Born to Die escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 20
Prisão


Notas iniciais do capítulo

O terceiro capítulo da semana. Este é nosso vigésimo capítulo e estamos gostando muito do resultado da fic, agora iremos começar uma nova etapa ou temporada se preferirem. Com toda a certeza ele foi o mais aguardado até agora na história, então esperamos que gostem.
Uma leitora perguntou sobre o colar da família Hopper, então resolvemos mostrar a vocês como ele é. O colar muda de forma, então são duas imagens.
Colar: http://img1.etsystatic.com/000/0/5444550/il_570xN.166421935.jpg
http://img171.imageshack.us/img171/6726/28509382yy4.jpg
Se alguém já assistiu "O Ilusionista", talvez se lembre dele.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/423724/chapter/20

*Narrado por Avery Hopper

Estávamos andando sem rumo sempre na mesma direção. Minha mãe estava mais cansada que eu, pois não havia dormido na noite anterior. Eu tentava ser otimista, depois de tudo que havíamos passado, era quase impossível acontecer algo pior.

De vez em quando nos deparávamos com alguns walkers, mas não era nada que pudesse nos colocar em risco. Já era um hábito acertá-los, como se fosse um movimento involuntário.

O pior de tudo era pensar que estávamos indo em direção ao nada e que as chances de encontrarmos Josh e Scott eram mínimas.

Entramos no meio de um cemitério de carros. A terra estava alaranjada por causa da ferrugem que saía dos veículos, e esverdeada por causa do lodo. Aquele lugar só tinha metal velho retorcido e esqueletos de carros. Eu observava o interior deles enquanto minha mãe prestava atenção em tudo ao nosso redor. De repente, ouvimos o som de passos. Ela se virou bruscamente com o machado em posição para decapitar a coisa que estava atrás de nós.

Josh olhava assustado para a lâmina da arma, que estava quase se encostando em seu pescoço. Eu sorri.

– Onde vocês estiveram? – perguntei bagunçando o cabelo de Scott.

– Por que não ficaram no carro? – Josh falou.

– Como assim? Tinha uma manada indo para lá! – minha mãe respondeu. – Eu pensei que tinha te perdido! – ela o abraçou.

Ficamos sentados em cima de um carro para descansar e contar as nossas histórias.

– Nós encontramos um cara, o nome dele era Lewis. Ele nos levou para um celeiro, parecia um ótimo lugar. Os errantes invadiram o lugar e Lewis se sacrificou para nos salvar – Josh resumiu o que havia acontecido com ele e Scott. – Ele não devia ter morrido... Lewis se sacrificou por nós dois.

– Eu sei que pode soar clichê, mas faça o sacrifício dele valer a pena, Josh – Gabriela falou colocando uma mão em seu ombro.

– E vocês? – Scott perguntou.

– Bem... – comecei sem saber o que dizer. Olhei para minha mãe, que fez um gesto discreto. Eu interpretei aquilo como “Não fale do sequestro”. – Nós saímos do carro e andamos até aqui. Não foi nada perigoso, fora alguns walkers agrupados que encontramos – menti.

– Acho que podemos continuar a andar – Scott disse isso pulando do carro e pegando uma mochila. – Encontramos um pouco de comida no caminho, talvez dure um ou dois dias. Aquilo era ótimo, pois o que tínhamos não duraria muito.

Voltamos andar sem trocar muitas palavras. Enquanto ainda estávamos no cemitério, eu vi alguns mordedores presos dentro de carros. Eu não sentia necessidade de perder tempo matando eles. No começo do apocalipse eu queria matar todos eles, como se eu pudesse acabar com isso, acabar com todos. Depois de um tempo eu notei que aquilo era inútil. Claro que eu sentia pena daqueles infelizes errantes, mas não era seguro passar a noite em lugar aberto e tínhamos mais algumas horas antes de escurecer.

*Narrado por Gabriela Hopper

Passamos pelo grande congestionamento de carros abandonados com facilidade. Não houve muitos mordedores pelo caminho. Diversos objetos pessoais estavam largados no chão, como se fossem destroços. Era engraçado pensar como o ser humano, na hora do desespero, largava tudo que considerava importante, os bens materiais que por algum tempo foram considerados bens preciosos.

Eu não sabia mais para que direção estávamos indo exatamente. Em certo momento encontramos uma rodovia.

– Vamos seguir por ela – falei.

– Acho que seria melhor continuar indo para o norte, podemos encontrar uma grande cidade – Josh discordou.

– As grandes cidades devem estar lotadas. De caminhantes! – Scott argumentou. – Não se lembram do aviso do rádio?

Como esquecer algo tão marcante como aquilo? Como esquecer a sensação de completo abandono?

– Tudo bem, vamos seguir pela estrada – Josh cedeu. - Mas para que lado?

O Sol estava caindo no horizonte, e nos restava à difícil decisão de escolher entre esquerda ou direita, leste ou oeste. Poderíamos escolher um lado, encontrar uma manada e esse seria o nosso fim. Ou poderíamos escolher o outro, onde encontraríamos um lugar seguro como o parque, talvez até melhor.

– Vamos por lá! – Avery falou e começou a andar na nossa frente.

Aquela direção poderia ser a nossa ruína ou a nossa salvação, mas não poderíamos ficar parados para sempre, esperando um sinal ou algo que nos fizesse acreditar que determinada escolha era certa.

Cada vez escurecia mais, e não era necessário ler mentes para saber que todos se perguntavam o que nos aguardava na direção oposta. Esse pensamento foi afastado por aquela visão do paraíso. Nem mesmo a escassez de luz solar poderia ofuscar o brilho de nossos olhos.

Mais ao fundo era possível se ver uma grande construção que possuía três cercas e muros. Aos meus olhos e aos dos outros ao meu lado aquele lugar era o paraíso. Depois de tantos meses sem abrigo, encontrar aquele lugar que aparentava ser seguro era como ganhar um prêmio na loteria.

Havia alguns guardas, pequenos pontos que se movimentavam nas grandes torres. Mas aquilo não me impediria de chegar ao meu novo destino, nada me impediria de chegar naquele lugar que seria uma espécie de porto seguro no mundo em que estávamos vivendo.

Era estranho pensar que uma prisão poderia ser um lar. Um lugar que um dia isolou criminosos da sociedade era a única barreira que protegia as pessoas vivas das mortas.

Nem mesmo o pequeno grupo de walkers que rodeava as grades externas nos manteria longe daquele lugar.

– Isso é verdade? – Avery perguntou com um belo sorriso no rosto.

– Vamos viver nesse lugar, existem outras pessoas aí! – Josh exclamou maravilhado. – Vamos, precisamos falar com essas pessoas. Precisamos entrar aí!

Começamos a andar rapidamente em direção ao portão. Quando chegamos a alguns metros dele, ficamos muito animados.

– Cuidado! – Josh gritou pulando para o lado.

De repente, era como se tudo estivesse em câmera lenta. Ele empurrou Avery, que caiu no chão e bateu a cabeça em uma pedra. Enquanto o sangue começava a escorrer no canto de seu rosto, Josh estava no chão, ao lado de uma árvore, e era atacado por um walker. Ele tentou pegar sua pistola, mas o errante agarrou seu braço direito com força. Enquanto Scott apontava um rifle para o mordedor, eu corri até lá. Antes que um de nós dois pudesse interferir, Josh foi mordido. Aquela aberração arrancou um pedaço de seu braço, fazendo com que uma grande quantidade sangue formasse uma poça na terra.

Ao mesmo tempo em que o desespero tomava conta de mim, Scott atirou no mordedor e eu pude ouvir gritos de dentro. O portão se abriu quando eu me joguei no chão ao lado do meu namorado, que se contorcia e gritava de dor.

Um grupo saiu de dentro da prisão. Enquanto alguns eliminavam os errantes que vinham em nossa direção com armas brancas, dois homens e uma mulher se aproximaram.

– Venham com a gente! – a mulher falou. – Podemos ajudar.

– Deixem ele aí! – um dos homens falou. – Esse cara tá morto! Entrem logo!

– Não vamos deixá-lo! – gritei. Abaixei lentamente minha cabeça para ver Josh que deveria estar sentindo uma dor terrível. Era duro pensar que ele já estava morto, como o homem havia falado.

– Daryl, vamos logo, o tiro deve estar atraindo mais deles! – o outro homem gritou pegando minha filha no colo. – Eles precisam de ajuda! Maggie, leve o garoto.

– Vem! – Maggie pegou a mão de Scott e correu com ele para dentro.

O homem que carregava Ave também entrou. Daryl olhou para Josh, respirou fundo e o puxou. Ele colocou o braço esquerdo de Josh ao redor de seu ombro e o ajudou a andar atrás dos outros. Segui eles e o grupo que matava os mordedores veio logo atrás. Um garoto de chapéu fechou o portão rapidamente.

Tudo aquilo aconteceu muito rápido, quase que ao mesmo tempo. Sem parar para pensar em nada, segui aquelas pessoas até um local fechado, onde se encontravam as celas da prisão. O homem deixou minha filha em uma cama enquanto Josh foi levado para uma cela maior, onde um senhor que aparentava ter mais de 60 anos estava.

– Hershel, nós encontramos um grupo lá fora e ele foi mordido. Tem como fazer algo? – Daryl perguntou colocando Josh na cama.

– Vou fazer o possível – ele falou e sorriu para mim, mas eu continuei com a mesma expressão de desespero. Eu saí de lá e me encostei na parede, ao lado da cela.

Eu já havia visto outras pessoas sendo mordidas e nenhuma delas teve outra chance, nenhuma sobreviveu. Vi uma sombra se aproximando, mas continuei de cabeça baixa. Uma mulher se postou na minha frente.

– Eu sou Maggie – ela falou com uma voz calma. Maggie era mais alta que eu e tinha cabelos curtos, pouco acima do ombro.

– Gabriela – eu disse levantando a cabeça. Maggie olhou para as minhas mãos, que estavam entrelaçadas e tremiam muito.

– É o seu namorado? – ela perguntou e eu assenti. – Gabriela, não precisa se preocupar. O homem que está atendendo o seu namorado é o meu pai. Ele foi mordido na perna e ainda está aqui. Ele precisou amputá-la, mas continua vivo - pensar que Josh iria perder o braço era uma coisa estranha, mas se isso fosse salvá-lo era ótimo. Tentei sorrir.

– Obrigada – agradeci.

– Maggie, Rick! – ouvi uma voz de dentro da cela.

Maggie foi até lá, seguida pelo homem que havia trazido Ave para dentro. Fechei os olhos, apreensiva. O pequeno fio de esperança que me restava foi partido quando eu ouvi aquelas vozes. Eles sussurravam com preocupação na voz, mas eu não podia entender nada. Depois de dois minutos intermináveis, o homem de olhos azuis e cabelos castanhos saiu de lá.

– Eu sinto muito, Hershel amputou o braço, mas ele perdeu muito sangue – ele foi direto, mas falava com uma voz suave de compaixão.

Ao ouvir aquilo, era como se o chão estivesse desabando debaixo dos meus pés. Deixei que meu corpo deslizasse pela parede até parar no chão. Automaticamente, comecei a soluçar e chorar. Levei minhas mãos ao rosto e ignorei o fato de outras pessoas estarem lá. O que eu faria sem ele?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Born to Die" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.