Minha escrita por danaandme


Capítulo 3
Eu te encontrei




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1 hora antes...

"Rachel?"

"Sim, Tony?"

"Sinceramente eu não sei como você a suporta, Philipe. Ela não respeita nem ao menos seu nome de batismo." Jesse St. James ironizou, se servindo de uma taça de champagne.

"Ele é budista. Não há batismo no budismo, St James." Disparou Rachel. "Mas se você está realmente interessado, antes de vir para a América Tony se chamava Ravi Ambudkar, um nome adorável. Porém, por razões que desconheço, Tony se encantou com a ideia de ter o mesmo nome do príncipe da Bela Adormecida e mudou de nome antes de desembarcar em New York." 

Ela torceu o nariz e rodou os olhos com uma careta. Ao lado dela, Tony suspirou resignado.

"Eu achei o upgrade necessário, principalmente porque na época o inglês dele era péssimo e ele ficava errando a pronuncia com Philips." Rachel suspirou dramaticamente concluiu. "Como eu não iria suportar chamar por uma marca de eletrônicos toda hora, passei a chama-lo de Tony, que é um nome lindo e eu amo a entonação da minha voz quando o pronuncio. Meu Tony..."Disse ela, indicando o jovem moreno de feições indianas ao seu lado "... compreende isso tudo, por isso, ele não se importa. Especialmente, porque ele sabe que quando você não está presente, costumo me referir a sua pessoa como "Aquele que não tem alma" o que, nesse caso, denota o quanto não tenho nenhum respeito por vo-cê."

Jesse fechou a cara para a amiga, murmurando de mal humor.

Um garçom ofereceu uma taça de champagne a Rachel, que recusou polidamente, se servindo de uma das taças com suco e tomando um gole com um sorriso de satisfação. Irritar Jesse era uma de suas atividades favoritas. Parece que ter aberto uma exceção "as regras" e vir ao GLAAD desse ano, iria pelo menos entretê-la um pouco.

"Não consigo compreender como, um dia, eu achei você a garota mais doce do mundo. Arrr...até cogitei a ideia de me apaixonar por você..." Jesse voltou a resmungar.

"Amor e paixão são conceitos incompreendidos por pessoas sem coração, Jesse." Ela tomou mais um gole de seu suco com o sorriso presunçoso ainda estampado no rosto.

Jesse revirou os olhos. Ela estava se divertindo, aparentemente. E pelo jeito, esse seria o passatempo dela durante a noite. Resolvendo deixar de lado as excentricidades de sua amiga, ele apenas se resignou a pagar pelo preço de tê-la arrastado ao evento de hoje.

Tony (ou ex-Philipe) limpou a garganta para chamar a atenção deles.

"Desculpe, Tony." Disse a morena, dando bastante ênfase ao Tony. "O que lhe aflige meu fiel pajem."

Ele sorriu e estendeu um envelope dourado para sua chefe, que o tomou em mãos imediatamente.

Rachel fora a melhor coisa que acontecera na vida do rapaz. Antes de ser contratado para trabalhar como seu assistente pessoal, Phil... quer dizer, Tony trabalhava... ou melhor, era explorado por uma sub empresa de taxi de NYC. Imigrante ilegal, vivendo num muquifo no Queens, ganhando tão pouco que comer bem era um luxo.

Por falta de uma expressão melhor, Rachel era seu anjo. Mesmo sendo budista ele a via assim...

Naquela madrugada, ele entrou numa loja de conveniência desfalecendo de fome implorando por ajuda. Ele já não tinha mais dinheiro, e as bolachas que tinham servido de comida durante semanas, haviam acabado. Completamente esgotado, Tony foi acometido por uma forte tontura e tombou em cima de uma gôndola de produtos, acordando alguns minutos depois no chão da loja, com a cabeça apoiada no colo de uma pequena morena de olhos castanhos, lhe oferecendo mais de um liquido adocicado de um copo de plástico. Ela o ajudou a levantar, pagou-lhe um jantar, ouviu sua história, deu-lhe um emprego digno, legalizou sua estadia no país e lhe deu um lugar para morar. Deste dia em diante, ele tornou-se seu fiel escudeiro, seu pajem, como ela carinhosamente dizia. O seu Tony. E nada lhe dava mais orgulho.

"Os membros da organização do GLAAD desejam homenageá-la, e agradecer por todos esses anos de apoio e doações mais que generosas. Acho que isso envolve placas de agradecimento, e por consequência discursos..." Tony informou o mais casualmente que pode, tentando não chamar a atenção de Jesse para a oportunidade de forçar a morena a aparecer em alguma capa de revista.

Rachel torceu o nariz.

"Agradeça a homenagem, mas recuse qualquer atenção extra...Gentilmente. Sei que não sou exatamente anônima, porém gostaria de manter a discrição."

Tony assentiu, se afastando para encontrar os organizadores do evento do lado de fora da sala VIP, subindo as escadas que davam acesso aos improvisados escritórios no mezanino.

Jesse aproveitou a deixa e cutucou a morena.

"Essa sua mania recém adquirida de personificar a mulher-invisível está começado a ficar inconveniente, e um tanto quanto inconciliável com seu status social e "New Audrey Herpburn life style", sabia?

Ah, ela sabia. E como sabia.

Rachel Barbra Berry era filha de um dos mega milionários do cinema, Hiram Berry, CEO da BlueBerry Pictures. E, herdeira de uma rede hoteleira multinacional, a Raven Hills, fundada e comanda a pulso de ferro por seu outro pai, Leroy Berry.

Sim, Rachel era adotada, e seus dois pais eram dois dos maiores nomes em seus ramos.

A pequena morena era, em poucas palavras, uma celebridade por status social e desfrutou dessa 'regalia' durante boa parte de sua adolescência. Dos 14 aos 20 anos seu nome aparecia constantemente nas colunas sociais e em matérias de revistas exclusivas, sempre associado a festas, festas e mais festas. Rachel existia para a noite em boates, after parties, festas exclusivas e eventos extravagantes. Mas tudo mudou quando ela fez 21 anos.

Em uma de suas loucuras Rachel e seu melhor amigo, Richard Manilo, voaram para Califórnia para uma longa noite de badalação, como o próprio Richard definiu.

O acidente aconteceu as três horas da madrugada.

O carro capotou sete vezes, depois de desviar de uma Pick-Up na freeway. Richard morreu na hora. Ela saiu da UTI duas semanas depois. Um milagre todos disseram. Porém, Rachel não se perdoava, ela estava ao volante.

A vida mudou completamente.

Rachel dizia que assimilar a ideia de estar viva era difícil, principalmente porque, agora ela via as pessoas ao seu redor e realmente se importava. Antes, ela viajava o mundo festejado a futilidade, hoje, ela buscava a paz de espirito e um motivo.

O seu motivo para ter ficado.

"Nem tudo é perfeito." Constatou a pequena. Seu olhar vagou por entre os outros convidados que estavam junto a eles no espaço VIP.

Jesse suspirou profundamente, largando a taça de champagne sobre uma mesa.

"Já se passaram quatro anos, Rachel. Todas essas pessoas que você ajudou? Tudo o que você faz? A fundação que construiu? Você não precisa buscar a redenção em cada parte do mundo..."

"Eu não procuro por redenção, Jess." Ela desviou o olhar para ele, o encarando com aquele mesmo brilho melancólico de ultimamente e disse suavemente. "Eu só quero um motivo. Eu...descobri que nem tudo o que eu considerava importante era... Eu quero... Eu procuro... O meu motivo. A minha razão de ter sobrevivido. Eu só preciso saber porque eu fiquei."

Jesse apoiou a mão sobre o ombro dela, sacudindo a cabeça.

"Nada impede você de continuar procurando, mas de se divertir um pouco no processo, sabia? Ninguém vai julgar você por isso."

Tony retornou nesse momento acompanhado de membros da organização do GLAAD. Na entrada do salão uma pequena comoção de fotógrafos se aglomerava em torno de alguns seguranças, muito provavelmente para receber alguma celebridade recém-chegada.

Rachel desviou o olhar do pequeno alvoroço, se afastando do local. Tony e os membros da organização a seguiram e depois das corriqueiras apresentações, Rachel, Jesse e Tony, acompanhados por outros convidados VIP, se dirigiram ao anfiteatro se acomodando nas mesas dispostas por todo o salão.

Rachel pediu para trocar de lugar com um dos presentes, para sentar-se entre Tony e Jesse. A morena queria conversar com seu assistente sobre alguns negócios que ficaram pendentes devido ao atraso do seu retorno da última viagem para o exterior. Ela não havia planejado passar seis meses fora, mas o Cambodja a envolveu completamente.

"Senhorita Berry, vi uma nota sobre seu último trabalho no Cambodja. A senhorita realmente fez a diferença ." Uma das convidadas sentada com eles à mesa mencionou empolgada.

A morena ofereceu um meio sorriso a simpática e jovem loira, que parecia querer chamar sua atenção. Ela deveria ter a mesma idade que ela, e Rachel havia notado os olhares e sorrisos comprometedores que ela havia lançado em sua direção desde que foram apresentadas na sala VIP. A pequena morena não lembrava seu nome, mas sabia que ela era uma das organizadoras.

"Rachel. Só Rachel, por favor. E muito obrigada, mas o mérito não é meu. Só faço o que posso." Respondeu cordialmente, voltando sua atenção para sua conversa com Tony. Ela realmente não estava interessada em fletes casuais, Jesse havia a arrastado até o evento sob o pretexto (entenda-se: chantagem) de arrumar mais parceiros para colaborarem com as obras da Fundação, por isso, ela não estava buscando chamar muita atenção para sua pessoa.

Enquanto isso no palco, George, o apresentador entusiasta, anunciava o leilão.

"Sempre gostei desses leilões de beijos... O desespero nos olhos das pessoas enquanto se estapeiam para beijar uma celebridade..." Jesse ajustou-se em seu lugar. Apesar de não ser muito na frente à mesa deles tinha uma excelente vista do palco.

Rachel deu uma gargalhada acompanhando o momento que George anunciava a atriz convidada.

" ...a belíssima Quinn Fabray!"

Quinn saiu da coxia, sob os aplausos da plateia e caminhou para junto do apresentador.

Foi então que o mundo parou.

Rachel nunca a viu antes, mas teve a certeza que daquele momento em diante ela não poderia deixar de olhar para aqueles olhos castanhos esverdeados.

"Tony... em que parte do mundo eu estava para nunca ter encontrado com esse anjo antes..."

Tony arqueou as sobrancelhas. A orientação sexual da morena não era segredo, mas o fato dela declarar seu interesse em uma garota tão abertamente...não era comum...na verdade nunca havia acontecido.

"Hummm... No Cambodja?" Tony respondeu confuso.

"Ela... Quem é ela?" Rachel voltou a perguntar, sem tirar os olhos do palco.

Aqui, Jesse também já a encarava sua amiga fixamente com aberta curiosidade.

"Quinn Fabray? Nova sensação queridinha de Hollywood?" Jesse resolveu intervir. "Se você tivesse uma vida social saudável, você a reconheceria."

"Quinn..." Rachel murmurou. E Jesse pigarreou, tentando disfarçar sua surpresa.

"Bem, parece que o leilão será disputado..."

"O quê?" Perguntou Rachel saindo de um transe e tirando os olhos de Quinn para dar atenção ao amigo.

"Em menos de dois minutos os lances já estão em 10 mil dólares?" Jesse explicou revirando os olhos e apontando para a tela de LED que contava os lances ao lado do palco.

A morena deu um salto da cadeira. Tony e Jesse agarraram seus braços quase que imediatamente, forçando a garota a sentar-se de novo.

"Isso é um absurdo!" Acusou ela.

e os lances subiam...

"Bem, nisso eu concordo..." Tony observou os lances atingirem a soma de 12 mil dólares. "Sempre achei que mesmo sendo para caridade..."

Os lances chegaram a 15 mil e Rachel parecia espumar de raiva "... esse tipo de atividade acaba entrando em contradição com a imagem..."

Os lances param em 15,500,00 dólares e Tony ainda prosseguia. "..defendida pela mulher moderna..."

"Dou-lhe uma..." Gritou o apresentador.

"...parece que voltamos a época dos dotes e abusos onde..." Tony ainda parecia mergulhado em seu discurso.

"Dou-lhe duas..." Voltou a berrar George.

"...mulheres eram prometidas e trocadas como..."

"Dou-lhe..." George começou, erguendo o braço.

"UM MILHÃO DE DÓLARES !" A voz de Rachel ecoou por todo o salão.

A morena foi tão rápida que nenhum dos dois homens conseguiu prever o que ela faria. Rachel não tirava os olhos da atriz. Um brilho intenso, um fogo, algo havia voltado. Jesse já havia visto aquele olhar uma vez.

A vida parecia ter voltado aos olhos de Rachel Berry... não a vida daquela garota fútil que só se importava com um salto novo para a próxima balada, era algo anterior. Algo que ele conheceu há muito tempo. Algo que ele não esperava rever. E ele não teve dúvidas.

"Você encontrou um belo motivo, Rach..." murmurou, tomando um gole de champagne.

Agora

A primeira coisa que ela sentiu foram os lábios suaves se moldando aos seus. O puxão no estômago e o arrepio percorrendo todo seu corpo veio imediatamente em seguida.

Ela perdeu a noção do tempo e do espaço que a rodeava. O mundo passou a existir para aquele instante... só para ela, Rachel e seus lábios se movendo lentamente.

A morena sentiu um pequeno tremor percorrer o corpo da loira. Sua mão acariciou a base da nuca de Quinn. E o corpo da atriz buscou por mais proximidade. Rachel estendeu o outro braço e puxou a loira pela cintura, juntando seus quadris. Quinn soltou um pequeno gemido contra os lábios meio partidos da morena. Foi o suficiente. Rachel pediu permissão com a ponta da língua e em segundos os braços de Quinn a envolviam, aprofundando o beijo. Seus dedos enroscando nas madeixas castanhas de Rachel.

'Quinn?'

'...'

'Quinn...querida...sem querer incomodar...'

'...então não incomode...oh Deus...o que está acontecendo?'

'É...é perfeito, não é?'

'Maravilhoso...'

'Você tem razão...'

'Magnifico...'

'É...você vai ficar maravilhosamente magnifica...na foto de capa em tooooodas as revistas...'

'MEU DEUS!'

Quinn se afastou dela, e só nesse instante percebeu os flashes e gritos. Os olhos castanhos esverdeados encontraram as irises cor de chocolate, e seu rosto ficou tão quente que ela tinha certeza de estar parecendo um pimentão.

George fazia um alvoroço no microfone, " Isso que é um beijo de um milhão!"

"Oh meu Deus..." E num gesto tímido, ela escondeu seu rosto no ombro da morena. "Quem é você e o que você fez comigo?" Ela sussurrou.

Os braços da morena a envolveram em um abraço protetor, escondendo a atriz das câmeras e a loira se sentiu estranhamente segura.

"Meu nome é Rachel...e eu te encontrei..."

 


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