Além Da Amizade escrita por Esc L


Capítulo 10
Continuação Capítulo 7.




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— Acorda, tenho coisa melhor pra fazer do que sentir ciúme de você. – afirmei.

É, além de brava, eu também poderia estar com uma pontinha de ciúmes.

— Aham. – ironizou.

— Sério. Só fiquei brava porque a gente tinha combinado de vir junto e você deu perdido, nem avisou nem nada. – expliquei mais calma dessa vez.

— Desculpa. Isso não vai mais acontecer, ta bom? – se aproximou.

— Ta. – dei de ombros.

Não demorou nem dois segundos e meu celular tocou, atendi e minha mãe pediu pra eu ir sair que ela estava me esperando lá na frente.

— Tenho que ir.

Levantei-me e fui pegar minhas malas.

— Não, deixa que eu levo. – ele pegou as malas.

— Não, eu levo. – puxei a as malas.

— Para de ser teimosa. Eu levo. – pegou as malas e abriu a porta.

Nós fomos caminhando pela parte da frente da casa, mas antes de chegar no portão ele parou.

— Gabi. – me olhou sorrindo.

— Oi?

Virei pra trás o olhando. 
Ele estava sem boné, seu cabelo estava bagunçado, e ele me olhava dando aquele sorriso torto.

— Nem um beijinho antes? – fez cara de criança.

Quase impossível resistir, mas espantei esses pensamentos, o encarando.

— Pede pra Larissa. – sorri pra ele.

Peguei minhas malas da mão dele, abrindo o portão e o deixando pra trás, rindo de mim.

Fui o caminho todo conversando com a minha mãe e matando as saudades da Helô, que já havia grudado em mim. O dia passou calmo, coloquei as novidades em dia com a minha mãe, contei sobre meu pai, sobre o que aconteceu por lá e sobre o estado dele. Ela me contou que lançaria a nova coleção em breve e que depois disso, pra não ficar muito corrido, nós nos mudaríamos para a nossa antiga casa, que estava terminando de reformar.

O dia passou calmo, durante ele recebi um sms do Felipe, no qual dizia:

Só vi teus sms agora, me desculpa. Já to com saudades. Te amo chata ♥

Nem preciso dizer que ganhei minha noite com aquele sms né? Mas ainda assim, não o respondi, joguei meu celular em cima da cama e fui tomar banho. Depois disso, fiz os deveres de casa, fiquei um pouquinho na internet e logo em seguida fui dormir, pensei um pouco em tudo que vinha acontecendo, dessa vez sem o Felipe me atormentando nem tentando me agarrar. Pensei um pouco até que peguei no sono.

Acordei com a Helô pulando em cima de mim e me mandando levantar para ir pro colégio. Me arrumei e desci, nem tomei café, minha mãe passou pra deixar a Heloise no colégio dela e foi em direção pro meu, ela me deixou a par de todos os cuidados de mãe e em seguida me liberou, finalmente.

Fui direto pra sala porque já estava atrasada, cumprimentei as meninas e logo a professora entrou na sala, pedindo silêncio a todos.

As duas primeiras aulas passaram rápido por sinal, a terceira era vaga.

— Amiga, nós vamos andar lá fora, vem com a gente? – Manuella perguntou.

— To com preguiça vou ficar por aqui mesmo. – sorri pra ela.

— Ok então. Qualquer coisa grita. – ela deu uma piscadela.

— Pode deixar. – dei um risinho.

A sala estava vazia, geralmente quando era aula vaga, todos saiam da sala, mas eu não estava afim, preferia ficar ali no meu cantinho mesmo.

Elas saíram e eu debrucei meu braço sobre a mesa, deitando por cima dele.

Alguns minutos depois escutei alguém entrando na sala e se sentando perto de mim, olhei pra ver quem era.

— O que você ta fazendo aqui?

O olhei curiosa.

— Dei fuga na aula da Inês. – ele riu.

— Quero só ver se ela te pega aqui.

— Ela me adora. – gabou-se.

— Se acha né.

— Não, as gatinhas que me procuram. – falou sacana.

— Ai Felipe! – revirei os olhos.

Ele riu e tornou a me encarar.

— Que foi? Achou bonita leva pra casa. – brinquei.

— Se eu levar, não devolvo.

Ele continuou me olhando e aproximou o rosto do meu.

— E quem disse que precisa devolver? – o olhei também.

— Vai ser minha pra sempre. – falou sério.

Nós ficamos nos encarando por alguns segundos, nossos rostos estavam tão próximos que eu podia sentir sua respiração. Meu coração acelerou ainda mais.

— Posso saber o que está acontecendo aqui?

Era a Larissa. Nós viramos para olha-la.

— Uma conversa entre amigos?

Ele respondeu com outra pergunta.

— Nossa, se isso é uma conversa, imagina o que estava por vir né. – reclamou.

— Então nem queira imaginar. – provoquei.

Ela me encarou raivosa.

— Quero falar com você Felipe. – pediu.

— O que você quer?

Ele perguntou com educação. Até que ele vinha tendo paciência com ela.

— Vamos até ali.

— Te vejo na hora do intervalo? – ele me olhou.

— Aham. – assenti.

Ele deu um beijo na minha cabeça e sorriu. Quando ele estava pra passar na porta eu o chamei.

— Lipe! – falei num tom alto.

Ele e a Larissa voltaram com a atenção pra mim.

— Não aceito devolução. – dei uma piscadela.

Ele deu um risinho maroto e saiu da sala. Já a Larissa me olhou confusa.

Eu ri comigo mesma, coloquei meus fones e debrucei os braços na mesa e novamente, me deitando sobre ele.

Passaram-se alguns minutos e logo chegou o intervalo, sai da sala e fui pro pátio, onde nossa turma sempre ficava.

Só os meninos estavam sentados lá.

— Ué, cadê as gurias?

— Foram lá na cantina.

— Ata.

Olhei pro Felipe e ele estava me olhando sério. O Olhei curiosa, tentando entender seu olhar. O mesmo percebeu e abriu um sorriso lindo pra mim.

Desviei meu olhar com muita dificuldade do dele, só pra não dar bandeira.

— E ai gente, o que vamos fazer no fim de semana? – Renan perguntou.

— Vai ter a festa do Guilherme, do outro terceiro. Ele convidou a gente.

— Convidou quem? – Manuella chegou se intrometendo.

— Todos nós, intrometida. Ele falou pra ir chamando a galera. – explicou.

— E vai ser onde a festa? – perguntei.

— Na casa dele.

— E os pais dele? – a Karol perguntou.

— Vão viajar. – o Bruno explicou.

— Já temos festa pra ir então. – comemorei.

— Estava precisando. – Karol falou toda feliz.

— Estávamos mesmo. – Manu comemorou também.

— Se comporta muié. – o Bruno se fingiu bravo.

— To comportadinha mor. – ela fez cara de triste.

Nós ficamos conversando alguns minutos. Olhei pro Felipe e ele deu um sorriso, e olhou em direção da quadra do colégio, em seguida olhou pra mim e deu uma piscadela. É claro que eu entendi o recado.

— Vou até a cantina e já volto. – ele avisou.

Ele foi em direção a cantina, mas desviou o caminho e foi pra quadra do colégio. Eu deixei passar uns minutinhos e fiz que ia no banheiro, que era na mesma direção da quadra. A Manu me olhou e deu com um sorrisinho malicioso discretamente. Dei de ombros e fui andando pra quadra, assim que entrei, alguém me puxou.

— Bu! – ele me abraçou.

— Ai que susto!

Dei um tapa em seu braço e ri.

— Vem!

Ele pegou na minha mão e me puxou pra trás da quadra, aonde nunca ia ninguém.

— Que pressa hein. – brinquei.

— É que você não imagina a saudade que eu to. – ele alisou meu rosto.

— Saudade é? De que? – me fiz de desentendida.

— Disso.

Ele colou nossos corpos e sem calma alguma me beijou, era um beijo intenso, no qual eu retribui na mesma intensidade. Beijamos-nos até nos faltar fôlego.

— Isso que é saudade. – falei ainda ofegante.

— Não matou nem a metade. – ele fez beicinho.

— Não? – o olhei.

Eu aproximei ainda mais nossos lábios, provocando-o.

— Não. – afirmou.

Ele me abraçou pela cintura, colando nossos rostos. Eu rocei meus lábios no dele, provocando ainda mais, ele deu um sorriso sacana e eu mordisquei seu lábio inferior, dando um risinho.

— Adora me provocar. – ele falou baixo, num to divertido.

Eu dei um meio sorriso e dessa vez, o beijei, já bagunçando seus cabelos e envolvendo minhas mãos nos mesmos. Ele me abraçou ainda mais pela cintura, me beijando com mais voracidade, duas mãos subiram da minha cintura, e passearam por minhas costas, voltando pra cintura novamente.

Decidi parar o beijo quando lembrei de onde estávamos.

— Estamos num lugar publico, lindinho. – falei dando um selinho nele.

— Quem se importa? Ninguém vem aqui. – me deu outro selinho.

— Eu me importo. – selei nossos lábios novamente – E por falar nisso, já vai dar o sinal. Vamos! – o puxei.

— Você é tão estraga prazeres. – reclamou.

— Mas estava começando a te proporcionar o mesmo.

Dei uma piscadela pra ele, que riu e me puxou novamente, dando um selinho demorado.

— Tua sorte é que não tem ninguém na quadra. – o repreendi.

Ele só riu. Olhei ao redor pra ver se não tinha ninguém tão conhecido olhando, e nós saímos da quadra.

— Pra que esconder?

— Pra não causar problemas?

Respondi com outra pergunta, praticamente afirmando.

— E se eu parar de pegar a Larissa, vamos poder ficar sem esconder? – ele parou de andar e me olhou sério.

— Pra que esse papo agora? – o olhei com piedade.

— É sério Gabi.

Ele realmente estava falando sério. E na verdade, eu não sabia se estava preparada pra ficar com alguém direto, sem esconder. Ainda tinha medo, e medo principalmente de me decepcionar com ele.

— Hein Gabi? – ele me olhou sério.

O sinal tocou, e eu agradei milhões de vezes, mentalmente por isso.

— Tenho que ir pra sala.

Dei um beijo rápido no canto de sua boca e fui andando rápido pra sala, sem que ele pudesse me impedir.

Entrei na sala e as meninas já estavam lá.

— Onde você foi? – a Karol perguntou.

— Não te interessa, curiosa. – brinquei.

— Você e o Felipe sumiram. Sei não vocês dói, hein. – ela me olhou de canto.

A Manuella deu um risinho e me olhou, eu apenas olhei repreendendo-a.

— Vocês duas estão me escondendo alguma coisa. – a Karol concluiu.

— Sem paranoia Karol. – a repreendi.

— Paranoia nada, pode me falar, vai. – ela pediu.

— Nem é nada Ka. – a Manu desconversou.

— Claro que é. Acha que eu não vejo vocês duas de trocada de olhares? Vocês não confiam em mim?

Ela nos olhou com uma carinha de decepção.

— É claro que confiamos Ka. – afirmei.

— Então me conta.

A professora entrou na sala.

— Vamos lá em casa hoje a tarde, daí a gente coloca tudo em dia. – sorri pra ela.

— Ta bom.

Ficamos em silêncio e começamos a fazer a lição que a professora havia mandando.

As aulas foram passando, e assim como as aulas, os dias também. 
Eu contei tudo pra Karol sobre eu e o Felipe, e a mesma disse que já imaginava que isso iria acontecer um dia.

Já era sábado e por sorte, tinha uma festa pra ir, festa da qual o Lipe já havia comentado. Falando em Felipe, nesses dois dias que passaram, não fizemos nada além de trocar olhares e darmos abraços apertados, o que me faz admitir, que estava com saudades de seus beijos.

Já eram 19h da noite quando decidi me arrumar.

Depois de ter tomado banho, vesti um vestido dourado com paetês, curto e colado, fiz uma maquiagem que combinasse, pranchei meu cabelo e o deixei literalmente solto, calcei os sapatos, arrumei os últimos detalhes da maquiagem e pronto, estava pronta.

Não é pra me gabar, mas, dava pra arrasar um quarteirão. Ri com meu pensamento.

— Mãe, to pronta!

Falei descendo as escadas.

Ela, que fazia alguma coisa na cozinha veio até a sala me ver.

— Como estou? – dei uma voltinha.

— Ual – se fez impressionada – vai fazer sucesso hein. – brincou.

— Ah, claro. – ironizei.

— Quem vai levar vocês?

— Não sei. O Lipe ficou de ver, já, já ele aparece por aqui.

— Hum. Sua madrasta ligou.

— O que ela queria? Aconteceu alguma coisa com o papai? – disparei.

— Não, calma. – fez sinal com a mão – Ela só ligou pra avisar que ele está começando a reagir aos medicamentos.

— Sério?

— Sério. Ele vai melhorar.

Ela sorriu como forma de conforto.

— Espero. Da ultima vez que falei com a Giovanna ele teve uma das crises, ela disse que ele poderia não passar do tempo estimulado pelos médicos.

— Seu pai é forte, vai sair dessa.

Eu só sorri pra ela, porque na verdade, mesmo que difícil, não queria me encher de esperanças.

— E você vai vir hoje ou vai dormir na Manu ou no Felipe?

Mudou de assunto.

— Vou poder dormir na casa de um dos dois?

Mudei a expressão, como àquelas criancinhas que ficam animadas com algo.

— Só se você se comportar. – brincou.

— Ta bom. – sorri – Então não volto pra casa hoje, ta?

— Ta. – me olhou de canto – Mas te cuida em Gabriella, por favor, to te dando passe livre hoje. – ela me olhou séria.

— Sim senhora. – sorri e dei um beijo em seu rosto.

— Uma festa assim cai bem. – ela riu.

— É, eu estava precisando. – conclui.

Passaram-se alguns minutos e a campainha tocou.

— Eu atendo! – gritei pra que minha mãe pudesse ouvir.

Corri até a porta e quando abri, me deparei com o Felipe que de primeira estava sério.

Assim que ele me viu, mudou sua expressão, arqueando sua sobrancelha e fixando seu olhar em mim, estático.

— Não baba não. – brinquei, apertando suas bochechas com uma mão só.

— Meio difícil. – ele por fim, falou.

— É mesmo, é? – brinquei.

— Aham. – deu um sorriso torto.

Eu sorri pra ele e nós ficamos nos encarando por alguns segundos.

— Você ta linda, sério. – sorriu docemente.

— Você até que não ta tão mal. – dei uma piscadela.

— Vou considerar isso como um elogio.

— Como quiser.

Dei de ombros.

— Se tem alguma coisa pra pegar, vai logo. Vou cumprimentar a madrinha e dar um beijo na loira.

— Sim senhor.

Subi pro meu quarto, peguei minha bolsa carteira, coloquei o necessário dentro, dei uma ultima olhadinha no espelho e desci.

— Vamos?

— Vamos. Tchau madrinha, tchau Lô.
Ele se despediu das duas.

— Tchau mãe, até amanhã. – dei um beijo nela.

— Juízo hein Gabriella. Lipe cuida dela. – pediu.

— Pode deixar. – ele sorriu pra ela.

— Você ta linda Bibi. – a Heloise falou.

— Obrigada, princesa. – dei um beijo nela – Vamos, anda logo.

Sai empurrando o Felipe, que foi resmungando pelo feito.

— Vamos de que?

— De táxi. – confirmou minhas hipóteses – Que por falar nisso, está esperando a gente lá em baixo.

— E a Manu e o Bruno?

— Já estão lá em baixo.

— Karol e Renan?

— Vão encontrar a gente lá.

— Ata. – dei um meio sorriso.

— Falar nisso, daqui um tempinho, vamos estar indo com o meu carro pras festas. – falou feliz.

— Sério? Já conseguiu a liberação? – perguntei surpresa.

— Sim. Meus pais autorizaram e consegui a liberação. Não sei se você lembra, mas já tem um tempinho que comecei as aulas de habilitação. – sorriu.

— Eu lembro, mané. – dei um empurrãozinho de leve nele.

O elevador chegou e nós fomos em direção a saída do condomínio, a Manu e o Bruno já nos esperavam lá fora, como o Lipe havia dito.

Nós entramos no taxi e fomos em direção a festa, demorou uns 15 minutinhos pra chegarmos lá, por causa do transito e do lugar onde a casa dele era.

A casa era grande, e já estava bem cheia.

— Pelo jeito vai render hein. – falei com malicia, olhando os meninos que passavam.

— Ei, se comporta. – o Lipe me olhou torto.

— Sai daí ow. – brinquei.

— To de olho viu? – ele falou.

— Ih Lipe, desencana, não é só você que vai pegar gente hoje não. – a Manu brincou.

Ele olhou torto pra ela e nós fomos andando pra dentro da casa, procurando a Karol e o Renan.

Nós os achamos e nos acomodamos em um canto, um dos garçons passou e peguei uma bebida.

— E ai gente, que bom que vieram. – sorriu.

Era o Guilherme, dono da festa.

Fiquei o olhando por alguns minutos, e é de se admitir, ele não era pouca coisa, se é que me entende.

Ele estava usando uma calça jeans num tom escuro e uma camiseta num tom azul claro chamativo, estava de tênis e seu boné estava virado pra trás.

— E ai cara. – Felipe o cumprimentou.

Eles fizeram um toque de mãos.

— Os moleques você já conhece, e creio que as meninas também.

— Conheço sim. – afirmou sorrindo.

Olhei pra Manu com um sorrisinho malicioso, como quem dizia "simpático, não?". Ela sorriu e balançou a cabeça como sinal positivo.

Ele cumprimentou os meninos com o mesmo toque de mãos, em seguida as meninas com um beijo no rosto e por fim, me cumprimentou.

— Você é a Gabriella, né? – ele perguntou.

— Sou sim. – sorri.

— Te vejo as vezes na escola.

— É, eu também te vejo.

— Não sei se já te disseram isso, mas, você ta muito linda.

Ele disse me olhando de cima a baixo e por fim, mordendo os lábios com um sorriso sacana.

— Ah, já disseram sim. – respondi sem graça – Mas obrigada, mesmo assim. – sorri docemente pra ele.

Olhei pro lado e o Felipe me olhava com uma cara nada agradável, o que me fez rir maldosamente em pensamentos.

— Vou dar uma andada pra cumprimentar alguns convidados.

— Vai lá sim. – falei simpática.

— A gente se esbarra mais tarde? – sorriu maliciosamente.

— É, quem sabe. – fingi pouco caso e dei um risinho.

Não podia ser fácil, né?

— Então ta, até depois. – ele deu uma piscadela e saiu.

O Guilherme se afastou e o Felipe já se aproximou, me olhando torto e de cara fechada.

— Que foi? – dei um risinho.

Ele resmungou alguma coisa e me olhou em seguida. Dei um gole da bebida que estava na mão.

— Ele ta dando em cima de você na cara dura. – fez uma careta.

— Sabe que eu não percebi? – ironizei.

— Ele vai tentar ficar contigo hoje. – avisou-me sério – E...

Antes mesmo de ele terminar o que tinha pra falar, a Larissa o abraçou por trás, dando um beijo em seu pescoço. Ele virou pra ver quem era, ocultando um riso malicioso e virou pra mim, novamente.

Me subiu uma raiva e uma vontade imensa de arranca-la a força do pescoço dele, e dar uns bons tapas no mesmo por tal sem-vergonhice.

Quer dizer que ele podia cuidar da minha vida e palpitar sobre quem eu possivelmente poderia ficar, quando na verdade estava prestes a ser beijado por alguém que não valia nada?

Respirei fundo, colocando meus pensamentos em ordem.

— Quem sabe eu até queira ficar com ele.

Dei um sorriso cínico e fui pra pista de dança, antes mesmo que ele dissesse algo.

Disfarcei e olhei de longe, pra ver a situação que ele se encontrava e sem perca de tempo alguma, eles já estavam aos beijos.

Fiz uma careta, enojada com a cena que acabava de ver.

— Vem amiga, vamos dançar!

A Karol me puxou, levemente animada.

Virei de vez a bebida que estava na minha mão, e a acompanhei até o centro da pista.

Nós dançamos por um longo tempo, chamamos a atenção por alguns segundos, e levamos investidas nada favoráveis aos que fizeram a mesma.

Depois de cansarmos, fomos em direção ao bar que haviam montado ali mesmo, no imenso jardim da casa.

— Ai cansei.

Karollyn disse, sentando-se em um dos banquinhos que havia perto do balcão.

— Calma que a noite só está começando. – falei rindo e me sentando também.

Ela pediu duas bebidas e depois de alguns minutos, o barman nos entregou, dando uma piscadela nada discreta pra Karol.

Eu a cutuquei com o pé direito, e dei um sorriso discreto.

— Ta te querendo.

Falei finalmente, quando o barman se afastou.

— É gato hein! – ela disse abando-se com a mão, se fazendo surpresa.

— Aproveita a festa. – dei uma piscadela.

— Deixa esse pro final. – nós rimos.

A Karol e o Renan ficavam frequentemente, mas tanto ele quanto ela não abriam mão da liberdade que tinham, nem mesmo pelo sentimento que aparentemente tinham um pelo outro, mesmo que ocultando isso.

Ficamos sentadas lá mais algum tempo.

— Olha só, gavião na área. – ela riu.

— Onde? – perguntei.

— E ai, meninas. – ele sorriu.

— Ah – me virei pra trás, para olha-lo – oi Guilherme. – retribui o sorriso.

— Sem essa, me chama de Gui, ou de Monroe como costumam me chamar, por favor. – pediu – Guilherme é formal demais. – fez careta.

— Então ta bom, Gui. – sorri.

— Isso.

Ele deu um sorriso largo, o que me fez babar um pouquinho mais.

— To vendo que estou sobrando aqui, por isso vou até ali.

A Karol ameaçou sair de perto, e eu a olhei piedosamente, pedindo pra que não me deixasse sozinha. Ela deu um passo pra trás, o que me fez pensar que ficaria.

— Tua festa está ótima Monroe. – ela elogiou.

Ele deu uma piscadela pra ela, que saiu de perto, nos deixando a sós.

— E ai, tão linda e sozinha? – ele perguntou jogando charme.

Essa pergunta me lembrou o Felipe, o que me fez procura-lo rapidamente com os olhos e não encontra-lo por ali. Devia estar "curtindo" do jeito que mais gostava, com a Larissa.

Virei minha bebida de uma vez, e notei que era uma diferente, com uma dose mais forte que o normal.

— É, fazer o que, né?

— Deveria ser crime garotas como você estarem desacompanhada. – cantou-me.

Nós rimos juntos, talvez porque concluímos que a investida dele foi de um enorme fracasso.

— Sempre costuma dar cantadinhas assim? – o olhei arqueando uma sobrancelha.

— Não, é que você me deixa bobo, é linda demais. – mordeu os lábios, me olhando com malicia.

— Ai Guilherme!

Empurrei seu ombro de leve, rindo.

— Mas sério, porque está sem ninguém?

— Ih, se interessou, hein. – brinquei.

— Além de linda é adivinha, ô mulher! – disse em tom de brincadeira.

— Para com isso, por favor. – o olhei de canto com uma meia careta.

Ele riu mais uma vez, sabendo que suas "cantadas", se é que podia chamar aquilo de cantada, estavam indo de mal a pior.

— Mas então, vamos dançar? – estendeu a mão.

— Ta esperando o que? – sorri pra ele.

Ele segurou minha mão e me puxou, nós fomos em direção a pista de dança.

A música que tocava era eletrônica, e olha que ele não dançava nada mal, nem um pouco. Nós começamos a dançar juntos e refletiram a luz em nós dois, talvez por ele ser o aniversariante e estar se divertindo, não sei ao certo. No inicio me acanhei um pouco, mas logo me soltei novamente, o DJ começou a animar ainda mais a festa, o que fez a pista de dança lotar de gente.

— Ta muito cheio aqui, vamos até ali o bar?

Falei um pouco alto por conta da musica que estava alta.

— Vamos.

Eu fui andando em direção ao bar, e ele veio atrás de mim.

No meio do caminho, quando estava passando entre algumas pessoas, desviei meu olhar por alguns segundos e pude ver a Larissa e o Felipe aos beijos num canto.

Não ter nada com ele e evitar meus sentimentos, não queria dizer que não me incomodava ver uma cena daquelas.

Ultimamente eu andava evitando de ficar com ele pelo simples fato de não querer que meus sentimentos aumentasse mais que o normal, não queria sofrer mais do que já sofri.
Mas ver aquilo, de alguma forma, doeu.

Desviei o olhar e fui em direção ao bar, me sentando e pedindo ao barman que me arrumasse a bebida mais forte que ele tivesse.

Ele me olhou meio torto, mas eu insisti, e assim ele fez.

Virei a bebida o mais rápido que pude, e a senti queimar ao passar pela minha garganta.

— Não sabia que você bebia assim.

— Não bebo, mas as vezes é a solução.

Sorri sem mostrar os dentes, e ele assentiu fazendo que entendia.

— Cuidado pra não ficar bêbada hein.

— A festa é sua, devia curtir, não me repreender, tsc. – brinquei.

— Ta certo. – riu.

Pedi mais duas doses da mesma bebida pro barman.

— Vem, vamos dançar, quero dançar.

Entreguei a bebida pra ele e o puxei, mas dessa vez não tão pro meio da pista pra não chamar muita atenção, virei de uma vez a bebida que tinha na mão e continuamos a dançar.

O Guilherme se aproximou ainda mais, e segurou na minha cintura, embalando no ritmo da música, eu apenas o acompanhei, apoiando uma de minhas mãos em seu ombro.

Enquanto dançávamos, pude ver de longe o olhar do Felipe sobre nós, ele ousou fazer um sinal negativo com a cabeça. Ele podia me repreender pelos meus atos enquanto podia beijar quem quisesse? Estava errado isso ai.

A Larissa entrou em sua frente e lhe deu um beijão, o que me dominou de raiva, e a única reação que tive foi aceitar as investidas e tentativas de beijos do Guilherme e o beijar também.

E pra ser sincera, ela beijava muito bem.

Ele segurou nos meus cabelos, e eu envolvi meus braços no seu pescoço, ele colou nossos corpos, acabando com o espaço que havia entre nós. Nós envolvemos naquele beijo por alguns minutos, até que eu encerrei com um selinho.

— Ual. – ele falou, se fingindo impressionado.

Eu apenas ri.

— Superou minhas expectativas. – riu.

— Bom saber. – ri também.

Ele me puxou pra mais um beijo e eu correspondi.

Ficamos juntos por alguns minutos, até que eu lembrei que tinha amigos e que estava junto deles.

— Eu vou ali com os meus amigos e já volto. Quer ir junto?

— Eu vou dar uma rondada pela festa, daqui a pouco a gente se encontra.

— Ta bom.

Eu sorri pra ele e sai andando em direção onde o povo estava.

— Que beijo foi aquele, hein? – a Manu se fez surpresa.

Eu dei risada.

— Eu avisei que estava sobrando. – a Karol disse.

— Que sobrando nada, pegou um ai que to sabendo.

— Ah, e o barman também. – ela mordeu os lábios maliciosamente.

— Não acredito que o barman também. – fiz que fiquei surpresa.

— Tem que ser rápida, amiga. – ela riu.

— Tinha gente só te olhando de longe. – a Manu disse.

— Quem?

— Felipe.

— Ah, eu vi alguma vezes.

— E por falar nele... – a Karol olhou pro lado.

Ele se aproximou de nós, mas a cara dele não estava nada agradável. Ele sentou em um dos banquinhos que havia lá.

As meninas me olharam com uma cara de incentivo pra ir falar com ele.

Pensei alguns minutos e fui até onde ele estava sentado, me sentando do seu lado.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, mas decidi quebra-lo.

— Que foi? Que cara é essa?

— A mesma de sempre. – respondeu seco.

— Ta afiado, hein. – falei irônica.

— Aham. – respondeu com a mesma ironia.

— Se o problema é comigo, é só falar, não tratar com grosseria, porque não sou suas amiguinhas não.

Ele ficou em silêncio.

— Ficou com ele por quê?

Perguntou referindo-se ao Guilherme.

— Ficou com a Larissa por quê?

Ele me olhou contrariado.

— É diferente.

— O que é diferente?

— Eu fico com ela a algum tempo, você mal conhecia ele.

— Ah, nossa! Até porque você nunca beijou uma menina que mal conhecia né. – ironizei – Me poupe.

— Mas é diferente. Não devia ter ficado com ele, ele só quer curtir.

— E quem disse que eu não quero curtir? Você ta querendo cobrar de mim, o que nem você faz.

Eu me irritei e virei as costas, ele me chamou algumas vezes, mas não o olhei e segui indo em direção ao bar novamente.

Dessa vez pedi pro barman encher o copo de vodka.

Eu precisava de alguma forma, pelo menos por hoje, esquecer dos problemas.

Felipe narrando:

Eu sabia que estava cobrando da Gabriella algo que nem eu estava fazendo, mas é que estava cada vez mais difícil controlar o ciúme, cada vez mais difícil vê-la beijando outro que não fosse eu.

Tudo que eu queria era tê-la comigo, ter ela pra mim. Mas ela era teimosa, insistia em fugir, insistia em não se deixar gostar de alguém novamente, e eu precisava de alguma forma fazer com que ela percebesse que eu tinha as melhores intenções com ela, que não ia magoa-la, mas pra isso eu precisava dar um fim no que eu tinha com a Larissa.

Fiquei um tempo ali, sentado e esfriando a cabeça, evitando ir pro qualquer outro lado e ver a Gabriella beijando o Guilherme.

Logo a Larissa se aproximou novamente.

— Vem lindo, vamos dançar. – ela me chamou animada.

— To sem pique. – falei desanimado.

— Vem, vamos dançar comigo. – ela pegou minhas mãos.

— Não quero Larissa.

Respondi sério, e soltei minhas mãos das dela.

— O que foi Felipe? Você ta estranho hoje, me evitou a maior parte do tempo, o que foi que eu te fiz? Hein?

Ela começou a dar um de seus ataques, isso me irritava profundamente. Até porque eu não tinha absolutamente nada com ela, não devia nem mesmo satisfações e vinha sendo muito paciente com ela.

— To cansado Larissa, só isso. – respirei fundo, impaciente.

— E ainda me ignora – disse irritada – da pra você olhar pra mim Felipe?

Continuei fitando o nada.

— Felipe! – ela gritou.

Antes mesmo que ela pudesse dar outro grito, deu pra ouvir uma algazarra vindo da do bar, parecia briga. Continuei ali sentado.

— Felipe, pelo amor de Deus, tira a Gabriella de lá. – a Manuella veio correndo na minha direção, toda afobada.

— De lá a onde?

Olhei ao redor, procurando ela.

— Ela ta dando um show lá no bar, não tem quem tire ela de lá.

Eu me levantei e olhei em direção ao bar, e pude ver que boa parte dos convidados da festa tinha ido pra lá, e vários meninos gritavam.

Ela só podia estar bêbada pra fazer uma coisa dessas.

— Você não vai me deixa aqui pra ir atrás dela, vai? – a Larissa perguntou, ainda mais irritada.

Sem pensar duas vezes, dei as costas pra ela e fui andando rápido, quase correndo em direção onde a Gabriella estava.

Passei pelo meio do monte de gente que rodeava o bar e me deparei com ela em cima do balcão, dançando com uma garrafa de vodka na mão.

Se fosse em outra situação, eu adoraria estar vendo aquela cena, mas no estado que as coisas estavam, não.

Tinha alguns meninos debruçados com as costas no balcão, ela jogava bebida na boca deles e intercalava entre dar goladas na garrafa, dançando ao mesmo tempo.

Aproximei-me dela, na tentativa de tira-la de lá.

— Gabriella, você pirou? – perguntei ainda não acreditando no que via.

— Olha quem está aqui. – ela deu um sorriso sarcástico – Quer um pouquinho? – estendeu a garrafa de vodka – Entra pra fila.

Ela ria e dançava conforme a musica.

— Gabi, para, desce daí. – o Guilherme tentava ajudar.

Pude ouvir algumas pessoas reclamando, falando coisas do tipo "sai daí mané", mas não dei ouvidos.

— Para com isso, vamos embora. Desce daí Gabriella! – pedi.

— Pra que? Ta tão legal – ela deu um gole de vodka – Cansou da sua amiguinha Lipe? – referiu-se a Larissa.

— Gabriella, eu te dou três segundos pra descer daí.

— Pelo que eu sei, você não está morrendo, não é meu pai, não pode me dar ordens. – continuou a dançar.

Além de tudo, ela falava enrolado, mais um pouco entrava em coma alcoólico de tanto que já tinha bebido.

Eu me aproximei ainda mais, tirando de lá um dos caras que estava debruçado no balcão.

— Nem pense nisso! – deu um passo pra trás.

Eu a peguei pelas pernas e joguei ela em cima do meu ombro, deixando-a de cabeça pra baixo. Pedi pro Guilherme tirar a garrafa da mão dela e assim ele fez.

Abaixei um pouco mais o vestido dela, pra que não mostrasse sua calcinha, enquanto ela se debatia.

— Me põe no chão Felipe, você não tem o direito de fazer isso!

Ela dava tapas na minha bunda e batia os pés, como se com aquilo ela fosse escapar.

— Só te coloco no chão quando nós estivermos fora daqui.

Ela continuou se debatendo e gritando, pedindo que eu a colocasse no chão. Ô menina viu!

Fui até a Manuella e avisei que estava indo embora com a Gabi, antes que ela fizesse pior e começasse a tirar a roupa ali mesmo.

— Manu me tira daqui amiga, por favor. – ela pedia manhosa.

— Nem pensar, já causou demais por hoje.

— Eu não quero ir com ele, me salva.

Ela estendeu os braços pra Manu.

— Felipe, vai embora com ela, por favor. – ela riu – Amanhã eu passo por lá.

— Ta bom.

Eu fui andando em direção a saída da casa.

— Não, eu não quero ir, quero dançar, me solta. – ela ainda me batia.

— Para de se debater, porque você não é levinha não.

— Ainda me chama de gorda, que absurdo. Vou te denunciar. Argh! – deu-me um soco – Se você não me soltar, eu vou morder a sua bunda.

Não me contive e ri com o que ela havia acabo de falar.

— E eu mordo a sua, daí ficamos quites.

Eu ri, a deixando ainda mais irritada.


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Notas finais do capítulo

Continua...



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