Born to Die escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 12
Não vamos perder mais niguém


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo nessa semana.Esperamos que gostem e comentem o que acharam!
Só avisando que já estamos chegando na reta final dessa "etapa".
Boa leitura!



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*Narrado por Gabriela Hopper

Estávamos todos ao redor de uma fogueira para poupar o gerador do parque. Descobri que Scott estava contando os dias, mas preferi não saber a data, só sabia que haviam se passado cinco dias da morte te Charles.

Para nos distrairmos um pouco, Jack contava uma história de terror e eu realmente tentei prestar atenção para tentar esquecer as coisas. Ele contava bem a história, usando a entonação certa e fazendo as expressões certas de acordo com o momento.

Os olhos de Scott estavam arregalados, e ele agarrava a mão de Molly, que passou a cuidar do garoto desde que ele chegou.

– Está com medo? – sussurrei para Avery.

– Já escutei melhores no acampamento! – ela falou toda metida.

– Então porque não compartilha sua história conosco? – irritei-a.

– Você gosta de fazer isso, né?

– Você fica fofa quando está irritada – falei e ela ergueu a sobrancelha esquerda, o que lhe dava um aspecto mais irritado, não deixando de ser fofa e eu ri.

– Vamos ouvir a história! – ela voltou a se concentrar nas palavras de Jack.

– E aí, o que acharam da história? – ele perguntou elevando a sobrancelha esquerda quando terminou.

Olhei para trás e vi Josh sentado em uma pedra. Ele olhava fixamente para o horizonte. Era como se ele não estivesse lá. De repente, senti uma mão em meu ombro.

– Está preocupada com ele? – Kate falou e eu me virei.

– Muito – respondi e andamos até uma mesinha.

– Já tentou falar com ele?

– Ainda não. Estou dando um tempo para o Josh pensar.

– Pode parecer que não, mas eu me importo muito com ele. Eu conheço o meu irmão, ele não vai escutar nada que eu falar – ela falou aquilo com tanta preocupação que eu entendi que era sério. – Mas eu sei que ele vai te escutar. Por favor, fala com ele.

– Tudo bem. Eu vou lá – sorri e me levantei.

Enquanto andava, fui pensando no que aconteceu. Kate realmente se preocupava com Josh, o que me mostrou que ela não era tão louca como eu pensava, ela sabia o que estava acontecendo. Josh estava muito sobrecarregado, e cheguei a pensar que ele poderia ter o mesmo problema que eu tive no trabalho.

– Por que não descansa um pouco? – perguntei enquanto me sentava ao seu lado.

– Eu não posso. Essa parte ainda não foi cercada, se algum errante entrar aqui vou me sentir culpado.

– Eu posso vigiar por você. Durma um pouco. Eu e sua irmã estamos preocupadas com você.

– Não deveriam. Eu estou bem.

– Acha que não dou conta de vigiar? – perguntei.

– Não é isso. Eu estou fazendo de tudo para que ninguém aqui faça o que Charles fez. Se eles virem outro walker aqui, podem entrar em pânico de novo.

– Eu posso fazer isso. Se continuar sem dormir, não poderá ver nada se aproximando.

– Tudo bem. Se acontecer alguma coisa, me chame – ele me entregou a antiga pistola de Charles e entrou em seu chalé. Mas eu não pretendia usar uma arma de fogo, causaria muito barulho e eu não sabia como usar uma pistola.

– Posso ficar aqui? – ouvi a voz de Avery. – Não consigo dormir sozinha.

– Pode – dei espaço para ela se sentar. – Não consegue dormir sozinha ou está com medo?

– Da história do Jack? – ela me lançou um olhar duvidoso.

– Do que mais seria? – falei olhando para a fogueira. Aos poucos, a chama se apagava e todos saíam. Scott havia dormido e Elias o carregava até o chalé de Molly.

– Não estou com medo! – ela cruzou os braços. – Só não consigo dormir.

– Pode dormir agora – falei e ela apoiou a cabeça nas minhas pernas.

Fiquei olhando atentamente para a região não cercada enquanto passava a mão pelos cabelos de Avery, fazendo-a dormir tranquilamente. Tudo estava quieto e um tanto silencioso. De repente, ouvi gritos. Era a voz de Kate.

– Ave, lembra que eu falei pra você dormir? – perguntei e ela balançou a cabeça, ainda com os olhos fechados. – Esquece.

– Só mais um minutinho... – ela falou sonolenta.

– Precisamos ir! – falei e ela se levantou. – Chama o Josh.

– Mas... – ela tentou argumentar.

– Chama ele – pedi e saí correndo para a direção de onde vinham os gritos, que persistiam.

Chegando lá, vi três vultos do outro lado da cerca. Pulei para o outro lado e corri até lá o mais rápido que pude quanto mais me aproximava, mais forte os gritos ficavam. Um mordedor segurava o pescoço de Jack, que não reagia. Ao seu lado, Kate gritava desesperadamente. Bati a ponta da arma na cabeça do walker com força, e ele caiu. Jack possuía um mordida no pescoço que escorria sangue.

– Ele morreu! – Kate gritou se ajoelhando no chão.

– Tenho que matá-lo – falei e não obtive resposta. – Volte para dentro da cerca – pedi.

– A culpa é minha, não é? – ela perguntou assustada.

– Não exatamente... O que faziam do lado de fora?

– Ele... Ele... – ela gaguejou olhando para o seu pescoço, praticamente todo devorado.

– Eu sinto muito – tentei, mas ela continuava chorando. - Não precisa ver isso – falei.

Fiquei olhando para o rosto pálido do Jack, que tinha apenas dezenove anos. Havia uma grande diferença entre matar por reflexo ou extinto do que matar cara a cara, quando se pode ver cada detalhe do rosto da pessoa, ou melhor, do que sobrou dela.

A essa altura, todos já deveriam estar acordados, poderiam estar atrás da cerca, mas eu preferi não olhar para trás. Apertei a pistola entre meus dedos que estavam suados e preparei para batê-la na cabeça dele.

Antes disso olhei para o lado e notei que Kate cobria o rosto com as mãos, tentando não ver e conter o choro. Me voltei para o corpo de Jack e me surpreendi ao ver que ele ganhava “vida” outra vez. “Demorei de mais”, pensei enquanto forçava minha mão contra o seu peito, para que ele não se levantasse.

Enquanto o errante grunhia, olhei no fundo de seus olhos. Não havia sinal da pessoa alegre que um dia respirou. Eu percebi que não era mais ele, era um cadáver. Não deu para evitar comparar com o momento em que tive que fazer isso com a minha mãe: aqueles mesmos olhos azuis sem vida e sem expressão. Jack tentava se levantar enquanto eu notava cada detalhe em seu olhar, aquela fome, a necessidade de se alimentar.

Respirei fundo e bati a parte de trás da arma em sua cabeça, mas não funcionou, então repeti o movimento e mais sangue espirrou em mim. Ele parou de se movimentar e tornei a olhar para Kate. Coloquei a mão em sem ombro e ela levantou a cabeça bruscamente, com uma expressão assustada.

– Vocês estão bem? – Elias chegou e eu fiz um gesto positivo. – Vamos entrar. Eu levo... – ele apontou para o cadáver.

Puxei a mão de Kate e ela se levantou. Andamos silenciosamente até a cerca, onde Josh, Avery e Emily nos aguardavam.

– Por que vocês saíram? – Josh se dirigiu para a irmã com um tom nervoso.

– Vai com calma! Olha pra ela! – tentei acalmá-lo.

– Tem noção do que aconteceu? – ele continuou e Kate voltou a chorar. – Ele está morto graças a vocês dois!

– Josh... – ela finalmente conseguiu falar e ele a olhou com compaixão.

– Me desculpe! – ele a abraçou com força. – Só quero o melhor pra você...

Puxei Avery para deixá-los sozinhos.

– O que aconteceu? – ela perguntou.

– Jack foi mordido – respondi e ela abaixou a cabeça.

*Narrado por Avery Dickens

No dia seguinte, nos preparamos para o funeral de Jack. Sua “lápide” ficou ao lado da de Charles. Scott resolveu ler uma passagem da Bíblia, que ele guardava na mochila. Todos estavam muito tristes, especialmente a “viúva”, que estava abraçada a Jacob e não o largava por nada.

Um a um, todos foram embora. Abracei Gabriela e fomos andando de volta ao chalé. O céu nublado deu origem a uma chuva fina e melancólica, como nos filmes após uma morte.

– E agora? – perguntei enquanto andávamos para nosso chalé.

– Como assim?

– Quem vai ser o próximo a morrer? – era o que não saía da minha cabeça.

– Pare de pensar nisso. Não vamos mais perder ninguém! – ela me abraçou com mais força. – Sinto muito por você ter que passar por isso. Você é muito nova para se preocupar tanto.

– E se eu...

– Não pense mais nisso. Você não vai morrer – ela afirmou. – Se lembra do que eu falei?

–De nunca desistir de lutar.

–Isso mesmo, eu não vou desistir nem você – Gabriela disse. – Vamos viver até ficarmos bem velhinhas e matar todos os mortos-vivos que encontrarmos.

–Seremos as velhinhas mais maneiras de todas! Lutando com bengalas e tudo!

Chegamos ao chalé e eu me joguei na cama. Passei a mão em meus cabelos molhados por causa da chuva e suspirei.

– Faz aquilo de novo? – pedi.

– Fazer o quê? – ela perguntou.

– Aquilo que você fez ontem à noite. Eu dormi bem. Sempre tive dificuldade para dormir, nem minha mãe conseguia me fazer dormir.

– Vem cá – apoiei a cabeça em suas pernas e ela começou a passar a mão pelos meus cabelos.

Nem notei quando o sono começou a chegar.


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Notas finais do capítulo

Semana que vem iremos aumentar o número de postagens por semana, o que antes eram duas agora serão três, já que estamos de férias!
Esperamos que tenham gostado do capítulo!



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