Mistérios da Lua escrita por uzumaki


Capítulo 14
O aniversário da Princesa parte IIII


Notas iniciais do capítulo

Oieeee! Ñ tenho o q dizer, exceto que chorei escrevendo este capítulo. Fiz uma nova capa e esta sim, tá bem mais legal. Escolhi o Logan Lerman com Ed, pq eu acho ele lindo. Josh Hutcherson como Josh, até pq foi pelo meu amor por ele que coloquei o nome do Josh de Josh. Falem alguma coisa sobre a capa e opinem sobre o capítulo! O próximo é POV JOSH. Mas terá a história de juntar a Mistérios da Lua com a War of Thrones - The last scion, da Lyne, q vai ficar MARAVILHOSA *-----* bem, é isso. Comentem, cupcakes! 2bjos.
P.S. A história minha e da Lyne, já foi postada! Quem quiser ler, é só entrar aqui: http://fanfiction.com.br/historia/458713/Back_to_the_Past/



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Eu queria saber o que minha mãe e Elizabeth conversavam, mas eu invadi a conversa com tudo, então realmente não deu.

– Anne, você está linda! Mal posso esperar pela festa!

– Nem eu. - Falei, sorrindo.

– Só falta uma coisa para você usar e se transformar em uma princesa! Bem, mais do que já é. - Disse Miranda, estalando os dedos. Uma caixa surgiu flutuando a sua esquerda e minha mãe a pegou nas mãos. Ela arrancou a tampa da caixa se virou de costas para mim. Se fosse o que eu achava que era, eu teria que usar por obrigação.
Miranda se virou para mim com uma coroa em mãos. Era inteiramente negra, com alguns detalhes dourados. Uma obsidiana no alto a deixava elegante. Miranda se aproximou e colocou a coroa na minha cabeça.

– Agora sim! - Exclamou ela. - Uma verdadeira princesa! Não vejo a hora de vê-la entrar no salão vestida deste jeito! Ed vai babar.

– Ed não vai babar. - Rangi os dentes.

– Quem diz? - Perguntou ela, me deixando na dúvida. - Esqueça isso, filha. Além do mais, você também vai babar! Ed está um gato! Ah, se eu fosse alguns anos mais nova...

– Mãe!

– Brincadeira! - Reagiu minha mãe, circulando ao meu redor. - Mas é sério, Anne! Ed baba por você e você está nem aí.

– Isso não é verdade. - Protestei, cruzando os braços.

– É verdade. - Disse ela, no mesmo tom de voz que eu. Ou seja: um tom de voz que aquieta crianças birrentas.

– Que seja. - Falei, fingindo arrumar a saia do vestido.

– Ai, menina teimosa. - Suspirou ela, arrumando o laço do vestido. - Um dia essa sua teimosia vai atrapalhar tudo. Eu não sei pra quem você quer se provar, Anne. Simplesmente não sei. Parece que você só dorme, só come se mostrar que é capaz. Mas todos sabemos que você é capaz. Eu acredito, Elizabeth acredita... todos acreditamos em você, Anne.

As palavras de Miranda me deixaram desconcertadas. Aquele "nós acreditamos em você" era bem persuasivo. Suspirei baixinho. Por que minha vida era tão difícil? Eu não podia ser uma garota normal, com pais normais? Mas no exato momento que pensei nisso, me lembrei das palavras da minha mãe "Não pode simplesmente pedir para outra pessoa escolher por você, ou ceder suas escolhas a outros." Eu tinha uma escolha. Viver como uma princesa no mundo da magia, cercada de tudo que era bom e melhor, ou fugir e ser uma garota normal, vivendo uma vida normal? A escolha era óbvia. Eu escolheria a vida normal. Não renegaria minhas origens, mas viveria no mundo dos humanos.Eu não havia pedido aquela vida e não desejava isso. Mas eu tinha que dar uma resposta convincente a minha mãe.

– Não quero provar nada para ninguém. Só quero ser digna. - Falei, e Miranda ficou alguns segundos em silêncio. Quando pensei que ela iria me acalmar e dizer que eu era digna, ela simplesmente falou:

– Elizabeth, meu vestido já está pronto?

– Mas é claro. Só preciso dar uma olhada na barra e no decote. - Respondeu a costureira.

– Anne, você se importa de eu dar uma saidinha rápida com Elizabeth? A barra do vestido é a coisa mais bonita, preciso escolher. - Pediu Miranda, com a expressão de gente que sabe o que tá falando.

– Não me importo. - Respondi.

– Ok então. Vamos? - Miranda estendeu o braço à Elizabeth, que pegou e juntas, se teletransportaram.

Entrei no provador e desfiz o laço e abri o fecho do vestido. Coloquei minhas roupas e me olhei no espelho. Meu cabelo estava ondulado e a mecha azul continuava ali. O vestido preto até os joelhos caía como uma luva em mim. Os tênis estavam com marcas verdes da grama do Jardim das Hespérides. Minhas unhas estavam sem esmalte, o que eu sempre usava, o que era uma sugestão de que eu havia sim, mudado. Não fisicamente, embora eu estivesse alguns centímetros mais alta, meus cabelos estivessem mais compridos e minha pele mais pálida. De dentro pra fora, como se eu tivesse adquirido uma tristeza por estar ali. O que não era possível, porque eu havia conhecido minha mãe. Mas até Miranda havia ficado mais corada ao estar no Jardim. Acho que ela sentia falta da luz do sol. Reino das "Trevas" não era um bom nome para o lugar. Era apenas mais sombrio do que o da Luz. Mas existiam feiticeiros das Trevas bons, assim como existiam os maus, como em qualquer lugar do mundo. A lógica dos feiticeiros da Luz estava errada. Só porque eram do Reino das Trevas não significava que eram todos maus. E os do Reino da Luz não eram todos bons. Apenas seus poderes eram mais... diferentes. Saí da frente do espelho e entrei na sala. Coloquei o vestido no manequim e a coroa em uma escrivaninha. Ali haviam mais desenhos de roupas. Alguns completos, outros não. Eram todos lindos, Elizabeth com certeza merecia todo o respeito. Sentei na cadeira na frente da escrivaninha e comecei a ver os desenhos de Elizabeth. Encontrei um desenho que com certeza não fazia parte da coleção. Uma garota deitada em uma mesa de pedra, com os pulsos presos. A luz da Lua se infiltrava pelo teto e batia diretamente na garota do desenho. Escrito na ponta da folha, estava "A Filha da Lua".

– Ah, não! - Gemi. - Isso de novo não!

A garota do desenho era eu.

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Miranda me encontrou chorando com o desenho nas mãos atirada no canto do provador.

– Anne? Você está bem? - Perguntou ela. Entreguei o desenho nas mãos dela. Ela olhou para o desenho. Ficou por uns minutos em silêncio. Então escorregou da parede e se sentou a meu lado. - Ah, Anne... você não...

– Eu sou uma Filha da Lua, não é? - Perguntei, baixinho, quase sem voz.

– Sim. - Respondeu ela em um sussurro. - Eu... creio que sim.

Eu chorei ainda mais.

– Mas você ainda é minha filha. - Falou ela, com convicção.

– Eu sei. - Respondi, ao me lembrar do meu encontro com a Lua no alto do penhasco do Vale da Luz. - Ela me disse que você é minha mãe.

– Você... ela falou com você? - Perguntou Miranda.

– Uma vez, no Vale da Luz. - Falei. - Foi quando eu decidi fugir.

– E você não me contou nada? - Indagou ela.

– Eu nem sabia que viria pra cá. Simplesmente esqueci. - Argumentei.

– E eu ainda resolvi fazer uma festa. - Bufou ela.

– Pois é. - Sorri, tristemente. - Onde está Ed?

– Com Elizabeth. - Respondeu ela, calmamente.

– Mas... e se ela descobrir que Ed é um Feiticeiro da Luz? - Perguntei, pensando no pior.

– Elizabeth é completamente confiável. - Falou ela. - E ela já sabe. Foi ela que descobriu que você estava no Reino da Luz. Ela é vidente, sabe? Ela sabe seu futuro, mas não quer me contar.

– Ela contaria para mim? - Perguntei.

– Dificilmente. - Disse Miranda, me olhando nos olhos.- Mas eu quero que você saiba, Anne; Que eu te amo. Sempre e para sempre.

Baixei os olhos para o chão.

– Mesmo que eu seja uma aberração?

– Você não é uma aberração. - Disse ela. - Ser diferente não te faz uma aberração. Te faz ainda mais especial.

– Mas eu sou filha da Lua e não faço ideia de como isso é possível. - Falei.

– Você é minha filha. - Repreendeu ela. - Minha e de Raffael.

– Mas como eu posso ser sua filha e filha dela? - Perguntei.

– Não faço a mínima ideia. - Respondeu. - Mas acredite. Eu sou sua mãe. Sabe aquela frase, "Luke, eu sou seu pai"? Então, Anne, eu sou sua mãe.

Eu ri ao me lembrar daquela frase. Miranda sorriu, levemente mais feliz.

– Obrigada. - Falei. - E eu acredito.

– Mas é claro. - Retrucou ela. Eu me levantei, seguida por minha mãe. - Aonde vai?

– Encontrar Ed. - Respondi.

– Tudo bem. Mas não se perca.

– Não. - Sorri. - Acho que já peguei a manha de vocês. - Imaginei Ed e quando abri os olhos, eu estava em uma outra sala e Elizabeth estava ao meu lado.

– Ôh, Elizabeth! - Chamou Ed, do lado esquerdo, onde existia um provador. - Posso ir embora agora? Anne deve estar preocupada por não ter o Protetor bonitão do lado dela. - Falou ele, fazendo Elizabeth rir.

– Eu tô aqui, "Protetor bonitão". - Falei. Ed saiu do provador.

– Ah, você tá aí. - Disse ele, despreocupado, segurando um conjunto de roupas no braço.

– Aposto que esta será a roupa que você vai usar na festa, não é? - Perguntei, sorrindo.

– Mas é claro. Eu, modéstia à parte, eu estarei arrasando. - Disse ele, sem modéstia nenhuma.

– Eu sei que vai. - Falou Elizabeth, pegando a roupa das mãos dele. - Afinal, fui eu que fiz.

– Mas é claro. - Falou Ed - Mas minha beleza ajudou muito também.

Eu ri, junto de Elizabeth. Mas aí lembrei do que havia falado com minha mãe e minha cara obviamente ficou azeda. Dei as costas para os dois, e fiquei pensando.

– Ei, Anne! - Chamou Ed. - O que é que foi?

– Nada. - Menti.

– Aonde vamos agora? - Perguntou ele.

– Você eu não sei, mas eu tenho que me preparar para o almoço com os Lordes. - Respondi.

– Ah! - Disse Elizabeth. - Eu fiz um vestido para você.

– Outro? - Perguntei, abismada.

– Mas é claro. Sua mãe pediu, tenho que obedecer.

–Tudo bem. - Falei.

– Está aqui, venha. - Chamou ela, me puxando pela mão. Quando chegamos no canto do quarto, o rosto dela perdeu o sorriso e ela disse, séria - Anne, eu sei que você viu aquele desenho na minha escrivaninha.

– Me desculpe. - Falei, sem jeito. Eu não era boa em pedir desculpas.

– Não, não é isso. Eu te devo uma explicação.

– Não precisa. - Falei, sincera. - Eu sei que você não quer me contar.

– Eu quero te explicar. - Disse ela. - O seu futuro está blindado contra minhas tentativas de vê-lo, então não posso lhe contar muito. Mas o muito que posso te contar é que vai precisar de seus amigos.

– Eu não tenho amigos. - Reclamei.

– Ed é o que chamamos de amigo. - Retrucou ela, sorrindo. - Confie nele.

Olhei para Ed, que estava vindo em nossa direção.

– Elizabeth, posso falar com você? - Pediu ele. Elizabeth virou para mim e deu uma piscada, como se já soubesse o que ele falaria, o que eu apostava que sim. Vi o que aconteceu de longe. Ed falou alguma coisa, sério. Elizabeth ergueu as sobrancelhas Ed continuou falando. Elizabeth assentiu, disse alguma coisa e Ed concordou com a cabeça. Então ela saiu da sala. Ed virou pra mim.

– Nunca pensei que gostaria de usar preto total. - Comentou.

– É uma cor universal. - Falei.

– Pois é. - Ficamos em um silêncio por três minutos. - Você está estranha.

– Eu? - Perguntei. - Você que está estranho.

– Não mesmo. - Retrucou ele. - Mas não mude de assunto, estamos falando de você.

– Tá, o que quer saber? - Falei.

– Por quê você está correndo atrás de mim? - Perguntou ele.

– Oi? - Debochei. - Você é que corre atrás de mim.

– Creio que não. - Respondeu ele, sorrindo. Debochado.

– Se eu não saio do seu pé desculpe, vou tentar te deixar mais sozinho por aí, até alguém descobrir que você é Feiticeiro da Luz.

– Então isso é... preocupação? - Percebeu ele. - Comigo?

– Você é impossível. - Falei.

– Não, eu gosto que esteja preocupada comigo. - Comentou ele.

– Mas é óbvio. Você é meu amigo. - Assim que eu disse "amigo", Ed armou uma tromba e cruzou os braços, indignado. - Falei algo errado?

– Hã, nada. E Josh? Significa o que pra você? - Perguntou ele, arqueando a sobrancelha.

– Josh... - Me sentei em uma poltrona. - Josh é um cara incrível. Ele te faz se sentir bem quando você está na pior das fossas. Aguenta meu mau humor. É meu maior confidente. Ele é cavalheiro e gentil, te empresta seu casaco quando você está com frio. É por causa dele que eu ainda não fiz nada de pior pra sair da escola. Ele te dá cola quando você pede, embora não concorde com isso. Ele é um grande conselheiro e é um fantástico estrategista. E os olhos dele brilham quando ele fala do futuro. Você não sabe o quanto eu sofro por ficar longe dele e não contar pra ele o que eu sinto, o que eu estou pensando. Josh é o cara perfeito.

– Hum. - Desdenhou ele.

– "Hum"? - Falei, indignada. - Eu abro meu coração pra você e a única coisa que você fala é"hum"?

– Foi mal, mas eu não acho ele tudo isso aí não. - Comentou ele.

– Você não conhece ele como eu conheço, Ed. - Retruquei, com raiva.

– É talvez não, mas olha só não precisa ficar bravinha só porque expressei minha opinião. - Disse ele.

– Isso é ciúme, Frederick? - Zoei.

– Quer saber? É sim! - Esbravejou ele, me fazendo erguer as sobrancelhas. - Olha aí você, toda apaixonadinha por esse loiro sem sal. Sou eu que estou aqui por você, no meio de um monte de gente que me mataria se soubessem quem eu sou. Josh aguentou você por anos, é? Reconheço o sacríficio, mas eu fiz mais que isso. Você é que não sabe o que é gostar de uma pessoa que te considera um "amigo". Então, eu vou sair daqui. Eu vou embora. Tchau e boa sorte. - Ele foi até a porta, mas deu volta e bateu com a cabeça na parede. - Burro! Idiota! Eu tô preso aqui! Mas que merda!
Eu estava estática. Eu não conseguia pensar em nada pra dizer a ele. Fiquei olhando Ed bater a cabeça na parede com os olhos arregalados.

– Ed, eu...

– Não piora as coisas, Anne. - Me interrompeu ele. - Eu acabei de fazer papel de idiota na sua frente. Eu tô surtando, eu tô ficando louco. Eu não vejo a luz do Sol há dois dias. Eu preciso ir embora dessa escuridão. Meus poderes estão fracos.

– Eu...

– Vá embora. - Pediu ele, chorando. Uma coisa que eu não consigo suportar é que me façam fazer coisas que eu não quero.

– Não. E não me interrompa desta vez, Frederick. Você quer ver a luz do sol? Pois muito bem. Eu vou te levar a um lugar muito legal. - Andei até ele e peguei sua mão. Ele estava quente, como sempre, e tinha lágrimas rolando por seu rosto. Fechei os olhos e visualizei o Jardim das Hespérides. Quando os abri novamente, já estava lá.

– Onde estamos? - Perguntou Ed, sentindo a luz do Sol no seu rosto.

– Jardim das Hespérides. - Respondi, sorrindo. - Minha mãe me trouxe aqui.

– Sua mãe é incrível. - Falou ele.

– Eu sei. - Concordei.

– Isso tá mais pra Parque do que para Jardim. - Comentou ele, passando a mão pelas folhas verdes de uma árvore. - Ainda estamos no Reino das Trevas?

– Pelo que eu sei, sim. - Falei.

– Esse lugar não tem nada de "Trevas". - Disse ele. Eu apenas concordei com a cabeça. De repente ele olhou para a árvore no meio do Jardim. O sorriso se esvaiu do rosto dele. Ele começou a correr, tentando alcançar o que quer que fosse. Eu corri atrás dele.

– Ed, espere! Espere! - Ele continuava a correr, cada vez mais rápido. Aumentei o passo e consegui ultrapassá-lo. Quando ele se chocou comigo, antes de se bater na árvore, eu o abracei pela cintura, tentando fazê-lo parar.

– Me larga! - Berrou ele, tentando me empurrar. Ele chorava como uma criancinha e eu admito, também chorava. Era uma cena horrível. Consegui pará-lo de se debater.

– Calma, calma, por favor... - Pedi, aos prantos. Ed estava jogado no chão, sangrando. Eu tentava colocar um pedaço de pano no corte, que estava no braço. Eu tremia e minhas mãos estavam cheias de terra. - É só uma visão. É só uma visão.

– Meus pais, Anne. - Falou ele, também aos prantos. - Meus pais... eles estavam... acenando para mim. Estavam... estavam me chamando. Eles estavam tão... tão vivos, tão perto de mim.

– Eu sei. Eu sei. - Eu não sabia mais o que dizer a ele. Ele estava tão mal, tão... tão frágil. Finalmente terminei de amarrar o pedaço de pano da barra do meu vestido no braço dele. Nós ficamos ali, sentados na grama por um bom tempo.

– Me desculpe. - Pediu ele.

– Eu é que devo um pedaço de desculpas. Eu não raciocinei bem ao te trazer pra cá. - Falei.

– Por que eu vi meus pais? - Perguntou ele.

– Minha mãe não me falou exatamente. Mas parece que a árvore te mostra o que você mais quer. - Respondi. Mais tarde saberia que a árvore era um antigo espelho, roubado dos bruxos, e transformado em árvore.

– Ele é poderoso. O que você vê? - Ele agora não chorava mais.

– Também vejo meus pais. Juntos. Uma família feliz. - Falei, sorrindo.

– Sem Clarissa e Hanker? - Questionou ele, se animando.

– Pois é. - Sorri. - Impossível.

– Totalmente impossível. - Concordou ele. Me lembrei de uma coisa. Há quanto estávamos ali?

– Precisamos ir. - Falei, subitamente e me levantei.

– Por quê? - Quis saber ele.

– O tempo passa mais rápido aqui.

– Putz. Seu jantar com os Lordes, ou qualquer coisa. - Lembrou ele.

– Agora já foi. - Murmurei.

– Só mais uma coisa: a fuga ainda está de pé?

– Vamos ver hoje à noite, tá? - Não era exatamente um "sim" ou um "não", mas um "talvez", que Ed entendeu.

– Tudo bem então. - Concordou ele, se levantando. Ele estendeu a mão para mim, como sempre, ignorei e me levantei sozinha. Ele só sorriu. - Para onde agora?

– Minha mãe deve estar preocupada. - Comentei. Peguei o braço dele, e pensei em minha mãe. Fechei os olhos, e quando os abri, estava de frente com uma Miranda zangada e uma Elizabeth aliviada.

– Annelise Raxel Watern! - Gritou Miranda. E começou a falar de seu jeito metralhadora.

– Onde é que você estava? Com quem você estava? A que horas saiu? O que você ficou fazendo? Por que não foi ao almoço com os Lordes?

– Primeiro: oi. - Falei, enquanto Miranda me olhava fulminantemente. - Eu estava no Jardim das Hespérides. Eu estava com Ed, que deu um ataque. Saí aproximadamente às 10:27. Fiquei fazendo um curativo no braço de Ed, que se topou com aquela árvore. E eu não fui porque esqueci.

– Ed, querido... você está bem? - Quis saber ela.

– Mais ou menos. - Respondeu ele, abatido.

– Tudo bem. - Disse Miranda, suspirando. - Desta vez passa, mas amanhã você vai! Nem pense que só porque é seu aniversário que vai escapar do castigo. Você vai sair da festa direto pra casa!

– Hã? - Perguntei, sem entender nada. - Minha casa é o castelo, e a festa vai ser no castelo! Tecnicamente, seria quarto.

– Que seja! - Esbravejou ela. - Elizabeth, que horas são?

– 17:18, minha rainha. - Respondeu ela, sem nem olhar no relógio.

– Obrigada. Olha só, Anne. Minha hora favorita! Hora de ir para o SPA!! - Ela deu um gritinho entusiasmado.

– E eu? - Perguntou Ed.

– Você vá tomar um banho e se arrumar. Elizabeth, leve-o, por favor. - Mandou Miranda, enquanto sorria para mim.

– Claro, rainha. - Concordou Elizabeth. - Venha menino. - Ela pegou o braço de Ed e bateu com o cajado no chão e os dois sumiram.

– SPA? - Perguntei, cética. - Neste castelo tem tudo mesmo.

– Mas é claro. - Concordou ela, me estendendo a mão. Fomos parar direto no SPA.

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Saí do SPA às 18:30 em ponto. Eu estava linda. Meus cabelos negros, modelado em cachos, com as tradicionais pontas azuis. Batom vermelho-sangue e blush. Meus olhos estavam castanhos e esfumados com sombra preta, e delineador também preto, óbvio. A coroa, e um colar que minha mãe me dera, para combinar com o vestido. As roupas me deixavam bem "princesa" e todos diziam que eu estava linda. Eu realmente não acreditei até me olhar no espelho do meu quarto. Eu nem parecia eu.

– Anne, você está linda! - Disse Miranda, com lágrimas nos olhos.

– Sim, ela está. - Disse Hellen, a cabeleireira.

– Eu e o pai dela fizemos um bom trabalho, não é? - Perguntou minha mãe para Hellen, que riu.

– Mãe! - Reclamei. - Está me envergonhando.

– Bobagem! Bobagem! - Retrucou ela, se virando para agradecer a "Equipe da Beleza", como ela mesmo os chamou. - Obrigada pessoal. Agora se arrumem, estão todos convidados para a festa, esqueceu? - Quando todos saíram, ela se virou para mim. - E aí, como eu estou?

Ela estava usando um vestido lilás, com detalhes em preto. Sapatos de salto alto, a coroa real e um anel na mão esquerda - o anel de casamento -, o cabelo solto, revelava fios castanhos. Maquiagem perfeita, como sempre.

– Você está linda. - Falei. - Como sempre, aliás.

– Obrigada. Você também está linda, embora eu não concorde com estas luvas. - Disse ela, franzindo a testa para mim. Eu estava sem minhas pulseiras de spykes, então eu tinha que ter um substituto. Eu abrira meu closet mágico e encontrei a peça ali, um par de luvas que iam até os cotovelos, daquelas quadriculadas. - Filha eu quero te dar uma coisa. - Ela me entregou um anel com uma pedra obsidiana. - este anel era da sua avó. E agora é seu, a futura Rainha.

– Obrigada. - Agradeci, colocando o anel.

– Vamos indo, já deve ter começado. - Mandou ela, me pegando pelo braço.

Aparecemos ao lado de uma cortina. Eu estava nervosa, afinal, veria 670 pessoas na Festa, desde Realeza à criados e eu adorava que minha mãe não fizesse distinção sobre as pessoas. De repente ela saiu, me deixando sozinha, e se foi, para ficar ao lado de Hanker, que conversava com um senhor. Hanker usava a coroa real, e parecia feliz com isso. Eu não ficaria parada ali. Saí detrás do pano e andei pela multidão. Não demorou muito e fui rodeada de pessoas dizendo "Feliz Aniversário!" "Você está linda!" "Princesa, que honra!". Eu dizia obrigada, e seguia em frente. Nunca fui boa com elogios, então basicamente eu estava vermelha. As músicas eram animadas e dançantes e haviam alguns jovens, filhos dos Lordes, que dançavam. Eu não tinha pra quê dançar. Começou a dar uma música lenta, e eu procurava desesperadamente algum lugar para sentar. O salão era enorme.

– Me concede esta dança, Princesa? - Alguém disse atrás de mim.

– Não, estou cansada. - Falei para Ed, que estava atrás de mim. Ele estava usando um blazer com camisa preta lisa e jeans. Sapato social e o cabelo estava molhado.

– Ah, não. - Ele me puxou pelo braço. - Você vai.

– Não vou não. - Rangi os dentes.

– Vai sim, ou eu grito pra todo mundo aqui que você é filha do Raffael. - Sussurrou ele.

– Não teria coragem! - Falei, indignada.

– É claro que sim. - Disse ele. - Afinal, nós fugiremos mais tarde.

– Só uma. Três minutos e depois vou sentar. - Concordei. Ed abriu um sorriso de escárnio.

– Mas é óbvio. - Ele me puxou e começamos a dançar. Ele dançava razoavelmente bem. Eu parecia uma pata. Me recusava a me encostar nele. Ficamos assim por um minuto e comecei a pensar no desenho que Elizabeth vira. "Confie nos amigos". Suspirei fundo e perguntei.

– Ed... você poderia... me contar a história dos Filhos da Lua? - Pedi. Ed se contorceu. Quase pisou no meu pé.

– Por que quer saber disso? - Perguntou ele, desconfiado.

– Porque a lenda me interessou. - Respondi. Soei convincente até pra mim mesma.

– Tudo bem então. - Concordou ele, vacilante.

"Há muito tempo, nasceu a primeira filha de uma Feiticeira da Luz, com seu marido, um simples mortal. A menina no entanto era poderosa, e uniu as duas raças, Feiticeiros da Luz e das Trevas para matá-la. A menina tinha apenas 5 anos. Os pais tentaram desesperadamente protegê-la. O pai morreu tentando. A mãe não tinha escolha. Partiu para o Templo da Lua, onde invocou o poder da própria Luz da Noite. Seu plano era dar a vida para proteger a filha. Mas a Lua morreu de amores pela menina, sem saber que era sua filha, caída na Terra há éons atrás. Pediu gentilmente a mãe da menina para poder levar a criança aos céus. Mas a mãe era egoísta. Morreria pela filha, mas não viveria sem ela. A Lua ficou furiosa. Era acostumada a ser idolatrada, ter tudo o que queria e ali estava. Uma reles mortal dizendo não. Ela chamou o marido, o Sol, para obrigar a mulher a dar-lhe a criança. Mas o Sol disse que não se meteria em nada. A Lua ficou furiosa, mais uma vez. Disse ao marido que ele nunca mais a veria, criando assim a noite, que não era iluminada pelo marido. Mesmo assim, humilhada, na frente da mortal, tentou possuir o corpo da menina. A mãe percebeu e se colocou na frente da filha. A Lua possuiu o corpo da mulher, com uma explosão. A menina não sobreviveu a tamanha luz. A Lua chorou por uma semana. As suas lágrimas congelaram o templo, criando assim o Monte Everest. De qualquer forma, a menina renasce todas as vezes que uma criança poderosa vem ao mundo. E todas as vezes, a Lua volta a Terra, retornando a missão original: levar a filha aos céus."

– Mas isso é só uma Lenda. - Acrescentou Ed, rapidamente. Meus olhos estavam cheios d'água. Eu não sabia o que falar. Que eu era uma Filha da Lua? Que eu era a menina de cinco mil anos atrás? E que em todas as outras vidas eu havia me matado? Sem mais nem menos, enquanto ele contava a história, me lembrei de coisas que nunca havia vivido, como cantar para passarinhos. Era isso que Gaia, que se matou com treze anos, fazia. Ela dominava o ar e morava com a mãe, Feiticeira da Luz. Monique, 14 anos. Denise, 10 anos. Linna, 15 anos. A primeira Filha da Lua, Christine, 5 anos. Eu era a mais velha, 16 anos. Com certeza eu não viveria muito.

– Eu sei que você é uma Filha da Lua. - Falou Ed, tristemente, me assustando com a sua confissão. - Eu conheço essa Lenda de cor, mas eu não tinha coragem de te contar. Depois daquele dia que eu te beijei eu tentei... tentei mesmo, não me apaixonar por você. Mas não consegui.

– Eu tenho o destino selado, Ed! - Falei, aos prantos. - Eu estou marcada para morrer, desde que nasci. Assim como foi antes. Christine, Gaia, Denise, Monique, Linna! Eu fui, eu sou todas elas. Anne, a Anne que você ama, não é mais que um abrigo. Eu não ou deste tempo! Minha alma, eu. Eu sou Luna. Eu sou a Filha da Lua mais poderosa graças a Anne. A filha dos dois reis. Anne não é mais que isso, Ed. Um escudo de proteção para que Luna não pegue o controle, liberar o poder dela e fritar todos aqui! O espírito da Luna está se revolvendo dentro de mim, ansiosa para poder voltar aos céus. É por isso que Raffael me queria perto dele. Ele quer tirar Luna de dentro de mim. - Eu chorava, mas ainda dançava com Ed, quando me toquei de uma coisa: Ed sabia que Raffael queria livrar Luna de mim. - E você sabe disso, não é?

– eu não quero saber. - Respondeu ele. - eu a amo, seja quem for. Anne ou Luna, tanto faz. Eu amo a garota forte que me esganou por causa de um par de sapatilhas. A garota que quase me estapeou por eu ter pisado em umas Barbies. A que não foi com a cara da Sophie. A que me deu um beijo na testa enquanto eu chorava. Que aguentou meu surto de ciúmes e me levou em um Jardim para praticamente, dois minutos depois, ter que fazer um curativo em mim, porque eu havia me jogado em uma árvore. Eu amo essa garota. Seja ela Luna ou Anne. Seja quem for seus pais, quem faz o caminho é você, apenas você. Foi por essa garota que eu não consegui evitar me apaixonar.

– Eu acho que... - Tentei responder, em meio à lágrimas. - Eu Annelise Raxel Watern, a Luna, ama você com as duas formas. Corpo e Alma. Anne e Luna. E eu finalmente percebi isso.

Me ergui dois centímetros e o beijei. Eu tinha noção de tudo. Os casais à nossa volta dançando, alguns sentados em sua cadeiras conversando. A música lenta, sem nem abrir os olhos. Tudo parecia em câmera lenta. Finalmente um beijo digno. Quando tudo acabou apenas ficamos simplesmente abraçados, com a certeza de que eu teria que tentar, nós dois chorando, silenciosamente, para não chamar a atenção dos convidados.

– Eu te amo. - Disse Ed, quase cochichando.

– Eu também te amo, Frederick Dellarge. - Era a primeira que eu falava um "eu te amo" para outra pessoa, que não fosse Miranda. E eu não poderia ter escolhido melhor.

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– Vamos ir embora daqui! - Pediu Ed, com a espada nas mãos. Nós corríamos a toda pelos corredores. Estávamos sendo seguidos pelos homens de Hanker. Logo depois de eu ter sido anunciada por Miranda como próxima Rainha, para azar de Hanker, ele simplesmente parou o tempo, como Ed fizera.

– É o que estou tentando fazer! - Gritei. Entramos em uma sala, onde os guardas de Hanker passaram direto.

– Ufa! - Gemeu Ed. - Quer dizer que é assim? Toda vez que eu te beijo algo ruim acontece?

– Cala a boca Ed, deixa eu me concentrar! - Falei.

– Ué, é verdade. - Reclamou ele.

– Eu preciso...

BUM!!

– O que é isso? - Gritou Ed.

– Abram a porta! - Berrou um homem, atrás da porta. - Senhor, eles estão dentro do Corredor dos Quadros.

– Ora, arrebentem esta porta então! - Mandou um outro homem, Hanker, sem dúvida.

– Sim senhor!

– Vamos morrer! - Gritou Ed, tentando proteger a porta. - Anne, ajuda aqui!

Eu não conseguia. Fiquei paralisada vendo o retrato de uma Bruxa, em um castelo de Feiticeiros. Ela era incrivelmente parecida com alguém que eu deveria ter conhecido.

– ANNE! - Gritou Ed mais uma vez, me tirando do transe. - Vamos ir embora daqui!

Peguei a mão de Ed. Tentei focalizar o Vale da Luz, mas a única coisa que eu pensava era o quanto o rosto da garota me era familiar. Antes que pudesse falar um "Eu não consigo!", arrebentaram a porta, e com o grito de Ed, me teletransportei.


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Notas finais do capítulo

Mila, ñ me mata, pf. Sim, a fuga do Hanker é no msm capítulo, mas ñ consegui colocá-las no mesmo momento, então vai ficar assim. Lembrando: O Josh AINDA vai aparecer pra Anne, ou seja, ela vai ter uma "leve inclinação", okay, bjos, espero mtos coments, hein?



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