Inocência escrita por Evelyn


Capítulo 1
Essa é a última canção que você irá cantar


Notas iniciais do capítulo

Escrevi essa one em cerca de 10 minutos - não é uma brincadeira - apenas para passar o tempo.
Logo, a escrita está simples - e acho que deixou muito a desejar, a capa foi feita pela internet, pois estou com um problema no photoshop - motivo pelo qual a edição está péssima - mas ainda sim espero que gostem.

L a w l i e t



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Peguei o pássaro e ainda mais alto que o barulho, eu disse:

"Essa é a última canção que você irá cantar"

Segurei-o de cabeça pra baixo, então quebrei seu pescoço,

Ensinei-lhe uma lição que ele jamais esqueceria

song bird – florence and the machine

Sansa Stark era bela.

Bela em seus cabelos ruivos espessos. Bela em sua cega confiança. Bela em seus olhos azuis. Bela em seu nobre e inocente coração que clamava pelo amor. Bela em sua pele alva. Bela em suas esperanças. Bela em seus lábios de boneca, em seu sorriso delicado. Bela em sua esperança de que a paz viesse, mesmo quando a guerra era óbvia  tão evidente quanto seu talento para a costura.

Bela até mesmo quando o mundo era horrendo, o sangue era derramado no lugar do vinho e a vida era retirada por facas que deveriam cortar fatias de pão, e não carne de inocentes – e não inocentes, também. Ou era assim que ela pensava.

Sansa Stark era pura.

Pura na bondade de sua alma. Pura nos hematomas agora quase inexistentes que ganhara quando era a prometida de Joffrey – ela o amara tanto, como ele pudera fazer isso? ela pensou não saber. Pura em seus toques delicados – ela sempre gostara de tocar em Margaery, segurar suas mãos e tocar seu ombro. Pura nas palavras doces ensaiadas e memorizadas ensinadas pela Septã. Pura nas cortesias e nas reverências.

Pura em um mundo podre, e em um mundo repleto de ironias e jogos desprezíveis, onde os honrados morrem e os banhados em desonra vivem, ela nuca fora suficientemente cega – e suja – para enxergar a realidade. Também não era suficientemente surda para ouvir os sussurros da corte e as juras de morte. Sansa tinha a melhor das visões de Westeros, mas ela apenas via a própria pureza. Sansa tinha – também – os melhores ouvidos de Westeros, mas apenas escutava o canto dos passarinhos.

Sansa Stark era uma sonhadora.

Sonhava com príncipes e castelos esplêndidos. Sonhava com uma série de rosas que seriam entregues a ela – todas estariam acompanhadas de magníficos sorrisos apaixonantes de cavaleiros honráveis. Sonhava com um enorme banquete – onde não serviriam comidas ou bebidas, iriam servir paz e amor, risadas e beijos, ah, mas haveria uma comida apenas, uma que ela nunca poderia desfazer-se, haveria tortas de limão. Sonhava com ornamentos caros, espartilhos que não sufocavam e vestidos que entrariam no seu corpo como se fizessem parte de sua pele.

Sonhava com si mesma no trono, governando com paixão, piedade e doçura, governaria com sorrisos e bondade, seria a melhor rainha que o reino já tivera, e teria o melhor rei que qualquer uma já pudera se casar, partilhar a cama e partilhar a alma. Sansa Stark sonhava com a vida eterna de um belo verão, e o belo verão sonhava com a vida eterna de Sansa Stark.

Sansa Stark é teimosa.

Teimosa por mesmo após ter seus sonhos quebrados e massacrados, e que ela pense ter certeza que tudo que ela sonhava não existe, sua alma, coração e sua mente não concordam com ela – eles sussurram que é real, sussurram que ela se tornará uma rainha casada com um belo príncipe, sussurram que tirará as tintas do cabelo e voltará ao tom que antes eram, não terá cabelos pretos, e sim ruivos – os cabelos ruivos dos Tully, sussurram que ganhará flores, sussurram que terá um belo filho, e que ela o chamará de Eddard.

Sussurram que irá acordar em sua cama, segurando o lençol por entre os dedos nervosamente, e finalmente entenderá que fora tudo um pesadelo, que todos estavam vivos, que o inverno nunca chegaria, e que ela partiria para Porto Real em algumas horas.

Sansa Stark é – e sempre fora – um passarinho.

 Voara lindamente e cantara maravilhosamente, espiara sobre a árvore em que vivia, mas as folhas nunca lhe deixaram ver claramente o que havia para lá de seu ninho. Então seus pais lhe sussurram, em uma noite em que o céu estava banhado em estrelas, gostaria de ver o mundo, garota bonita presa em suas ilusões? Seu pai não estava certo de que deveria deixá-la partir, tampouco sua mãe, mas o pequeno passarinho sim, e ele piara, feliz, aceitando rapidamente e suplicando que deixassem-na ir.

E o pássaro voou, voou, voou e voou mais alto. E quando quase tocava o infinito, ele caiu. A maior queda que um dia o passarinho conhecera, e suas asas quebraram-se junto com seu coração. Agora se arrastava pelo chão e olhava para cima, rezava para os seus Deuses que um dia se erguesse de novo. Sim, se ergueria e dessa vez tocaria o céu.

Ainda poderia voar, mas jamais poderia cantar. Porque mesmo que as asas de Sansa um dia pudessem ser concertadas, ela não achou que fosse possível concertar uma alma, ou um coração, eram o tipo de coisa que “uma vez quebrado jamais será como antes, não importa o esforço infinito que se faça para restaurá-lo” – faziam o que você era, e se já não é o que era quando estavam inteiros, como poderia concertá-los sem concertar a si mesma? – Voaria alto e mais alto, mas a vida se certificara que ela jamais cantaria novamente.

Então, ela entendeu que sempre tinha sido o som das agulhas de costura, o som dos instrumentos tocados no torneio da Mão – que era o senhor seu pai, das histórias da Velha Ama, do amistoso tom de compreensão da senhora sua mãe, das risadas melodiosas de Margaery, das brincadeiras de seus irmãos e do lema de sua casa – esses eram seus verdadeiros contos de fadas.

Aqueles eram os momentos em que ela deveria ter mostrado seu belo sorriso, e era para naquelas pessoas que ela deveria ter colocado fé – aqueles que queriam ouvir seu canto e ver sua felicidade. Não deveria sorrir durante as falsas cortesias que ela direcionava para aqueles que nada queriam dela, não mais que sua dor – também não deveria ter acreditado neles, ela sabia. Mas agora era tarde. O inverno havia chegado, e a pureza de Sansa Stark havia partido.

Foi a música do Verão e da inocência a última canção que o doce e belo passarinho que era Sansa teve a oportunidade de cantar.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e comentem.