A Intrépida Rachel Berry escrita por danaandme


Capítulo 5
Toque a melodia das almas




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Toque a melodia das almas

No momento que um braço forte emergiu das águas frias e escuras do mar do norte, segurando firmemente uma caixinha prateada, toda a tripulação do Diva pode respirar aliviada. Blaine Anderson, o primeiro homem no comando, se apressou em ordenar que os outros marujos ajudassem o mergulhador a voltar a bordo, antes de correr em direção aos aposentos da capitã Mercedes Jones e avisa-la de que finalmente eles haviam concluído sua missão. Mas antes que ele pudesse adentrar o recinto, sua capitã escancarou a porta, quase colidindo com seu Primeiro Imediato.

Mercedes olhou ao redor e Blaine se apressou em confirmar as suspeitas que ela trazia no olhar.

– Ele já está sendo trazido a bordo, Capitã. E ele conseguiu...

Mercedes passou por ele e caminhou a passos largos até o homem já sentado no convés, que tratava de se agasalhar e recobrar o folego.

– Você fez um excelente trabalho, Azimio. – disse a capitã estendendo a mão para ele, silenciosamente pedindo que ele a entregasse a caixa de prata.

O mergulhador sorriu orgulhoso e entregou a pequena caixa, que ele quase morrera para resgatar por entre os recifes de corais há quase mil pés de profundidade. É certo que ele era conhecido pelo titulo de o melhor mergulhador de todos, mas esse mergulho havia batido seu último recorde... mas apesar do perigo e, agora, do cansaço, Azimio não pode deixar de inflar o peito diante do elogio feito pela mulher que ele sempre tivera uma paixão platônica.

Mercedes tomou a caixa nas mãos e examinou o símbolo talhado na tampa.

– Essa maldita, ela sabia exatamente onde estava... – a gargalhada dela ressoou por todo o convés. – Ela é um verdadeiro demônio do mar, maldita Berry! Içem as velas suas lesmas, nós temos muito o que fazer!

– Capitã! Couraçado Imperial à vista a bombordo! – gritou o marujo que montava guarda no alto do mastro principal.

Mercedes tomou uma luneta de prata cravejada com rubis das mãos de seu Primeiro Imediato, e imediatamente avistou Cassandra July no deque do leme do outro navio, também com uma luneta em mãos.

– Mestre Blaine, vamos sair daqui. Agora.

O jovem moreno alertou a tripulação aos berros enquanto corria para o leme seguindo sua capitã.

...

– Alguém segure essa anã!!!!

Santana Lopez corria berrando por todo o convés agitando sua espada em uma das mãos, completamente coberta por farinha de trigo e mingau. Alguns marinheiros se jogaram no mar para evitar ficar no caminho da Primeiro Imediato, que parecia estar soltando fumaça pelas narinas.

Do outro lado do convés, sempre a um passo à frente da latina enfurecida, estava a pequena Barbra. A menina corria e desviava da pirata, escapando sem muito esforço de suas investidas ensandecidas.

– Eu vou espetar você no mastro sua piralha!!! E depois vou esfregar molho tártaro nessa suas perninhas bronzeadas de anã clonada e vou chamar os urubus!!! Niña de los Infiernos!

Barbra se pendurou em algumas caixas e se agarrou no corrimão que dava acesso as escadas para as cabines na popa do navio. Quando se viu fora do alcance de Santana, a menina se virou e colocou as mãos na cintura.

– Sabia que é feio ficar ameaçando uma criança como eu? E você também não devia dizer que vai me dar para os urubus!!! Eu não gosto de urubus!!! Eles comem carniça e eu não sou carniça!

– AAAAAHHH, mas isso a gente resolve em segundos!

Santana já estava roxa de raiva e senão fosse por Kurt e Brittany finalmente a alcançado, a segurando pelos braços e ombros, ela teria jogado sua espada na menina.

– San, ela não fez por mal... – sussurrou Brittany, tentando conter sua namorada.

– Santana, ela é a filha da capitã, pela glória divina controle-se! – suplicou Kurt.

Lá de cima das escadarias, Barbra olhava para ela com um sorriso maquiavélico.

– É tia Satã, eu não fiz por mal...

Metade da tripulação testemunhava a cena completamente boquiaberta com a audácia da menina.

Santana enxergava vermelho.

– Te voy a matar, enana!!!! - Brittany e Kurt mal conseguiam segura-la.

Barbra se contorcia de rir. Ela estava tão distraída por sua pequena travessura, que não percebeu que de repente todo o convés ficou em silêncio e que um sorriso diabólico brotou na face de Santana. A pequena só parou de gargalhar quando ouviu alguém limpar a garganta sonoramente logo atrás dela.

– Posso saber qual o motivo para tanta alegria, Rachel Barbra Fabray-Berry?

A pequena morena fechou os olhinhos castanhos esverdeados e mordeu os lábios, se encolhendo ao som da voz da pirata-mãe.

– Eu também gostaria de saber o porquê de tanta confusão, Barbra.

A menina se encolheu mais ainda. Suas duas mães estavam logo atrás dela.

Eles estavam navegando em alto mar há quatro dias, e lógico que para crianças que foram acostumadas a correr soltas por campinas verdejantes, ficar ‘presas’ em um navio sem poder aprontar suas travessuras cotidianas, foi o sufuciente para forçar os pequeninos a serem mais criativos.

Até o pequeno Charlie, que era o mais calmo dos dois, estava dando uma boa dose de trabalho extra para Mike e Puck, já que o garoto insistia em passar seus dias tentando aprender a ser um pirata de verdade. O problema era que suas proezas acabavam criando infinitas possibilidades de terminarem em fraturas expostas. Naquela mesma manhã, os dois piratas já haviam desenrolado o menino de uma das redes de pesca, somente para correr em seu socorro logo em seguida, quando ele conseguiu se içar na vela principal pelo tornozelo direito.

As peripécias do menino foram tantas que foram capazes de colocar Puck numa maca na cabine/enfermaria de Sugar (a ‘enfermeira oficial da embarcação’), por causa de um quase enfarte, há meia hora atrás, quando viu o menino tentando praticar tiro ao alvo com uma adaga, que sabe-se lá como, ele conseguiu afanar de Mike Chang.

Mesmo assim, o problema-mor ainda era Barbra.

A garota parecia decidida a testar os todos limites da sanidade mental de ninguém menos que Santana Lopez. Travessuras como: açúcar no travesseiro, cola na bainha da espada, talco nas roupas que secavam no varal, sal no café e a última... um balde cheio de farinha e mingau de aveia que ‘misteriosamente’ caiu na cabeça da Primeiro Imediato quando ela saia do vestuário.

Até aquele momento Rachel não havia tomado partido nas peripécias de seus filhos. Primeiro, porque ela própria costumava aprontar travessuras bem piores quando pequena e segundo, porque sua preocupação maior era salvar Quinn. Só que pelo visto, a situação estava saindo do controle e Barbra precisava de um freio imediatamente.

– Eu não costumo perguntar duas vezes, Barbra.

A menina engoliu seco. Encarar a pirata-mãe era difícil para a pequena. Ela ainda se surpreendia o quanto elas eram parecidas fisicamente. Era como estar olhando para uma versão mais velha de si mesma num espelho, senão fossem seus olhos, Barbra seria exatamente uma cópia, não um clone de Rachel e a pequena ainda não havia decidido se isso a agradava ou não.

– Parece que alguém perdeu a língua. – Santana cruzou os braços sobre o peito quando Barbra virou-se para encara-la, o olhar da latina desafiava a pequena a dizer algo.

– Barbra. Para. Seu. Quarto. Agora. – disse Quinn tomando a frente da situação.

– Por que vocês decidiram que eu é que fiz algo errado? Ela ameaçou me dar para os urubus, isso sim é inaceitável! – a menina reclamou indignada colocando as mãos na cintura e batendo o pé no chão.

Rachel arqueou uma sobrancelha. ‘Uau. Santana tem razão. Eu tenho um clone.’

– Barbra, não me faça falar mais uma vez. – Quinn advertiu cruzando os braços.

A menina abaixou a cabeça resignada e passou pelas duas mulheres se dirigindo para o quarto sem dizer mais nada. Então, alguém riu baixinho e elas se viraram na direção do som, Charlie tapou a boca com as mãos, mas não adiantou muito. Quinn arqueou a sobrancelha e Rachel colocou as mãos na cintura, o garoto suspirou, baixou a cabeça e foi direto para o quarto.

– Já estava na hora de alguém colocar moral nesses dois... – Santana sacudia o resto da farinha da roupa, aparentando estar satisfeita com a punição das crianças. “Deixe só... eu ainda penduro aquela clone de enana maldita no mastro durante a noite... há! Quero só vê a cara dela quando acordar de cabeça para baixo há vinte metros de altura...”

Rachel a encarou por alguns instantes.

– Santana... pare de planejar pendurar minha filha no mastro do navio.

– Mas como? – a latina perguntou com os olhos arregalados.

Rachel deu um sorrisinho malandro, estreitando os olhos na direção dela.

– Eu posso ler sua mente.

A Primeiro Imediato bufou indignada e deu meia volta, disperçando a tripulação, que satisfeita voltou ao trabalho, agradecida por finalmente poder executar suas tarefas diárias com calma e tranquilidade.

Quando tudo finalmente parecia ter entrado nos eixos, Quinn sentiu suas pernas vacilarem, ela tentou se apoiar no corrimão da escada, mas a dor repentina fez seu corpo se curvar para frente e ela perdeu a consciência. No mesmo instante, Rachel a segurou pela cintura a puxando para junto de si, impedindo que ela caísse no chão. A pirata agiu rápido, passando um braço pelas costas da loira enquanto o outro já sustentava os joelhos dela. Kurt e Brittany estavam mais próximos e correram para ajudar. Rachel ergueu o corpo de Quinn facilmente e se apressou em leva-la de volta para seu quarto. Kurt e Brittany escoltaram capitã-pirata até seus aposentos, ajudando com a porta e afastando os lençóis para que Rachel pudesse colocar Quinn embaixo das grossas cobertas.

Quinn tremia de frio e dor.

Haviam se passado somente cinco dias desde a primeira crise e a marca no pulso de Quinn já se estendia até quase o meio do antebraço. Nesse ritmo, Quinn estaria morta em apenas seis crises...

Rachel tinha menos de um mês para salva-la.

– Tragam toalhas e água, precisamos baixar a febre dela... – Rachel sentou-se na cama ao lado de sua amada. Kurt e Brittany correram para providenciar o que a morena havia solicitado.

– Aguente firme meu amor... por favor.

– E-Eu proíbo vo-cê... de continuar... com isso... Rachel...

Rachel mordeu o lábio. Quinn estava delirando novamente, e dessa vez, ela repetia as últimas palavras que ela havia dito a morena há dois dias, antes de sair do quarto irritada.

Naquele final de tarde, quando ela finalmente conseguiu tomar sua amada em seus braços, Rachel pensou que nada pudesse separa-las novamente. Poder amar Quinn outra vez foi como acender de novo a chama da vida em seu peito. A noite pareceu curta e a manhã veio como uma amiga traiçoeira que as recebia com a promessa de um novo recomeço, somente para acabar com suas esperanças mais uma vez, antes mesmo que os primeiros raios de sol pudessem iluminar completamente o céu.

“Rachel observava Quinn se aninhar ainda mais junto ao seu corpo. A pele branca e macia se enroscava junto a sua, e nada mais no mundo poderia ser mais importante que o calor daquela que ela amava se espalhando sobre ela, invadindo todos os seus sentidos e dominando todos seus pensamentos.

Rachel traçava, com a ponta dos dedos, desenhos aleatórios sobre a pele de porcelana das costas de Quinn quando percebeu que a loira havia acordado.

–Hey você, bom dia... – seus dedos imediatamente encontraram o caminho até o rosto dela, acariciando as bochechas rosadas e os lábios perfeitos. – Você está linda como sempre, meu amor...

Um sorriso tímido adornou as feições da loira, fazendo o coração da morena pular uma batida.

– Eu amo esse sorriso...

Quinn encaixou o rosto junto ao pescoço da morena. Até então tudo parecia um sonho, o problema é que sonhos assim terminam cedo demais.

Uma batida na porta e a realidade se fez presente.

– Um momento. – respondeu a morena, se levantando e se cobrindo com um roupão. Ela se certificou que o biombo de madeira que separava o ambiente, estava posicionado para manter sua amada fora do alcance de olhos curiosos e abriu a porta.

– Algum problema, Noah?

– Desculpe vir chama-la tão cedo, capitã. Mas vamos precisar ajustar a rota por causa de uma tempestade que está se formando. É bem provável que por causa disso demoremos mais um dia para chegar a Ilha de Beladona.

Rachel arregalou os olhos para ele, mas já era tarde.

– Beladona? – Quinn surgiu por detrás do biombo, vestindo um roupão de seda branca. A expressão facial dela era de total incredulidade e sua voz denunciava o quanto ela estava chateada. – Você está planejando morrer por acaso?

Puck passou a mão pela testa e pediu desculpas antes de se retirar. Rachel caminhou na direção dela, mas a loira não permitiu nem que ela abrisse a boca.

– Você não pode fazer isso, Rachel... não agora...

–Quinn...

–Não! Você é tudo o que eles tem agora! Eu estou com meus dias contados! – Quinn já tinha lagrimas nos olhos quando ela ergueu seu braço exibindo a marca arroxeada que se estendia a partir de seu pulso. – Isso não vai desaparecer, Rachel. Não há nada que você possa fazer para impedir!

Para Rachel, seria menos dolorido ter uma faca plantada em seu coração. A fúria que aquelas palavras trouxeram, fizeram com que a morena quase perdesse o controle de si.

– Não! Eu não aceito isso, Quinn. Eu não vou ficar sentada assistindo você partir pouco a pouco... Eu vou salvar...

– Não você não vai! Não é possível! E eu não vou permitir que você morra tentando! Eu já estou morta, Rachel.

– NÃO. EU NÃO VOU PERDER VOCÊ. EU VOU ATÉ O FIM DO MUNDO... NÃO EU VOU ATÉ O INFERNO SE FOR PRECISO, MAS EU NÃO VOU PERMITIR QUE VOCÊ MORRA!

– NÃO EXISTE SAIDA, RACHEL! VOCÊ TEM QUE PENSAR NAS CRIANÇAS!

– EU ESTOU PENSANDO NELAS!

– NÃO, VOCÊ ESTÁ PENSANDO EM SI MESMA! VOCÊ SIMPLESMENTE NÃO PODE ACEITAR A IDEIA DE QUE EU NÃO VOU PODER FICAR COM VOCÊ! E VOCÊ NÃO QUER ACEITAR O FATO QUE VAI ME PERDER, EXATAMENTE QUANDO VOCÊ RESOLVEU VOLTAR E ASSUMIR SUA FAMILIA! VOCÊ NÃO SUPORTA A IDEIA DE QUE TUDO ISSO ACONTECEU PORQUE VOCÊ NOS ABANDONOU! EU ESTOU MORRENDO, RACHEL... E JÁ NÃO SOU EU QUEM VOCÊ DEVE PROTEGER.

Rachel a encarava completamente perplexa. Quinn soluçava entre lágrimas.

– Não há nada que você possa fazer... – disse a loira caminhando até a porta. – Eu proibo você de continuar com isso...

E ela se foi, batendo a porta quando saiu do quarto.

Depois disso, Quinn passou a dormir com as crianças e frustou todas as tentativas da pirata de tentar iniciar uma conversa.

Os dias se passaram e a situação entre elas não mudou.

O navio manteve sua rota para a ilha de Beladona e isso só aumentava o abismo entre elas.

– Você pode dizer o que quiser, Quinn... Mas nada vai me fazer mudar de ideia. – sussurrou a pirata para uma Quinn inconsciente em seus braços.

...

– Carreguem os canhões! Alinhem as velas! Precisamos alcança-los!

Os marujos corriam desesperados pelos convés do Estrela da Manhã, entre eles o tenente Adams, que nos últimos dias estava considerando adiantar seu pedido de afastamento.

Bem que mamãe disse que a vida no mar não seria fácil.’ , mas talvez senão fosse por todo pelo estresse causado pela presença aterrorizadora de Cassandra July ou pelos constantes assaltos de mal humor, chutes e berros do capitão Hudson, ele até pudesse reconsiderar essa decisão.

– Todo o leme a estibordo! Içar velas auxiliares! Precisamos de mais velocidade, marujos! – berrou o tenente correndo até o timoneiro e tomando o leme em mãos, afim de agilizar suas ordens.

– Nós vamos perde-los! – Finn berrava, batendo com o punho num dos corrimões de madeira.

Cassandra abaixou a luneta dos olhos e travou o queixo, tentando conter a irritação. Sua paciência estava por um fio, mas não seriam os xiliques de Finn Hudson que a fariam perder a classe, ou o foco.

– O Diva é menor e abriu vantagem sobre nós porque soube aproveitar melhor as correntes marítimas, capitão. Não se preocupe... nós vamos alcança-los... e de qualquer forma, eles no levarão até Berry...

Só que a fúria dele não diminuiu.

– Você mudou nossa trajetória, afirmando que Berry estaria vindo nessa direção... E agora diz que Mercedes Jones irá nos levar até ela?! Você não faz ideia aonde aquela maldita pirata foi! Se nós tivéssemos seguido a rota que EU mandei, já teríamos Rachel Berry amarrada e amordaçada a ferro nos porões do navio!

Longe de se intimidar, Cassandra caminhou até ele, invadindo seu espaço pessoal e se colocando cara a cara com o capitão.

– Você não manda em nada aqui, Hudson. EU mando. E se eu digo que nós vamos traçar uma rota até o inferno, será para o inferno que iremos... Entendeu?

Ela não esperou por uma resposta dele para se afastar e descer as escadarias em direção ao convés. Finn voltou a direcionar seu olhar para o mar, só para constatar que já não se podia distinguir os contornos do Diva no horizonte. Ele tentou mais uma vez estravazar a raiva esmurrando o corrimão ao seu lado. Foi então que a ideia lhe ocorreu e algo pareceu estalar na mente dele, fazendo que os fatos começassem a se juntar lentamente.

Cassandra July sabia que encontraria o Diva aqui... Ela sabia que Mercedes Jones e Rachel Berry estariam trabalhando juntas, e era pouco provável que quem quer que fosse capaz de fornecer essa informação a Oficial, não fosse capaz de fornecer a rota correta do Barbra.

Cassandra não era o tipo de pessoa que deixaria uma informação como essa de lado.

E isso só podia significar, que Cassandra July sabia a rota que ambos navios seguiriam e escolheu deliberadamente seguir o Diva... o que só comprovava que deveria haver um motivo maior para que ela deixasse Rachel Berry escapar.

O que poderia Mercedes Jones estar fazendo no meio do mar do norte, numa região longe de qualquer faixa de terra? Que espécie de favor ela estaria prestando a Berry? E porque eles puderam ver mergulhadores sendo retirados do mar, assim que avistaram o navio?

Finn não fazia ideia do que aquilo tudo significava, mas ele tinha certeza de Cassandra July sabia exatamente o que estava acontecendo. E o que quer que fosse, a fez desviar a rota para se certificar de que a pirata havia obtido sucesso.

– Você queria ter certeza de que ela conseguiu, não é? – sussurrou o rapaz para si mesmo. – Muito bem, senhorita July... ganhou minha atenção. Agora, o que será que jazia no fundo dessas águas inóspitas? E o mais importante... como isso pode ajudar aquela pirata nojenta a salvar a vida de minha querida noiva?

...

Quinn abriu os olhos lentamente, ela ainda estava um pouco tonta e fraca, mas pelo menos a dor havia passado. O dia parecia estar nascendo a julgar pelos raios de sol que invadiam o quarto. Ela olhou ao redor, absorvendo o ambiente e se acostumando com a luz fraca do nascer do dia.

‘Eu fiquei inconsciente quase por um dia inteiro?’, a loira se perguntou sentando na cama, tentando ter uma vista melhor da janela.

Foi quando ela pode distinguir a ilha que estendia uma boa quantidade de terra firme num horizonte não muito distante de onde o Barbra estava ancorado.

–Beladona ?

O coração dela apertou e ela se forçou a ficar de pé. Quando eles haviam ancorado? Ela não podia permitir que Rachel desembarcasse!

Andando com dificuldade e ainda um pouco zonza, Quinn trocou de roupa e saiu do quarto a procura de Rachel. E ela não precisou ir muito longe, assim que a avistou fora da cabine, a Primeiro Imediato correu na direção dela.

–Você deveria estar deitada.

Mas Quinn não deu ouvidos a ela.

– Aonde está Rachel?

Santana bufou irritada.

– Isso não interessa, Q. Ela vai me matar se encontrar você fora daquele quarto.

– Como você pode? Você estava lá quando Meredith jurou que ia mata-la por causa da cicatriz que ela deixou no rosto de Harmony! Você sabe que se não fosse por Brittany... E você a deixa ir sozinha?! Sabendo que nós... Sabendo que o coração dela esta partido?

A latina franziu o cenho e estreitou os olhos.

– Ela ainda é minha capita, okay? E as ordens foram para proteger você! É so no que ela pensa! Quinn! Quinn! Quinn! Você que deveria ter pensado no que podia acontecer antes de ter partido o coração dela, Q! Você devia saber que ela não ia desistir ! Ela nunca desistiu de você! Foram quase seis malditos anos em que ela rodou o mundo, arriscando o maldito pescoço inúmeras vezes, só para organizar aquelas malditas tralhas para poder ficar ao seu lado para sempre! Você não faz idéia do que ela passou, ou do que eu passei para protege-la todas essas vezes! Então não ouse me dizer que eu não sei o risco que ela está correndo agora... Porque EU SEI! Agora, antes de tudo ELA é minha capitã! E eu a respeito mais do que já respeitei qualquer pessoa nessa vida, e eu vou cumprir as ordens que ela me deu!

Quinn travou o queixo, arqueando a sobrancelha e encarando a latina. Alguns marujos assistiam ao impasse fazendo apostas aos sussurros de quando tempo a PrimeirImediato iria resistir para trancafiar a loira no quarto novamente, mas aqueles que faziam parte da tripulação há mais tempo, sabiam muito bem que apesar da aparência meiga e jeito doce, Quinn tinha um gênio tão forte quanto o da própria Rachel.

Tina deu uma risadinha quando reconheceu a expressão no rosto de Quinn, e sacudiu a cabeça, cutucando seu esposo que estava ao seu lado de braços cruzados e que assim como ela, também já estava ciente do que aconteceria.

Não demorou muito para Quinn dar as costas para Santana, caminhando a passos largos e firmes pelo convés até um dos botes atracados a estibordo.

– Então é melhor você se apressar, porque se quiser cumprir essas ordens vai ter que vir comigo...

Quinn pulou no bote e no mesmo instante desarmou as roldanas que seguravam o bote no navio. Santana arregalou os olhos e correu na direção dela. O bote já sacudia perigosamente, enquanto Quinn continuava a destravar todas as travas o mais rápido que podia.

– Sua maluca suicida! Pare de rodar isso! Você vai espatifar esse bote no mar e vai morrer afogada, RUBIA DE LOS INFERNOS!

– Então é melhor você trazer logo esse seu traseiro magro até aqui e impedir que isso aconteça! – Quinn berrou, girando de uma vez todas as travas que ainda sustentavam o bote precariamente nos estrados junto ao navio.

Todas as amarras afrouxaram ao mesmo tempo, e o bote caiu de uma vez em direção ao mar. Santana teve que se jogar do navio para conseguir cair a bordo do barco que descia praticamente em queda livre. Uma vez dentro do barco, a pirata agarrou Quinn pelos ombros e a segurou firme em seus braços, a protegendo quando a embarcação caiu com um baque estrondoso sobre as águas.

Toda a tripulação do Barbra que estava no convés, havia corrido até as beiradas do navio para ter certeza que ambas haviam sobrevivido a queda, e quando eles viram o bote intacto e as duas tripulantes aparentemente inteiras dentro dele, todos soltaram a voz gritando vivas.

Santana estava descabelada e ensopada, e muito, muito, muito irritada. Ela largou Quinn e se levantou de uma vez, cortando as amarras frouxas que seguravam o barco ao navio, depois agarrou dois pares de remos de madeira. A pirata atirou um par na direção da loira e pegou o outro par.

– Quando isso tudo acabar, eu mesma vou matar você, Fabray. – disse a latina começando a remar até a ilha.

– Vou lembrar de ficar viva até lá, Lopez...

...

– Nós já devíamos estar encrecados a essa altura... – resmungou Puck olhando para os lados encarando a mata ao seu redor de cara fechada.

Rachel não respondeu imediatamente, ela sabia que ele estava coberto de razão e a única explicação para que até então eles estivessem caminhando livremente sem enfrentar nenhuma dificuldade, só podia ser porque eles já haviam caído na armadilha.

– Ela sabe o motivo pelo qual estamos aqui... – concluiu a morena. – Meredith sabe que para salvar Quinn, não tenho outra alternativa...

Puck travou o queixo, impedindo que uma quantidade insana de palavrões escapasse por sua boca. Aquela era uma missão suicida desde o inicio, e isso não era novidade, mas o pirata preferia mil vezes que o perigo se apresentasse logo. Ele detestava ficar se sentindo coagido.

– Malditas sereias. Quer saber? Elas que venham com tudo! O Puckassaurus não vai afundar tão fácil! Ah não! Não antes de incorporar um pirata sushiman...

– Puckerman! – chamou Rachel, interrompendo o rapaz bruscamente com um tapa no ombro. – Lembra do que eu falei a você quando estávamos nas ruínas de San Francisco?

Puck franziu o cenho e sacudiu a cabeça.

‘Se você tocar na minha bunda mais uma vez eu arranco suas bolas?’ Quantas vezes eu tenho que dizer que foi um acidente?!

– Não, seu idiota! Quando eu falei da importância de não provocar o inimigo! E eu sei que não foi um acidente!

– Ah, isso... nós saímos inteiros, não saímos? E o que você queria que eu fizesse? Você era a única mulher que eu via há meses!

– Nós só saímos inteiros de lá por minha causa e, por favor, me poupe sobre os comentários de como você não consegue controlar a sua libido!

– Eu me lembro muito bem de ter ajudado você a explodir aquela ponte velha. E que tal um desconto, hã? Depois que você conheceu sua alma gêmea, eu perdi minha parceira de farra!

– Eu lembro de você gritando feito uma menininha, dizendo que não íamos conseguir... E você já devia ter superado isso!

– Eu não gritei feito uma menininha! E eu já superei! Foi você quem levantou a questão dessa vez! E quer saber se não fosse por mim vocês não...

O pirata se calou no instante que Rachel tapou sua boca com mão espalmada compriminda sobre o rosto dele.

– Você ouviu isso?

Puck olhou ao redor. Não havia nada. A mata era fechada e tão verde que irritava. O único som que chegava aos seus ouvidos eram o barulho da água correndo, mas isso já não era novidade, pois eles estavam caminhando paralelo a um pequeno rio e continuaram seguindo seu curso, desde o momento que iniciaram sua busca pela ilha.

– Só tente se concentrar... ouviu?

Puck se esforçou mais um pouco, até que seus olhos se arregalaram compreendendo.

– Uma queda d´água? Mas o som está diferente... abafado?

O sorriso brotou no rosto da morena.

– Nós encontramos.

...

A nau imperial atracou na capital do porto da cidade Novo Caribe e a escolta do emissário imperial abriu caminho pelo cais até a carruagem que o estava aguardando.

Burt Hummel ajustou o anel que trazia o selo imperial em seu dedo e subiu a bordo da carruagem. Não demorou muito para que todo o comboio chegasse até o forte de La Gruta.

– Seja bem vindo, Vossa Excelência. – o chefe da guarda local, Leonel Bremmer se posicionou em frente de sua tropa para cumprimentar o emissário.

– Obrigado Oficial. Eu agradeço pelas calorosas boas vindas, - Burt gesticulou sinalizando todo o pelotão que se apresentava em trajes completos e cheio de pompa. - ,mas eu espero que saiba que minha missão aqui é classificada como segredo imperial.

O homem arregalou os olhos, nervoso.

–É lógico, excelência. O objetivo de sua estadia será guardado com minha vida!

Burt deu um meio sorriso e se aproximou do oficial, colocando sua mão direita no ombro do homem e apertando firmemente.

– Agora que está esclarecido o que vai acontecer caso eu não seja bem sucedido... eu sugiro que você dispense suas tropas meu caro, e me entregue as chaves da biblioteca do Monastère des Moines de l'gardénia.

O oficial engoliu seco, visivelmente perturbado com a possibilidade de não ter exito na missão.

–Mon Seigneur, les clés de la Bibliothèque royale du monastère de Gardenia, sont enregistrés par les Templiers et dans le coffret de sécurité de la chambre de la Princesse. Ils ne peuvent être déverrouillé par le sceau de l'empereur...

Burt ergueu o anel com o selo imperial a altura dos olhos do oficial.

–Je suis la voix de l'empereur, et un chevalier de la gardénia. Il vaudrait donc mieux me prendre à l'Tour immédiatement, Monsieur.

...

Puck terminava de besuntar um pedaço de folha de bananeira com uma grossa camada de cera. O pirata observava sua capitã amarrar algumas cordas de segurança, fixando-as firmemente num tronco de uma das árvores mais próximas da entrada da gruta.

– Você já cogitou a possibilidade de nada disso dar certo? – o pirata perguntou tentando soar o mais casual o possível.

Rachel ajustou mais uma vez, as fivelas da cadeirinha de escalada que ela vestia.

– Eu não vou falhar, Noah. – ela disse sem tirar os olhos de seu equipamento de escalada. Puck continuou em silêncio por alguns minutos observando a pirata checar as travas do mosquetão.

– Seria uma irresponsabilidade muito grande não cogitar essa possibilidade...

Rachel ergueu seu olhar para encara-lo por um instante, depois seus olhos vagaram novamente para a entrada da gruta.

– Eu tenho um plano B, se é isso o que você quer saber, Noah.

– E isso por acaso envolve sua gloriosa morte?

Ela olhou para ele novamente, só que dessa vez, seus olhos cintilaram com um toque de fúria.

– Eu não vou morrer hoje, Noah.

O pirata arregalou os olhos, tentando entender o que ela acabara de dizer.

Ela pode matar você hoje, Rachel. Ela vai matar você hoje se ela tiver uma chance, e se ela conseguir, tudo aquilo que você ama irá morrer junto com você... Se você me disser o que fazer, eu posso...

– Não.

– Rachel...

– Noah. - A voz dela soou firme e autoritária e ele se calou. – Para encontrar o sino das almas, é preciso ser imune ao canto das sereias, mesmo que a cera em seus ouvidos possa proteger você contra o canto delas, você não é imune a beleza delas. Um simples olhar faria você destapar os ouvidos e, então, você estaria morto em segundos... E é por isso que eu devo ir... sozinha.

Ela estava certa, em parte.

Sereias eram criaturas extremamente nocivas àqueles que não fossem imunes a sua voz ou beleza. Somente uma pessoa que amasse verdadeiramente e que fosse igualmente correspondida em seu amor, poderia sobreviver aos encantos lançados por essas criaturas.

Foi exatamente por esse motivo que Rachel havia escapado da última vez.

Harmony, filha de Meredith, estava decidida a aprisionar a pirata e leva-la consigo para o fundo do mar, a transformando em sua mais preciosa conquista. O único problema era que Rachel já havia entregue seu coração a Quinn, e a loira a correspondia com a mesma intensidade. No final das contas, Harmony, completamente cega por seus ciúmes, e consumida pelo ódio de ter sido rejeitada, decidiu se vingar da morena tentando afogar Quinn. Para salvar sua amada, Rachel pulou no mar e feriu Harmony no rosto com uma adaga cuja a lâmina era feita de cristal, deixando uma cicatriz que se estendia por quase toda a metade direita do rosto da sereia.

Meredith jurou vingança, mas aparentemente seu clã havia sido confinado a ilha de Beladona um pouco depois disso, e desde então nenhuma delas haviam voltado a se encontrar.

– Seu amor por Quinn pode proteger você contra o canto delas, mas nós dois sabemos que basta um segundo de dúvidas que isso tudo pode mudar... Rachel, seu medo de perder a mulher que você ama, pode ser seu pior inimigo lá dentro...

Rachel sacudiu a cabeça e foi até ele, estendendo um velho relógio de bolso.

– Puxe a corda de sete em sete minutos. Se eu não responder puxando do outro lado, me puxe de volta. Não entre na gruta. Amarre as roldanas naquele no galho mais grosso dessa árvore, isso vai te dar mais força na hora de me puxar de volta, caso necessário.

Puck respirou fundo. Não havia nada que ele pudesse fazer, a não ser seguir as orientações dela.

– Não esqueça que tudo nessa ilha é nocivo, Noah. Não coma, não beba, e o mais importante, não se distraia com nada. Meredith já sabe que estamos aqui, eu posso sentir isso. Ela só está esperando pelo momento mais oportuno para atacar.

Dizendo isso, ela deu as costas a ele e caminhou em direção a entrada da gruta.

...

– Cuidado.

Santana puxou Quinn pelo braço, escondendo-as por detrás de alguns arbustos. Logo em seguida, duas belas mulheres caminharam para fora da água, seguindo a margem do rio até os limites da floresta, a alguns metros de onde elas se encontravam escondidas. As duas discutiam sobre como Meredith havia planejado atrair Rachel e seu amiguinho até a gruta e lá, finalmente executar sua vingança contra a pirata.

Quinn e Santana prenderam a respiração ao confirmarem seus medos. Aquelas mulheres eram sereias que haviam assumido a forma humana, e pelo visto, estavam indo se juntar ao resto de seu clã, nesse lugar onde fora planejada a emboscada para Rachel e Puck.

– A rainha disse que devemos distrair o rapaz, enquanto Harmony se encarrega da pirata... – disse uma delas.

Quinn sentiu seu rosto ferver; Harmony iria atrás de Rachel... de novo.

– Acalmate, rubia. – a latina sussurrou perto do ouvido da loira. – Se queremos encontrar a anã, temos que seguir essas duas... o mais silenciosamente possível.

Quinn assentiu. Por mais pressa que tivesse, ela só iria piorar a situação caso fosse capturada.

...

Um longo corredor de pedras se estendia desde a entrada da gruta e diferente do que era esperado, não haviam armadinhas ou outra possível direção a seguir. Não havia nenhuma bifurcação, fenda, ou rota que fizessem que aqueles que se arriscassem a por as mãos nos muitos tesouros ali escondidos, a titubear quanto a trajetória a ser seguida até o centro da gruta.

Mesmo assim, Rachel caminhou com cuidado, ela sentia a leve pressão da corda amarrada em seu cinto de sete em sete minutos e respondia puxando novamente com um gesto firme, exatamente como havia combinado com Noah. Depois de aproximadamente dez minutos, ela chegou ao que parecia um grande salão esculpido em pedras. Um grande vao de paredes lisas que sustentava algo que lembrava uma grande abóboda no estilo gótico. A iluminação era precária, e provinha basicamente de tochas acesas em estruturas fixas nas paredes.

Grande parte do ambiente era ocupada por um lago subterrâneo de águas escuras, que ondulavam compassadamente, graças a enorme queda d’água que se estendia por toda a parede na margem oposta do lago. Rachel podia apostar que aquelas águas estavam conectadas diretamente com o mar, e que somente um louco desavisado cogitaria pular na água em caso de emergência. A pirata sabia que aquelas águas estariam infestadas de sereias, e sem sombra de dúvidas, Meredith e seu clã não poupariam ninguém que caísse em seu território, estando o infeliz desavisado ou não.

Não demorou muito para que a morena percebesse um estreito caminho de pedras, que se estendia de uma margem do lago subterrâneo até uma ilhota mal iluminada localizada bem no meio das águas escuras do lago, e depois até o pé da cachoeira. O trajeto todo deveria ter mais ou menos uns cinquenta metros e a colocaria exatamente ao alcance das sereias.

Ela não tinha escapatória. Meredith sabia dessa vantagem sobre ela o tempo todo, por isso não teve pressa em captura-la. A sereia sabia que se Rachel quisesse se apossar do sino das almas, teria que toca-lo. Seria impossível passar desapercebido, tocando um sino numa gruta idealizada para soar como uma perfeita caixa acústica.

Isso se Meredith permitisse que ela chegasse até o sino. O que não aconteceria, caso a sereia soubesse sua verdadeira função, ou que Rachel era uma das únicas pessoas capazes de libertar seu prisioneiro.

...

Sue Silvester atirou sua bela caneta tinteiro do outro lado da sala ao som de duas leves batidas em sua porta. Ela havia enfatizado a seus inúteis soldados que ela não desejava ser interrompida durante seus afazes matinais, mas aparentemente esses energúmenos não eram dotados de células cerebrais suficientes para compreender uma simples ordem.

Ela puxou sua pistola de dentro da gaveta e se preparou para ensinar uma bela lição ao palhaço que a interrompera, quando a porta se abriu e ela congelou ao reconhecer quem se apresentava em sua frente.

– Espero não estar atrapalhando, querida Sue.

Sue abaixou a arma, estreitando os olhos ferozmente. O homem sorriu cinicamente e continuou.

– Espero que você não se incomode, mas eu tive que usar um pouco de minhas habilidades de persuasão com seus guardas... Ao que parece, eles não gostaram muito da minha ideia de interrompe-la.

– Tire logo esse sorriso irritante dessa sua cara nojenta, Sebastian, e me diga logo o porque daquele maldito do St James me obrigar a suportar sua presença em meu escritório novamente.

Se possível, o sorriso dele aumentou ainda mais. Sebastian caminhou até uma das cadeiras defronte a escrivaninha da mulher, se acomodando no assento sem se intimidar com o olhar furioso de Sue Silvester direcionado a sua pessoa.

– Eu não teria que perder meu tempo aqui, se você fizesse seu trabalho direito, querida.

– Minha pistola ainda esta destravada e carregada, Sebastian. Se você não quer ganhar um buraco bem no meio dos olhos, diga logo o motivo de sua inoportuna visita.

– Rachel Berry está procurando pelo sino das almas.

Sue cruzou os braços e se reencostou na cadeira.

– O sino das almas foi um dos tesouros das trevas roubados por aquele maldito pirata e há anos ele foi escondido por um grupo de cavaleiros templários numa ilha desconhecida. Nosso exercito ajudou nessa missão, mas os registros da ilha estão guardados nos cofres da biblioteca imperial. Ninguém seria capaz de encontrar as coordenadas exatas do lugar. Nem mesmo Rachel Berry.

Sebastian tamborilava os dedos na mesa. Ele inclinou a cabeça, fingindo inocência enquanto ouvia o que ela dizia.

– Rachel Berry aportou na ilha de Beladona esta manhã, minha cara Sue.

A mulher levantou de uma vez, batendo ambos os punhos da mesa.

– Impossivel! Ninguém seria capaz de saber a localização exata daquele sino! Não tem como essa maldita ter conseguido essa informação.

Mais uma vez, o sorriso de Sebastian pareceu se estender por todo rosto.

– Oh, mas ela tem... Diga-me minha querida, você sabe exatamente o que é aquele sino?

Sue revirou os olhos, mas resolveu seguir o jogo dele.

– Dizem que ele foi forjado nas chamas do outro mundo, e de acordo com a lenda, seu som pode invocar a alma de todos aqueles que já se foram.

– Oh, mas isso não é sua única função, querida. Esse sino também pode esconder sua alma e torna-lo imortal. O único problema é que somente uma pessoa teve sucesso nisso... e essa mesma pessoa acabou pagando um preço altíssimo por sua ambição...

– Você quer dizer que...?

– Isso mesmo minha querida, Sue. Ele está preso naquele sino, e somente Rachel Berry pode tira-lo de lá...

...

Brittany entrou na cozinha desesperada e completamente sem folego gesticulando eufórica, fazendo com que a metade da tripulação que estava sentada, desfrutando de um momento de calmaria e finalmente comendo seu desjejum, pulasse das cadeiras. Sam foi o primeiro que a alcançar a loira a tomando pelos ombros.

– Britt! O que aconteceu?! – quis saber ele.

Tina, Mike e Kurt se aproximaram logo em seguida. Brittany sacudiu a cabeça desesperada.

– As crianças sumiram!

O choque se estampou no rosto de cada um dos presentes. E a loira continuou.

– E um dos botes salva-vidas desapareceu...

Kurt foi o único capaz de expressar seus medos em palavras.

– Eles fugiram para ilha. Barbra e Charlie foram para a ilha de Beladona?

Brittany tremia visivelmente apoiada nos braços de Sam.

– Eu... eu não tenho escolha... preciso ir atrás deles...


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