Além Da Amizade escrita por Esc L


Capítulo 25
Continuação Capítulo 9.




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Levantei-me, já de olho em meu celular, pra ver se havia vestígios do Felipe por ali, mas não, nem um "Bom dia, meu amor!" eu havia recebido. Suspirei com tristeza, caminhando até o banheiro, tratando de me aprontar para mais um dia de aula. Depois de pronta, sai de casa, encontrado a Manu no corredor, chamando o elevador.

— Bom dia, bitch! - Manuella desejou-me, com um sorriso nos lábios. 

— Bom dia. - falei com desanimo, dando um sorrisinho, sem mostrar os dentes. 

— Nossa, que desânimo é esse? - perguntou, enquanto adentrávamos o elevador. 

— Nada não. - menti, apertando os lábios. 

Ela me olhou por alguns segundos, sabendo que aquele não era o meu normal. 

— Aconteceu alguma coisa? 

Respirei fundo, olhando-a, enquanto ajeitava meus fones de ouvido. 

— Eu e o Felipe fazemos um mês hoje - sorri, lembrando-me do quão especial era a data, para mim - e acho que ele esqueceu do nosso aniversário de namoro. - falei triste. 

— Porque? - ela arqueou uma de suas sobrancelhas, ainda me olhando. 

— Porque nós não nos falamos ontem, só um SMS de manhã, depois disso, mais nada, e hoje ele não ligou, não mando mensagem e nem veio me buscar, como tem feito todos os dias. 

— E você tá chateada com isso? 

— Não era pra estar? - a olhei, incrédula - Poxa, é um dia importante para nós, pelo menos para mim. Pensei que fosse o mesmo pra ele... - suspirei, torcendo os lábios. 

— Relaxa, coisas assim acontecem, Gabi. - Manuella falou, com total frieza. Ultimamente ela vinha tendo constantes mudanças de humor, por conta de sua gravidez, mas eu não sabia que era tanta assim, ainda mais por ela saber a importância que aquele dia tinha pra mim. 

Saímos do elevador, nos deparando com o Bruno a esperando no hall do prédio. O cumprimentei, e coloquei meus fones de ouvidos, caminhando com eles em direção a escola. Fui o caminho todo, com a esperança de encontrar o Felipe por lá, com aquele sorriso só dele, que costumava tornar meus dias melhores, me esperando, mas decepcionei-me ainda mais, ao chegar e não encontrá-lo por lá. Decidi então, mandar uma mensagem para ele: 

G:Bom dia, ou não. To com saudades! Se quiser, pode me responder, viu? 

Esperei ansiosamente por alguns minutos, esperando por sua resposta, mas, nada aconteceu. Eu já estava começando a ficar agoniada e preocupada. 

— Sabe do Felipe? - peguntei ao Bruno, enquanto ele nos acompanhava em direção a sala de aula. 

— Ué, mas é você quem namora ele, como não sabe dele? - fez careta, olhando-me. 

— Nós não nos falamos ontem, e ele não responde minhas mensagens... 

— Hum. - ele me olhou, dando um risinho - Só o que eu sei, é que ele não vem hoje, mais nada. 

— Tudo bem. - tentei sorrir, olhando os dois casais que pararam um de cada lado da porta da sala de aula - Vou entrar, ta? 

— Ok, nós vamos entrar, já, já. - Karol falou, dando um sorriso doce, parecendo consolador. 

Dei as costas aos quatro, caminhando para dentro da sala de aula, sentando-me em meu lugar. 

Minutos depois a Karol e a Manu entraram para a sala, sentando em seus lugares. Acho que naquele momento, a palavra tristeza me definia. 

Felipe vinha sendo tão perfeito, em todo o tempo de namoro, porque não podia ser assim nessas últimas semanas também? Abaixei minha cabeça, dando-me vencida, por não conseguir prestar atenção em uma palavra sequer que eles pronunciavam. Depois de três aulas que pareceram durar uma eternidade, deu o sinal do intervalo. 

— Você não vai? - a Manu perguntou, enquanto colocava sua mochila nas costas. 

Fiz sinal negativo com a cabeça, ainda sentada em meu lugar. 

— Porque não? - perguntou Karol, sentando em cima da mesa ao lado. 

— To sem vontade. - falei com o queixo apoiado nos braços. 

— Deixa disso, vamos, vai! - a Karol pediu. 

— Não quero. 

— Vamos, vai, compro um lanche pra você! - A Manu falou, tentando me convencer. 

— Não quero, gente. - falei com dengo, encostando minha cabeça na mesa. 

Elas ficaram em silêncio por alguns minutos, parecendo pensar no que fazer pra me convencer a sair dali, mas, eu não queria sair dali. 

— Nós vamos sair então, ta? 

— Ta bom. - dei um sorrisinho, mantendo-me onde estava. 

Elas saíram e eu coloquei meus fones novamente, abaixando minha cabeça, com meus pensamentos longe dali. Alguns minutos depois, despertei com o sinal de um SMS que havia chegado em meu celular. Abri os SMS rapidamente, com a esperança de que fosse o Felipe, lendo a seguinte mensagem. 

K:Gabi, corre aqui no pátio principal, a Manu tá passando mal! 

Era uma mensagem da Karol. Levantei-me rapidamente, jogando o celular dentro da mochila e pegando-a, andando rapidamente em direção ao pátio, preocupada com o que estava acontecendo com a Manuella, mas, ao chegar no pátio principal, parei, não acreditando no que via.

Senti minhas pernas bambearem e meu coração acelerar, feito carro de fórmula 1. Eu não sabia se ria ou se chorava ao vê-lo como estava, em minha frente. Felipe caminhava em minha direção, com um sorriso lindo nos lábios e um buquê de rosas vermelhas enorme, em suas mãos. Levei minha mão até minha boca, ainda surpresa e completamente emocionada.

Enquanto ele caminhava até mim, formava-se um tumulto no pátio, todos querendo saber o que acontecia. Caminhei até ele também, emocionada, ele abriu os braços e eu o olhei com carinho, jogando-me em seus braços e o abraçando com força. Ele envolveu seus braços em minha cintura, levantando-me no ar, dando um beijo demorado em minha bochecha. Eu não sabia se o matava por ter me feito pensar que ele havia esquecido do nosso aniversário de namoro, ou se o enchia de beijos por ter lembrado e feito aquela surpresa linda pra mim. 

— Pensou que eu tinha esquecido de hoje, princesa? - perguntou em meu ouvido, enquanto me colocava no chão novamente. 

— Eu to com vontade de te matar! - falei, enxugando algumas lágrimas, consequentes da emoção que sentia. Eu estava feliz, muito feliz! 

— Desculpa, amor. - ele riu, secando a última lágrima com o polegar - Ó, são pra você. - sorriu, entregando-me o enorme buquê de flores.

Peguei o buquê, completamente encantada com seu ato. Perfeição era o que o definia. Eu estava tão feliz por ele ter lembrado do nosso aniversário de namoro, que podia sentir meu coração pulsar de tanta felicidade. 

— São lindas! - falei, enquanto olhava as rosas, que realmente eram lindas - Obrigada. - sorri docemente, acariciando seu rosto. 

 Eu sei que passei esses dias meio ausente, por conta dos estudos e eu queria te pedir desculpa por isso. - ele acariciou meu rosto com o polegar - Eu quero que você saiba que eu te amo muito, e que nesse um mês que se passou, você me fez mais feliz do que eu já pude ser na minha vida inteira. 

Eu abri ainda mais meu sorriso, com os olhos fixos nos dele. Aquele garoto era incrivelmente perfeito, sem dúvida alguma!

— Eu quem tenho que te agradecer, meu amor. Obrigada por estar me fazendo a pessoa mais feliz desse mundo, e me mostrar a cada dia mais, o quanto eu tenho sorte por te ter em minha vida. - nós sorriamos feito bobos apaixonados. Afinal, era o que nós eramos. Dois bobos apaixonados. 

Nos encaramos com carinho por alguns segundos, até escutarmos todos a nossa volta gritarem em coro um "BEIJA! BEIJA! BEIJA!". Nós rimos, e o Felipe me mandou uma piscadela, acariciando meu rosto e aproximando o seu, do meu. Quando já sentia sua respiração bem próxima a mim, dei um sorriso, selando nossos lábios, abrindo passagem para sua língua. Esquecemos-nos dos outros, esquecemos-nos de tudo. Éramos apenas nós dois, e mais ninguém. Passei meu braço livre em sua nuca acariciando seus cabelos, enquanto o beijo acontecia em perfeita sincronia. De todos os nossos beijos, aquele beijo, estava na lista dos 10 melhores que já demos. Encerrei o beijo com dois selinhos, dando um sorriso e selando nossos lábios novamente, escutando as pessoas em nossa volta gritarem. 

— Te amo, te amo, te amo! - o enchi de selinhos, enquanto ele ria. 

— Viu, como ninguém havia esquecido de nada? - a Manu falou, rindo. Até havia em esquecido do susto que ela me fez passar. 

— Você também sabia de tudo, né, sua traira? - dei um leve tapa em seu ombro, fazendo-a rir. 

— Na verdade, todos nós sabíamos. - disse o Bruno. 

— E todo mundo me deixou ficar daquele jeito? Belos amigos que tenho, hein. - empinei o nariz. 

— Dramáááática. - a Karol falou rindo - Tudo fazia parte da surpresa. 

— Principalmente me fazer achar que a Manuella já estava tendo o bebê? 

— Além de dramática é exagerada. - revirou os olhos - Você não quis vir por bem, tivemos que fazer vir por mal. - mostrou-me a língua. 

— Odeio vocês. - revirei os olhos, contendo o riso. 

— Para de marra, resmungona. - Felipe me abraçou por trás, dando um beijo em meu pescoço, fazendo-me arrepiar.

— Mas hein, nem pra ninguém me fazer uma surpresa como essas, olha que buquê lindo! - a Manu reclamou, nos fazendo rir. 

— Mais resmungona que a Gabriella, só a Manuella mesmo. - Bruno disse num tom brincalhão. 

— Há. Há. Há. Engraçadinho. - cerrei os olhos pra ele. 

Felipe me deu um beijo na bochecha, rindo, fazendo-me rir com ele. Fiquei em silêncio, observando as rosas que eu tinha ganhado e me perguntando, o que eu havia feito de tão bom pra ter o namorado mais perfeito do mundo? Sorri toda boba, pensando ter tirado a sorte grande, em meu melhor amigo, ser na verdade, o meu amor. 

Nós ficamos conversando sobre o dia seguinte, nosso último dia de aula e dia em que viajaríamos pra Búzios. Nem preciso falar que estávamos todos ansiosos, né? Eu e o Felipe já havíamos conversado com a tia Lorena e o tio Ricardo, perguntando se poderíamos usar a casa deles por alguns dias e eles permitiram. Com algumas condições, claro. Felipe também havia conversado com a minha mãe e a mesma permitiu que eu fosse, exigindo muito juízo, camisinhas - juro que quase morri de vergonha quando ela falou isso na frente do Felipe - e exigiu também, que ele cuidasse de mim, e é claro, que ele como um bom genro e afilhado, aceitou tudo que fora exigido. 

— Tem duas pessoas que não param de olhar pra cá. - A Karol falou em meu ouvido, enquanto os outros conversavam. 

— Quem? - perguntei, curiosa.

— Ali. - ela apontou na direção da escada, onde a Larissa estava sentada, sozinha - E ali. - apontou novamente, mas para a cantina, onde estava o Gabriel encostado no balcão. 

Eu os observei por alguns minutos, curiosa com o olhar dos dois direcionados a nós. Eu sabia que a Larissa ainda poderia ter uma quedinha pela Felipe, e sabia também, que devia ficar atenta, por saber que ela era capaz de fazer o que fosse para ter quem queria. Mas o que me intrigava, era o Gabriel e a forma como ele nos olhava, completamente intrigante. 

— Fica esperta. - disse a Karol. 

— Sempre estou. - dei uma picadela. 

Ficamos conversando sobre a nossa viagem até o fim do intervalo, e depois os meninos foram nos levar até nossas salas.

— Estão entregues, madames. - o Renan falou, fazendo reverência. 

— Para de ser bobo, Re! - Karol deu um tapa em seu braço. 

— Ai! Eu te faço uma gentileza dessas e é assim que você me retribui. - ele resmungou, fazendo-nos rir. 

— Nhom, tá todo dengoso hoje. - ela apertou suas bochechas e ele fez uma careta, abraçando-a logo em seguida. 

— Te espero na saída, ta? - Lipe falou, puxando-me para um abraço. 

— Ta bom. - sorri, selando nossos lábios. 

— Feliz 1 mês de namoro, meu amor. - ele me encheu de selinhos e beijos por todo o rosto. 

— Eu te amo. - dei-lhe um último selinho, abraçando-o fortemente. 

— Eu também te amo, princesa. - desvencilhou-se do abraço, com um sorriso lindo nos lábios. 

As meninas terminaram de se despedir e entraram comigo, cada uma com um sorriso bobo nos lábios, parecendo três patetas. 

  Felipe narrando:

Terminei de me despedir da Gabi e fui com os meninos em direção a sala de aula, com um sorriso muito difícil de tirar dos lábios. Eu me sentia mais feliz do que nunca. Jamais pensei que fosse amar tanto uma garota, como eu estava amando a Gabriella, e era algo tão surpreendente, que fazia crescer cada dia mais em meu peito. Nunca havia tido um mês tão perfeito, como aquele havia sido, sentia-me o cara mais sortudo do mundo, por tê-la para mim. 

— Ai cara, foi maldade, a Gabi ficou toda tristinha, achando que você não tinha lembrado de nada, deu até dó. - Renan comentava rindo, sobre a surpresa que eu havia feito pra minha princesa. 

— Eu não queria deixá-la triste, mas sabia que ela ia gostar depois. - ri, lembrando-me da carinha de surpresa dela ao me ver. 

— Foi daora, ela ficou feliz. - emendou Bruno - Mas fica esperto, que tem gente de olho, irmão. 

— De olho? - perguntei, sem entender. 

— É, eu reparei o Gabriel só filmando vocês dois de longe. Melhor ficar de olho. 

— Pode deixar. - falei pensativo - Essa ai já tá na minha lista faz tempo, agora, principalmente. 

— Se precisar de ajuda, pode contar comigo porque eu...

— Ér, Felipe - a Larissa apareceu do além, interrompendo o Renan - posso falar com você? - olhou-me, parecendo apreensiva - É rapidinho. 

Engoli em seco, olhando-a com receio e pensando se lhe permitia isso ou não.

— Pode falar. 

— É... - ela olhou para os meninos, como se quisesse falar algo que não queria que eles ouvissem. 

— Nós vamos subindo. - Bruno me deu uma cotovelada de leve, em sinal de aviso. 

— Beleza, to indo logo atrás. - fiz um sinal positivo com a cabeça, afirmando que estava tudo bem. 

Após os meninos subirem, Larissa ficou me olhando por um tempo, e eu arqueei minhas sobrancelhas, apressando-a para que ela falasse o que queria, mas ainda assim, ela permaneceu calada. 

— O que você queria falar? - perguntei, apressando-a. Se a Gabi me visse ali com ela e sozinho, com certeza me mataria ali mesmo. 

Ela me olhou séria, e respirou fundo, parecendo querer tomar iniciativa para falar. Respirei fundo, mostrando a ela que estava com pressa. 

— Esse seu - deu uma pausa, olhando-me - esse seu namoro com a Gabriella, é sério? Pra valer? - apertou os lábios, olhando-me com apreensão. 

Franzi minhas sobrancelhas ao ouvir sua pergunta, sem entender o porque de seu interesse. Tudo bem que nós já ficamos por um tempo, mas interessar-se assim no meu namoro, do nada? 

— Sim, é sério. - afirmei, ainda tentando entender o porque de sua pergunta. 

Ela mudou seu semblante, parecendo entristecer-se. 

— E você... É, você gosta dela? 

— Não. - afirmei, e um pequeno sorriso brotou em seus lábios - Eu a amo. 

Ela entortou os lábios, mudando seu semblante novamente. Apesar de tudo, a Larissa era uma boa pessoa. O pequeno tempo que fiquei com ela, pude notar que tudo que ela fazia, todas as suas atitudes, eram apenas para talvez, ser notada, e ter um pouco mais de atenção. Essa coisa, dela querer conseguir sempre o que quer, não se passava de mimos, pois sempre teve o que queria desde pequena, após a perda de sua mãe. 

— Olha. eu só quero que você saiba... - deu uma pausa, parecendo um pouco nervosa - Quero que saiba, que eu gosto de você, gosto muito mesmo, e que eu quero o teu bem, mas enquanto eu tiver esperanças de que você pode ser feliz comigo, ao meu lado, eu não vou desistir. 

Eu a olhei, surpreso por suas palavras e sem entender o porque dela estar me falando aquilo, mas quando ia abrir a boca pra falar, ela me interrompeu. 

— Eu sei, eu sei que isso pode estar sendo em vão, só que eu preciso que você saiba disso. Você sabe como sou, o tempo que ficou comigo você aturou algumas manias minhas, e você foi o único, de todos que já fiquei, que eu realmente gostei. - ela soltou todo o ar de seus pulmões, parecendo estar aliviada - Enfim, eu só quero que você saiba, que eu não vou desistir. - ela deu um leve sorriso e deu dois passos à frente, parecendo pensar o que fazer. Olhou em meus olhos e acariciou meu braço, saindo andando e perdendo-se pelo enorme corredor. 

Fiquei parado no mesmo lugar por alguns minutos, estático. Ela havia me pegado de surpresa, mais ainda, com suas palavras. Passei a mão em meus cabelos, os bagunçando e subi as escadas, deparando-me com a porta de minha sala fechada. 

Sentei-me ali no chão mesmo, perto da porta e me encostando na parede, esperando o sinal da próxima aula, que não depois de muita demora, decidiu tocar. 

Entrei na sala, caminhando até meu lugar, enquanto os meninos me olhavam, parecendo duas mocinhas curiosas. 

— E ai, cara? 

— E ai o que? - arqueei uma de minhas sobrancelhas, os olhando enquanto sentava em meu lugar. 

— O que a Larissa queria? - perguntou o Renan, todo curioso. 

— Falou que gosta de mim, e que não vai desistir enquanto achar que posso ser feliz ao lado dela. - bufei, fitando o nada. 

— Ih irmão, a mina paro na tua mesmo. - falou Renan, encostando-se em sua cadeira. 

 O problema é que, eu não quero que ela pare na minha, cara. To muito bem com a Gabi, não quero que nada atrapalhe nós dois. - bufei, bagunçando meus cabelos com as mãos. 

Eles ficaram em silêncio, parecendo pensativos, assim como eu. 

— Manda a real pra ela então. - disse o Bruno. 

— É, eu vou pensar nisso ai. 

— E você vai contar pra Gabi que a Larissa te procurou? 

— Vou pensar nisso ai também. - ri, fazendo com que eles rissem também.  

Logo o professor entrou na sala, já entregando os testes para nós. Aquela seria a última prova do bimestre, e depois, estaríamos livres para as férias. Terminei a prova antes do tempo determinado, e o professor acabou me liberando. Saí da sala, caminhando até o pátio, sentando-me em um dos bancos que tinha ali, pensando se falaria ou não, sobre o ocorrido com a Larissa. 

Estava perdido em meio aos meus pensamentos, até sentir alguém tampar meus olhos com as mãos, surpreendendo-me. E é claro, que eu sabia quem era. Reconheceria aquele cheiro à quilômetros de distância.

— Adivinha quem é? - ela tentou mudar a voz, fazendo-me rir. 

— Hum... - fiz-me pensativo, escutando ela segurar o riso - Acho melhor você parar com isso, gatinha, tenho uma namorada ciumenta. - brinquei. 

Ela deu um risinho, e senti seus cabelos passarem por meus braços e sua respiração calma em meu ouvido. 

— Eu não sou ciumenta, gato. - ela falou com uma voz sexy, dando uma mordidinha no lóbulo de minha orelha, arrepiando-me.

Eu ri, puxando-a com rapidez, fazendo com que ela caísse em meu colo, rindo sem parar. 

— Vem cá cheirosa; vem cá pra eu te dar um beijo! 

Eu a segurei em meu colo, roçando meu queixo em seu pescoço, fazendo com que ela risse mais ainda e pedisse pra que eu parasse. 

— Amor! - chamou-me, em meio ao riso incessível - Lipe, por favor, para! - pediu, quase sem ar, enquanto eu fazia mais e mais cócegas nela. 

— Você mexe e depois não aguenta, nanica. - parei com as cócegas, ainda prendendo-a em meus braços, e lhe dei um selinho rápido. 

— Estava só te testando. - disse ela, cessando o riso e se sentando ao meu lado, acertando sua respiração. 

— Aham, sei. Mas me diz uma coisa, o que a senhorita está fazendo fora da sala de aula? - fiz-me autoritário. 

— Algo me dizia que você estava por aqui, sabe.

— Sei. - fingi desconfiança. 

— Vim até o banheiro, a aula tá um saco. - admitiu, encostando sua cabeça em meu ombro. 

Encostei minha cabeça na dela, ficando em silêncio por alguns minutos. 

— Tá pensando no que? 

— Que tá na hora de você ir pra sala. - brinquei, escondendo meu verdadeiro pensamento. 

— Você tá me mandando ir embora? - fez-se ofendida - Nossa, ta bom então. 

Ela virou as costas pra mim, toda cheia de marra. Eu adorava isso nela, a forma dengosa que ela tinha de me fazer sentir melhor. 

— Não, amor. - a abracei, trazendo-a para mim e dando um beijo em sua bochecha. 

— Sei. - falou emburrada, levando as mãos até meus cabelos, os acariciando. 

Dei um beijo em sua bochecha, ganhando um sorriso dela. Eu já falei o quanto amo seu sorriso?  

— Quero falar umas coisas contigo depois, ta bom? 

— Que coisas? - ela parou automaticamente de acariciar meus cabelos, mudando seu semblante. 

— Nada demais, depois a gente conversa. - desconversei. 

Eu sabia que sua curiosidade seria maior do que toda e qualquer paciência que ela não tinha. Gabriella odiava esperar, e isso era mais do que fato para todos. 

— Fala agora? - falou com uma voz de bebê, fazendo um beicinho. Toda irresistível. 

— Não, bebezinha. - ri, mordendo sua bochecha e a apertando. 

— Af. - falou com dengo, encostando-se em mim novamente - É coisa séria? 

— Fica tranquila amor. Quando eu for te levar em casa, eu te conto. 

— Ta bom, né. - revirou os olhos - Eu vou pra sala, senão a professora vem atrás de mim. - levantou-se, ficando de frente para mim - Se cuida, e cuidado com as fêmeas alheias, ok? Eu te amo. - ela me deu dois selinhos e um terceiro, demorado. 

— Também te amo, amor. - ri de seu jeito, enquanto ela voltava para sua sala. 

  Gabriella narrando:

Finalmente havia chegado a hora de ir embora. Os últimos dias na escola vinham sendo tão exaustivos, que só de pensar que no dia seguinte já estaria livre, sentia vontade de soltar fogos de artifício pela cidade inteira.

— Ai, to ansiosa. - a Manu falou, toda animada. 

— Eu também! - emendou a Karol. 

— Vão vir pro colégio amanhã? - perguntei, enquanto caminhávamos em direção a saída do colégio. 

— Nem sei, mas acho que não. Não temos mais nada de importante mesmo. - a Karol deu de ombros. 

— É... - dei de ombros também, já avistando os meninos parados em frente ao portão. 

Caminhamos até eles, os cumprimentando. Ficamos conversando por alguns minutos e logo eu e o Lipe decidimos ir embora. 

— Vai ir lá pra casa, né? - nós caminhávamos de mãos dadas, em direção ao seu carro. 

— Vou, meu amor. - ele sorriu, desativando o alarme e abrindo a porta para mim. Ele foi até o lado do motorista e entrou no carro também, ligando-o logo em seguida. Felipe me parecia incomodado com algo, pois batia os dedos com frequência no volante. Levei minha mão até sua nuca, acariciando-a.

— Gabi - chamou-me pelo nome, atraindo toda minha atenção pra ele - quero te contar uma coisa. 

Eu franzi minhas sobrancelhas, lembrando-me de que ele havia dito que queria conversar comigo, mais cedo. 

— Pode falar, amor. - o olhei

Ele respirou fundo, e fez-se um breve silêncio. Ele me parecia pensativo, mais do que o normal. 

— Hoje, depois do intervalo, a Larissa me procurou. - ele falou rapidamente, mas em um som completamente audível. Senti meu sangue ferver no mesmo momento, e minha respiração acelerar.

Respirei fundo, e parei com o carinho em sua nuca, endireitando-me no banco. Mas que diabos aquela garota queria com o Felipe? Será que ela não havia percebido que estávamos bem juntos? Que ele estava muito bem comigo? 

— O que ela queria contigo? - perguntei séria. 

— Queria conversar... - falou, sem dar continuidade no assunto. 

— Conversar o que? - o olhei. 

Ele ficou em silêncio, parecendo pensar se falava o não o que ela queria com ele.

— Fala Lipe. - pedi calmamente, mas me corroendo por dentro. 

— Ela disse que gostava de mim, que precisava que eu soubesse disso e que enquanto tivesse esperanças de que eu poderia ser feliz com ela, ela não iria desistir de mim. 

What? Essa garota só podia estar de brincadeira, só podia mesmo! O meu Felipe? Com ela? Senti minha respiração falhar novamente, fechando meus olhos e contando até dez, querendo que a raiva que eu sentia dentro de mim fosse embora o mais rápido possível. 

— O que mais? - perguntei, dessa vez, olhando o transito e tentando controlar o ciúmes que percorria dentro de mim.

— Só isso. - ele soltou todo o ar de seus pulmões, parecendo aliviado. 

— Você disse alguma coisa? Conversou com ela? 

— Não. Ela só perguntou se eu gostava mesmo de você, e eu disse que não. - ele falou como se fosse a coisa mais normal do mundo. Não gostava de mim? Como assim? - Eu falei que te amava e que nosso namoro era sério. - respirei fundo, aliviada, sentindo meu coração acelerar. Eu não sabia se ficava brava por ela ter o procurado, ou se o beijava por ele ter falado aquilo. 

— Hum. - encerrei o assunto, virando meu rosto para a janela do carro. 

Eu sabia que ele não tinha culpa de nada. Na verdade, ele tinha sim. Tinha culpa de ser tão perfeito ao ponto que era, e fazer as pessoas se apaixonarem por ele. Mas o que me irritava profundamente, era a Larissa e sua persistência. Sabe quando a gente sente aquele medinho, bem lá no fundo, de perder quem nós menos queremos? De certa forma, eu era insegura quanto a isso, pois eu morria de medo de perdê-lo. Engoli em seco, querendo engolir meus pensamentos também, algo que era impossível. Ela iria lutar por ele, mas eu também ia, e não estava nem um pouco disposta a desistir. 

Fui o resto do caminho em silêncio, presa em meus pensamentos e no ciúme imenso que me dominava por inteira. Ao chegarmos em meu condomínio, Felipe estacionou o carro e eu desci, o deixando pra trás e entrando no prédio, já chamando o elevador. Cruzei os braços no peito, como uma criança mimada e esperei o elevador, vendo o Felipe vir em minha direção. 

— Amor. - Felipe me chamou. Eu apenas ergui minhas sobrancelhas, o olhando - Não fica assim comigo, vai. 

— To normal. - dei um sorriso forçado. É claro que eu não estava normal. 

— Não tá não. - aproximou-se, olhando-me nos olhos.

Escutamos o elevador anunciar que havia chegado e entramos. O silêncio gritava entre nós. 

— Não fica assim não, por favor? - Lipe pediu com carinho, puxando-me para um abraço. 

— Só to irritada. - falei, enquanto ele me envolvia em seus braços. Ah, como eu me sentia mais calma em seus braços!

— Então não fica. É isso que ela quer, amor... 

Realmente, deveria ser aquilo que ela queria, mas, o ciúmes era maior do que eu. Eu não conseguia controlá-lo, meu medo de perdê-lo era absurdo. 

— Já, já passa... - falei, aninhando-me em seus braços. 

Ficamos em silencio novamente, enquanto o elevador subia os andares. Ao chegarmos em casa, subi para meu quarto, jogando minha mochila por ali e me sentando na cama. O Felipe parou de pé, em minha frente, olhando-me. 

— Posso te perguntar uma coisa? - levantei minha cabeça, olhando-o também. 

— Pode. 

— Você sentiu alguma coisa por ela no tempo que ficaram juntos? Sentiu alguma coisa agora, quando ela te contou que gostava de você? - perguntei, me arrependendo no mesmo instante. 

Ele fez uma careta e riu logo em seguida, deixando-me sem entender absolutamente nada. 

— Acha mesmo que se eu sentisse alguma coisa por ela, estaríamos namorando agora? - ele se agachou em minha frente - Eu não vou negar pra você, eu fiquei surpreso, mas com o que ela disse, porque eu não sabia disso, mas, sentimentos por ela? Isso não. - ele riu, fazendo-me relaxar os ombros - Entende uma coisa - fez sinal com o dedo - É você - deu ênfase - quem eu amo, é você quem eu quero comigo, só você. Sempre vai ser você, mais ninguém. Entendeu bem? 

Eu sorri, sentindo-me preenchida por suas palavras e o abracei forte, sentindo uma alegria imensa me invadir. Ele acariciou minhas bochechas, selando nossos lábios e iniciando um beijo repleto de amor. Eu o amava, e tinha mais do que certeza que o queria por aquele mês e muitos outros em minha vida. 

  *** Eram 15:30h quando comecei a me arrumar para irmos viajar, os meninos passariam em casa às 17h. É, preciso confessar que eu estava mais do que ansiosa. Levantei-me rapidamente da minha cama, correndo para o banheiro. Tomei um banho demorado, fazendo um musical especialmente e animadamente para o meu chuveiro. 

Após estar de banho tomado, enrolei-me na toalha, saindo do banheiro e indo até o closett, escolhendo uma roupa para vestir. Às 16:30h eu terminei de me arrumar por completa, e já aproveitei para conferir as malas, depois disso, desci para comer alguma coisa e enchi uma mochila de comida, pra não correr o risco de passar fome no meio do caminho, ainda mais com uma orca em formação, como a Manuella conosco. Ri com meus pensamentos. Se ela soubesse o que eu havia acabado de pensar, iria querer me matar. 

— Já arrumou tudo? - perguntou mamãe, enquanto eu pegava algumas bolachas no armário. 

— Sim. - respondi espontaneamente - Só to pegando algumas comidas pra nós não ficarmos com fome no meio do caminho. 

— Ah sim, espertinha. - riu - Falando em comida, como anda a Manu? - disse ela, fazendo-me rir. 

— Bem. - falei rindo - Ela já tá com uma barriguinha fofa, sério mãe. - sorri. 

— Os avós dela? Aceitaram numa boa? 

— Ah, estão aceitando ainda, né... Não é uma coisa tão aceitável assim, saber que a neta que eles criaram com tanto amor e carinho está grávida aos 16 anos de idade.

— É, realmente. - ela respondeu pensativa.

Estávamos conversando sobre a viagem até escutarmos a porta de casa ser batida, alertando que alguém havia acabado de chegar. 

— Quem será que é? - a mamãe perguntou, esquivando seu olhar para trás. 

— Sou eu. - ouvimos uma voz masculina falar da entrada da cozinha. 

Olhei para trás, tendo a visão de um deus grego entrando na cozinha e dando um beijo no rosto da minha mãe. Sorri assim que ele me viu, caminhando até mim. 

— Oi amor. - falei docemente, abraçando-o  e lhe dando um selinho. 

— Oi. - deu-me outro selinho, me abraçando por trás e dando um beijo em meus cabelos. 

— Oi dinda. - ele falou com um sorriso nos lábios. 

— Oi meu anjo. - sorriu também. 

— Vamos? - perguntou o Lipe, olhando para mim. 

— Vamos. Só deixa eu fechar as coisas aqui e pegar minhas malas. - falei, desvencilhando-me do abraço - Amor, avisa lá a Manu que nós já estamos indo? 

— Não precisa, não. - riu - O Bruno veio comigo e já foi chamar ela. 

— Ah, sim. - ri.

Fechei a mochila, deixando-a ali e subindo as escadas pra pegar minhas malas, que por sinal, estavam um pouco pesadas. 

— Amor! - gritei, chamando o Lipe - Lindo da minha vida! - gritei novamente, rindo comigo mesma. Eu adorava o bajular quando precisava de um favor seu.

Escutei alguns passos na escada, notando que ele estava subindo e caminhei até a porta, parando na entrada do quarto.

— O que você quer? - ele perguntou com um sorriso no canto dos lábios. 

— Um favorzinho. - falei, fazendo biquinho. 

Ele arqueou uma de suas sobrancelhas, entrando no quarto. Caminhei até minhas malas, parando entre as duas. 

— Me ajuda? 

— Caramba, amor! Tá de mudança? É isso? - perguntou, olhando as duas malas. 

— Engraçadinho. - revirei os olhos - São alguns dias, só to levando o necessário. - sorri com cinismo. 

— To vendo. - falou com ironia, pegando a mala mais pesada - O que você não me pede sorrindo, que eu não faço chorando, né? - riu, dando-me um selinho e carregando a mala quarto afora. 

Eu peguei a outra mala, descendo as escadas e indo até a sala, onde minha mãe estava de pé, nos esperando. 

— Já vão? - minha mãe perguntou e nós assentimos que sim, como resposta - Vou levar vocês até lá em baixo. 

Pegamos o elevador e minutos depois estávamos na frente do prédio, onde a Manu, Karol, Renan e Bruno nos esperavam, fora do carro. 

— Oi gente. - acenei, com um "Oi" retornado de todos eles. 

— Oi tia. - a Manu e a Karol falaram juntas. 

— Oi minhas lindas. - mamãe falou, cumprimentando cada uma e os meninos também. 

— Prontas? - perguntei animada, as abraçando. 

— Até demais! - respondeu a Manu, com um sorriso nos lábios. 

— To, mas to enjoada. - resmungou a Manuella. 

— Me conta uma novidade, né. - brinquei, fazendo-as rir. 

O Lipe terminou de arrumar as malas no porta-malas e veio até nós, com um sorriso no canto dos lábios. Todo lindo, como sempre. 

— Já arrumei tudo. Vamos? - nos olhou.

— Vão sim, meus amores. - disse a minha mãe - É perigoso demais pegar a estrada de noite. - nos alertou. 

— Se é assim, vamos logo, né? - emendou a Karol, caminhando para o carro de trás, onde eu presumi que o Renan já estava. 

— Tchau mãe. - eu a abracei apertado, dando um beijo em sua bochecha.

— Tchau, meu amor. - disse em meio ao abraço - Se cuida lá, ta? E me liga quando chegar, por favor. - pediu, enchendo meu rosto de beijos. 

— Pode deixar. - falei rindo. 

— E você, se cuida e cuida dela, viu? - ela disse, abraçando o Lipe - Muito juízo vocês dois!

— É o que nós mais temos, dinda. - o Lipe falou rindo. 

— Logo vejo. - ela o olhou com o canto do olho - Presta atenção na estrada e por favor, se cuidem, todos vocês. - pediu mais uma vez, nos fazendo rir - E vê se te alimenta direito, dona Manuella.

— Vou me alimentar, tia. - sorriu a Manu, já dentro do carro. 

— Te amo, filha! - a mamãe mandou um beijo.

— Também te amo, mãe. - falei, mandando um beijo no ar.


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Notas finais do capítulo

Continua...



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