entendendo nada! Como o pai do menino veio parar aqui? – Josh estava confuso.

– Eu deixei a porta aberta e um walker entrou aqui. Ele matou a minha mãe e me seguiu até a garagem.

– Mas o papai nunca faria isso! – Scott falou limpando as lágrimas.

– Não foi o seu pai. Era o corpo dele, nada além disso – Josh falou se ajoelhando na frente do garoto.

– Meu pai me falou que essas pessoas, os doentes... São as pessoas que foram para o inferno. Meu pai era bom, porque ele iria para o inferno?

– Scott, eu não conheci o seu pai, e me arrependo disso. Tenho certeza que ele não foi para o inferno, mas essas coisas acontecem. Isso aconteceu com a minha mãe também – falei.

– Pensei que, quando isso chegasse, o Senhor só levaria as pessoas más... Mas eu estava errado. Espero que o meu pai e a senhora Hopper estejam em um lugar bom.

Encontramos algumas ferramentas que pudessem ser úteis para a construção da cerca e umas lanternas. Entramos no carro e fomos em direção ao parque.

– Para onde estamos indo? – Scott perguntou do banco de trás.

– Para um lugar onde tem outras pessoas.

– Lá é seguro? – ele perguntou.

– É, lá é seguro. Quantos anos você tem? – perguntei.

– 10.

– Tem uma garota de 13 anos lá, talvez você goste de conversar com ela.

Na metade do caminho, Scott dormiu e resolvemos falar sobre o futuro dele.

– Ele tem mãe? – Josh perguntou.

– Minha mãe me falou que a mãe dele foi embora depois que Scott fez 5 anos.

– Quem vai cuidar dele?

– Não sei. Não dá para empurrá-lo para alguém.

– Vamos deixar ele escolher, acho que é o melhor.

– Antes eu pensava que Avery precisasse de ajuda, mas olhando para ele – falei olhando Scott pelo espelho retrovisor – parece que existem muitas pessoas por aí que estão indefesas, não só crianças. Acho que eu era uma dessas pessoas, até encontrar a Ave, eu senti que precisava protegê-la, e antes disso eu precisava saber me proteger.

Em certo momento, encontramos o meu carro parado na estrada.

– Acha que devemos levá-lo? – perguntei.

– Se você quiser... Tenho um pneu reserva aqui. Talvez um carro possa ser útil, mesmo que o seu não seja nada econômico.

Ele trocou o pneu do meu carro e o prendeu no dele por uma corda, fazendo uma espécie de reboque.

Logo chegamos no parque. Eu acordei Scott para que ele pudesse conhecer as pessoas. Molly chegou primeiro e pegou os remédios. Depois dela veio Avery, correndo como uma louca atrás das suas preciosas pilhas.

– Quem é esse? – ela perguntou depois de levá-las, olhando para o garoto, que parecia confuso, triste e assustado.

– Esse é o Scott. Ele estava sozinho, então resolvemos trazê-lo – Josh explicou. – Vem, eu vou te mostrar o parque – os dois saíram.

– Um dia e você já encontra alguém para me substituir?

– Queria que eu deixasse o garoto abandonado? Aliás, também senti a sua falta!

– Também senti a sua falta! – ela falou me abraçando.

– Kate cuidou bem de você?

– Claro... – ela brincou revirando os olhos. – Sei lá, é legal falar com ela e tal. Às vezes acho que nós duas temos a mesma idade mental – nós rimos. – Só que não é a mesma coisa que falar com você. Acho que somos mais próximas...

– Também acho isso – falei e nos abraçamos de novo.

– E você e o Josh? Como vão?

– Claro, você sempre tem que perguntar sobre isso! Nós vamos bem, obrigada!

– Detalhes?

– Nenhum que te interessa! – brinquei. – Vamos almoçar, estou morta de fome! – coloquei o braço ao redor de seus ombros e fomos andando em direção às mesas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esperamos que tenham gostado.
O próximo capítulo será diferente, vai ser tido um spin-off, vocês vão entender depois que postarmos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Born to Die" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.