Born to Die escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Nossa primeira fic de TWD, se tiverem alguma sugestão é só comentar.Boa leitura!



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*Narrado por Gabriela Hopper

Era meio-dia, o Sol brilhava com força no céu sem nuvens, era verão e não fazia tanto calor em Columbus, na Geórgia, como sempre. Não havia nada de anormal no dia, fora a pequena movimentação nas ruas. Minha mãe estava preparando o almoço, enquanto eu não fazia absolutamente nada, exceto ler uma revista de fofocas.

Pode parecer estranho, mas aos 35 anos eu ainda morava com a minha mãe, mas tinha um emprego, um bom emprego. Trabalhava na área administrativa de uma empresa de eletrônicos no centro da cidade. Eu vivia pelo meu trabalho, e isso me sobrecarregou, tive uma reação aguda ao estresse e fui afastada do meu cargo por um mês. Minha mãe resolveu tomar uma medida drástica: isolar-me de qualquer coisa que pudesse me aproximar do meu trabalho, o que incluiria ver televisão e ler jornais. A única coisa que minha mãe me deixava ler era esse tipo de revista.

Ela se mudou para a minha casa há um ano. Meus pais moravam em Albany, mas meu pai faleceu e eu consegui convencê-la a deixar a nossa antiga casa e vir morar comigo. A verdade é que eu não os via há muito tempo, e eu não queria correr o risco de perder minha mãe sem antes falar com ela, como aconteceu com o meu pai.

Fui folheando aquela revista tediosa e a única coisa que via eram fotos de “bandinhas” que faziam sucesso entre as adolescentes e filmes teen. Não havia nada para fazer, e minhas férias estavam longe de acabar. Aquele tédio todo me dava fome, e o almoço demorava. Claro, eu poderia te fazer a minha própria comida, mas sempre fui uma negação na cozinha e eu só sabia fazer uma coisa: torta de maçã.

– Mãe, falta muito para o almoço ficar pronto? – gritei.

Não obtive resposta, a não ser por um barulho estranho vindo de algum lugar da casa. Só então me lembrei que, depois de pegar uma carta (do meu patrão) na caixa de correio, esqueci de fechar a porta da frente. Levantei-me com preguiça da cama e fui em direção à cozinha, onde minha mãe deveria estar.

Outro barulho me assustou.

– Mãe!

Fui correndo até lá. Poderia ser um ladrão (apesar da cidade não ser tão grande, a minha casa era a maior da rua e uma onda de assaltos assustava os moradores do bairro), e eu entrei em estado de alerta. Quando cheguei lá, a porta estava escancarada, e eu pude ver um pouco de sangue escorrendo pelo tapete. Dei um passo à frente e me deparei com a cena mais horrenda que já havia visto em toda a minha vida: Havia um... Alguma coisa parecida com um humano, ou era mesmo um? Aquilo estava agachado, enquanto enfiava as mãos em algo, tirava uma coisa avermelhada e enfiava na boca. Olhei mais de lado e vi que aquele material vermelho e mole era os órgãos da minha mãe. Ela tinha uma expressão de dor e surpresa, mas estava imóvel e muito pálida. Ela estava morta.

Soltei um ruído involuntário e aquilo se levantou. Ele olhou para mim e começou a andar em minha direção. Seu rosto era completamente deformado e ele tinha uma mordida enorme na perna esquerda, o que o fazia mancar. Corri até o fogão, peguei uma panela e bati com toda a força naquele ser repulsivo. Eu atingi seu tórax, mas aquilo não foi o suficiente, ele apenas caiu no chão e se levantou. Não poderia ser uma pessoa fantasiada, aquilo era real, me lembrava os mortos-vivos de filmes de terror.

Corri até a garagem e peguei o antigo machado do meu pai. Era um de seus objetos mais preciosos, e uma das poucas coisas que minha mãe trouxe da antiga casa. Quando olhei para trás, ele estava atrás de mim e emitia ruídos ininteligíveis. Concentrei-me bastante e desferi um golpe no pescoço do morto-vivo. Sua cabeça caiu alguns segundos antes do corpo, mas, incrivelmente, ela parecia ainda ter vida. Fiquei apavorada, como matar algo que parecia estar morto.

Lembrei-me daquela cena que presenciei na sala. Minha mãe estava morta, eu estava abandonada. Nem pude dizer a ela o quanto estava feliz por poder passar mais tempo com ela... Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

A tristeza virou raiva e comecei a dar machadadas na cabeça do desgraçado. Depois de algum tempo, parei e olhei novamente para aquela cabeça, ela estava imóvel e totalmente destruída. Dei um pequeno sorrio sínico e notei que meu rosto estava repleto de lágrimas.

Voltei para a sala, fechei a porta da frente e liguei a televisão para ver o que estava acontecendo. Um general do Exército falava, enquanto, ao fundo, apareciam imagens de mortos-vivos andando por aí.

... Por isso, estamos decretando estado de alerta. Aconselhamos a todos que o local mais seguro para se proteger disso são as grandes cidades. Juntem um grande estoque de comida e materiais de higiene pessoal e vão para as grandes cidades, onde temos vários soldados para defesa e os médicos estão estudando essa infecção. Se, por ventura, encontrarem um deles, matem. O segredo é atingir o cérebro.

Eu estava me perguntando o que estaria acontecendo. Isso era sério? O Governo estaria exagerando ou escondendo algo por trás desses acontecimentos inusitados? Isso era só na Geórgia, seria em todo o país ou o mundo inteiro estava tomado por aquelas coisas?

Olhei novamente para a televisão e ela mostrava imagens de ataques de bandos deles. A repórter os denominava “caminhantes” ou “mordedores”. Raramente usava a definição “mortos-vivos”. As imagens foram cortadas e pensei que talvez fosse uma intervenção do Governo para não deixar a população em estado de pânico.

A cidade grande mais próxima de onde eu estava era Atlanta, a capital do estado. Antes de organizar minhas malas, decidi voltar até o cadáver de minha mãe. Eu esperava vê-la da mesma forma que deixei, mas, ao invés disso, vi um caminhante vagando pela cozinha.

Quando cheguei mais perto, ela se virou e levei um grande susto. Era a minha mãe, quase intacta, mas era como se não tivesse o abdômen e seu pescoço estava mordido. Eu tive vontade de chorar, mas me segurei enquanto observava o cadáver caminhar vagarosamente em minha direção. Ela emitia sons estranhos, como se tentasse falar alguma coisa. Peguei o machado e, depois de hesitar um pouco, o cravei em sua cabeça. Caiu sangue em mim e eu quase vomitei, mas eu não comia nada havia horas.

Senti-me muito mal em pensar que havia matado minha mãe, mas ela já estava morta antes. Eu não poderia deixá-la “viver” daquela forma, aquilo não era uma vida, não era nada. Seria um eterno inferno para ela.

Abri a despensa e selecionei alguns alimentos não perecíveis e úteis, afinal, seriam quase duas horas de viagem, se não houvesse nenhum imprevisto. Peguei muitas roupas e outros objetos de higiene pessoal. Coloquei na mala uma foto que eu tirei com os meus pais há alguns anos e decidi tomar banho antes de partir.

Apesar do calor, ventava bastante, então resolvi buscar um casaco e pegar outros para guardar, por precaução. O primeiro que vi no armário foi aquele casaco ridículo que minha mãe costurou para mim. Eu o odiava, e nunca o usei em cinco anos. Abracei o casaco e o vesti enquanto me lembrava do dia em que minha mãe me entregou.

Na hora, não pude deixar de esconder o desapontamento por recebê-lo. Aniversário é uma coisa que só acontece uma vez por ano. Todos esperam receber algo útil, e eu recebi aquilo. Minha mãe sempre foi uma ótima costureira, e fiquei me perguntando o que teria acontecido para seu desempenho cair tanto.

Fiquei feliz por não tê-lo jogado fora, e jurei que iria lembrar todos os momentos bons que tive com a minha mãe quando o usasse.

Desci as escadas e voltei para a garagem. Ela ainda estava com os restos mortais que eu deixei lá. Quando fui buscar o carro, me lembrei que eu havia o deixado fora de casa. Parece estranho, mas eu aproveitei para lavá-lo e, como estava demorando, voltei para casa a pé.

Peguei minhas malas, empunhei o machado e saí. O dia não poderia estar pior: meu carro estava a duas quadras de onde eu estava, tinha que ir até ele carregando duas malas enormes e um machado pesado, o mundo estava dominado por mordedores querendo matar qualquer um que aparecesse e eu estava perdida, abandonada nesse mundo.

Quando virei à esquina da rua do lava-jato quase esbarrei em algo. Era um deles. Soltei as malas no chão e, talvez por reflexo, cortei a cabeça dele. Essa segunda “morte” (não contei com a da minha mãe) me deixou mais confiante. Quando eu era criança, meu pai me ensinou a usar o machado para cortar lenha. Talvez por isso eu tenha conseguido cortar aquelas cabeças com tanta facilidade. Continuei andando e achei meu carro, mas o portão estava protegido por um cadeado.

Verifiquei que não havia nada por perto e comecei a dar machadadas na corrente do cadeado. Quando estava na metade do serviço, olhei para o lado e vi um cartaz escrito: “Mortos não entram!” Com tanta proteção, nem mesmo vivos conseguiriam entrar.

Voltei a bater e, depois de um tempo, a corrente cedeu. Olhei para trás e vi quatro deles vindo em minha direção. Entrei, escancarei o portão, abri o carro, joguei minhas malas nele e dei a partida. Acelerei e consegui passar o carro por cima de um, mas desviei dos outros.


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Notas finais do capítulo

Se alguém não viu a imagem: http://media.tumblr.com/8978a1d2901564387af65c7bec8eabc5/tumblr_inline_mn7ftkQ6v11qz4rgp.gifDevemos continuar? Deixem sua opinião.



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