O Sol brilha. É assim em quase todas as colheitas do Distrito 7. Tenho de medo de ser escolhida, apesar de saber que, entre tantas garotas, a probabilidade disso acontecer é quase nula.

Assisto aos Jogos desde muito nova, e recebi alguns "treinamentos" a partir dos 11 anos, não com o interesse de me voluntariar, mas para estar preparada no caso de ser escolhida. Meu Distrito é pobre, mas não chega a ser um dos mais miseráveis, já faz 15 anos que não temos um vencedor, mas sempre temos um destaque.

Minha mãe faleceu ainda no parto e meu pai passa o dia inteiro na floresta em seu trabalho de lenhador. Encontramos nas tésseras uma forma de evitarmos a fome, que ainda é muito comum no nosso distrito. A pobreza que nos assola é muito diferente do que vejo nos livros de história . É difícil acreditar que este lugar já foi o belo Canadá antes de acabarem com tudo.

Meu coração dispara quando escuto meu nome ser pronunciado por uma criatura absolutamente ridícula, com pele tingida de laranja e cabelos azuis. É Stella van der Pol, dama-de-companhia da capital no Distrito 7. Eu acabo de ser sorteada para participar da 72ª edição dos Jogos Vorazes.

Ando cambaleante até o palco, avisto meu pai e lágrimas começam a escorrer dos mesmos olhos, sinto olhares de pena vindos de todos os lados, não consigo escutar nada até que um garoto da fileira dos 18 anos também é sorteado. Não prestei atenção em seu nome, mas ele é alto e forte. Mesmo padrão de destaque do meu distrito em todos os anos.Pacificadores nos levam até o Edifício da Justiça.

Meu pai entra na sala.

-Johanna, lembre-se de tudo que treinamos, de tudo que eu te ensinei!

-Eu não vou voltar! Eu só quero que você prometa que vai ser feliz!

-Me promete que você não vai desistir?

Nesse momento uma pacificador entra na sala e avisa que nosso tempo acabou. Minha amiga Cassandra também iria me visitar, mas eles me privaram de me despedir direito daqueles que eu mais gosto.