Shot At The Night escrita por Danna


Capítulo 15
A casa do lago


Notas iniciais do capítulo

Oi amores, tudo bem?
Mel perdões pela demora, mas minha aulas acabaram de voltar e minha imaginação me deixou...
Bom está ai, espero que gostem!
Boa leitura!



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– Se abaixa! – Falou Hunter assim que a janela ao nosso lado estourou com um alto barulho jogando cacos de vidro para todos os lados. Senti meu corpo sendo arremessado ao chão, fazendo com que Hunter cobrisse meu corpo com o seu, como um escudo.

Percebendo que estávamos perto da mesa de doces a indiquei com a cabeça, como se dissesse para nos escondermos lá. Engatinhamos até ela, com Hunter a minha frente, torcendo para que ninguém percebesse nosso ato.

– Lena, eu quero que você me escute e faça o que mando ok? – acenei com a cabeça enquanto o ouvia falar. Estávamos em baixo da mesa, ouvindo os gritos das pessoas ao nosso redor, e pelo menos no meu caso, se sentindo extremamente impotente por não poder fazer nada para ajudar. – Ligue para seu pai e peça ajuda – falou me entregando seu celular. – Eu quero que você fique aqui, quietinha, tudo bem? Vou tentar ajudar Matt e dar um jeito nos sequestradores enquanto seu pai não chega.

Acenei novamente com a cabeça, me sentindo completamente perdida. A vontade que eu tinha era de me deitar e começar a chorar, lamentando para sempre o meu perfeito destino.

– Hunter – o chamei antes de ele deixar-me sozinha. – Cuidado!

– É bom saber que você se importa pirralha – falou e logo depois saiu do meu campo de visão.

Peguei seu celular e disquei o número do papai. Desesperada, tentei explicar para ele o que estava acontecendo, o deixando no mesmo estado que eu. Segundo ele, nessas horas é necessário manter a calma e esperar que a ajuda chegasse. Maldita hora em que eu fui resolver fazer uma festa no meio do nada!

Os gritos vindos do salão faziam com que eu me perguntasse se alguém tinha se machucado ou na pior das hipóteses, morrido. Meu pânico aumentou ainda mais quando lembrei que quase todos que eu amava estavam naquele salão. Meu irmão, minhas melhores amigas, Matt e, infelizmente, Hunter.

Assustei-me quando percebi que os sons dos tiros estavam mais perto do que eu pensava.

Precisava fazer alguma coisa. Nunca fui de aceitar o que me mandavam fazer e agora não era o momento certo para fazê-lo.

Não podia ir até onde o lado de fora do salão já que eram de lá que os barulhos vinham e onde Hunter e Matt estavam, mas também não podia deixar os dois sozinhos enfrentando sei lá o que. Optei por ir até onde eles estavam, já que provavelmente eu era a razão do que estava acontecendo, novamente.

Sai de baixo da mesa, encarando o caos ao meu redor. Muitas pessoas corriam de um lado para o outro sem saber o que fazer, tentando inutilmente chegar à porta de saída e se surpreendendo ao ser recebido por tiros.

Antes que pudesse dar um passo em direção à porta, aproximadamente quatro sequestradores entraram pela mesma, dois segurando um Matt desacordado.

Não podia deixa-lo sozinho, mas também precisava encontrar Hunter. Se ele não estava com Matt, ou estava morto ou tinha fugido e me deixado sozinha.

Preferi pensar que havia uma terceira opção e saí correndo torcendo para que as pessoas no salão me camuflassem, totalmente sem rumo, mas com um objetivo: encontrar Hunter.

Lembrei-me da entrada subterrânea do salão e corri para lá. Precisava atravessar o salão e virar à esquerda, já que no final desse corredor tinha a escada que levava a saída.

A cada passo tropeçava nos meus próprios pés por conta da sandália de salto que estava usando, dificultando totalmente meu caminho, mas mesmo assim conseguindo despista-los, já que quase ninguém sabia que a entrada existia ou que aquela escada velha levava a algum lugar.

Tentava descer as escadas em forma de caracol no escuro, mas essa missão era quase impossível de se fazer correndo. Ela começava no andar superior, mas depois de uns 3 degraus ela já descia para o inferior, sendo quase impossível de qualquer pessoa que estivesse em cima visse quem estava em baixo.

Ouvi passos e me abaixei no meio da escada, tentando passar despercebida por quem quer que esteja ao lado da escada no andar superior.

O surto de adrenalina deixava meu corpo aos poucos, fazendo com que todos meus medos voltassem a aparecer. Tinha vontade de me entregar para acabar de uma vez com isso, mas se tinha desistido da ideia de ir para Morcleine apenas para continuar com vida, não iria desistir agora.

Os passos pararam e pude respirar aliviada. Voltei a descer os degrais da escada, evitando fazer qualquer tipo de barulho.

O que não aconteceu já que as escadas eram velhas e rangiam por tudo.

Não conseguia ver nada, mais podia ouvir o sequestrador descendo-as.

Sem pensar duas vezes comecei a correr, assim como ele. Novamente ouvi barulhos de tiros, mas dessa vez eles vinham em minha direção.

Comecei a entrar em desespero. Se algum deles me acertasse, seria o meu fim. Não importa se fosse de raspão ou não. Sabia que a dor me impediria de continuar correndo e de encontrar Hunter...

Surpreendi-me quando aquela mesma “bolha” azul que me protegeu do acidente de carro, apareceu ao meu redor. Ela era realmente um campo de força que impedia que qualquer coisa entrasse.

Senti-me totalmente aliviada quando coloquei os pés no corredor, iluminado a luz de velas, que levava para a outra entrada do salão. Consegui enxergar o arco aberto que era usado como porta e corri em sua direção.

O campo de força já havia desaparecido novamente, provavelmente por eu não ter ouvido mais nenhum barulho de tiro ou por simplesmente não saber como controlá-lo. Continuei correndo e finalmente pude sair do salão.

A alegria durou exatamente meio segundo.

Mãos agarraram minha cintura e me puxaram para cima, fazendo com que eu me debatesse. O sequestrador que me pegou colocou-me por cima do ombro, do mesmo jeito que se faz com sacos de batatas, impossibilitando qualquer movimento.

– HUNTER! – gritei o mais alto que consegui, já que minha boca não estava coberta, debatendo-me.

– Desiste garota. Nesse momento ele provavelmente já está no inferno – falou o sequestrador e pela primeira vez percebi que eles podiam falar. Pensava que aquela máscara de gás não permitia isso.

Meu coração parou e meu corpo começou a tremer. Não podia perder Hunter, de nenhum jeito. Não saberia como viver em um mundo sem ele, ou sem sua proteção.

Parei de me debater e fiquei quieta, esperando pelo pior.

O sequestrador estava me levando novamente para o salão principal, subindo as escadas em forma de caracol, com o outro que me perseguiu logo atrás. Fui colocada no chão, assim que a escada terminou, mas eles continuaram me segurando.

Andamos novamente até o centro do salão, e consegui ver o corpo de Matt jogado no chão, junto com uma poça de sangue. Antes de ficar mais desesperada, olhei para seu peito ver se tinha algum sinal de sua respiração.

Graças a Deus, ele ainda estava vivo!

Fui jogada no chão ao seu lado, caindo em cima de sua poça de sangue. Se fosse há um tempo, acharia esse ato extremamente nojento já que o sangue não era meu, mais hoje, apenas agradecia por ele estar vivo.

No salão, agora se encontravam apenas cinco sequestradores, eu e Matt, sem nenhum sinal de Hunter.

A cada segundo que se passava ficava me perguntando onde meu pai e a polícia estavam e onde Hunter havia se enfiado, isso se ele ainda estivesse vivo.

Ele precisava estar vivo.

Não conseguiria viver sabendo que Hunter havia morrido por minha culpa.

É impressionante o modo como ele entrou na minha vida, de surpresa. Eu não queria conhecer pessoas novas, não queria me apaixonar, apenas queria continuar com a minha vida pacata, mas ele não deixou isso acontecer. Ele transformou minha vida em um verdadeiro inferno, no qual eu me acostumei a viver.

– Matt? – chamei assim que o ouvi tossir e se mexer desajeitadamente. Coloquei minha mão em suas costas e tentei o ajudar a se sentar. Os sequestradores conversavam na frente de uma das janelas que havia sido quebrada, nos encarando a cada segundo que se passava.

– Onde está o desgraçado do Hunter? – perguntou colocando a mão ao lado direito do seu corpo, cobrindo sua costela. Dei de ombros e tentei mostrar para ele que eu estava tranquila e confiante em relação ao Hunter.

– Matt, meu irmão e as meninas estão bem? – perguntei tentando não soar desesperada.

– Eles estão bem, não se preocupe – respondeu em um baixo volume encarando todos os movimentos dos sequestradores. – Precisamos sair daqui Lena – falou Matt, agora me encarando.

– Eu sei, mas como? – sussurrei para ele. – Nós não sabemos nem onde Hunter está não podemos deixa-lo sozinho.

– Lena, precisamos apenas tira-la daqui, não se preocupe com ele – falou.

– É fácil para você falar – respondi olhando para os sequestradores. Três deles desceram novamente a escada para a entrada subterrânea, deixando apenas mais dois “cuidando” de nós.

– Ás vezes nós precisamos aprender a separar nossas obrigações e o que sentimos – falou. – Você sabe que a partir de agora, se Hunter ainda estiver vivo, é o que ele irá fazer.

– Você se machucou? – perguntei tentando mudar de assunto o mais rápido possível. Preferia não pensar no que Matt acabou de falar.

– Só um tiro de raspão do lado direito e um nocaute na cabeça – falou quanto viu minha cara de desconfiada. Achei que ele estava escondendo alguma coisa de mim graças ao grande volume de sangue que marcava sua camisa e o chão. – Precisamos... – e mais barulhos de tiros foram ouvidos.

Os dois sequestradores caíram no chão, quase que ao mesmo tempo. Sangue escorria de seus peitos, e as cabeças tombadas indicavam que a vida já havia se esvaído de seus corpos.

Tampei meu rosto no mesmo instante, querendo esquecer a cena que se passava repetidas vezes por trás dos meus olhos.

Eu não suportava mais isso. Já estava cansada de viver com preocupações, medo e mortes.

– Me diz, pelo amor de Deus que esse sangue não é seu – falou Hunter me abraçando, novamente cobrindo meu corpo com o seu, dando um beijo no topo da minha cabeça.

– Não é – falei com um sussurro enterrando meu rosto em seu pescoço, ainda com os olhos fechados.

– É meu – falou Matt – Jogaram ela em cima da poça do meu sangue.

– Falando desse jeito é nojento Matt – falei abrindo os olhos e me afastando de Hunter para ver se ele havia sofrido algum ferimento. Cortes se espalhavam por suas bochechas e seu cabelo, já sem o chapéu de chapeleiro maluco, estava extremamente desarrumado e caindo sobre seus olhos, no momento, azuis.

– E é nojento – falou Matt, chamando minha atenção.

– Eu sei – disse encarando o sangue em meu shorts, perna e braços – Isso é realmente muito nojento.

– Sinto muito atrapalhar o momento de nojeira dos dois, mas precisamos ir. Ainda faltam três sequestradores para matar – falou ajudando Matt a se levantar.

Era essa a palavra que melhor descreve Hunter.

Para ele matar pessoas era normal. Não sentia, não ligava se algum deles tinha uma família e não se importava em ver a vida deixar os olhos de quem ele matou.

Aposto que ele até achava isso divertido.

Divertido ter o controle sobre alguém e mais ainda ver essa pessoa implorar piedade, a qual ele não tinha.

– Levanta Lena! – falou com mais uma crise de humor diário, me puxando pelo braço.

Passamos ao lado dos corpos inertes dos sequestradores, fazendo-me ter uma súbita queda de pressão. Matt percebendo isso passou uma de suas mãos ao redor de minha cintura e assim um se apoiou no outro, tentando inutilmente ficarmos de pé. Continuamos a andar descendo com dificuldade os degraus da frente do salão.

– Por que os outros sequestradores deixaram o salão? – perguntei fazendo Hunter parar onde ele estava e se virar para trás.

– Por que os outros estavam me procurando. Eles querem me matar por que acham que isso de algum modo afetaria meu pai – falou vindo para o lado de Matt e passando o outro braço dele em seu pescoço. – Pobres iludidos! – exclamou olhando para o céu escuro. – Vocês não conseguem andar mais rápido não? – perguntou extremamente irritado, me deixando mais impaciente e nervosa do que eu já estava.

– Escuta aqui Hunter, não foi você quem foi ferido, então cala essa maldita boca e pela primeira vez na vida coloque seu amigo antes de você! – perdi o resto de paciência que me restava e descontei toda a raiva que estava de Hunter naquela frase. – Não foi apenas um tiro de raspão, não é Matt?

– Não queria que você se preocupasse... Ou se sentisse culpada – falou olhando em meus olhos. Nunca tinha reparado nos olhos verdes de Matt e agora, quando finalmente faço, eles estão tão apagados...

– Droga! – rateou Hunter quando algo acertou as pedrinhas do estacionamento perto do seu pé. – Corram! – Provavelmente os três sequestradores restantes acabaram de nos achar.

Comecei a correr junto a Hunter, tentando levar Matt conosco. Nos abaixávamos de vez em quando e tropeçávamos nos nossos pés, quase caindo de cara no chão na maior parte do tempo.

Conseguimos chegar ao carro de Hunter sem que nada nos atingisse. Colocamos Matt no banco de trás e logo depois me aconcheguei no banco do passageiro.

Apenas depois de termos saído em disparada pela estradinha que levava ao salão que pude respirar tranquilamente.

– Eles vão nos seguir Lena! – olhando pelo retrovisor, Hunter parecia a ponto de ter um enfarte. Seu rosto estava mais pálido que o normal e as juntas de seus dedos no volante pareciam prestes a estourar pela força que ele fazia. – Você que conhece essa cidade, me fala algum lugar para ir – resmungou me encarando. – Rápido!

– Vire à direita – falei. Lembrei-me de quando era pequena e fazíamos esse mesmo caminho para irmos à casa do lago dos meus avós e era para lá que iriamos. Entrar não seria problema já que a chave da casa ficava enfiada em um vaso de planta. A única coisa que me preocupava era o estado de Matt, já que ele ainda estava com uma bala no corpo. – Nós vamos para a casa de férias dos meus avós no lago Champlan.

– Matt, você aguenta até o lago? – perguntou Hunter, pela primeira vez parecendo preocupado.

– Não se preocupem comigo – respondeu com dificuldade.

A viagem até o lago era longa, durava de 2 a 3 horas e esse era um problema para quem estava sangrando, quase a beira da morte.

Os minutos não pareciam passar e a cada momento ficava mais impaciente... E cansada. Tinha passado por tantas coisas hoje que a única coisa que queria fazer era poder ir para minha casa, tomar um banho e hibernar.

Depois de duas horas e meia de puro silencio, chegamos até a casa do lago.

Sai correndo do carro para abrir a porta de entrada, deixando o caminho livre para Hunter e Matt.

– Lena, eu preciso de água quente, agulha e linha. – Hunter deixou o corpo cansado de Matt em cima do sofá, enquanto me encarava. – Você consegue? – perguntou com a voz extremamente cansada, me surpreendendo.

– Sim – falei correndo para cozinha colocar a água para ferver. Depois de já ter colocado a água no fogo tirei meus sapatos de salto para conseguir correr até as escadas. Eles eram as únicas coisas da minha fantasia que estavam inteiras já que eu perdi minhas asas enquanto corria.

O primeiro andar inteiro da casa era uma coisa só, sendo que a única coisa que separava os cômodos era a ilha que ficava na cozinha. Já no segundo andar, haviam três quartos que quando saíamos deles dávamos direto em um corredor, no qual era possível ver todo o andar de baixo da casa por ele ser uma espécie de sacada com corrimãos de madeira.

Subi as escadas e fui direto para o ultimo quarto do corredor, o qual era o quarto onde minha avó costurava quando ela vinha para cá. Sempre o amei por ter uma máquina de costura na bancada do quarto e seus materiais, como tecidos, linhas e agulhas. Provavelmente foi de tanto ver minha avó nele que surgiu minha paixão por moda.

Peguei uma das agulhas e um carretel pequeno de linha, descendo correndo as escadas logo depois. Entreguei-os para Hunter e fui pegar a água quente no fogão junto a um pano de prato para ajudá-lo.

Hunter já havia tirado a camisa de Matt quando cheguei com a água e já tinha começado a tentar retirar a bala que estava cravada em algum lugar perto das costelas dele.

– Me passa o pano com a água, por favor? – perguntou Hunter.

Molhei o pano com a água fervendo e entreguei para ele, recebendo uma bala cheia de sangue em troca, a qual eu fui jogar no lixo da cozinha.

Assim que voltei, Hunter já estava fechando o ferimento enquanto Matt gritava e se contorcia de dor no sofá. Fui até ele e segurei sua mão, tentando inutilmente o ajudar de alguma forma.

– Pronto – falou Hunter colocando novamente o pano com água quente em cima do ferimento de Matt. – Você precisa descansar agora. Acha que consegue andar até o quarto? – perguntou. Matthew assentiu e começou a se levantar. – Em qual quarto ele vai ficar?

– No primeiro – respondi ficando de um dos lados de Matt para lhe dar apoio. – Você fica no segundo e eu no terceiro.

Enquanto Hunter o colocava na cama, eu pegava as cobertas em cima do armário. Por mais que essa casa fosse apenas de férias, meus avós vinham aqui mais vezes do que eu podia contar, deixando assim a casa sempre limpa, panelas e talheres na cozinha e as cobertas sem cheiro de mofo.

Arrumamos Matt de um jeito que fosse confortável para ele e deixamos o quarto.

– Você precisa tomar um banho – falou Hunter assim que já estávamos fora do quarto.

– Eu sei – respondi. – Mas não tenho roupa – falei em baixo som, corando logo em seguida.

– Se você quiser, minhas malas estão no carro – disse Hunter mexendo em seu cabelo. – É que nós iriamos para Morcleine depois da festa... Então eu já deixei minhas coisas nele.

– Se você puder emprestar, seria uma boa – falei indo em direção ao banheiro, no final do corredor, sem esperar sua resposta.

Liguei o chuveiro, na temperatura mais quente e tirei minhas roupas, as colocando dentro da pia. Amarrei meu cabelo em um coque para não molha-lo, já que, por incrível que pareça, ele ainda estava limpo.

Esfreguei-me o máximo que consegui, tirando o sangue de Matt do meu corpo e apenas saindo do banho quando meus dedos começaram a ficar enrugados.

Depois de me enrolar na toalha que tinha pegado nos armários do banheiro, fui em direção ao quarto que iria ficar, dando de cara com as roupas do Hunter em cima de minha cama. Um grande moletom preto da banda The 1975 estava estendido e em cima dele uma cueca branca, que com certeza ficaria gigante em mim.

Troquei-me e desci as escadas atrás de Hunter e seu celular. Provavelmente teria ficado envergonhada de estar apenas com um moletom e uma cueca, mas comecei a pensar que era a mesma coisa que estar de vestido, já que o moletom havia ficado apenas cinco dedos acima do meu joelho.

O celular de Hunter estava em cima da ilha da cozinha, onde eu tinha deixado quando chegamos. Procurei pelo seu dono para pedir autorização para usa-lo mais não o achei, ficando extremamente preocupada. Mesmo assim disquei o numero de minha mãe e me sentei em um dos altos bancos que havia ao redor do balcão.

– Alô? – falou depois do 3º toque.

– Oi mãe, sou eu – pude ouvi-la soltar a respiração do outro lado da linha.

– Graças a Deus você está bem querida! – gritou fazendo com que eu afastasse o celular da minha orelha. – Ficamos tão preocupados quando ligou para seu pai. Ele saiu correndo de casa quando atendeu ao telefone. Como você está? Algum arranhão?

– Nenhum mamãe – falei acalmando-a. – Nós estamos na casa do lago da vovó. Jace está ai? Ele está bem? – perguntei.

– Sim, querida. Ele e as meninas chegaram pouco tempo depois de seu pai sair de casa – pude respirar aliviada.

– O pai falou o que aconteceu depois que a policia chegou? – continuei o interrogatório.

– Eles conseguiram prender dois sequestradores. Dois já estavam mortos quando ele chegou e segundo a polícia apenas um fugiu.

A imagem dos dois corpos caídos no chão voltou com uma velocidade assombrosa em minha mente.

– Ainda bem que apenas um fugiu – falei. – Posso te pedir um favor?

– Claro meu anjo – respondeu sem pestanejar.

– Vocês podem trazer minhas malas para cá? Eu achei que no final da festa teríamos tempo para pega-las, mas não deu – pedi.

– Sim, amanhã bem cedo já estamos aí – falou.

– Obrigada mãe! Avise papai e Jace que estou bem, ok?

– Pode deixar amor, nós também temos que conversar com ele, então aproveitamos a deixa – falou e mesmo não vendo, tinha a certeza que ela estava sorrindo.

– Tudo bem! Amo vocês.

– Nós também te amamos meu anjo – e depois dessas palavras, pude escutar apenas o barulho da linha telefônica.

Coloquei novamente o celular no balcão da cozinha e sai em busca de Hunter. Eu sabia que seria extremamente difícil alguém nos achar no meio do nada, com apenas árvores e um lago ao nosso redor, mas mesmo assim milhares de coisas se passavam na em minha cabeça.

Procurei-o em todos os cômodos da casa, mas ele não se encontrava em nenhum. Gritei seu nome, fui até seu carro e nada.

Já cansada de não ter nenhuma resposta, desisti de tentar acha-lo e fui em direção às escadas. Seria bem melhor eu dormir antes de acha-lo, pois se eu o achasse, teria que conversar com ele, e eu não tinha ideia sobre o que.

Eu realmente estava furiosa com Hunter, por vários motivos.

O primeiro deles era por ele ter falado o que falou para mim no dia da festa de Jane, mesmo ele tendo se desculpado depois.

O segundo era por ele ter “voltado” com a Zoey.

E o terceiro e ultimo era por ele apenas se preocupar com si mesmo, em todos os momentos de sua vida. Achava que ele tinha mudado e que aquele Hunter egoísta que eu conheci havia ido embora. Mas ele não foi, apenas estava bem escondido.

Parei no começo das escadas quando vi uma sombra pela grande porta de vidro que levava ao lago.

Hunter estava sentado perto do lago, com certeza perdido em seus pensamentos, assim como eu. Fiquei em duvida se iria ou não conversar com ele, mas preferi ir dormir.

Agora que sabia que ele estava bem, sabia que conseguiria deitar-me e finalmente tentar ter uma boa noite de sono... Ou achava que sim.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Mereço comentários?
Por favor leitores fantasmas, apareçam!
Beijoos, até o próximo.



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