Além Da Amizade escrita por Esc L


Capítulo 8
Capítulo 7




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O sábado passou rápido, saímos pra almoçar, fizemos tarde de filmes juntinho do papai, ficamos juntos o dia inteiro, mais a noitinha, falei com a minha mãe no telefone, pois eu voltaria as 18h da tarde do dia seguinte, e logo depois dormi. 
Acordei no domingo por volta das 10h, tomei um banho, vesti uma roupa pra sair e fui acordar a Gigi.

— Bom dia flor do diaaa! – falei sentando em cima dela.

— Ai mana, sai de cima de mim. – ela reclamou ainda sonolenta.

— Levanta Gigi, tenho planos pra nós duas hoje. – sorri me ajoelhando na beira da cama.

— Meus planos são ficar na cama o dia todo.

— Mas os meus não. Vai moça, levanta. – falei animada, chacoalhando ela.

— Não quero Bibi. – ela falou manhosa.

— Por favor, Gi. – fiz bico.

— Ai, ta bom, ta bom. Mas só porque é o teu ultimo dia aqui. – ela fez carinha de triste.

— Uhul! – comemorei – Por isso que te amo, mana. – sorri e beijei as bochechas dela.

— Chata. – reclamou.

— Linda. – mandei um beijo pra ela – Se arruma que já, já eu subo aqui. – me levantei, saindo do quarto.

Fui até o quarto do papai, que estava dormindo por conta dos medicamentos, o observei por alguns minutos, pensei em acorda-lo, ultimamente o máximo de tempo que eu conseguia ficar com ele, pra mim era proveitoso, mas mudei de ideia ao lembrar o cansaço que os medicamentos o davam.

Sai de lá, fui até meu quarto, peguei minha bolsa, arrumei meu cabelo de novo, me olhei um pouquinho mais no espelho e fui até o quarto da Giovanna.

— Gi, to entrando. – falei abrindo a porta.

— To só penteando o cabelo. – ela gritou de dentro do banheiro.

— Ok, to esperando. 
Fiquei alguns minutos sentada na cama, até que ela apareceu toda arrumadinha.

— To pronta, vamos? – ela sorriu.

— Vamos sim. – sorri em retorno.

Nós descemos, avisamos que estávamos saindo e pegamos um taxi, pedi pro taxista nos levar até o shopping e assim ele fez.

Chegando lá, nós fomos comer algo, já aproveitamos pra almoçar e fomos fazer compras, em meio as compras, passamos em uma loja que algo me chamou atenção, pensei então em comprar algumas coisas "a mais".

A Giovanna me ajudou a escolher algumas das coisas, passamos mais algumas horinhas no shopping, minha irmã, apesar de nova, tinha uma mentalidade bem desenvolvida pra idade dela, mal parecia a princesinha que era de quase treze anos. Como na próxima semana seria o aniversário dela e ela não iria fazer nada de especial por conta do nosso pai que estava doente, as compras dela ficaram por minha conta naquele dia, em forma de presente.

Após algumas horinhas, nós decidimos ir embora, eu ainda tinha que pegar embarcar de volta pro Rio de Janeiro.
Assim que chegamos em casa, nós subimos pro meu quarto e começamos a ajeitar as coisas e decidir o que faríamos com o presente do papai.

— E essa, o que acha dessa? – perguntei, mostrando uma das fotos que a Lu tinha tirado de mim, da Gigi, do Gu e do papai juntos.

— Essa ta linda, mas tem uma melhor por ai mana, olha a minha cara. – fez careta – Como to horrível nessa foto. – se fez incrédula.

— Que exagero Gi, você só saiu meio tortinha. – nós rimos – Olha essa aqui. – mostrei a foto.

— Essa ta perfeita! – ela sorriu.

— O papai ta tão feliz nessa foto, nós estamos tão felizes. – falei, analisando a foto.

— Realmente, como nos velhos tempos. – ela sorriu, mas logo seu sorriso se desfez.

— Que foi, Gi? – a olhei.

— Nada não. – olhou-me meio tristinha.

— Me conta o que ta acontecendo mana, não é de hoje que você ta assim. Eu sou sua amiga, pode confiar em mim. – tentei passar total confiança a ela.

Ela me olhou por alguns segundos, e logo desviou o olhar, deu dois passos até minha cama e lá ela sentou.

— Eu to com tanto medo, sabe? – seu olhar era entristecedor – Um dia ta tudo bem, e no outro eu acordo e vejo meu pai doente, prestes a morrer. – ela fitava o nada.

— O papai é forte mana, ele vai aguentar.

— Não vai, tu sabe tanto quanto eu que ele não vai. – uma lágrima escorreu.

— Gi, não chora. – sequei a lágrima eu escorria – Eu to aqui, to aqui contigo, e nós vamos ser fortes juntos, eu, você, a Lu, o papai. – a abracei.

— Você sabe o quanto o papai é importante pra mim, não sabe? Ele é tudo pra mim Bibi, não quero perder ele. – ela chorava.

Foi ai então, que me vi na Giovanna, o modo como eu estava a uns dias atrás, me vi indefesa, com medo, vi o quanto ela precisava do meu pai, assim como eu precisava dele também.

— E eu penso muito no Gu, ele não vai ter o papai, ele mesmo sendo pequenininho já fica perguntando as coisas, e dói saber que ele não vai ter o papai do lado dele como nós duas tivemos em muitas vezes. – ela tentava falar em meio aos soluços – Ele precisa se curar, precisa ficar bom.

Eu apenas a abracei mais apertado, segurando as minhas lágrimas que ousavam em querer cair também.

— A gente precisar ser forte Gi, precisamos passar força pro papai.

— É o que eu to fazendo, to tentando, sempre mana, sempre. – seu choro ia cessando.

— E eu vou estar aqui, sempre. Quando as coisas se complicarem, vou estar aqui. Me liga, eu corro pra cá o mais rápido que puder, nem que eu tenha que criar super poderes pra isso – ela deu um risinho – eu vou estar aqui. Sou tua irmã, e irmãs ajudam umas as outras, lembra?

— Lembro – deu um meio sorriso.

— Então... To aqui. – sorri.

— Te amo mana, muitão. – ela sorriu e me abraçou.

— Eu também te amo Gi, muitão. – sorri e nós rimos.

Ficamos abraçadas por alguns segundo, até o Gu entrar correndo no quarto.

— Vocês estavam chorando? – perguntou curioso.

— Só um pouquinho. – falei e dei um risinho.

— Vocês são princesas, não podem chorar. – ele disse tristinho, fazendo carinho em nós duas.

— Mas nós já paramos de chorar. – ela sorriu.

— Vocês tão chorando por causa do papai? Ele me disse que talvez ele vá pro céu. – fez beicinho – E eu não vou poder visitar ele, porque é muito longe. – ele fez uma carinha de choro.

— É, mas quando isso acontecer, vamos estar eu, você e a Gigi, bem juntinhos, um ajudando o outro. – o coloquei no meu colo.

— E a gente vai cuidar um do outro? – perguntou.

— Vamos, nós três. – Giovanna falou.

— Vocês são as melhores manas do mundo, eu amo vocês. – nós nos abraçamos, os três.

— Ta, o abraço ta bom, mas ajuda a gente a arrumar o presente pro papai Gu. – falei.

Nós ajeitamos a foto no porta retrato que compramos, demos pro Gu segurar e fomos em direção ao quarto do meu pai.

— Pai? – o chamei.

— Oi filha? – disse saindo do banheiro do quarto.

— Nós temos um presente pro senhor. – Gigi disse animada.

— Presente? – perguntou surpreso, sentando-se na cama.

— Sim, um presente de nós três, pro senhor. – sorri.

— E cadê o presente? – perguntou apreensivo.

— Tcharam!!! – o Gu mostrou a caixinha que estava escondida atrás de suas costas.

— O que é isso? – perguntou.

— Abre pra ver! – falamos os três juntos.

Meu pai abriu a caixinha e pegou o porta retrato que estava dentro, ficou olhando por alguns segundos, e em seguida nos olhou, com os olhos marejados.

— Eu adorei, não poderia ter ganhado presente melhor. – ele sorriu, contendo as lágrimas.

— A gente te ama papai. – o Gu falou o abraçando.

— Muito. – a Giovanna o abraçou.

— Mais que tudo. – sorri e o abracei também.

Ficamos nós quatro naquele abraço, por alguns minutos, confortando uns aos outros, como se aquele fosse o nosso último momento de alegria juntos, ou um dos últimos.

As horas foram passando e logo chegou a hora de eu ir embora, meu pai, a Lu, Gigi e Gustavo me levaram até o aeroporto, me despedi de todos e principalmente do meu pai, com lágrimas nos olhos, mas eu sabia que aquela não seria a ultima vez que eu o veria.Pedi pra Giovanna de que qualquer coisa que acontecesse ou precisasse ela me ligaria, e assim ela me prometeu.

Duas horas depois eu já estava no Rio de Janeiro, peguei minhas malas e tentei ligar pra minha mãe vir me buscar, mas o celular da mesma só dava fora de área, tentei mais umas duas vezes e nada.

— Droga! – reclamei.

Pensei no que fazer por alguns segundos, até que o meu celular começou a tocar, era o Felipe.

— Fala.

— Oi Gabi, também estou com saudades. – ele riu.

— Não to com paciência agora, mas também to com saudades. – ri.

— Porque?

— Fui abandonada no aeroporto, olha só, que legal.

— Não seja por isso. – pausou – Olha pra trás.

Virei-me pra trás, e lá estava ele, com um sorriso torto no rosto, lindo como sempre, ele ainda segurando o celular.

— Idiota. – ri desligando o celular.

Caminhei um pouco rápido em sua direção, ele sorria pra mim e caminhava em minha direção também, logo estávamos próximos, eu envolvi meus braços em seu pescoço o abraçando, ele me abraçou apertado pela cintura e me levantou, dando um beijinho em meu pescoço, que me fez arrepiar.

 Sei que sentiu minha falta, da pra entender sua necessidade de mim. – eu ri, fazendo pouco caso dele.

 Mas voltou se achando, eu hein. – falou rindo.

 Cadê minha mãe? Porque ela não veio?

 Ela foi pra casa da serra, daí pediu pra eu vim te buscar.

 Ah, entendi. Já até sei por que ela foi pra lá. – dei de ombros.

 É, ela ta terminando a nova coleção.

 E lá é um dos lugares que ela mais consegue criar, então... – nós rimos.

 Tenho uma noticia, só não sei se vai gostar. – me olhou apreensivo.

 Que noticia? – perguntei curiosa.

 Você vai dormir lá em casa hoje. – ele deu um sorrisinho malicioso.

 Por quê? – perguntei sem entender.

 Sua mãe pediu pra minha mãe, pra você não ficar sozinha na sua casa.

 Vou ter que te aturar? – o olhei, fingindo desanimo.

 Nossa, muito obrigado pela parte que me toca. – se fez ofendido.

 Precisando, estamos ai. – ri.

 Pensei que você ia voltar mais legal. – resmungou.

 Como está dramático hoje. – ri e dei um beijo demorado em sua bochecha.

 Você que é má comigo. – fez carinha triste.

 Ah, que bebezão. – eu ri e cruzei meu braço com o seu.

Fomos caminhando e conversando até o táxi, o taxista colocou minhas malas no porta malas e demos o endereço da casa do Felipe pra ele ir.

Uns 15 minutos depois nós chegamos, o Lipe pegou as malas, pagou o taxista e fomos entrando, a tia Lorena assim que viu a gente entrando, foi nos receber com um sorriso no rosto.

 Oi minha linda. – ela sorriu.

 Oi tia, que saudades. – sorri a abraçando.

 Eu também minha linda. – ela sorriu – Sua mãe passou por aqui esses dias para nós fofocarmos – riu – ela disse que você tinha ido visitar seu pai, como ela está?

 Ah, ta indo. – sorri sem graça.

 Que bom. - ela percebeu meu desconforto com o assunto.

 Oi pra senhora também, mãe. – Felipe disse, pedindo atenção.

 Ih, você ta o drama em pessoa hoje meu filho.

 Concordo em tia. – nós rimos.

 As duas contra mim, só o que me faltava. – reclamou.

 Para de reclamar e leva as malas da Gabi pro quarto. – a tia ordenou.

 Virei empregado agora?

— Por favor, bebezão. – sorri meiga pra ele.

 O que você não me pede sorrindo que não faço chorando?

A tia riu dele.

— Bom, nem vou te falar pra se sentir a vontade porque você já é de casa.

 Pode deixar tia, já sei de tudo. – sorri.

 O mordomo está se retirando. – ele reclamou levando minhas malas.

 Eu vou subir contigo. – fui atrás dele.

Passei pela sala e o tio Marcos estava sentado assistindo televisão, o cumprimentei e subi correndo pro quarto do Lipe.

— Arrumou minhas malas direitinho escravo? – perguntei.

 Mas ta folgada, vou te contar. – sentou-se na cama.

 Tu que ta pior que velho hoje, reclamando de tudo, eu hein.

 Você não me da atenção, tenho mais é que reclamar mesmo.

— Isso é carência. – afirmei.

 É mesmo, carência de você. – ele me olhou.

Meu coração palpitou, eu sorri meio sem graça pra ele, e tratei de mudar de assunto.

— To com fome.

 Tem comida lá em baixo.

 To com fome de outra coisa.

 Que coisa? – sorriu malicioso.

— Pode tirar esse sorrisinho malicioso da cara, to com fome de MC.

 Quer ir no MC?

 A tia deixa? Não ta tarde?

 Não, ta sossegado. – sorriu.

 Então, borá! – me levantei e nós fomos descendo.

Avisamos a tia que íamos dar uma saidinha e ela pediu pra não voltarmos tarde, pegamos um taxi e fomos pro shopping, lá fomos direto pra praça de alimentação, eu estava morrendo de fome, comi o quanto pude e ainda fui chamada de gorda pelo Felipe, vê se pode.

Estávamos indo embora, pois ainda íamos caminhar pelo calçadão, quando estávamos quase saindo do shopping trombamos com a Larissa e mais uma amiga dela, a mesma me olhou com uma cara nada boa.

 Oi meu lindo. – ela sorriu e deu um selinho nele.

Fiz cara de nojo, mas só o Felipe percebeu.

— Oi. – ele deu um sorriso torto.

 Oi Gabriella.

 Oi. – fiz pouco caso.

— O que vocês estão fazendo aqui, juntos? – ela perguntou como se fosse dona dele.

 Passeando, não pode?

O Lipe olhou pra mim com uma cara de reprovação.

 Hum. Acho que pode.

Acha, coitada, só acha. Ri comigo mesma.

 E nós já estamos indo embora. – ele disse meio sem graça.

 Fica mais um pouco gatinho.

 Não da, eu e a Gabi temos que ir embora.

 Ela vai com você? – perguntou inconformada.

 Vou. – respondi pelo Felipe.

 Você vai levar ela na casa dela?

 Não, ela vai dormir em casa. – ele sorriu.

 Ela não tem casa não? – ela estava brava.

 Até tenho, mas vou dormir com o Felipe hoje. – sorri sínica pra ela.

Ela fez uma cara feia e me fuzilou com os olhos, mas eu estava é rindo por dentro com aquela situação.

 Bom, nós vamos indo. – Lipe disse.

 Me liga, quero continuar o que não terminamos ontem. – ela sorriu maliciosamente e me olhou, provocando.

 Tá. – ele sorriu sacana pra ela. Idiota.

Esperei nós nos afastarmos dela e logo perguntei.

 O que teve ontem?

 Ah, a gente tava se pegando lá na casa dela, mas daí a mãe dela chegou e acabou não rolando nada. – disse insatisfeito.

 Vocês estão ficando sério?

 Não. – fez careta – Quem eu quero presumo que não me quer, então tenho que aproveitar. – deu um risinho.

 E quem é que você quer? – o olhei.

 Ah, é uma menina ai.

 Nossa, ainda bem né, pensei que fosse um macho. – falei irônica – O nome dela?

 Curiosa hein. – me olhou de canto.

 Sou tua melhor amiga, teu dever é me contar. – falei como se fosse óbvio.

 Na hora certa te conto.

 Porque não agora? – reclamei.

 Na hora certa.

 Af, como você é chato. – me sentei no mesmo lugar de sempre, de frente pro mar.

 Falou a pessoa mais legal do mundo. – disse com ironia, se sentando também.

Nós ficamos em silencio por alguns minutos, mas ele logo o quebrou.

— E ai, como foi lá com o seu pai?

— Ah, foi meio tenso sabe? Nós conversamos, ele está mal, mas pensei que ia estar pior, pensei que ia ver ele numa cama sem poder fazer as coisas, mas até brincar de pega-pega comigo e com os meus irmãos ele brincou. – ri – Mas ele ta se fazendo de forte, típico dele. – falei num tom preocupado.

— E seus irmãos, como estão reagindo a isso?

— O Gu é pequeno, não entende, só sabe que "talvez o papai vá pro céu" – fiz aspas com os dedos – já a Giovanna ta meio balançada, ta triste, ela gosta de segurar as pontas, se fazer de forte também. – dei um risinho.

— É, vocês duas tem a quem puxar então. – riu de mim.

— Ei, eu não sou assim. – dei um tapa em seu ombro.

— Claro, imagina se não fosse. – disse com ironia.

— Mas enfim, está tudo indo, a Gigi disse que me ligaria caso acontecesse algo, daí vou pra lá.

— Dessa vez eu vou com você, ta? – pediu-me.

— Por quê?

— Não gostei de ficar longe, senti muitas saudades. – fez uma carinha confusa – E quero ficar perto de você, querendo ou não, a tendência das coisas é piorar, e eu quero estar contigo.

— A tendência é piorar. – repeti o que ele disse, refletindo – Vai ser bom te ter por perto. – sorri pra ele.

— Vai ser bom ficar por perto. – ele retribuiu o sorriso.

— Senti sua falta, nem imagina o quanto. – falei e o abracei.

— E eu a sua. – me abraçou.

Ficamos assim por alguns segundos e logo eu me desvencilhei do abraço, encostando minha cabeça em seu ombro, ficamos em silêncio e dessa vez quem o quebrou fui eu.

— Quem é ela? – perguntei receosa.

— Ela quem?

— A menina que você quer.

— Porque a pergunta?

— Quero saber.

— Por quê?

— Porque eu preciso saber. – o olhei, fixando meu olhar em seus olhos.

— E se eu dissesse que é você? – perguntou, me olhando na mesma intensidade.

— Eu ia gostar de saber. – dei um meio sorriso e ele sorriu.

Ele aproximou seu rosto do meu, ainda me olhando, eu pensei em falar pra ele parar, impedi-lo, mas não queria, e também não respondia pelos meus sentidos. Ainda com o rosto próximo do meu, eu conseguia sentir sua respiração, ele colocou uma mão no meu rosto e o acariciou, com a outra ele me puxou pela cintura mais pra perto, e acabou com todo o espaço que restava, eu sorri como resposta e ele iniciou o beijo, um beijo intenso e cheio de desejo de ambas as partes, ficamos nisso por alguns longos segundos, até por fim eu cair em mim e perceber o que eu estava fazendo.

— Para com isso. – falei um pouco ofegante e o empurrando com delicadeza – Por favor. – o olhei.

— Por quê? – me olhou confuso – Eu quero, você quer. – me puxou pra perto novamente.

— A gente não pode. – respondi com a voz falha.

— O que não pode é a gente ficar na vontade.

Ele sorriu e me beijou novamente, dessa vez mais intensamente. Eu passei meus braços em volta do seu pescoço, ficando na ponta dos pés.

Pensando bem, ele estava certo, não havia mais o porquê eu fugir disso, eu queria tanto quanto ele, o jeito era eu tomar cuidado e me blindar, e tomar cuidado pra não me machucar. Encerramos o beijo com selinhos e ele sorriu pra mim, docemente.

— Vamos embora? Ta ficando tarde. – sorri envergonhada.

— Tá com as bochechinhas vermelhas por quê? Tá com vergonha? – ele riu.

— Para Lipe. – ri e encostei a cabeça em seu peito.

— Coisa mais linda. – apertou minhas bochechas.

— Para. – o olhei sério.

— Sim senhora, nanica. – riu.

Nós pegamos um taxi e fomos em direção a casa dele, chegando lá a tia nos esperava sentada no sofá da sala.

— Chegamos. – ele disse sorrindo.

— Até que não demoraram.

— Claro, sou responsável.

— Quem vê, pensa! – desfiz a imagem dele.

— Realmente. – a tia riu – Se divertiram?

— Muito. – ele sorriu e me olhou.

Eu o olhei, repreendendo-o.

— É mesmo? – perguntou desconfiada.

— Aham, tirando o fato que o Felipe encheu o saco, consegui matar minha fome. – sorri.

— Felipe enchendo o saco? Que novidade. – ela ironizou.

— Nossa mãe, como a senhora me ama. – reclamou.

— É brincadeira, você sabe que é o bebê da mamãe. – apertou as bochechas dele.

— Ai mãe, não faz isso.

— To subindo crianças, comportem-se. – nos olhou supervisionando.

— Sim senhora. – dissemos juntos.
Nós subimos com a tia e fomos pro quarto dele.

— Cadê minhas malas?

— Estão ali no canto. – apontou.

— Ah bom, to indo lá pro quarto de hóspedes. – fui em direção as malas.

— Mas por quê?

— Muito perigoso dormir aqui contigo, vai que você me agarre no meio da noite. – ri.

— Você sempre dormiu comigo Gabi. – fez cara de criança.

— E?

— Por favor, prometo que não faço nada contigo.

Eu o olhei, e me fiz pensativa, é óbvio que eu dormiria com ele.

— Olha lá em, você prometeu! – o alertei.

Ele sorriu vitorioso. Peguei meu pijama na mala e fui pro banheiro do quarto dele, ele que tomasse banho em outro. Tomei um banho rápido, vesti meu pijama e sai do banheiro, o Lipe que estava sentado na cama ficou me olhando fixamente.

— Que foi? – perguntei.

— Esse pijama. – mordeu os lábios maliciosamente.

— O que tem ele?

— Tão curtinho, tão bonitinho. – sorriu e veio em minha direção.

— Eu vou mudar de quarto hein. – ameacei e sai de perto dele, rindo.

— Tá bom parei.

— Vamos dormir vai.

Deitei na cama e me enfiei de baixo das cobertas e fiquei o olhando, ele estava sem camisa, tão lindo, tão irresistivel.

— Vou poder dormir agarradinho em você? – fez cara de piedade.

— Não. – sorri pra ele, segurando o riso.

— Vai dormir aqui na cama comigo pelo menos?

— Vou meu bem. – sorri.

— Bom mesmo. – falou autoritário.

— Ih, quem vê pensa que manda. – fiz pouco caso dele.

— E não mando não?

— Não, quem manda aqui sou eu. – dessa vez quem falou autoritária fui eu.

— Então ta bom. – riu e se enfiou de baixo das cobertas também.

— Como é que a gente vai fazer amanhã cedo?

— Se você quiser a gente falta. – sorriu, oportunista.

— Não, não posso perder aula, não sei se vou precisar faltar mais pra frente. – me virei pra ele.

— Verdade. Então, não podemos faltar. – sorriu.

— Isso mesmo.

Nós ficamos em silêncio, apenas nos olhando. Como era lindo, ô tentação! Ri mentalmente com o meu pensamento.

— O que ta pensando? – perguntou acariciando meu rosto.

— Numas coisinhas aqui. – ri.

— Aposto que é no quanto sou irresistível. – gabou-se.

— Ih, deu pra ler pensamentos agora, é? – me fiz surpresa.

— Ah, então era nisso que a senhorita estava pensando. – sorriu sacana.

— Não se acha vai. 
— Você até que não é tão ruim assim. – riu.

— Nossa, depois dessa vou dormir. Boa noite.

Virei pro lado oposto dele, e fiquei em silêncio, me fingindo brava.

— Gabi, é brincadeira, vem cá. – ele passou a mão pela minha cintura e me puxou pra si.

— Não, to de mal. – falei manhosa.

— Ei bebezinha, olha pra mim, olha? – pediu-me num tom fofo.

Eu me virei de frente pra ele e nossos rostos colaram um no outro.

— To olhando. – falei perto de sua boca.

— Assim eu não resisto. – falou baixo, e desviou seu olhar pra minha boca.

Nos olhamos por alguns segundos, eu coloquei uma de minhas mãos em seu rosto, o acariciei, aproximando os mesmos ainda mais, ousei fechar meus olhos e rocei meus lábios no dele, provocando-o.

— Eu prometi que não ia fazer nada. – disse com a voz embargada.

— Mas eu não. – dei um meio sorriso e o beijei.

Era um beijo com urgência de ambas as partes, ele me puxou ainda mais pela cintura, pressionando meu corpo no seu e me envolvendo totalmente em seus braços, minha mão de seu rosto passou pros seus cabelos, envolvendo a mesma neles e os acariciando.

O beijo ia se intensificando, ficando mais quente cada vez mais. Mordi seu lábio inferior e o segurei, soltando-o vagarosamente, e assim encerrando o beijo.

Felipe me olhou com um sorriso lindo, sorri pra ele também.

— Você me surpreende cada vez mais.

Eu apenas ri, e continuei o olhando.

— Fico feliz em saber disso.

— Fica?

— Fico. – afirmei.

Ele me olhou, e me beijou novamente. Ficamos assim, trocando beijos por longos minutos. Era bom ter ele comigo, bom estar em seus braços e me sentir protegida por ele. Nós nos beijávamos tão intensamente, era um beijo tão quente, que ele já estava querendo literalmente, avançar o sinal, o que me fez decidir reunir forças pra parar por ali.

— Ei, chega. – falei com dificuldade – Vamos dormir, amanhã tem aula. – dei um meio riso, ainda recuperando o fôlego.

— Mas...

— Mas nada. – eu o interrompi, colocando meu indicador em sua boca – Dormir! – avisei e dei um selinho nele.

— Um dia você me mata! – reclamou e me deu outro selinho.

— Só se for de amor. – sorri e dei um ultimo selinho demorado nele.

Ele me envolveu em seus braços, e eu deitei em seu peito, o abraçando.

— Boa noite, Lipe. – sorri.

— Boa noite princesa. – deu-me um beijinho na testa.

Felipe narrando:

Era difícil me segurar com ela, havia alguma coisa nela que eu não sabia descrever o que, só o que sabia, é que a cada vez mais me fazia ter mais desejo e vontade de tê-la pra mim.

Ela deitou sobre o meu peito, e eu fiquei fazendo carinho nela, até ela pegar no sono. Fiquei pensando em tudo que estava acontecendo, e logo peguei no sono também.

Na manhã seguinte acordei com o toque do despertador, demorei pra realmente acordar, com certa dificuldade, mas logo olhei pro lado e ali estava ela, dormindo tão tranquila, tão linda! Fiquei a observando, era demais pra mim. Quantas vezes eu passei a me imaginar ali, daquela maneira com ela?

Não contive o sorriso, realmente, era o meu dia, eu havia acordado feliz.

Acariciei seus cabelos, com cuidado pra não acorda-la, mas logo tive de fazer tal coisa, se não iríamos atrasados pro colégio.

— Ei dorminhoca, acorda. – a cutuquei.

Gabriella quando dormia parecia uma pedra, difícil demais pra acordar, incrível isso.

— Gabi, acorda, vamos chegar atrasados. – dei um beijinho em seu rosto.

— Não quero ir pro colégio. – falou manhosa.

— Mas temos que ir, vai, levanta se não vou te agarrar. – ameacei e dei outro beijinho.

— Tarado. – resmungou.

— Por você. – ri.

— E por outras mil né. – espreguiçou-se.

Ri do comentário dela. Ah, se ela soubesse...

— Pode usar o meu banheiro, to indo pro outro. – roubei um selinho dela.

Ela resmungou alguma coisa, mas nem dei importância.

Fui pro outro banheiro, tomei um banho e voltei pro quarto, ainda com a toalha enrolada na cintura.

— Nem pense em se trocar na minha frente.

— Sei que você gosta. – me gabei.

— Ta sabendo demais.

— To é? – me aproximei dela, provocando-a.

— Vai se trocar, ta atrasado. – ela desviou e saiu do quarto.

Eu falei, essa garota ainda me mata!
Ri sozinho e me troquei pra ir pro colégio, desci pra tomar café e fui obrigado a ouvir comentários da minha mãe de que eu estava sorridente demais. Não posso nem mais sorrir, vê se pode?

Nós terminamos de comer, minha mãe que ia levar a gente, nós passamos na casa da Gabi, pegamos a mochila dela e fomos em direção ao colégio.

Nos despedimos da minha mãe e fomos caminhando até o portão, mas antes mesmo de entrarmos a Gabi me parou.

— Lipe, eu queria te pedir uma coisa. – ela mordeu os lábios, receosa.

— O que? – a olhei.

— Queria te pedir pra não comentar com ninguém sobre o que aconteceu ontem, pelo menos por enquanto.

— De boa. – estranhei – Mas por quê?

— Você ta com a Larissa. – ela disse como se fosse óbvio.

— E?

— E que eu não quero confusão, você sabe que ela não vai me dar paz se souber disso. E outra que, sei lá. – disse confusa.

— Você não gostou? – perguntei um pouco desapontado.

— Não, não é isso. – riu – Eu adorei. – ela deu um risinho malicioso.

— Hum, é mesmo? – mordi meus lábios e me aproximei mais dela.

— É. – suas bochechas coraram.

— E que tal repetir a dose? – me aproximei ainda mais.

— Não, aqui não! – desviou de mim e saiu andando.

— E em outro lugar? – fui andando do seu lado.

— É, quem sabe. – deu um sorriso sapeco.

Reconhecia aquela carinha, era a típica cara que ela fazia quando queria algo.

— Onde? - perguntei apreensivo.

— Não sei, por ai. – disse num tom incerto – Preciso entrar. A gente se esbarra. – ela deu um sorrisinho malicioso e entrou pra sala.

Eu sorri e atravessei o corredor, indo pra minha sala. Essa garota é maluca, só pode!

Cumprimentei o Bruno com o nosso toque de mãos, o mesmo já estava sentado no nosso lugar, sentei e ficamos a conversando, até o professor chegar e mandar todos se calarem, mané.

Gabriella narrando:

As aulas foram passando, contei para as meninas entre uma hora e outra de como foi a viagem, não podia falar muito porque o professor estava na sala e mandava a gente ficar quieta a cada cinco minutos.

Logo bateu o sinal pro intervalo, nós fomos para o pátio e nos encontramos com a nossa turma, 
A Manu correu pro lado do Bruno e deu um selinho nele e já grudou no mesmo, quem olhava pensava que estava a dias sem se verem, já Karol sentou do lado do Renan e eu me sentei no chão, com o Felipe que estava sentado todo largado.

— Tenha modos menino. – cutuquei a barriga dele e ele deu um pulo.

— Sou macho, não preciso de modos.

— Precisa sim. - cutuquei ele de novo.

— Pensa que suas unhas não machucam né. – me olhou de canto.

— Começou logo cedo, seu velho. – reclamei.

— Que mulher chata. – me deu um empurrãozinho de leve no ombro.

Fiz pouco caso dele.

— To com fome. – fiz bico.

— Vamos lá na cantina que compro lanche pra você. – apertou meu bico.


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Notas finais do capítulo

Continua...



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